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História A Lullaby For Gods, Interativa - Intermission I - The lion and the mouse


Escrita por: schntgai e sporedrive

Notas do Autor


✦ ✧ Sejam bem vindos, senhores, senhoras, e criptídeos domesticados! ALFG é uma ideia que vem sido cozinhada por bastaaaaaante tempo já, e é com muita felicidade que é trazida a vocês!
✦ ✧ Muito obrigada a todo mundo que esteve lá enquanto a história estava sendo construída, vocês têm minha eterna gratidão. Fiquem com o prólogo e nos vemos lá embaixo!

Capítulo 1 - Intermission I - The lion and the mouse


Ele era uma besta magnífica. Laurie não sabia o que deveria esperar quando soube que teria companhia naquele lugar fora do tempo e do espaço. Haviam os fracos. Os fracos eram mais comuns, e ela esperava por eles com frequência, apenas para descartá-los. Ela já tinha sido como eles, mãos manchadas de sangue e olhos abertos demais, hematomas e pele pegajosa de suor. As mãos dele eram tão manchadas quanto as suas, mas não havia medo ali. Ele não tinha medo dos deuses. Ele não tinha medo dela.

Ele estava ajoelhado apenas pela força bruta da dor, que o obrigava à submissão. Laurie soube no momento em que olhou para ele que não era como ela. Era forjado de um material diferente.

Os deuses tinham pedido pelas asas dele. Os pedaços de osso eram visíveis se projetando das costas em quatro pontos. As penas que recobriam as costas estavam grudentas de sangue. As que ainda haviam. Ele seria um dos piores. Os deuses haviam tirado dele tudo que o fazia quem era. O cabelo tinha o mesmo aspecto que as penas que ela podia ver. Preto, brilhando azul, verde, e púrpura na pouca luz. Ela não sabia o suficiente sobre a espécie dele para dar opiniões, mas presumia que ele fosse um espécime em ótimo estado, se desconsideradas as asas. O corpo tinha um bom tônus muscular, debaixo do que ainda restava do tecido vermelho que o cobria. Tempo, ela sorriu para si mesma, encarando a cor do tecido. Um complemento digno.

Laurie nunca havia voado. Seu lugar sempre fora com os pés no chão. Seu alinhamento nunca contrariou isso, nem nunca teve desejo por muito mais do que um chão para pisar. Ele? Ele daria qualquer coisa para sentir o vento no rosto mais uma vez, para nunca mais voltar a sentir seus pés no chão. Faria qualquer coisa para voltar ao mundo que havia antes do jogo e nunca mais precisar sair dele. Ela já tinha sido assim, mas sabia agora que essa possibilidade não existia.

Ele não iria implorar por misericórdia, nem por ajuda. Não haveria nada de justo ou heroico em uma morte naquele lugar, e ele sabia disso. Ele estava ciente das regras do jogo. Todos eles estavam, quando chegavam àquele ponto. E ainda assim, ela o via tremendo — de frio, talvez de ódio também. Da perda de sangue, talvez, as mãos encolhidas junto ao peito e os ombros curvados. Mas a encarava com força, com toda a força que conseguia no fundo dos olhos escuros. Laurie sabia que ele a partiria no meio com unhas e dentes se tivesse a oportunidade. 

— Você tem nome? — ela sorriu, dentes brancos contra a pele morena, afiados demais. Abaixou-se para ficar no mesmo nível que ele, os cabelos escuros, ondulados, caindo por seus ombros para mais perto ainda do homem.

Maahes  — ele sussurrou, sem hesitação, apesar de estar tremendo.

— Um belo nome para um belo espécime — o sorriso aumentou. Laurie levantou o rosto dele com as pontas dos dedos, esperando encontrar alguma vulnerabilidade neles.

Não encontrou. Ofegando, ele agarrou os pulsos dela, um esforço enorme para a dor que sentia. Com força, como se descontasse tudo o que lhe tinha sido feito diretamente sobre a pele exposta, manchando Laurie com o próprio sangue. Os olhos dele queimavam contra os seus próprios, e ela soube que talvez tivesse encontrado um adversário à altura.

Você acha que eu vou ser o céu escuro apenas para que você seja a estrela? — ele rosnou, baixo, ameaçador. — Eu vou engolir você por inteiro. Me deixe estar, bruxa.

E soltou, de maneira brusca. Levantar parecia um esforço digno da morte, mas ele o fez mesmo assim.

Aquele lugar não possuía limite, e mesmo para ela, senhora de tudo que pudesse existir no mundo físico, houveram dificuldades para controlar os dons novos que vinham com aquele encargo. Mas ele não as teve. Tinha nascido para aquele tipo de poder, e aquilo custara a tudo. Suas asas, sua liberdade, seu povo, seus sonhos. Ele sabia como manusear a massa que compunha o mundo no momento em que fora dada a ele, mesmo que não fosse o tipo de coisa com que normalmente mexeria. A casa formada a partir do ar não era uma grande casa. Era um casebre, com os pedaços disformes e mal cortados de madeira. Mas tinha paredes, uma porta, e um teto. E ele tinha feito aquilo por conta própria. Aprendia rápido. Assim era com o tipo dele. Aprendiam rápido ou morriam.

Laurie observou enquanto ele andava para o pequeno espaço dentro do casebre, e observou enquanto ele deitava no chão dentro dele, de maneira cansada. Ele logo descobriria como fazer almofadas, como fazer uma garrafa de água, como fazer cobertores e ataduras. O grupo dele provavelmente tinha uma boa jogadora de Espaço. O tipo dele aprendia quando haviam. Contrapartes sempre se completavam. 

Éons antes, ela tinha recebido um universo em mãos, e agora, ele receberia um também. Um deus com um dever. Os Primeiros Guardiões eram todos assim. Resgatados do vácuo frio pelos deuses antigos, massas disformes e infinitas de jogadores ascendidos além de seu potencial físico por tanto tempo e por tempo nenhum. Eles não tinham tido aquela sorte. Davam-na a eles. Mas tudo tinha um custo. Tudo sempre tinha um custo, e costumava ser a coisa mais valiosa que alguém tinha a dar. Poder tinha um preço, e aquele tipo de poder exigia tudo que você pudesse pagar.

Ele aprenderia a cuidar dos próprios ferimentos, e aprenderia a lidar com a perda. Ele não tinha escolha. Levante e lute, ou deite e morra. E morrer não era uma opção. Se fosse, ele não estaria ali. 

Todos eles queriam de volta o que tinham dado aos deuses antigos no Anel Profundo. Alguns conseguiam, mas a maioria falhava. E se eles dois quisessem de volta o que tinham perdido, teriam de esperar pelo próximo jogo. Isso demoraria mais um éon, mas esperariam pela chance que tivessem. Talvez aprendessem a conviver no meio tempo. Laurie sabia esperar.


Notas Finais




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