História A Madrasta - Revelations, Part II.

Justin Bieber

— Estou muito decepcionado contigo, Justin. Eu não esperava isso de você! 

E eu não esperava que ficaria tão magoado com suas palavras caso um dia ele descobrisse sobre Scarlett e eu. Na verdade eu nem sequer esperava que meu pai descobrisse um dia sobre o nosso caso pois na minha cabeça tudo ocorreria perfeito, um belo dia ela se separaria dele e então ficaríamos juntos de verdade, como um verdadeiro casal com tudo que temos direito, e enfim contaríamos para ele que nos amamos e que estamos juntos, claro ocultando a parte em que ele foi corno por quase dez anos de sua vida. Obviamente na minha fantasia perfeita, meu pai aceitaria e ficaria numa boa e é claro que meu sonho jamais se tornaria realidade, porque ele está bem furioso comigo e parece que irá me matar por uma ligação.

Oh, Deus... me ajude, tenha misericórdia, por favor!

— Não seja covarde, Pare de ficar mudo e fale alguma coisa para o seu pai, seja homem como foi esse tempo todo ao me esconder isso!

— O que você quer eu diga?

— A verdade. Por que me escondeu isso?

— EU NÃO PODIA TE CONTAR!

— Não grita, porra. Sou teu pai, caralho! Me respeite!

— Perdão...

— Por acaso aquela vagabunda colocou uma arma na tua cabeça e te obrigou? Quantas vezes já te falei que quando formos ameaçados, não importa quem seja ou com o que seja, não nos intimidamos e devemos revidar. E você com o bom sangue Bieber correndo nas suas veias, me decepcionou!

— O que queria que eu fizesse? Acredito que mesmo se eu contasse, o senhor não iria acreditar em mim, pai! Duvidaria da minha palavra!

— Filho, você sempre foi a primeira pessoa e a única em que confiei de olhos fechados. A tua palavra pra mim vale mais do que uma foto, sempre foi assim! — a emoção tomou conta de mim e então comecei a chorar, porém não deixei que ele percebesse durante a ligação. — Entendo que tenha ficado bravo, chateado comigo pelas coisas ruins que descobriu do seu pai mas... você não tinha esse direito de me trair, você não poderia ter feito isso comigo, Justin!

— Me perdoe… pelo amor de deus… pode não aparecer, mas me sinto tão mal com isso! Sempre me senti mal por ter te enganado, pai!

— Scarlett irá pagar caro pelo que fez com o nosso relacionamento. Ela fez você me enganar, mentir para o seu próprio pai! Essa vagabunda ah… ela me paga, oh se paga! — a risada maldosa dele me arrepiou por sentir medo dele e por saber do que ele é capaz.

Jeremy foi capaz de deixar minha mãe morrer por minha causa, do que ele não seria capaz de fazer com Scarlett? Não gosto nem de pensar. Mas por que ele se vingará apenas dela? E eu? Ele me fará conviver com a culpa e com a dor de perder a mulher por quem sou apaixonado para sempre?

— Não, pare com isso, pai! Por favor! O que irá fazer com ela?

— Com ela nada ainda, mas com o Christopher… ah, esse filho da puta vai começar a sentir o peso do meu sobrenome! Ele vai se arrepender de ter se envolvido novamente com ela!

Perdi a voz, perdi o ar, perdi absolutamente tudo. Eu era incapaz de conseguir ouvir o que meu pai continuava a falar sobre o ex-namorado de Scarlett.

Céus, quer dizer então que todo esse tempo meu pai estava se referindo ao Christopher e não a mim? Não sei se fico aliviado e contente, ou se fico apreensivo e preocupado por tentar imaginar o que ele deve estar aprontando para cima do Pine, não que ele não mereça passar por uma sessão de porradaria por ter enganado a esposa dele, mas me preocupo por causa da própria Romee e também por Scarlett porque ela é “amiga” dele e o conhece há bastante tempo.

Mas que detetive burro da porra esse do meu pai, hein. Puta que pariu! Essa anta conseguiu descobrir sobre o caso dela com Christopher, mas não descobriu nada, nem um rastrinho sequer sobre o meu relacionamento nada comum de madrasta e enteado com Scarlett. Não tenho um pingo de curiosidade porque se ele ficou bravo desse jeito por saber que Scarlett mantinha um caso com Christopher e ficou arrasado por saber que eu sabia disso e nunca contei, como ele ficaria quando soubesse da verdade? 

É agora que me pergunto: Seria Deus me ajudando e tendo piedade de mim, ou teria eu cagado um quilo certinho para não ser desmascarado? E eu não gostaria mesmo de saber, qual seria a reação do meu pai caso ele conseguisse um dia descobrir sobre Scarlett e eu, apenas peço que Deus continue me ajudando!

Amém, aleluia!

— … não precise se envergonhar sobre o que fez. Eu te perdôo por ter acobertado Scarlett porque por mais que eu a traia também, eu precisava saber quem é o filho da puta que anda comendo o que é meu por direito!

— Odeio quando você fala assim. Parece que mulher é um mero objeto na tua mão! Se você não ama Scarlett, por que continua mantendo essa casamento? É somente para aparências?

— Eu gosto dela!

— Que maneira estranha de mostrar que gosta, hein…

— Gosto como amiga, gosto mais ainda dela como a mãe dos meus filhos e por mais que eu não demonstre, a admiro muito por isso, Justin. Ela foi ótima na sua criação, me ajudou bastante a te tornar o grande e belo homem que hoje você se tornou, meu filho!

Oh, como ela ajudou… você não faz ideia do quanto sua esposa me ajudou a ser um homem, papai.

— Mas vocês não tem mais nada a ver um com o outro, pai!

— Eu sei, Justin. E é por isso que cada um seguirá o seu lado!

— O que quer dizer com isso?

— Quero que avise essa vadia mentirosa que assim que ela chegar da viagem de vocês, a mala dela estará prontinha esperando por ela na porta!

— Está expulsando Scarlett de casa somente por ela ter te feito de côrno? — ri maldosamente. —  Ah, pare de hipocrisia pai. Chifre trocado não dói e você bem que mereceu...

— Seja abusado comigo de novo e eu te deserdo, e ainda por cima te expulso da minha empresa.

— Pois me demita, Jeremy!

— Como é, Drew?

— Me demita, faça o que tiver que fazer. Faça mesmo isso porque o que não me falta é proposta de emprego em várias e ótimas empresas querendo contratar os meus serviços. Sou um bom arquiteto, isso para não dizer o melhor dos melhores, e não preciso de você ou da tua empresa para me sustentar, pai!

— Essa vagabunda conseguiu mesmo me colocar contra o meu próprio filho.

— Scarlett não é uma vagabunda, se você a conhecesse de verdade saberia disso. E ela não me colocou contra você!

— Ah, não? E esse abuso todo é o que? Você sempre me respeitou, sempre foi um filho exemplar!

— Você adora bancar o perseguido, desse jeito terei que te internar em um hospício!

— Como é que, é?

— Você joga os teus erros, a tua culpa para cima dos outros. Se hoje ajo assim contigo é porque merece cada palavra que te falo. Ainda te respeito e admiro muito mas não consigo aceitar a sua cara de pau em ter mentido pra mim durante quinze anos da minha vida! E ainda por cima ser a porra de um corrupto ridículo, você não precisa mesmo disso!

— Eu me recuso a entrar nesse assunto com você, Justin. Um dia quando ocupar o meu lugar, irá entender que certas coisas precisamos fazer para nos mantermos de pé e firmes!

— Eu que me recuso a te fazer entender que você é sujo e desonesto, e que está completamente errado na tua conduta. Mas você já é grandinho demais para ficar sendo repreendido e ainda por cima pelo seu próprio filho!

— Já acabou?

— Se estiver disposto e tiver colhões, tenho muito mais para te falar. Vai suportar ouvir a verdade?

— Não me provoque, Drew.

— Não me provoque você, papai! — debochei, pude ouvir o mais velho rosnar do outro da linha e ainda consegui ouvir o barulho de algo em vidro quebrando-se. — Não fique nervoso, cuidado com o coração! — continuei provocando, sem dó. — Mas vamos lá… antes que o senhor tenha um enfarto, me diga o que quer comunicar Scarlett e a manterei informada!

— Avise ela que iremos nos separar e que na minha casa, ela não coloca mais os pés. E aliás, a guarda de Jazmyn será minha! E o bastardinho, ela pode levar na mala porque não faço a mínima questão desse filhote de vagabunda usufruindo do que me pertence!

— Não sei como consegue afirmar que Jaxon não é seu filho. E outra coisa: Fale direito dele pois é uma criança, exijo respeito! 

— Nunca tive provas que ela me traia, a vadia sempre foi muito esperta e nunca deixou rastros, ao contrário de mim. Mas agora, depois de descobrir que ela mantém um caso com o ex-namoradinho dela cujo a roubei para mim no passado, tenho a certeza de que esse menino não é mesmo meu filho. Jaxon não se parece em nada comigo, Justin, nem em personalidade, muito menos fisicamente… essa porra de garoto me lembra alguém, só não consigo me recordar de quem! — engoli em seco. — Talvez Jaxon seja filho de Christopher! E faz sentido que ele seja, já que ela voltou a se relacionar com esse filho da puta!

— Érr… irei avisar ela. — cortei o assunto rapidamente por estar desconfortável. Se meu pai pensasse muito e se esforçasse ele conseguiria, talvez, associar a imagem de Jaxon á minha. — E quanto ao Christopher?

— Em breve ficará sabendo. Tchau, filho! Aproveite a viagem e foda algumas bocetas mexicanas, ela são tão apimentadas quanto a boa pimenta daí, aproveite a vida de solteiro porque eu já não posso mais!

— Quer dizer que está apaixonado pela sua amante?

— Muito mais do que apaixonado. Eu a amo de verdade, algo que jamais senti antes… nem mesmo pela sua mãe, filho!

— Realmente, isso pode ser verdade. Amar mesmo você não a amava, já que a matou, certo?

— Quando é que você irá esquecer essa merda e me perdoar? Tchau, Justin! — antes que eu pudesse respondê-lo a altura, meu pai finalizou a ligação.

A voz cansada do meu pai denunciou o quão cansado desse assunto ele estava e eu nunca o deixaria morrer, pelo menos por enquanto e sempre que eu tivesse a oportunidade de cutucá-lo, de irritá-lo com isso, faria com prazer.

Me ajeitei na cama com a intenção de deitar ali e cair em um sono profundo pois estou cansado e a comida começava a pesar em meu estômago me deixando com mais sono ainda e uma enorme preguiça até de respirar.

— Quem era no telefone para você ter se isolado de todos? — Scarlett questionou ao entrar no quarto e deixou a porta como estava antes, fechada. A mesma ficou parada na frente da cama fitando-me seriamente e de braços cruzados. — Era a Romee?

— Me responda… você ainda mantém contato com o Christopher?

— Nós acabamos de terminar, Justin. E somos amigos!

— Digo o mesmo sobre eu e Romee. — provoquei, sorrindo falsamente.

— Ela é casada!

— Ele também é casado, Scarlett. Aliás eles são um casal! Que irônico, não? — ri fracamente negando com a cabeça. Ainda é difícil acreditar nessa história e que isso realmente aconteceu de verdade.

— O que Romee queria contigo? Pedir desculpas? Decidiu terminar o casamento e quer viver um conto de fadas contigo? Que lindo, Justin! — ela começou a tirar conclusões precipitadas e sozinha ficou irritada, bufei revirando os olhos.

— Não era com Romee com quem eu falava no celular, Scarlett! — respondi entediado, jogando meu celular para o alto e o pegando no ar diversas vezes seguidas.

— Duvido!

— Quer ver o histórico de chamada? Fique a vontade!

— Não precisa disso.

— Então não fica duvidando da minha palavra. Que droga!

— Não precisa ficar nervoso.

— Então não me irrite, cacete!

— Justin, quem era afinal?

— Era o meu pai! Satisfeita?

— O seu pai? — perguntou surpresa, correndo de maneira afobada para jogar-se ao meu lado na cama.

— Sim… e adivinha o que ele queria comigo?

— Fala de uma vez porra!

— Pediu para te avisar que quando voltarmos de viagem e você for para casa, sua mala estará te esperando na porta e aliás, as de Jaxon também.

— Malas? Por quê?

— Ora, ele vai se divorciar de você. — revelei, animado. A boca de Scarlett abriu-se, ela ficou sem fala encarando-me com aqueles olhos azuis extremamente esbugalhados.

— Se divorciar?

— Aham… e adivinha o motivo?

— Porque ele quer casar com a amante dele?

— Não, ou sim… sei lá. Mas o motivo principal mesmo é que ele descobriu quem é o teu amante!

— MEU DEUS! ELE DESCOBRIU SOBRE A GENTE? — desesperada, ela se alterou e começou a gritar. Foi inevitável não rir da expressão apavorada que tomou conta da face da ruiva. — Para de rir, ele vai nos matar! Vai nos esquartejar, sumir com nosso corpo e nunca mais seremos lembrados!

— Não, amor…. se acalme e preste atenção. É mais provável que meu pai mate o Christopher porque o ótimo detetive do meu pai nos fez o favor de descobrir apenas o seu caso com o seu ex e não o nosso! — segurei em seu rosto e tentei dar-lhe um beijo entretanto a mais velha separou-se e rapidamente se levantou da cama, e começou a caminhar pelo quarto com uma expressão séria e pensativa. — Que isso, minha filha? Quer abrir um buraco no chão? — perguntei brincalhão.

— Você está aí rindo, tranquilo, relaxado e eu estou muito preocupada!

— Preocupada com o quê, Scarlett?

— Com o Christopher, ora!

— Ah, ele que se foda! — ela me repreendeu, negando com a cabeça e dei de ombros, não me importando. — O máximo que meu pai irá fazer com ele é contratar alguém para dar umas porradas no Christopher, ou dar um susto… sei lá, matar não!

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque ele não quer me deixar mais decepcionado com ele. E sabe que se caso acontecer algo de muito ruim ao Christopher, tipo uma morte repentina, eu saberia que foi ele e meu pai não quer mais ficar brigado comigo!

— E você acha justo o Christopher sofrer algo no seu lugar?

— Ele não pode sofrer as consequências dos atos dele, mas eu posso? O seu queridinho não irá sofrer á toa, Scarlett pois ele é tão errado quanto eu, quanto você! — falei seriamente e me aproximei dela em passos firmes, começando a me irritar com toda a proteção que ela criou envolta do Pine. — Aquele babaca vai sofrer as consequências de algo errado que ele fez, até porque o desgraçado é casado e ficou contigo!

— Você também era casado e se envolveu com a esposa do seu pai! O seu digníssimo pai também é casado e se envolveu com... — a interrompi irritado por ela insistir em continuar defendendo aquele maldito inglês.

— Como se a culpa fosse somente minha. Quantas vezes preciso te lembrar que foi você que me seduziu?

— É muito fácil colocar a culpa em cima de mim, não é? Você é o santo da história, tadinho foi obrigado a se envolver comigo e se apaixonar por mim!

— É sério mesmo que você quer falar sobre obrigar as pessoas a terem algo contra sua vontade? — falei sarcástico, semicerrando os olhos ao encará-la indignado pelo seu cinismo.

— Quantas vezes vai jogar isso na minha cara? — questionou brava, dando-me um forte empurrão que me fez perder o equilíbrio e cair sentado na cama. — Como você é rancoroso, pare de se apegar ao passado e vire a página, Justin. Achei que tínhamos jogado fora as coisas ruins e estávamos recomeçando do zero! — acabei abaixando a cabeça diante de suas palavras, ela tem razão. Não está nenhum pouco errada!

Eu tenho que esquecer esse tipo de coisa e parar de acusá-la, tenho e devo parar de misturar os assuntos, ou irei acabar estragando as coisas entre a gente.

— Me desculpa… — sussurrei envergonhado. —  Eu vou parar de falar sobre isso, vou parar de te acusar sobre um assunto ao qual não nos convém mais. Você está certa, Scar, eu tenho que olhar pra frente e esquecer de uma vez por todas todo o mal que você já me causou e todo o mal que já te causei um dia!

— Se quer mesmo que nosso relacionamento dê certo... pare de lembrar daquela velha Scarlett porque ela morreu faz tempo. — a ruiva ajoelhou-se no meio das minhas pernas e repousou as mãos em meu joelho, enquanto encarava-me nos olhos. — Quero o seu bem, eu te amo e não vou te magoar, prometi á você que não vou te machucar como um dia já fiz, Justin!

— Eu confio em você… — sussurrei colando nossas testas e calmamente, nossos lábios se tocaram em um demorado e carinhoso beijo casto. — Precisa confiar em mim também quando digo que nada de mal acontecerá ao Christopher, okay? — pedi, acariciando com a ponta dos meus dedos seu rosto tão maduro porém ao mesmo tempo tão delicado, feminino e jovem.

Scarlett é tão linda que às vezes é difícil acreditar que tenho essa mulher inteira só pra mim.

— Seu pai vai fazer maldade com ele. Eu sinto isso! — choramingou, repousando a cabeça em minha barriga ao me abraçar.

— Pior que não posso fazer nada, Scar… estou de mãos atadas!

— Mas poderia tentar… — murmurou, revirei os olhos sem que ela visse.

Meus ciúmes estavam começando a tomar conta de mim novamente e eu preciso me controlar, ou acabaria brigando de verdade com ela.

— Meu pai não vai matar ele, pode fazer maldade… tipo bater nele, mas é o máximo que acontecerá ao Christopher. — realmente espero que esse panaca apanhe bastante e fique com aquele rostinho dele nem que seja com 5% de feiura, porém Scarlett não precisa saber disso. — Por favor, confie em mim! — implorei entrelaçando nossas mãos e tentando passar-lhe confiança através dos meus olhos, Scarlett assentiu e sorriu fracamente voltando a me abraçar.

Seja lá o que meu pai vá fazer contra Christopher, eu espero que não seja nada muito cruel e que passe dos limite. Ou eu, infelizmente, terei que tomar medidas em relação a Christopher para protegê-lo do meu próprio pai.

♧♧♧

15:25 p.m, Cabo San Lucas, México.

Nós temos uma praia particular que preserva a nossa privacidade, se quiséssemos andarmos e entrarmos pelados poderíamos porque não haveria ninguém ali para nos repreender, ou dar voz de prisão por um ato inadequado no meio de cidadãos “comportados”. Porém, mesmo tendo uma praia somente ao nosso dispor e que era somente andar alguns passinhos para chegarmos até ela, Scarlett ainda assim preferiu ir para o quinto dos infernos após o guia nos indicar um lugar ainda mais bonito e que segundo ele, valia muito a pena conhecer. Enquanto Kétlyn e Ryan foram visitar alguns pontos turísticos juntamente com o guia turístico que nos foi apresentado ontem, já que a morena recusava-se á todo custo ir para a praia, atitude essa que deixou Butler bastante irritado e chateado pois meu amigo ama praia, ama o mar e queria estar conosco e ele ficou ainda mais puto quando ficou sabendo que fariam uma excursão cultural.

Fazer o quê? Azar de um, sorte de outros.

Julian, o guia turístico que saiu com Kétlyn e Ryan, nos trouxe uma parceira dele de trabalho e sim, é uma mulher. Uma baita mulher… é um mulherão e só não consegue ser mais bonita que Scarlett porque só tenho olhos pra ela e acho difícil alguém conseguir ultrapassar o nível de beleza ao qual a mãe do meu filho se encontra. Scarlett, Jaxon e eu fomos levados pela a guia turística até uma das principais praias de Cabo San Lucas, e se antes reclamei de ter que fazer isso é mentira porque caramba: Que lugar lindo. Para fazermos um bom passeio de barco, aliás “barco” é forma de dizer já que que ele não era nada humilde.

Scarlett estava na ponta do iate sentada atrás de Jaxon pois o mesmo debruçava-se na grade porque ele fitava admirado o mar enquanto o mesmo andava em uma velocidade consideravelmente boa, nem tão rápido e nem tão devagar, e eu, particularmente, estava esperando pelo momento em que esse menino cismaria de jogar-se na água de tão vidrado que ele encarava o mar.

É nessas horas que gostaria muito de saber o que se passa na cabeça de uma criança.

— Okay… quanto me custou essa brincadeira? — perguntei sentando-me ao lado da ruiva, ela fitou-me de uma maneira superior e então abriu um sorrisinho debochado.

— Tem certeza que quer saber?

— De verdade? — fiz uma careta. — Não!

— Então por que perguntou, bobão?

— Porque tenho medo de passar meu cartão de crédito em algum lugar e ele ser recusado. — resmunguei, receoso. — Odeio ficar envergonhado publicamente, Scarlett! — reclamei.

— Não se preocupe com isso, bebê. Usei o seu cartão que não tem limites! — sorriu falsamente e semicerrei os olhos enquanto recebia um demorado selinho na boca. — E a propósito… — a interrompi com medo de saber de uma nova invenção.

— O que mais você comprou sem me avisar?

— Justin, o seu pai pode ser um babaca… mas ele nunca ficou me vigiando, nunca impôs limites no que eu comprava. Seu pai nunca foi mão de vaca, muito pelo contrário…

— Eu não sou meu pai, Scarlett! — falei entre os dentes, odiando o fato dela ter feito essa comparação ridícula.

— Dá pra ver perfeitamente que não é. Já que Jeremy, pelo menos em relação a mulher, nunca foi mão fechada! — revirei os olhos bufando. — Com o seu dinheiro só fiz isso aqui e… reservei uma mesa para nós dois, Kétlyn e Ryan em uma boate!

— Mesa em boate? — perguntei confuso. — Você não quis dizer área vip, Scar?

— Também reservei isso. — contou risonha e não consegui achar graça porque ela estava gastando a porra do meu dinheiro sem ao menos me consultar. Gostaria de saber como ela sabe a minha senha, se nunca contei. — É porque é dois em um. Restaurante embaixo e a boate prevalece nos dois andares de cima! — ela explicou e me empurrou, para que eu deitasse e ela pudesse repousar a cabeça em meu peitoral.

— Okay… mas a Kétlyn não veio a trabalho? Quem ficará com o Jaxon?

— Existem duas empregadas na casa, porém já cuidei disso e contratei uma babá para ficar com ele á noite.

— Queria ser babá assim também, recebendo para conhecer a cidade com o namorado ao invés de trabalhar.

— Ela iria levar o Jaxon para ficarmos sozinhos, foi você quem quis trazê-lo! Deixe de ser… — a interrompi ao colar nossas bocas rapidamente em um longo beijo. — Idiota!

— Eu sei, é que eu gosto de perturbar o juízo das pessoas. Principalmente se for o da Martins!

— Ridículo! — disse ela revirando os olhos, mas assim como eu Scarlett também ria.

Ficamos deitados e abraçados, trocando alguns beijos e carinhos, admiramos a vista bonita ao nosso redor, sentindo o vento gostoso e refrescante bater em nossos rostos conforme a velocidade que o iate atingia pelo mar, e observarmos atentamente o Jaxon ainda grudado na grade de metal do iate.

— Não vamos fazer nada?

Desgrudei lentamente minha boca de Scarlett, insatisfeito de ter sido interrompido de um momento tão bom e particular, e juntos encaramos o garoto emburrado e de braços cruzados em nossa frente.

— Daqui a pouco vamos comer! — Scarlett falou, logo um sorriso apareceu na boca do loirinho e não consegui deixar de rir dele.

Jaxon é um verdadeiro esfomeado, vive com fome 24 horas por dia e só fica feliz quando está comendo.

— Na sua barriga deve caber uns vinte mendigos, não é filhão? — brinquei com ele, o garoto ficou com as bochechas levemente coradas e não me respondeu. — Daqui pouco vamos parar em uma praia e jogaremos futebol. Okay?

— Não quero só jogar futebol!

— Basquete não dá pra jogar na praia…

— Também não quero jogar basquete, pai! — franzi o cenho confuso, então que diabos ele quer? — Quero andar de jet-sky, ou fazer alguma coisa legal no mar! Vamos? Por favoooor, pai! — ele implorou se jogando em cima de mim e balançando-me com suas mãozinhas de um lado para  o outro, como se o movimento enjoativo do barco não fosse o suficiente para me deixar com vontade de vomitar.

— Estamos quase chegando na área de mergulho. Por favor, vistam-se! — Lauren, a guia turística, nos avisou com um sorriso gigantesco e animado no rosto.

— Eu também vou! - Jaxon exclamou e emburrou-se quando a mãe negou seriamente com a cabeça. — Por que não posso?

— Porque você é criança! — Scarlett o respondeu séria. — E não quero respostas, mocinho! Se comporte! — avisou mandando-lhe um olhar repreendedor assim que o menino deu indícios que começaria a reclamar. Jaxon mais uma vez emburrousse e se sentou ao meu lado de braços cruzados, bufando a cada segundo.

Scarlett seguiu para dentro do iate para poder trocar de roupa e antes de entrar, olhou-me confusa ao me esperar para entrar junto com ela porém apenas acenando com a cabeça pedi para que ela fosse na frente e continuei ali sentado ao lado do meu filho.

— Queria ter ido com a tia Ket passear, a mamãe é chata! — Jaxon reclamou irritado e por mais que eu tenha tentado prender o riso, não resisti e acabei rindo do mesmo jeito só que de forma discreta, ou ele acharia que poderia sempre falar mal da mãe pra mim.

Não que eu fosse reclamar, ou dizer que ele está errado e tirar sua razão em determinadas coisas, mas é que dar muita confiança para uma criança não faz bem.

— A sua mãe só quer o seu bem, Jaxon.

— Ela não quer me deixar nadar com os peixes! Não sou um bebêzinho! — me derreti com o bico fofo presente em sua pequena boca.

— Você é quase um homem, metade homem… — murmurei e ele me olhou incrédulo. — Oh, meu campeão ainda falta isso daqui para você ser um homem como eu! — fiz uma ilustração de sua altura e para implicar mais um pouco com ele, mostrei meus músculos.

— Tamanho não é documento! — respondeu dando de ombros. — E eu também terei músculos um dia, mais que você, pai! — sorriu convencido, ri assentindo.

— Só não vá ficar parecido com aquele feio e esquisito caranguejo bombado do Bob Esponja, rapazinho! — o alertei e ele riu assentindo. — Escute, você não irá nadar com a gente porque esse programa é para adulto. A sua mãe não sabe nadar direito e por isso vai ter ajuda de outra pessoa para poder ficar segura, agora imagine você?

— Eu sei nadar! — exclamou, nervoso.

— Na piscina, Jaxon. O mar é diferente e muito perigoso! — e mesmo com a minha explicação, o loirinho continuou com a cara fechada, soltei um longo suspiro cansado. — Não conte para a sua mãe, filho… — dei uma pausa e abaixei meu tom de voz, de forma como se eu realmente contasse um segredo a ele. Jaxon fitou-me curioso. — Mas o papai está morrendo de medo em ir nadar com os peixes!

— Por quê?

— Vai que aparece um tubarão e resolve arrancar um pedaço do meu corpo, ou me comer inteiro?

— Deus me livre! — ele se benzeu, sorri de canto. - Isso não pode acontecer, pai! Tem que tomar cuidado! — seus olhos castanhos estavam arregalados e sua expressão estampava toda sua preocupação. —  Prometa que tomará cuidado, pai! - Jaxon exigiu segurando em meus ombros e olhando fixamente em meus olhos.

— Prometo tomar muito cuidado com os tubarões famintos. Mas se algo acontecer comigo, por favor, cuide da sua mãe e da sua irmã também! Prometa, Jaxon!

— Eu prometo que serei o super guardião delas!

— Bom rapaz, meu garoto! — sorri orgulhoso e baguncei seu cabelo dourado, conseguia ser mais loiro que o meu. — Agora bate aqui e me dá um abraço! — pedi e rapidamente o garotinho atendeu ao meu pedido ao fazer um high-five comigo e dar-me um longo, apertado e carinhoso abraço.

♧♧♧

Após passarmos por uma série de avisos e cuidados, sermos ensinados o básico do básico pelos instrutores, entramos no mar e fiquei como uma verdadeira criança aproveitando a deliciosa água gelada do mar pouco agitado. Como planejado Jaxon ficou no barco com a guia turística, Lauren, enquanto Scarlett e eu conhecíamos uma gruta com diversos peixes diferentes, e para quem havia inventado de fazer isso se arrependeu por estar com medo. De vez em quando Scarlett dava um gritinho por levar um susto por causa de algum peixe que grudou em sua perna, ou que simplesmente encostou nela apenas por passar perto dela e por mais que a ruiva tentasse não demonstrar que estava com medo e morrendo de vontade de voltar para o barco, era perceptível por ela possuir uma expressão tensa. Sendo que diversas vezes ouvi o mergulhador que a ajudava, pedi para ela relaxar porque seu corpo estava tão duro que ela era praticamente carregada por ele.

Resolvi sair da água e sentei-me ao lado dela em uma rocha que havia dentro da gruta, Scarlett estava distraída admirando os peixes bem embaixo dos pés que balançavam no ar.

— É lindo, não é?

— Sim, com certeza. Porém nunca mais invente o que não é capaz de fazer! — a repreendi, risonho e recebi tapas da mais velha em resposta. — Você quis me assustar e no final quem ficou assustada foi você!

— É uma pena que aquele peixe que dá choque não esteja aqui.mas ele bem que poderia ter aparecido para agarrar na sua virilha e deixar o seu pau bem, mais bem torradinho! — sorriu maldosa e quando se aproximou para me beijar, afastei-me lentamente a olhando com o cenho franzido.

— Não sabia que gostava de negão! — falei, de certa forma surpreso, e a ruiva arregalou os olhos fitando-me espantada.

— Eu não acredito que você falou isso!

— O quê? Que você gosta de negão?

— Você falou de novo? — questionou-me seriamente, dei de ombros não conseguindo entender o motivo desse alarde toda dela. — Você está sendo racista!

— Claro que não! Só te fiz uma pergunta!

— E desde quando uma pessoa chega para outra pessoa e pergunta: “Você curte negões ou branquelos?”. - ela afinou ainda mais sua voz femina para se tornar engraçada, mesmo que estivesse ironizando. — É racismo, Justin!

— Não fui racista, só te fiz uma pergunta baseada no que você falou. Afinal não foi você quem disse querer que o meu pênis ficasse “torradinho”? Ou seja, você gostaria que fosse um pênis de um negão… mas ele tá muito longe de ser, Scar! — ri de mim mesmo, ela continuou fitando-me estupefata. — Logo é você a racista por querer que eu fosse um homem negro, ou pelo menos o meu pênis!

— Não falei em um termo sexual. E muito menos me referindo ao tom da sua pele!

— Okay. E você curte?

— Saber isso, vai mudar em que o seu dia?

— Quero saber o quão radical e corajosa você é, Scar. — ela revirou os olhos, balançando a cabeça negativamente enquanto soltava uma risadinha fraca e rouca.

— Nem todos são tão bem dotados assim, como costumam dizer por aí.

— Hum, então você experimentou o errado! — ela gargalhou e me estapeou. — O que? Tô mentindo?

— Não… está sendo ridículo mesmo!

— Vá… me conte, Scar.

— Já transei com alguns. Satisfeito? — minha boca abriu em um “O” perfeito de tão surpreso que fiquei com sua resposta. — Não precisa me olhar assim, Justin! — disse desviando o olhar, sem graça.

— Como você consegue andar?

— Eu não estou acreditando que você… — a interrompi.

— Você transou com alguns negões e tem medo de peixes? Que tipo de mulher você é? — a questionei horrorizado, poderia ser até considerado um insulto ela ter conseguido a proeza de transar com um cara desses e ainda estar de pé.

Provavelmente eu estaria aleijado… talvez não mexeria nenhum membro sequer do meu corpo. Ou quem sabe eu estaria morto?

— Você está se ouvindo?

— Os negros têm pênis maiores que os brancos, por isso são tão famosos e queridos nos filmes pornôs.

— Justin Bieber!

— Ah, Scarlett! Foi você quem começou! — reclamei, cruzando os braços. — E eu não sou racista!

— O fato de eu falar que o seu pau poderia ficar “queimadinho”... - a interrompi bruscamente.

— AHÁ! Quem é o racista agora? Você falou queimadinho! Que feio, Scarlett… que feio!

— Não ofendi ninguém!

— Nossa, só faltou falar a palavra "nigga”. — debochei dela, rindo escandalosamente de sua expressão hilária de quem parecia prestes a explodir, tipo: Matar alguém e provavelmente esse alguém sou eu. — Okay, eu parei! — voltei a ter uma postura séria, ela suspirou aliviada e deitou a cabeça em meu ombro.

— Deu ataque de bobeira, foi? — perguntou rindo fracamente.

— Quem começou foi você e… — parei de falar quando a ruiva levantou a cabeça e olhou-me seriamente. — Vamos mudar de assunto, certo? — pedi desconcertado, desviando o olhar para o mar. 

— O que você disse ao Jaxon para ele ter aceitado, de repente tão bem, ficar no barco?

— Falei a ele que eu estava com medo dos tubarões me pegarem e ele rapidinho acreditou que realmente existem tubarões aqui dentro, famintos por carne humana. Já estamos aqui faz meia hora, ele deve estar bem preocupada com a gente!

— Você é mau!

— Eu não sou mau porém abuse da imaginação fértil de uma criança e terá resultados incríveis para conseguir convencê-la a fazer o que você quer. É a lei, Scarlett… é a lei! — me gabei, ela negou com a cabeça rindo junto comigo.

Me aproximei dela e segurei firmemente em seu rosto para deixar um demorado selinho em seus lábios delicados e finos, porém Scarlett não contentou-se apenas com isso e infiltrou a mão em meu cabelo molhado e o segurou mantendo minha cabeça presa e meus lábios fixos nos seus. Scarlett, de repente, como a boa maluca que nunca deixou de ser, beijou-me com um desejo absurdo na frente de um monte de gente e por mais que estivessem ocupadas explorando a gruta, esse não é o lugar mais adequado para ela me beijar deste jeito. Se ao menos estivéssemos sozinhos eu não pensaria duas vezes antes de deitá-la nessa rocha e transar com ela aqui mesmo, entretanto, não estamos sozinhos.

— Desculpe interromper o casal… — rapidamente me afastei de Scarlett, com a minha respiração ofegante e enquanto ela mantinha uma expressão neutra e angelical, como se não tivesse feito nada demais, o meu rosto ficou em brasa de tão constrangido que fiquei, assim como um dos instrutores em nossa frente que já aparentava ter mais de cinquenta anos. — Podemos ir, ou pretendem ficar mais um pouco? — notei a malícia em sua voz e tampei meu rosto, mais envergonhado que da última vez. Scarlett estava pronta para respondê-lo a altura e a puxei para o meu colo, tampando delicadamente sua boca com minha mão.

— Podemos ir sim, por favor! — sorri amigavelmente para o homem mais velho de cabelos grisalhos e ele assentiu, dando-me as costas para juntar-se aos seus colegas de trabalho. — Você é perigosa, quando quer com a boca, Scarlett!

— Aham… e você sabe disso como ninguém! - falou em um tom sensual e fechei os olhos, respirando fundo, quando sua língua quente contornou meus lábios me provocando sem me beijar, ela se levantou e estendeu a mão pra mim. — É bom que guarde as energias para mais tarde!

— Guardar as energias, é? E por quê?

— Vou precisar e muito de todo o seu potencial hoje á noite…