A cada dia que se passava, mais eu me habituava ao local, como se eu tivesse vivido ali há muito tempo, mas não estava tranquila, não ainda, pois eu não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo do outro lado.
Só iria me tranquilizar quando tudo se resolvesse, em outras palavras, que Hades fosse castigado e aprendesse a ter compaixão com nós seres humanos e assim, podermos viver em completa paz.
Dada a conclusão, não seria tão simples assim, e eu não desejo a sua morte, mas em uma guerra, principalmente entre deuses, a morte sempre resolve tudo em alguns casos…
Os dias se passavam rapidamente em meus olhos, dias torturantes, mas que se tornavam bons com alguém ao seu lado prezando pela sua segurança.
Saga sempre nos visitava como podia, mas não tivemos nenhuma notícia que fosse útil a respeito da guerra santa, o que fazia eu perguntar para mim mesma o que aquele Deus estaria fazendo.
Por mais que tenha passado grande parte do meu tempo ao seu lado, eu com toda a sinceridade não conseguia saber o que se passava na sua mente a não ser todo o ódio que sentia.
Hades não era um livro aberto, isso eu sabia mais que ninguém, seus sentimentos sempre foram muito bem guardados, ele nunca foi de dizer abertamente o que realmente pensa a respeito das coisas, sempre esteve no seu canto, sozinho, nos seus próprios pensamentos.
Era assustador…
Isso fazia eu pensar se o meu filho iria ser idêntico a ele, se iria puxar todas as suas maldades e um pensamento grotesco.
Não poderia permitir, tenho a certeza de que ele não iria puxar nada do Hades…
O tempo fora da casa estava em nuvens, era mais um dia triste e angustiante, ficar no balanço na pequena área da casa, observando o local era o meu passatempo, a essa hora eu desejava a companhia de meus livros, meus grandes melhores amigos e antidepressivos por anos.
Observei meu ventre, ainda com nenhum volume evidente, como se eu não estivesse grávida, e soltei um suspiro cansado.
– S/N. – Kanon me chamou, parecendo ter me observado grande parte do tempo.
– Kanon! – O encarei assustada pela sua presença.
– Eu te assustei? Peço desculpas! – Se sentou ao meu lado, me lançando um olhar sereno e reconfortante que fazia meu coração palpitar.
– Estava distraída, não notei a sua presença aqui. – Sorri forçadamente, mas voltei com o semblante neutro. – Alguma notícia? – Murmurei, com pequenas expectativas de algo.
– Ainda não, tudo anda do mesmo jeito. – Pareceu angustiado feito a mim. – Hades está muito tranquilo, mais tranquilo do que o habitual.
– Isso está me assustando, Kanon. – Não escondi o meu medo para o cavaleiro. – Era pra ele ter começado essa guerra já que deseja a terra mais que tudo neste mundo.
– Eu não sei sobre o relacionamento que vocês tinham, não imagino como tenha sido antes disso tudo, mas ele está a sua procura. – Disse como uma afirmação, fazendo o meu medo aumentar. – Provavelmente nessas circunstâncias ele nem deve estar pensando em guerrear com Athena agora, mas sim, para encontrar você.
Kanon estava certo, Hades ainda não começou aquela guerra por causa de mim, era pra ele ter começado há muito tempo atrás, mas acabou adiando.
– Você deve pensar que nosso relacionamento tenha sido conturbado, no começo foi tudo perfeito, Kanon. – Me abri para o cavaleiro que levemente arregalou seus olhos, prestando a sua atenção em mim. – Por mais que ele odiasse os seres humanos, e vivesse falando para mim o quanto queria ter a terra para ele, o nosso relacionamento conseguia ser perfeito.
– S/N… – Murmurou, surpreso. – Porque está falando isso?
– Porque quero desabafar com alguém e você é o mais apropriado para me ouvir! – Minha voz saiu embargada. – Quando eu tentava mudá-lo de algum modo, aquilo se transformava em uma completa frieza da sua parte, o esperado. Hades não gostava quando eu tentava mudar o seu pensamento.
– Ele não vai mudar, S/N…
– Eu sei. – Assenti. – Ainda ficava com aquela expectativa ingênua de que ele mudaria por mim, mas isso era apenas desejo e mais desejos da minha mente fértil. Nosso relacionamento chegou ao completo caos no jantar de Poseidon.
– Athena nos falou sobre esse jantar e que ela mesma havia sido convidada, mas não aceitou por também ser inimiga dele e saberia que ela e Poseidon acabariam entrando em uma guerra santa, por ele também desejar a terra feito o Hades. É algo que ela não quer, entrar em uma guerra santa com um segundo Deus é a morte de todos os cavaleiros e da própria Athena.
Com toda a certeza o mundo entraria em completo caos com três deuses guerreando…
– O que exatamente aconteceu nesse jantar? Havia muitos deuses e ninfas, certo? – Deduziu, parecendo curioso com a história.
– Sim, foi um baile e jantar com seres poderosos, até o próprio Zeus estava lá.
– Por Athena… – Se surpreendeu ainda mais. – Eu pensei que Zeus estivesse desaparecido.
– Desaparecido? – Não compreendi.
– Zeus odeia a humanidade, algumas histórias dizem que ele desapareceu com outros deuses para um local bem longe nos céus, e nunca mais desceu aqui.
– Pois você está muito errado. – Revirei os olhos, me lembrando do mesmo. – Ele apareceu nos campos Elíseos de surpresa quando eu estava com o Hades, e depois no jantar de Poseidon.
– Realmente estava errado todo esse tempo, ele está observando todos nós. – Suspirou. – Esse jantar foi muito comentado por nós cavaleiros, não imaginei que fosse ser tão problemático.
– Foi bom Athena não ter ido, não foi agradável o que aconteceu ali, acabei me magoando e a partir dali piorou tudo. – Resolvi colocar um fim naquela história. – Desculpe, eu precisava realmente desabafar.
– Não se desculpe com isso, me sinto honrado como cavaleiro por ter se aberto comigo! – Sorriu mas voltou com a sua seriedade. – S/N, é melhor que ainda fiquemos aqui, não sabemos se o lado de fora é seguro. – Se levantou do balanço.
– Sim, não podemos sair daqui. Não ainda.
– Tenho que verificar as redondezas novamente, por precaução. Fique aqui, senhorita, eu volto logo!
Mandei Kanon ir enquanto eu aguardava a sua volta em segurança. O cavaleiro quase todos os dias verificava o local, procurando qualquer vestígio que indicasse perigo.
Estando dentro de uma barreira não indicava total segurança.
Entrei dentro da casa, querendo fazer algo para ocupar meu tempo até que Kanon viesse, e optei por adiantar o almoço, mesmo não sendo uma grande fã da cozinha e também porque Hades tinha os seus empregados para isso.
Mas eu não estou no submundo.
Concentrada no que eu estava fazendo, percebia que Kanon estava demorando mais do que habitual, percebia os longos minutos se passando no pequeno relógio que ali havia, mas não dei tanta importância, como a área era grande, era normal demorar.
Ajeitei a simples mesa de jantar, organizando os pratos e os talheres, e logo me sentei em uma das cadeiras disponíveis, no aguardo do cavaleiro pacientemente.
Batucava os dedos contra a madeira antiga, com o rosto apoiado em minha mão esquerda, aproveitando o silêncio de todos os cômodos da casa, tendo o som apenas do ponteiro do relógio que percorria todo o seu caminho, sem cansar.
Com esse silêncio, apenas em pensamentos, cheguei a me perguntar se o meu bebê seria um menino ou uma menina, eu não fazia ideia, mesmo preferindo que fosse uma menina.
Ele puxaria a mim ou o Hades? Eis a questão.
Com saúde eu sabia que ele iria vir, era um semideus, metade humano e metade Deus, nasceria saudável, mas todo cuidado era pouco.
Ele é tão frágil, tão pequeno, havia uma vida dentro de mim, uma vida que mudaria meu futuro, mesmo nesse tempo tão difícil que estou passando.
Ele cresceria sem um pai ao lado, mas isso não seria um obstáculo, irei criá-lo muito bem, longe de Hades.
Hades não tomará ele de mim!
Estava começando a estranhar a demora de Kanon, meus olhos observavam a cada minuto o relógio da cozinha, sinalizando que fazia mais de uma hora que ele não voltou.
Pensei seriamente em ir procurá-lo, me arriscar, pois a preocupação era forte, e eu já imaginei que o pior tivesse acontecido e eu não sabia.
Me levantei rapidamente da cadeira e voltei para fora da casa, encarando a área grande que não mostrou nenhum sinal dele.
Corri até a barreira e toquei na mesma que reagiu ao meu toque, mostrando o seu intenso brilho dourado. Forcei minha mão para fora dela, que liberou a minha saída, e soltei um profundo suspiro, pedindo mentalmente para que nada tivesse ocorrido com Kanon.
Comecei a caminhar em direção ao riacho que nós fomos, querendo começar a minha busca por lá, mas com a atenção à minha volta.
Chegando no local, não obtive nenhuma presença do cavaleiro e eu não poderia chamá-lo em voz alta, poderia me entregar facilmente.
Observei outra vez o riacho, apreciando o som da água e querendo ficar ali, mas estava a procura de uma pessoa que desapareceu.
Fui para outro caminho aleatório, tomando cuidado com os galhos secos das árvores caídos no chão, e cada vez que eu caminhava, mais a barreira se distanciava de mim.
Aonde aquele cavaleiro teria se metido?
O som dos pássaros cantando ecoavam, e eu encarei o céu, com sinais de chuvas, fazendo eu me apressar na busca pois não queria pegar qualquer tipo de resfriado que fosse fazer mal a mim e ao meu bebê.
Adentrei mais a fundo da floresta sombria, procurando Kanon com os meus olhos, mas o nevoeiro que começava a surgir atrapalhava a minha visão, fazendo eu tomar o máximo de cuidado por onde eu pisava.
O canto dos pássaros cessou, dando lugar ao completo silêncio, um silêncio assustador, e aquele clima não me agradava tanto assim, mas não o suficiente para fazer eu desistir.
Estava começando a me preocupar intensamente, imaginei que algo tivesse acontecido para ele demorar tanto assim a voltar, criar hipóteses do que poderia ter acontecido me deixava ainda mais preocupada.
Queria gritar, chamar pelo seu nome, mas eu me entregaria facilmente, não se sabe se há algum espectro aqui, mesmo Kanon e Saga tendo dito que ninguém havia nos seguido.
Indo para outra direção contrária, cheguei em uma espécie de campo aberto, grande e largo, que me impressionou por nunca ter visto algo do tipo enquanto estava aqui.
Observava meu lado direito e esquerdo, e duvidava muito que fosse encontrar Kanon aqui, mas continuei a caminhar, sem rumo.
Uma força energia sentida por mim me puxava para mais a fundo do campo, e eu me deixava guiar, imaginando que talvez Kanon estivesse perto.
Aquela densa energia era tão forte que me sufocava, o ar puro que ali tinha parecia ter sumido era angustiante…
Algo teria acontecido aqui? Eu não vejo nada…
Que lugar era aquele, afinal? São tantas perguntas!
Continuei a andar pelo vasto campo, sem ter a noção do perigo que estava correndo, estava atordoada e não conseguia entender o porquê, apenas estava sendo levada para algo, como se eu estivesse sendo controlada.
Um forte sentimento emanava ali, um sentimento de puro sofrimento que eu nunca senti em toda a minha vida, nunca senti tanta tristeza e sofrimento em um só lugar.
Umedeci os lábios ressecados pelo frio que perfurou a minha pele, o vento calmo e gélido piorava a minha situação, e a preocupação.
Mas mesmo assim eu não parava de caminhar, continuava sendo puxada, não queria voltar, o tempo pareceu parar diante de mim, se tornando lento e…
Escuro…
Havia escurecido? Não, não era isso…
Estava cedo demais para escurecer!
Encarei o céu, e tive a resposta de que literalmente o tempo havia se tornado lento e confuso. Seria algo da minha mente?
Comecei a correr, querendo voltar para a barreira, mas não saía do mesmo lugar, todo o local que eu entrava me direcionava de volta para o campo, como se eu estivesse andando em círculos.
Assustada, acabei caindo em algo fundo e com muita lama que começou a engolir os meus pés.
Rapidamente apoiei minhas mãos firmemente no chão para sair daquela espécie de buraco e rezei para que nada tivesse acontecido com meu bebê.
Eu poderia ter me ferido gravemente!
Conseguindo me levantar, mesmo com o corpo pesado, prestei atenção no que causou a minha queda e eu arregalei os olhos ao avistar uma espécie de... pegadas?
– Mas… o que é isso? – Murmurei, caminhando para trás. – Pegadas?
Não conseguia acreditar no que era aquilo, claramente não eram pegadas humanas, eram grandes, muito grandes, como se fosse de um…
Titã.
Que lugar era aquele que Athena sugeriu? Não era um local comum, isso eu sabia muito bem.
Ainda mais agora.
– Preciso sair daqui!!! – Falava para mim mesma, mas simplesmente não conseguia dar o mínimo passo para trás por ainda estar sendo presa por algo.
Além das pegadas algo me chamou atenção, também havia gotículas de sangue, quase invisíveis a olho nu que seguiam as pegadas gigantes.
Toquei meus dedos no sangue, percebendo que não era sangue fresco, mas que foi causado por uma intensa batalha de séculos ou até mesmo de milênios atrás.
Me surpreendia não ter desaparecido com as fortes chuvas ou umidade do lugar…
O tempo ainda continuava parado em torno de mim, e dessa vez se tornava ainda mais sombrio e assustador, mas ainda sim, o sofrimento que eu sentia ao meu redor era forte e angustiante.
Não me considerava uma pessoa médium, mas aquilo parecia muito real, não eram coisas da minha mente, até Kanon conseguiria sentir essa energia se estivesse aqui.
Meu coração palpitava, agora com intenso medo, medo do que iria acontecer comigo se eu ficasse mais tempo ali, mas o que eu conseguiria fazer, sendo que eu estava presa?
Mordi meus lábios nervosos, e arregalei os olhos quando algo surgiu do além a minha frente.
Coloquei a mão na boca, abalada, e caminhei para trás, aquilo não poderia ser real…
Isso não!
As lágrimas desceram quando aquela coisa enorme caminhava lentamente até mim, mostrando o seu corpo musculoso, com uma armadura sombria e horrenda, cheia de espinhos como ombreiras, que o cobria cada braço, cada músculo, e uma máscara cobrindo seu rosto, a sua face, deixando a mostra apenas seus longos cabelos escuros e olhos brilhantes.
Ele me lembrava de alguém...
– Q-Quem é você? – Comecei a gaguejar pelo medo.
Não tendo respostas, me virei de costas e comecei a correr, mas não conseguia me distanciar daquele ser, eu continuava a ser puxada para ele!
Não, não, isso não!
Suas mãos enormes lentamente se aproximaram e me agarraram, me fazendo gritar e chorar ainda mais. Batia em sua mão e chorava intensamente, como se ele fosse me engolir, e ele iria fazer isso.
Naquele momento, eu senti a falta enlouquecedora de Hades, me deixando confusa e atordoada mentalmente o do porque. Eu não queria sentir, eu não me importava com ele, mas agora estava sendo diferente, eu precisava da sua ajuda, o nosso filho iria morrer! Eu iria morrer!
Desesperada me debati, chorando como nunca, enquanto aquela coisa abria a sua boca, mesmo coberta com a máscara, mostrando seus dentes e garganta que me causaram ainda mais pânico.
– NÃO!!! SOCORRO!!! – Gritei com a última força que me restava.
A cada vez mais eu me aproximava da sua boca, e eu vi ali o meu fim e do meu bebê…
Contudo, o ser gigante olhou para algo e desapareceu como poeira, fazendo eu cair e bater as costas brutalmente no chão frio.
Sangue jorrou da minha garganta com o baque, me causando tosse e dores horríveis na coluna. Não conseguia me levantar!
Imóvel, o tempo continuava se passando lentamente, mas as minhas dores não, o sangue que escorria da minha boca principalmente…
Sentindo o horrível gosto metálico, levei minhas mãos até os lábios, tocando no líquido avermelhado e o observando escorrer dos meus dedos em direção ao pulso.
Agora, com intensas dores de cabeça, soltava gemidos baixinhos e sofridos por estar tentando me levantar, mas não conseguia, era tudo em vão, não conseguia me mover.
– S/N, acorde! – Uma voz masculina murmura em meu ouvido.
Sentia meu corpo ser sacudido por algo, mas eu continuava com os olhos abertos e não via nada ao meu lado, a não ser o céu coberto pelas nuvens, dando lugar a escuridão ainda mais sombria.
Não sabia o que estava acontecendo comigo.
– S/N, por Athena! Acorde!!! – A voz insistia.
Eu estou acordada!!
– Meu Deus!!! S/N, acorda!!! Você… – Continuava a dizer algo, mas dessa vez não compreendia, meus sentidos estavam começando a me deixar.
Parecendo perceber a minha situação, um arrepio percorreu meu ventre, e uma cálida energia se formou em mim.
Era a energia de meu bebê...
Uma forte luz em seguida me cobriu, me dando a sensação de extrema paz e calmaria, o local antes sombrio e escuro, foi dando lugar a claridade, fazendo meus sentidos aparecerem e meus olhos enxergarem no céu uma aurora boreal, muito bonita.
– S/N, ACORDA!!!
Respirei profundamente, e logo a minha realidade verdadeira estava diante de mim.
Eu havia despertado!
Kanon me encarava extremamente preocupado. Confusa, observei onde eu estava, notando que ainda continuava no campo traiçoeiro, mas nos braços do cavaleiro que estava agachado, comigo em seu colo.
– Kanon. – Murmurei.
– Meu Deus, S/N!!! – Suspirou profundamente, mostrando o seu alívio. – Que bom que acordou!!! – Sorriu, acariciando meu rosto.
– O-O que aconteceu? – Perguntei confusa, sem entender.
– Quando eu voltei para a barreira vi que você não estava, mas acabei te encontrando aqui, desmaiada. – Pareceu confuso. – Porquê fez isso?
– Fiquei preocupada com a sua demora, então resolvi te procurar. – Expliquei, mas arregalei os olhos em seguida, recordando do que havia ocorrido comigo. – Só que eu...
– Não deveria ter vindo aqui. – Suspirou, desviando o seu olhar para um local específico e vi que ele encarava as mesmas pegadas que eu havia visto.
– Algo horrível aconteceu comigo, Kanon! – Tentei me levantar, tendo a ajuda do cavaleiro.
– Eu sinto uma gigantesca cosmo energia nesse lugar. – Sentiu como a mim. – S/N, me explique com detalhes o que aconteceu! Você estava desmaiada!
Comecei a chorar desesperadamente e abracei o cavaleiro.
– Foi horrível! – Murmurei, soluçando.
Kanon retribuiu meu abraço, e acariciou meus cabelos carinhosamente, me entregando proteção.
Ele aguardou pacientemente a minha explicação.
– Quando estava a sua procura, acabei vindo para esse lugar, mas o tempo simplesmente parou, eu não sei… foi tão confuso!
– O tempo? – Sua entonação demonstrou surpresa.
– Sim, eu acabei afundando nessas pegadas sangrentas. – Me desfiz do abraço, apontando para as mesmas, fazendo Kanon observar seriamente.
– Não são pegadas humanas! – Se afastou, caminhando até elas e seus olhos se arregalaram assustados.
– Cuidado, Kanon! – Segurei seu pulso. – Pode ser perigoso! Não se aproxime tanto!
– Por Deus!! Isso é… – Não terminou de dizer e segurou minha mão, nos afastando.
Kanon nos levou de volta para a barreira, praticamente correndo junto a mim. O olhar assustado do cavaleiro fazia meu desespero aumentar drasticamente, pois eu sabia que era algo extremamente grave.
Entramos dentro da casa, e eu estava assustada, tentando assimilar o que realmente tinha acontecido comigo.
– Athena claramente fez isso por um motivo. – Cruzou os braços, mantendo-se calmo. – Mas eu não sei qual. – Parecia confuso.
– Como assim, Kanon? O que quer dizer?! – Perguntei.
– S/N, aquilo são pegadas de um titã!
Meu coração gelou.
– Porém, são marcas antigas, de milênios atrás. – Adicionou e eu suspirei aliviada mas mesmo assim, estava assustada. – Talvez por ser um local afastado, de tempos antigos, alguns titãs da época da titanomaquia vivia aqui. – Pareceu pensativo.
– Isso é estranho! – Estava confusa. – Você me disse que eu estava desmaiada, mas eu parecia estar acordada…
– Claramente havia um cosmo esmagador ali, mais forte que o da própria Athena, eu nunca vi igual!
– O tempo desapareceu, era como se estivesse passando lentamente. – Suspirei, falar daquilo não estava me fazendo bem. – Uma coisa gigante surgiu e quis me matar… – Me sentei no sofá.
– Sinto muito por deixá-la preocupada! – Se sentou ao meu lado. – Pensei que havia algum inimigo por perto, mas não era nada.
– Eu peço desculpas, pensei o pior e acabei indo atrás de você, mas tudo isso aconteceu!
Kanon em seguida me abraçou, tranquilizando a minha alma atordoada.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.