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História (a) mar - Frustração


Escrita por: fofarmigac

Capítulo 18 - Frustração


Junho de 2015.

“É preciso que você esteja ciente, não queremos que alguns de seus diversos compromissos sejam atrapalhados pelo processo de produção, mas já tá tudo certo para as viagens” Morgan, representante da New Line, disse em tom amigável.

“É claro, mas não precisa se preocupar com isso, o Wan já tinha me avisado, obrigada por me informar de qualquer jeito, Morgan, e estarei aí às 10h como combinamos” Farmiga disse pegando uma maçã na bancada da cozinha e desligou o telefone voltando ao seu quarto. Suspirou. A pré produção de The Conjuring 2 já estava sendo realizada há meses, ainda que de forma não oficial; Wan havia viajado logo no início do ano para promover a história que seria reproduzida na trama e para se familiarizar com os locais de gravação. Morgan havia ligado para avisar das passagens já compradas, toda a equipe viajaria para a Inglaterra para dar início às gravações, mas a atriz, Wilson e James também estavam marcados para outra jornada dali a poucos dias. Vera sorriu empolgada. Eles três voltariam a estar de frente com a clarividente Lorraine. Sentiu a euforia crescer dentro de si e se jogou em sua cama feito criança. A atriz sentia uma grande admiração pelos Warren, mas com Lorraine essa admiração era ainda maior. Adorava ouvir tudo que a idosa falava, os ensinamentos e conselhos sendo repassados de modo tão carinhoso lhe faziam sempre querer ouvir mais. Sorriu ansiosa e seu sorriso continuou desenhado em seus lábios, mesmo quando Wilson invadiu sua mente.

 

O aperto do telefone contra os seios lhe dava a sensação de mandar embora o sentimento de perda que lhe preenchia a alma, mas isso era rápido demais, aos poucos a sensação voltava a consumir-lhe por inteira. Suspirou pensativa. Óbvio que você merece passar por isso! Gritou consigo mesma em sua mente. Os minutos se passaram deixando-a mais aflita e em longos devaneios, por fim ouviu o toque do aparelho notificando a nova mensagem. Respirou tentando acalmar a confusão que se espalhava dentro de si, deslizou o indicador na tela e foi direto para o aplicativo de mensagens que ainda estava aberto na conversa com Wilson. A atriz suspirou outra vez. A mensagem que recebera não era dele, embora a que ela enviara já estivesse como visualizada. Voltou a tela para que pudesse ver todas as conversas e no topo delas estava Renn informando que já estavam próximos da casa de seus pais e desejando boa noite à esposa. Ela digitou “fique bem e tome conta das crianças, boa noite” e enviou ao músico voltando a bloquear o aparelho. Fechou os olhos.

Wilson estava magoado. O fato de sentir-se rejeitada lhe caía como um peso enorme, era ridículo julgá-lo se baseando numa única mensagem não respondida. Ademais, ela sequer esperava que o ator lhe respondesse. Tinha feito aquilo em um momento de saudade extrema, inconsequência. Era melhor que continuassem afastados mesmo, caso contrário ela sabia o que iria suceder depois que voltassem a trocar simples palavras. Mas eles teriam que fazer isso, as gravações de The Conjuring 2 se aproximavam, a distância física que os separava diminuía a cada dia. A adolescente lhe consumia trazendo à tona a paixão antiga e a ansiedade de voltar a vê-lo. Às vezes a atriz detestava isso, às vezes não. Porque estar com Wilson lhe fazia tão bem, ele a conhecia como a palma de sua mão, sabia de todos os seus medos e segredos, todos os gostos e coisas favoritas. Tudo. Isso também era problema.

O sono se aproximou aos poucos e Vera agradeceu mentalmente, não queria enfrentar outra noite de insônia mergulhada em sua confusão. Ela adormeceu cansada de remexer e questionar as próprias decisões.

Farmiga sentiu o sorriso afrouxar, sabia que teria que se comportar, mas não desejava evitá-lo. Ela estava consciente que ele a detestava agora, mas estavam prestes a se encontrar novamente e nenhum dos dois poderia fugir. Ele teria de perdoá-la um dia, teriam de seguir adiante. Suspirou agora séria. Apesar de Lorraine, a viagem teria seus pesos.

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“Você disse às 10h, Vera Farmiga!” Wan disse quase gritando pelo telefone, ele a aguardava no estúdio, já que haviam planejado de irem juntos.

“Fica calmo, ok” a atriz pediu em tom de súplica irritada por ter ficado acordada até de madrugada com Renn “eu já tô chegando” ela avisou encerrando a ligação e acelerando o carro.

“Fica tranquilo James, se ela disse que tá chegando é porque tá chegando” Patrick falou tentando confortar o amigo que devido a todo o processo de desenvolvimento do filme estava nervoso e estressado. Wan suspirou sabendo que parecia um completo maluco exagerando em cada detalhe.

“Você tá certo, a Vera sempre foi pontual, não é motivo pra perder a cabeça” o diretor disse inspirando profundamente para acalmar a euforia dentro de si e respirando aliviado assim que a figura de Farmiga surgiu.

“Me desculpa, Wan” ela andou rápido em sua direção segurando a bolsa preta que continha um lenço amarrado em uma das alças “eu perdi o horário, mas tô aqui, podemos ir” a atriz abraçou James que devolveu o gesto de modo rápido, já soltando-a em seguida para dar outro telefonema. Vera retirou os óculos guardando-os na bolsa ao mesmo tempo que remexia na mesma fingindo procurar algo. Infantil! Sua consciência gritava incansavelmente perturbando-a. Farmiga suspirou e arrumou a postura relaxando os ombros, mas ficando ereta, de modo que agora suas mãos estavam na frente de seu corpo ainda ocupadas em segurar a bolsa. De cabeça baixa a atriz observou os pés de Patrick à sua frente. De alguma forma sentiu que aquilo era um sinal positivo, ele não tinha ido embora, nem se afastado quando ela entrou. Farmiga levantou a cabeça para encarar o antigo parceiro e toda ou qualquer esperança se dissipou quando os dois olhares se cruzaram; a mágoa que Wilson carregava dentro de si era tão profunda que a atriz pôde senti-la sendo transmitida numa simples troca de olhar. Nem na premiere de Higher Ground ou na de The Conjuring fora assim. Ela manteve o olhar sobre Wilson encarando-o agora fervorosamente. Qualquer observador notaria as diversas emoções que aquela cena carregava, embora nenhuma palavra tenha sido dita. Tudo isso aconteceu apenas nos poucos minutos que Wan se retirou para dar o telefonema, logo o diretor voltou ao espaço onde os dois atores estavam.

“Nós precisamos ir agora, o carro tá lá em baixo” James disse guardando o aparelho no bolso da calça “vamos almoçar em Monroe mesmo, é melhor porque assim ninguém fica com fome quando chegarmos ao museu” o diretor deu outras instruções à pequena equipe que acompanharia o trio e depois os três entraram no carro da produtora com Wilson assumindo o volante, James ao seu lado e Farmiga no banco de trás.

“Então, Vera” Wan chamou a atenção da atriz que estava quieta absorta em seus pensamentos “acho que você nem precisa dizer que na verdade chegou atrasada porque não conseguiu dormir, já que hoje tem Lorraine Warren na sua frente de novo, né” o diretor deu uma risada debochando do fanatismo de Vera. Ela sorriu sem se deixar atingir pela piada boba.

“Esse foi um dos motivos” ela disse baixinho, mas ainda audível aos dois homens.

“O que você esteve fazendo a noite inteira, Farmiga?” James disse em tom disfarçado, mas estava implícita a intenção da pergunta e a quem ela se relacionava. A atriz deu outro sorriso suspirando de leve. Não tinha feito nada demais. O motivo de ter ficado acordada até tarde com Renn era porque estava o ajudando com questões da banda, ambos madrugaram trabalhando na nova composição do músico.

“Eu só... estive ocupada” deu de ombros não querendo dar trela ao assunto.

“Sabemos com o quê” o diretor se atreveu a brincar de um modo mais grosseiro, não limitando o uso da intimidade que o trio já tinha estabelecido entre eles. A atriz ficou inquieta por Wilson estar ouvindo a conversa. Não queria que o ator se sentisse pior. Mas inconsequente como só ela era decidiu seguir adiante com o tema. Patrick não tinha lhe dito nada, nem quando ela enviara aquela mensagem, nem agora que estavam frente a frente. Ele estava no carro e parecia não estar atento a nada do que ela dizia, mas ela sabia que ele simplesmente a ignorava por completo. Sentiu raiva. Se o jeito de o trazer de volta à sua rota era provocá-lo, então o faria.

“Sou capaz de fazer várias coisas ao mesmo tempo, Wan, posso me ocupar de diversas delas e faço todas muito bem” Farmiga disse ouvindo a risada do diretor. Ela própria sorriu alto olhando de relance a Wilson que ainda permanecia quieto e concentrado no volante.

“Vera Vera, com o respeito que te tenho, não culpo o teu marido por te manter tão ocupada desse jeito” o diretor brincou dando outra risada. A atriz também sorriu, mas sentiu a frustração por Wilson sequer ter prestado atenção. Suspirou leve e rezou mentalmente para que aquela situação não fosse eterna. 


Notas Finais


obrigada por ainda estarem acompanhando, vocês são show!


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