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História (a) mar - Saudades


Escrita por: fofarmigac

Notas do Autor


o título desse cap devia ser "finalmente", mas eu decidi não ser tão emocionada.

Capítulo 13 - Saudades


“Depende de como nós estamos” ela disse baixo atenta aos movimentos do garçom que volta e meia retornava com mais um copo de bebida. Farmiga sorriu de lado erguendo o braço direito em sinal de comemoração. 

“Você é péssima nesse jogo” Wilson estava com os braços apoiados na bancada, sorrindo encarou a atriz. 

“E você tá mudando de assunto” ela arqueou a sobrancelha esquerda tomando outro gole. 

“Aqui?” questionou sobre o local onde estavam. Vera fez um bico percorrendo o lugar com os olhos, as pessoas ainda dançavam e outras estavam sentadas, mas ninguém estava perto o suficiente para atrapalhar a conversa privada dos dois. Ela suspirou pensando se deveria estar fazendo aquilo. Todos os sinais anteriores lhe tinham aberto a mente, a atriz sabia que algo ardia dentro de si pelo homem à sua frente e havia relutado por anos. Mas estaria preparada? E mesmo que estivesse, tinha o direito de trair o esposo daquela forma? Ela já havia mentido sobre o antigo relacionamento com Patrick, para ele eram apenas amigos de elenco. Renn não duvidava da esposa, era sincero e apoiava todos os seus sonhos; eles haviam construído uma história juntos, uma família, tinham um lar... Farmiga suspirou mais uma vez meneando a cabeça de forma negativa tentando expulsar os pensamentos que a perseguiam. Ela precisava saber o que se passava com Wilson, tinha o direito de conhecer os motivos por aquilo ter acontecido. E mesmo que sua consciência pesasse a cada palavra dita ao antigo parceiro, ela se esquivava da realidade crua fora daquele lugar. Não queria pensar em Renn naquele instante, não desejava refletir sobre sua história ou casamento. Queria Wilson. E o queria por completo. Sorriu fraco reconhecendo que era isso mesmo que ela desejava: ele, ainda que por uma última noite. 

“Você decide” ela o encarou sem pestanejar por um instante sequer. Patrick a observou e depois de alguns segundos se pôs de pé deixando a atriz onde estava enquanto se direcionava a Wan. Ela viu o diretor arregalar os olhos para Wilson e depois retomar a pose de quem acreditava em seja lá o que o ator havia lhe dito. Wilson retornou segurando a chave do carro. 

“Vamos para outro lugar, tudo bem?” ela piscou rápido processando o que havia escutado, deixou o copo na bancada e se levantou seguindo o ator. 

“Já vão? Ainda tá cedo, gente” Lili gritou sorrindo abobalhada com os colegas ao seu redor, a bebida também havia subido a mulher. 

“O Patrick vai deixar a Vera em casa, ela não tá muito bem” James disse prontamente convencendo os demais. 

“Ah, fica bem, vão com cuidado” a atriz abraçou a loira beijando sua bochecha, logo em seguida os dois estavam fora do local a caminho do carro de Wilson. 

“O que você disse pro Wan?” Farmiga questionou abraçando a si mesma ao sentir a brisa envolver seus braços. 

“Exatamente o que ele falou” ele abriu a porta do passageiro e esperou a atriz entrar, fechando-a em seguida. 

“Aonde vamos?” Vera perguntou após o motor ter sido ligado. Ela observou ganharem distância de onde estavam, deixando toda a festa para trás.  

“Você já vai ver” o ator murmurou deixando o silêncio pairar entre eles pelo resto dos minutos na estrada e finalmente estacionou “chegamos” ele disse atento à mulher que encarava o prédio à sua frente. 

“Wilson, aqui não é sua casa” Farmiga disse confusa, franzindo a testa. Patrick sorriu saindo do automóvel e indo abrir a porta da atriz. 

“Vamos para um apê... meu” ele a ajudou a sair do carro segurando-a pela mão e fechando a porta.  

“Só seu?” ela o encarou surpresa. Wilson afirmou que sim sorrindo também, mas seguindo adiante para entrarem. Vera o seguiu fitando o hall de entrada sem deixar de notar as poucas pessoas que por ali transitavam. 

“Sr. Wilson” um homem o cumprimentou sorridente e educado. 

“Fala, Sidney” ele devolveu o aperto de mão “vou subir rápido, fica de olho no meu carro por enquanto, por favor” ele pediu entregando as chaves do automóvel “caso tenha algum problema” Sidney concordou e desejou boa noite a ambos os atores. Patrick chamou o elevador e segundos depois estavam na frente do apê. Wilson abriu a porta convidando a atriz a entrar, ela o encarou aflita, a desordem voltando a tomar conta de seus pensamentos, mas por fim se rendeu e adentrou.  

“Isso nunca tinha passado pela minha cabeça” Vera disse arrumando os cabelos num gesto de apreensão. Observou as paredes do ambiente, quadros dos filhos de Wilson estavam pendurados, ela sorriu ao ver a semelhança existente entre o pai e as crianças. 

“Eu venho aqui quando tô ocupado trabalhando, sabe... passando o texto sozinho, isso quase nunca acontece, mas gosto do silêncio” os olhos de Wilson se encontraram com os da loira, ele engoliu em seco sentindo a tensão no ar “você quer tomar alguma coisa?”  

“Se tiver vinho, aceito” Farmiga se sentou no sofá preto percorrendo a sala espaçosa com seu olhar. Patrick retornou com a garrafa e duas taças. Serviu o líquido em ambas e entregou uma a Vera. Ela agradeceu com um sorriso. “Você pode começar” disse saboreando o roxo descer por sua garganta. “Por que se afastou de mim?” falou cruzando as pernas pra arrumar a postura. Wilson, sentado em uma poltrona, fitou o chão, mas enfim se dispôs a falar. 

“Eu te trouxe aqui pra tirar essas dúvidas mesmo, te explicar o que deve ser explicado, mas eu preciso pedir desculpas” ela balançou a cabeça como se dissesse pra ele continuar falando “você voltou do passado com tudo, foi difícil assimilar a nova realidade” seu tom expressava sinceridade, Vera tomou um gole a mais ansiando que ele continuasse “eu achei que você não queria tanta proximidade, mas depois notei que ter feito o que fiz foi egoísmo, então voltei atrás” ele deu de ombros enchendo a taça novamente. 

“Egoísmo por quê?” ela sabia a resposta, não era idiota a ponto de não ter notado o que estava se passando, mas queria ouvi-lo dizer, queria escutar a voz de Wilson declamando o que ela tanto temia e no fundo adorava. Ele sorriu suspirando e a encarou. 

“Você quer que eu diga precisamente por quê?” a atriz limpou o canto da boca com o dedo médio sem deixar de fitar Wilson. Notou a reação do homem e cantou vitória dentro de si, ainda que não pudesse ouvir Patrick dizer, ela podia ver os efeitos sob ele. Ela baixou o olhar refletindo pela enésima vez naquela noite, embora tivesse bebido estava consciente dos seus atos, não poderia culpar o álcool por nada. Sentiu o arrepio percorrer seu corpo quando Wilson sentou ao seu lado. Ela o fitou respirando pesado, a proximidade do ator lhe deixava zonza. Patrick pegou a taça vazia de sua mão, deixando-a na pequena mesinha à frente dos dois. Ele torceu pra que ela não fugisse, surgiu a ânsia de tocá-la – algo que acontecia com tanta frequência que perturbava o ator. Ele guiou seus dedos acarinhando o rosto da mulher que ao sentir tal gesto repousou a cabeça nas mãos do parceiro.  

“Wilson” Vera sussurrou abrindo os olhos para se perder na imensidão do azul. As pupilas dilatadas de Patrick a fez sorrir. Quando namorados, ele sempre a olhava daquela forma. Sempre a fazia bambear com o preto tecendo o azul. E ali ele repetia o gesto. Farmiga suspirou tocando o rosto do homem, deslizando alguns de seus dedos pelos traços aparentes. O ator segurou sua mão depositando um beijo em seu pulso e voltando a observar a loira. Ela sorriu novamente e ele devolveu a expressão facial. Estava ali com ela, tendo-a tão perto de si que temia que algo desse errado ou que ela própria desistisse de estar com ele. Vera, como se pudesse acompanhar os pensamentos do ator, se aproximou ainda mais deixando suas bocas por alguns míseros centímetros de distância. Ela o havia respondido: não iria embora. Patrick suspirou alternando olhares entre os lábios da loira e seus olhos chamativos. Mas por fim se rendeu, sentindo o toque das duas bocas unidas. Ele a beijou despejando naquele ato toda a tensão que estava sentindo há anos. Não importava o que ela havia feito, nem o que ele mesmo estava fazendo. Ali, com Farmiga envolvida em seus braços, eles definiam o conceito de saudades.  



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