*Liss*
4:00 am - Final da festa.
Estão todos reunidos na porta dianteira, onde um carro nos aguarda.
Filipi segura a minha mão e nos encaminhamos em direção ao veículo que me deixará sozinha com ele dentro de um avião e depois de um quarto... Será que estou preparada para isso?
Atravessamos a porta e soltamos nossas mãos para despedir-mo-nos de nossos familiares e amigos. Confesso que minha vontade é de voltar correndo para dentro daquele salão principal do castelo e fingir que nada irá acontecer depois daqui, que será como as festas que eu ia no Brasil que, quando a noite acabava, simplesmente ia para casa e dormia até o meio dia .
As primeiras pessoas que vejo são Ju e Lina. As duas me dão um abraço BEM forte.
- Não se preocupe que fizemos sua mala! - Ju, que está espantosamente sóbria, me diz.
- E você ficará BEEEEEEEEEMMM feliz com o que preparamos pra você para essa noite. - Lina me diz de uma forma emaranhada... Ela está quase dando PT. - AGARRA AQUELE HOMEM, MENINA!
Coro dos pés à cabeça. Eu não tenho a intenção de fazer nada com Filipi, mas agora que penso nisso perco a força em minhas pernas, minhas mãos começam a suar... Ele é realmente um deus grego... Mas eu não sei se quero realmente tentar alguma coisa com ele, talvez nós nem fiquemos no mesmo quarto durante a Lua de Mel (porque em casa eu faço questão de não dormir no mesmo quarto que ele) e eu, espantosamente, estou agarrando-me à essa esperança com todas as minhas forças.
- Vocês sabem para onde eu vou? - Pergunto a elas.
- Até ontem você ia para um lugar muito frio e fizemos sua mala para lá, mas hoje sua mãe avisou que seu destino foi mudado, então não sei mais; mas não acredito que o clima mude muito.
Dou mais um abraço nelas e vou falar com meus pais.
Nossa "despedida" é bem afetuosa e curta. Minha mãe não consegue parar de chorar... Ela não consegue acreditar que eu casei... E, para afalar a verdade, nem eu.
Despeço-me para mais um monte de pessoas, incluindo Bea, até chegar no Pietro...
Ele me abraça com força e seu sinto seu cheiro. Ele me solta e olha em meus olhos.
- Saiba que meu telefone estará sempre ligado e eu estarei sempre esperando por você. - NÃO CHORA LISS, NÃO CHORA! - Qualquer coisa que ele faça com você, qualquer olhar desrespeitoso que ele lhe der ou qualquer atitude que ele tome com você, sem o seu agrado... Saiba que eu acabo com esse cara. - Pietro olha para Filipi com um olhar de desgosto e raiva.
- Tchau, Pietro... - Abraço-o com força e sigo em frente sem olhar em seus lindos olhos.
Aguardo por meu marido na porta do carro e quando ele se aproxima nós estramos.
- Não quero saber de você falando com aquele cara. - Filipi diz sem sequer olhar para mim.
- Esse anel em meu dedo não é uma coleira - Olho para ele - E você não é meu dono.
(...)
Quando nosso avião pousa e a porta se abre sinto um bafo quente vindo em minha direção.
"Não acho que o clima mude muito"... Espero que elas estivessem brincando sobre as roupas quentes... Caso contrário? Eu estou simplesmente ferrada!
- Bem vindos à Omã! - A aeromoça nos informa.
O QUE NÓS ESTAMOS FAZENDO NO ORIENTE MÉDIO? EU NÃO ACREDITO!
Eu tenho um caderninho com uma série de listas de TOP 10 de lugares que eu gostaria de ir, comidas que eu gostaria de provar... E Omã, com toda certeza, estava no topo da lista - em segundo estava a Suíça, coincidentemente - ou não - um lugar frio, ou seja, alguém mexeu nas minhas coisas e achou o meu caderninho.
Filipi pega a minha mão, o que me deixa super surpresa e sem reação, para falar a verdade até falta de ar eu sinto agora.
Nós descemos a escada do jatinho e entramos no carro.
São 5:40 p.m
O sol já está quase se pondo e eu estou louca para tirar esse vestido de noiva e tomar um banho.
Durante todo o trajeto Filipi não solta a minha mão, o que, de certa forma, me acalma, fato que está me deixando cada vez mais perdida em meus pensamentos.
Depois de mais ou menos uns 20 minutos, abro a janela e dou de cara com um mar tão azul que parece o céu do auge de um dia de sol. Na linha do horizonte, a enorme bola de fogo se põe de uma forma lenta e paradisíaca, deixando a imensidão ao longe alaranjada.
A brisa quente do final da tarde, misturada com o vento devido ao movimento do carro, bagunçam um pouco o meu cabelo, mas eu não ligo. Sinto-me livre e revigorada... Podia parar no tempo e ficar nesse momento para sempre: A mão de Filipi me dando segurança, o ar quente enchendo meus pulmões e esta vista de limpar qualquer alma.
- Como se sente? - Filipi fala comigo e eu o olho... Sua expressão é de preocupação, como se estivesse temendo que algo desse errado.
- Bem... Muito bem! - Respondo para ele com enorme sorriso no rosto e ele faz o mesmo.
Volto a olhar o mar e o horizonte, mas o carro começa a frear. Acho que estamos chegando.
(...)
Quando o veículo para, Filipi solta a minha mão deixando-me com uma sensação de vazio... Nós dois saímos do carro e no direcionamos à recepção do Hotel.
- Welcome to The Chedi Muscat, may I help you? ( Bem vindos ao The Chedi Muscat, posso ajudá-los?) - A recepcionista pergunta.
Filipi começa a falar em árabe, o que me deixa surpresa, e a mulher também. Não que nós duas não soubéssemos falar também, mas é difícil encontrar alguém que saiba.
A mulher olha para mim com um sorriso de quem está surpresa e eu devolvo com um demonstrando que também estou.
Depois de assinar alguns papéis e cumprir toda a burocracia do Check in, um homem de terno e gravata nos guia até o elevador e clica no último andar.
- Suíte presidencial. - Ele diz depois de abrir a porta.
Agradecemos e Filipi da uma gorjeta para o moço.
O quarto é ENORME e cheio de mármore e diversas outras pedras que eu não tenho nem ideia do nome. O banheiro é incrível e possui uma banheira GIGANTESCA, além de vários mimos e duas pias. No final do cômodo está a cama King coberta de uma roupa de cama bem feita e com detalhes simples. O quarto todo cheira à praia; e as varandas estão abertas, possibilitando a entrada de uma brisa agradável de final de tarde.
As malas chegam e Filipi fala com o homem que as trouxe.
Quando ficamos sós, meu marido olha para mim.
- Desculpa.
- Pelo que? - Ele me pega de surpresa.
- Pelo que eu disse no carro... Você tem o direito de fazer e falar com quem quiser... - Ele baixa a cabeça. - Mas eu me sinto inseguro, tenho medo que você prefira outro...
- Eu casei com você, não casei? - Pergunto com uma sobrancelha arqueada e cruzando os braços.
- Porque você foi forçada...
- Isso não importa mais, o que importa é o que vamos fazer de nossas vidas a partir de agora.
Ele sorri para mim, um sorriso sincero...
- Obrigado.
Eu coro.
Ficamos com um clima estranho no quarto até que eu me lembro das minhas roupas.
- Temos um problema... - Digo com uma vontade irresistível de rir.
- Qual? - Ele me olha como se eu estivesse louca, mas ri pela minha reação.
- Tenho uma leve impressão que não tenho uma roupa que pese menos que 5 quilos.
Ele começa a rir e senta no chão.
Filipi abandona sua pose de "ser superior" e se sente a vontade, tranquilo... Sinto que eu sou parte responsável por esse seu novo jeito.
Meu noivo abre a minha mala para ver se eu estou certa ou não.
- Olha... - Ele diz enquanto estende a mão para pegar alguma coisa na mala e começa a rir - Você está 90 porcento certa - Ele ri mais e ergue a mão segurando uma peça de roupa. - Achei uma coisa que pese menos que 5 quilos.
Em sua mão está a tal langerie que minhas amigas falaram que comprar para mim.
Filipi ri e eu coro dos pés à cabeça.
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