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Min Yoongi
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Abri os olhos lentamente, vi Taehyung sentado de costas para mim na cama, mesmo com a visão turva eu pude reconhecê-lo, me levantei devagar e grunhi pois senti uma dor aguda nas costas.
Respirei fundo e andei parando na frente dele, ele nem se moveu, não levantou o olhar para mim, continuou olhando para frente sério, ele parecia vazio, não esboçava nenhuma reação.
Me ajoelhei na frente dele, levei minha mão ao seu rosto acariciando a bochecha, tirei os fios de cabelo que caiam em seus olhos, passei o polegar em seus lábios e lhe dei um selinho lento.
Ele ficou em silêncio, mas seu olhar veio em direção ao meu, eu vi tristeza neles e isso fez meu coração doer, sorri fraco de lado e ele apenas me abraçou, envolvi os braços em sua cintura e afundei meu rosto em seu pescoço.
Ficamos assim por um bom tempo, ele não queria me soltar e eu não me importei com isso, era bom sentir sua pele gelada, estávamos sem camisa por conta dos ferimentos e Seokjin precisou tirá-las para fazer os curativos obviamente.
Respirei fundo sentindo seu cheiro de hortelã que ainda permanecia em sua pele e levei minha mão aos seus cabelos acariciando sentindo a textura macia de seus fios acidentados.
- Vou dar uma olhada nos seus ferimentos, tudo bem?- Perguntei, me afastei dele e ele fez que sim com a cabeça.
Fiquei de joelhos na cama atrás dele e tirei uma das ataduras que cobriam bem devagar para dar apenas uma olhada, os ferimentos pareciam estar menores porém ainda estavam bem feios, encostei um dedo lentamente e ele grunhiu.
- Está doendo muito ainda?
- Um pouco.- Ele respondeu.
Cobri novamente suspirando pesado, deixará cicatrizes em sua pele, acreditava que ele não iria gostar nem um pouco disso, já é péssimo não ter mais as asas e pior ainda é ter que conviver com as marcas daquilo que perdeu.
Me sentei ao seu lado e segurei sua mão, ele deitou a cabeça em meu ombro e ficou olhando para a janela, a paisagem de sempre, o céu o mesmo, olhei para ele e vi que isso o trazia paz.
- Você gosta daqui?- Perguntei.
- Sim, é meu lar...- Ele murmurou.- Porém prefiro ficar na terra com vocês.
Ele falou apertando minha mão.
- Taehyung eu sinto muito por não ter che...
- Por favor, não.- Ele me interrompeu.- Já acabou, já foi, já aconteceu, não vamos ficar nos lamentando, apenas... não fale sobre isso.
- Está bem...
Dei um beijo no topo de sua cabeça e voltei à olhar para o céu nublado.
- Eu sonhei.- Ele falou.- Pela primeira vez, eu sonhei.
- É mesmo? E como foi?
- Foi lindo.- Olhei de lado e vi ele esboçar um pequeno sorriso.- Era um dia bem ensolarado, não gosto muito de dias assim mas...estava tão gostoso sentir o calor do sol, estávamos na praia, o mar estava calmo, o vento trazia o cheiro da água salgada e podíamos ouvir o som de gaivotas bem alto, eu estava sentado em uma toalha na areia debaixo do guarda sol, era bem grande, eu brincava com um bebê...
- Um bebê?
- É...ele era a coisinha mais linda, as bochechas eram gordinhas e ele jogava areia para todos os lados com a pá sujando as bolsas que havíamos levado, Você e Hoseok estavam brincando com uma menina, ela parecia ter 7 anos, os dois de mãos dadas com ela na beira do mar.- Ele fez uma pausa.- Quando vocês voltaram se sentaram conosco e demos sanduíches para a menina e para o bebê demos frutinhas amassadas, ele fazia carinha de satisfação à cada colherada.
- Taehyung, essas crianças...
- Eram nossos filhos.
Assim que ele falou isso arregalei os olhos, se ele sonhou com isso é porquê talvez aquilo era um desejo dele, eu fiquei sem palavras, não é uma coisa que eu esperaria de Taehyung e sinceramente...eu? Ser pai? Não era um desejo meu, nem nunca havia pensado nisso, mas como era apenas um sonho, não iria entrar em desespero até porquê nenhum de nós podia engravidar do nada e para termos filhos precisaríamos adotar e isso necessitava do concentimento dos três.
E também era muito cedo para discutir sobre uma coisa dessas e acreditava profundamente que Taehyung sabia disso, foi apenas um sonho que talvez era um desejo profundo dele.
- Entendi.- Falei.- Bom...o sonho é bonito.
- Sim, era como nos comerciais da coca cola antigos, eu me lembro quando eu vi na televisão um desses.
- A diferença é que era uma família padrão americana, a mulher com certeza era loira e tinha um cachorro correndo.
- Pois é.
- Vocês acordaram.- Falou Hoseok entrando no quarto, ele veio até nós dois dando um selinho em cada um de forma lenta e nos abraçou forte.
Quando ele se afastou eu e Taehyung abrimos espaço para ele sentar entre nós, ele fez isso, segurou nossas mãos fortemente e o sorriso que estava em seu rosto à segundos atrás desapareceu.
- Eu tenho uma coisa para contar...bom...Namjoon e Jungkook estão aqui.- Ele falou, arregalei os olhos e Taehyung balbuciou alguma coisa mas não consegui ouvir.- Lilith permitiu que eles viessem, Seokjin e Soobin tiveram uma conversa com ela, eles já sabem de tudo, contei à eles os detalhes que eles não sabiam.
- Não pode ser...- Falei.
- Sim.
- Isso não é bom.- Falou Taehyung.- Se alguma coisa acontecer de novo? Eles vão estar envolvidos, e se eu não conseguir protegê-los? Se alguém além de mim se machucar? E se...
- Taehyung.- Falou Hoseok o interrompendo segurando o rosto dele.
Taehyung falou de forma desesperada, ofegante, lágrimas ameaçavam cair de seus olhos, os punhos cerrados e o maxilar rígido, ele parecia estar tendo um ataque de pânico, isso me surpreendeu, Taehyung sempre foi destemido e forte, perder as asas o afetou tanto? Ter visto Jimin na mesma situação que ele, não podendo fazer nada para impedir, o afetou tanto?
Eu acreditava que sim, Taehyung sempre foi aquele que tinha o controle da situação, resolvia rapidamente, provavelmente era a primeira vez que ele não teve o controle e não resolveu tudo da forma que queria.
- Acabou, ok? Não vai acontecer mais nada de ruim daqui pra frente.- Falou Hoseok.- Não vai.- Enfatizou.
- Mas...
- Tae.- O chamei.- Não vai.
- Vocês não tem certeza disso.- Ele falou hesitante.
- Nós temos.- Falei firme.- Não vai.
Obviamente não tínhamos mas era necessário fazer que Taehyung acreditasse que nada de ruim aconteceria dali para frente e certeza eu não tinham mas eu realmente sentia que nada de ruim iria acontecer novamente.
Ele suspirou pesado, eu e Hoseok o ajudamos à levantar, as asas davam certo equilíbrio para ele, mesmo escondidas, agora era diferente, ele com certeza se sentia até mais leve, porém não era bom naquela situação sentir aquilo.
Ele estava com dificuldade para andar, então o ajudamos, chegamos na sala e eu dei de cara com Namjoon, ele veio correndo até mim e me abraçou, segurei Taehyung firme para não o soltar pois o impacto do abraço me fez quase cair.
Ele encostou no meu ferimento e eu grunhi, isso fez ele se afastar rapidamente e segurar meus ombros me analisando de cima à baixo.
- Desculpa...tá tudo bem? O que eu fiz? Nossa como eu sou desastrado...eu...
- Ei.- Falei interrompendo ele.- Relaxa tá tudo bem.
Sorri e ele sorriu de volta, vi seus olhos começarem à ficar marejados, Hoseok pegou Taehyung e o colocou sentado em uma poltrona e assim com o meu outro braço livre retribui o abraço que ele havia me dado antes.
- Senti tua falta.- Falou Namjoon.
- Eu também irmão.
- Se eu soubesse de tudo isso antes eu...
- Nam, não era nem para você estar sabendo agora, então...só aproveita?
- Aproveita?- Ele riu.- Tá bem então senhor vampiro, mas aproveitar o que?
- O Taehyung pode realizar teus desejos, Seokjin é um Deus da medicina sobrenatural, Hoseok é um médium fodão, Jimin um anjo bonito para um caralho e eu sou um puta predador que pode matar seus inimigos.
- E tem eu, metamorfo.- Falou Heuningkai.- E o Soobin, o fantasminha camarada.
- Porra, fantasminha camarada foi de fude.- Falou Soobin.
Namjoon se afastou limpando as lágrimas e indo até Taehyung, os dois se abraçaram e trocaram algumas palavras, o que me deixou triste foi ver que Taehyung não sorria, não do jeito que ele sempre sorri, o sorriso dele parecia falso.
- O Jungkook, tá no quarto com o Jimin.- Falou Hoseok.
Eu andei em direção ao quarto, só havia dois mesmo, o que eu, Taehyung e Hoseok estávamos e o que Jimin estava, abri a porta e dei de cara com Jungkook e ele abraçados na cama, me aproximei devagar.
Lentamente deitei em cima deles, de uma forma que não machucasse Jimin, os dois tomaram um susto e logo riram, enfiei minha cabeça entre os dois e os abracei forte, eles retribuíram o abraço.
- Oi.- Falei, minha voz abafada pelo travesseiro.
- Oi.- Falou Jungkook no meu ouvido.- Vem sempre aqui?
- Só pra matar alguns demônios arrombados e você?
- Só para poder estar com a minha segunda família e com o amor da minha vida.- Falou Jungkook.
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