História A Marota - Capítulo 77

— E se eu não quiser ir? - eu perguntei, cruzando os meus braços e olhando o garoto ruivo seriamente. 

— Você vai.. Sua mãe parece bem rígida, ela vai te puxar pelas orelhas. - Joshua retrucou, pondo seus braços sobre meus ombros e beijando a minha testa.

— Quer conhece-los agora? - questionei e ele riu, olhando algo atrás de mim.

— Seu pai não parece muito contente.. - comentou e eu olhei, meu pai nos olhava um tanto sério demais.

Merlin, lá vamos nós novamente..

— Vem.. - eu puxei Joshua em direção a eles. — Mãe? Pai?

— Quem é o seu novo amigo? - mamãe perguntou e eu olhei para Joshua quando ele apertou minha mão.

— Esse é Joshua Turner, ele é meu namorado. - eu sorri para meus pais, esperando uma reação positiva da minha mãe mas ela não reagiu.

— Como assim namorado? - ela perguntou, eu sabia que o sorriso dela era forçado. — Mas e Sirius?

— Mãe.. - eu a repreendi, negando com a cabeça discretamente.

— É um prazer conhece-los. - Joshua sorriu educadamente, apertando a mão que meu pai lhe estendia.

— Charlus Potter, é um prazer. - meu pai.. Reagindo bem? — Gosta da minha filha?

— Muito, senhor. - seus olhos verdes sorriram junto de seus lábios pra mim antes de voltarem a meu pai.

— Não vai entrega-la a Voldemort, vai? - meu pai foi bem direto e eu o olhei assustada, Joshua também. 

— Pai! - eu suspirei, levando uma mão a testa. 

— C-claro que não, senhor! Eu nunca faria isso, ela é muito importante pra mim. - Joshua saiu bem dessa e eu senti ele apertar ainda mais a minha mão. 

— Não o assuste, papai.. Joshua é um cara legal. É nosso amigo. - James apareceu com Sirius, apertando os ombros de Joshua amigavelmente. 

— Ah, bom.. Sendo assim, tudo bem. - meu pai finalmente sorriu e eu suspirei aliviada, sussurrando um obrigada para James. 

— Mas.. Vocês dois.. - minha mãe ainda parecia incrédula, apontando de mim para Sirius. 

— Conversamos em casa, mãe. - eu lhe disse, implorando com os olhos pra que ela não falasse mais nada.

— Tudo bem, querida. - ela apenas disse e se afastou. 

Eu me virei para Joshua e segurei sua outra mão, sorrindo meio sem graça pela reação dos meus pais. Era o meu primeiro namorado, mas eles não precisavam assusta-lo daquela forma. Sirius e eu.. Voldemort.. Que ideias. 

— Eu sinto muito.. Eles são meio desconfiados desde.. O último incidente. - eu suspirei novamente e ele soltou minhas mãos segurando o meu rosto. 

— Está tudo bem, eles estão certos. Não podem deixar a filha deles nas mãos de qualquer um. - me disse, sorrindo pra mim. 

Eu assenti e fechei os olhos quando ele me beijou, sentiria sua falta. 

— Apenas alguns dias.. - ele sussurrou rente aos meus lábios, apenas seu polegar separando-os. 

— Alguns dias.. - eu sussurrei de volta e sorri. — Nos vemos no expresso de Hogwarts. 

— Nos vemos lá. Fica bem, meu amor. Feliz natal. - ele beijou minha testa e eu assenti. 

— Feliz natal.. Se cuide. 

Nós nos abraçamos forte e eu soltei um longo suspiro, observando ele se afastar em direção a um carro que o esperava. Seus pais estavam com um pouco de pressa, ele não podia ficar mais. Antes de entrar no veículo, ele acenou pra mim e eu acenei de volta, vendo ele partir em direção a sua casa.. E eu terminaria de me despedir dos meus amigos. 

Quando me virei, avistei Ephram e seus irmãos junto dos Black. Eu não liguei e fui até eles, sorrindo abertamente para o meu amigo. Ele abriu os braços e eu fui até ele, o abraçando apertado. 

— Me espere para a ceia. - ele sussurrou pra mim e eu ri. 

— Vou esperar mesmo. - o cutuquei e ele revirou os olhos. 

— Não sei como um Malfoy pode ser amigo dessa.. Ai. - ouvi Roxanne dizer para Lucio e o mesmo mantinha o olhar desgostoso. 

— Nada que venha de você me atinge, Roxanne. Espero que tenham um bom natal. - eu sorri bem grande pra eles, olhando pra Régulo especialmente. 

Ele apenas acenou com a cabeça antes que eu me afastasse, ainda ouvindo as reclamações de Roxanne. Eu ligava pra ela.. Eu fui até as minhas amigas, pulando nas costas de Amy e sentindo ele me segurar rindo. 

— Não é nada, Jane.. Vai conseguir ficar sem sexo por uns dias. - Marlene me provocou quando eu comentei sobre Joshua. 

— Que horror, Marlene! Eu não me tornei uma viciada em sexo. - eu disse, descendo das costas de Amy e cruzando meus braços. 

— Quase lá.. Falta bem pouco. - ela me puxou para o lado dela e as meninas riram. — Fez sexo no nosso banheiro. 

Eu dei de ombros fingindo um ar inocente.

— Foi sem querer.. - sorri pra ela sabendo que sua língua devia ter coçado naquele momento. 

— Só não te falo o que penso pois estamos em uma estação de trem, sua pervertida. - eu gargalhei e a abracei. 

— Vejo vocês dia 2. 

Eu abracei todas elas e nós nos despedimos, desejando feliz natal. Os marotos além de James e Sirius não iriam para a nossa casa, por isso me despedi deles também antes de seguir com meus pais e os outros dois retardados em direção a minha casa. Assim que chegamos, mamãe fez questão de me ajudar com minhas malas apenas para me questionar sobre Joshua, eu tinha certeza. Ainda mais quando ela se sentou em minha cama e me olhou sorrindo. 

— E então? - ela questionou. 

— E então..? - eu repeti e ela suspirou. 

— Pensei que você e Sirius tivessem se entendido. - ela me disse, se levantando e me ajudando a arrumar as coisinhas que eu tinha trago. 

— Tínhamos.. Até o seu sobrinho-neto decidir que transar com várias garotas e fingir que nada acontecia era ótimo. -  eu lhe disse tudo de uma vez fazendo ela arregalar os olhos. 

— Mas.. Vocês não se gostam? - ela perguntou e eu dei de ombros, colocando um porta-retratos com uma foto minha e de Joshua encima do criado mudo. 

— Algo assim.. Sirius teve suas chances, mãe, e foram muitas. Joshua é um dos poucos garotos da idade dele ou mais velhos que não me acha.. - eu pausei, suspirando antes de falar. — Uma ninfeta. 

— Uma ninfeta?! - minha mãe pareceu horrorizada com o termo e eu dei de ombros novamente. — Quem te disse algo assim?

— Quando eu estava no covil de Volde.. - ela me olhou com repreensão. — Daquele que a senhora sabe quem é.. Tive algumas visitas desagradáveis como de Kieran e de Walburga Black. 

— O que ela disse? - minha mãe perguntou alerta, ela conhecia bem a sobrinha que tinha. 

— Que eu tinha sido esperta ao seduzir os dois Black's. Insinuou que os encantei com o meu corpo.. E Kieran me disse que não era surpresa Brendan se encantar por uma ninfeta como eu. - eu murmurei a última parte, minhas mãos acabaram pegando uma foto com o garoto citado. 

Eu a observei por um momento antes de guarda-la na gaveta junto com algumas outras. Eu as mantinha todas juntas, mas no momento apenas a com Joshua estava no porta-retratos. Eu acabei deixando minha flor em Hogwarts, não sabia se faria bem muda-la de lugar.

— Você.. Não é uma ninfeta. - mamãe disse e eu olhei pra ela. 

— Ninfeta: menina adolescente voltada para o sexo ou que desperta desejo sexual. - eu citei o significado da palavra e ri sem graça. — Eu não vou negar que desde que entrei nessa fase adolescente eu tenho um corpo que chama atenção.. Algumas pessoas já questionaram o meu gosto pra roupas pois minhas saias deixavam minhas pernas amostra demais. 

— Querida, não ligue pro que os outros dizem.. Se você gosta das suas saias, ninguém pode te impedir de usa-las. - minha mãe acariciou o meu braço e eu sorriso fraco. 

— Mãe.. James é o tipo de cara que algumas garotas olham e querem ir pra cama dele. - eu lhe contei. — Mas eu não quero ser o tipo que os garotos olham e querem apenas levar pra cama. 

Eu ri de nada exatamente, era frustrante. 

— Eu quero mais.. Eu quero algo mais intenso. Por isso aceitei namorar Joshua.. Pois a forma como ele me olha é diferente de todos os outros e ele foi o único que me entregou um anel e me pediu pra ter algo sério com ele. - eu lhe mostrei o meu anel e sorri pra mim mesma. 

— É lindo, querida.. - ela me disse e eu concordei. — Ele parece ser um bom rapaz.

Eu apenas assenti e ela me puxou pra sentar na minha cama. 

— Me conte sobre ele. 

— Bem.. Ele é goleiro da Grifinória, nos conhecemos no campo de quadribol. Estamos no mesmo ano e ele é primo de uma amiga. - comecei e ela me interrompeu pra uma pergunta que me fez rir. 

— Primo de Lily?

— Não.. De Amy, a garota loira que estava com a gente. Ela está no time também, é artilheira. - comentei, entendendo perfeitamente seu pensamento sobre Lily e Joshua. — Enfim.. Joshua é perfeito, ele sempre da um jeito de me fazer sorrir e me deu uma flor com um significado muito bonito no nosso primeiro dia de namoro. 

— É mesmo? - minha mãe sorriu e eu assenti. 

Nós duas passamos um bom tempo ali, ela me ajudou a guardar todas as roupas e queria saber tudo sobre Joshua, sobre nós dois e sobre como eu ia nas aulas. Era bom ter a minha mãe ali pra mim.. Passamos tanto tempo longe uma da outra e agora eu passava a maior parte do tempo na escola. Alguns momentos como esse era o que eu precisava.

*****

— Você tem certeza? - ele perguntou, olhando o próprio dedo atingido e eu assenti. — Mas e se eu acordar morto amanhã?

— Ninguém acorda morto, Sirius. - eu ri do drama do garoto por ter levado um simples choque. — Larga isso ai e vem aqui.

Ele deixou a tomada no chão e veio até mim, segurando a caixinha que eu lhe entreguei.

Era dia 24 de dezembro, estávamos montando a árvore de natal que papai havia comprado. Sirius estava totalmente confuso já que nós usaríamos eletricidade para acender as luzes. Meus pais também adotavam um pouco do mundo trouxa, e eu.. Bem, eu estava acostumada com algumas coisas. Eu pegava os enfeites na caixa e os pendurava na árvore, eram todos bem fofinhos.

— Faríamos isso muito mais rápido com magia, sabia? - ele perguntou e eu revirei os olhos.

— Você tem 17 anos? - eu perguntei, ele confirmou. — Bem, parabéns. Mas além disso, mamãe está com nossas varinhas.. E ela e papai estão no ministério.

— Mas o seu tio está lá encima.. Os filhos dele também. - ele comentou e eu balancei a cabeça.

Meu tio.. Samuel Potter, irmão mais novo de meu pai. Ele tinha dois filhos pouco mais velhos que nós, Andrew e Alexander.. Eram gêmeos, mas não eram idênticos. Sua esposa tinha falecido no último ano, por isso eles vieram passar o natal conosco.

— É bem mais divertido assim. - eu comentei, pendurando o último enfeite na árvore e ajeitando as luzes. — E é agora que a gente liga.

— Eu não ligo nada, quero distância dessa coisa. - Sirius disse se afastando da tomada e eu revirei os olhos rindo.

— O segredo.. - eu comecei lhe dizendo, me abaixando e ligando na tomada, observando as luzes se acenderem. — É não enfiar o seu dedo.

— Eu disse que chegaríamos atrasados, Alex. - nós ouvimos vozes vindas da escada e olhamos pra lá, vendo os dois irmãos descerem as escadas.

— Você quem dormiu demais. - O outro retrucou mas pararam de discutir ao nos ver na sala. — Hey!

— Bom dia.. Pretendiamos descer pra ajudar, mas acabamos nos atrasando. - o que seria o Andrew disse, dando um sorriso tímido.

— Não tem problema, Sirius e eu nem demoramos muito. - eu sorri pra eles, estendendo a mão pro Black que me ajudou a levantar.

— Tem certeza? Parece que foram horas. Estou morrendo de fome. - esse comentou, deixando a caixa vazia no sofá e olhando a porta quando alguém bateu nela. — Estão esperando alguém?

Os gêmeos negaram mas eu sorri grande, me apressando até a porta. Assim que cheguei nela, a abri e tratei de pular no meu amigo, ouvindo sua risada. Ephram retribuiu meu abraço antes de se soltar de mim, alegando que eu o estava sufocando. Eu o puxei pra dentro e fechei a porta, o levando até a sala.

— Olha só quem apareceu.. - Sirius disse, parecendo divertido com a chegada do primo.

— Se eu não viesse, ela me mataria. - ele fingiu um sussurro mas eu ouvi, lhe dando um tapa.

— Ephram, esses são meus primos, Andrew e Alexander Potter. Meninos, esse é o meu amigo, Ephram. - eu os apresentei e levei uma cutucada dolorosa.

— Seu melhor amigo, me apresente direito. - ele disse e eu revirei os olhos.

— Ephram Malfoy? - Andrew perguntou parecendo surpreso e Ephram assentiu. — Já ouvi muito sobre a sua família e da ligação que ela tem com os Black.

— Somos primos.. A mãe dele era uma Black mais parecida com tia Dórea. - Sirius disse, passando um dos braços pelos ombros do garoto loiro.

— Ah, não.. Minha mãe é quase um fantoche, faz o que mandam. Tia Dórea é muito mais do que isso. - Ephram corrigiu e Sirius deu de ombros, concordando com a cabeça.

— Certo, vou levar Ephram até o quarto que ele vai ficar. - eu disse, segurando a mão de Ephram e o puxando para as escadas.

Nós as subimos e eu o levei até a porta do quarto frente ao meu, a abrindo e deixando que ele entrasse. Não tinha muita coisa, apenas uma cama, um guarda roupas e uma escrivaninha com uma cadeira. Na verdade, todos os quartos de hospedes eram assim, não tinham tanta coisa. Nem o meu quarto tinha mais do que isso, era o essencial.

— Eu não trouxe muita coisa já que meus pais me querem em casa antes de voltar a Hogwarts. - ele disse, deixando sua mochila na cama e se sentando ali. — Mas então.. Tudo continua aparentemente bem entre você e Sirius?

— Sim, estávamos montando a árvore de natal pouco antes de você chegar. - mencionei, sorrindo pra ele. 

— Não que eu esteja amiguinho da McKinnon, ela não parece gostar de mim.. - ele começou fazendo uma carinha inocente. — Mas ela me contou sobre.. Você sabe.. Ela acha que posso te ajudar já que estou aqui.

— O que exatamente ela te contou? Que eu fiz sexo sem proteção ou que Sirius disse me amar e eu escolhi Joshua mesmo assim? - eu perguntei, me levantando e pegando a sua mochila.

— Os dois. - me disse.

— A primeira eu não acho que possa me ajudar.. Eu não vou tomar nada pra garantir que isso seja interrompido, se é que "isso" existe. - eu fiz as aspas com os dedos, pegando as roupas dele e as dobrando encima da cama. — E eu quero ficar com Joshua, ele me faz bem.

— Sirius não te faz bem? - Ephram perguntou e eu sorri pra ele.

— Sirius me faz bem quando quer. - expliquei, pegando suas roupas e as levando até o guarda roupas, deixando organizadas ali.

— Entendo.. Ele é complicado. - me disse e eu concordei.

Era até demais.. 

*****

Meia noite.. Era o momento em que todos desejavam feliz natal e se abraçavam pouco antes da ceia. Estávamos todos a mesa, Sirius e James reclamavam que estavam com fome e eu apenas ria com Ephram de Alex. Mamãe servia a ceia junto de Andrew enquanto papai conversava com seu irmão. Era um momento bom.. A família reunida, Ephram aqui, todos se divertindo. O que mais eu poderia querer?

Nós ceiamos e Ephram parecia particularmente interessado em Andrew. Meu primo era um rapaz bonito, mas.. Ephram tinha um certo moreno de olhos castanhos na sua cola e eu até achei estranho já que ele parecia super ligado a Kieran. Mamãe fez pudim e bolo de frutas na sobremesa, estava tudo uma delícia. Era a melhor cozinheira que eu conhecia, só não podia dizer isso na frente de minha tia. 

— Você acha que ele é solteiro? - o loiro perguntou quando nos levantamos da mesa e eu ri. 

— Ephram, você namora. - eu disse e ele fez uma careta. 

— Não exatamente no momento. - soltou e eu parei a caminho da biblioteca, o olhando curiosa. 

— Como assim? - questionei e ele fez uma carinha inocente. 

— Te conto depois. - me disse, procurando algo em seus bolsos. — Já volto, acho que deixei minha varinha na cozinha. 

Eu assenti, entrando sozinha na biblioteca e encostando a porta. Caminhei pelas estantes observando alguns livros, os romances daqui eram diferentes dos romances que eu lia em Hogwarts.. Digamos que.. Eram mais quentes ou intensos. Não iria negar que eu gostava, mas preferia não ler com tanta freqüência. Como dizia Marlene, eu já estava fogosa demais com Joshua. Ri de meu próprio pensamento e me sentei em uma poltrona no mesmo momento em que Alex adentrou a biblioteca, ele sorriu ao me ver. 

— Ora, ora.. Se não é o Sr. Piadinhas.. - eu comentei, erguendo uma das sombrancelhas pra ele que riu se sentando a minha frente. 

— Tem mesmo cara de quem gosta de livros. - ele disse olhando as estantes em volta e eu dei de ombros. — Aliás, belo vestido. 

Eu olhei para o meu próprio traje e sorri levemente. Eu usava um vestido branco de pano muito leve, ele batia acima dos meus joelhos e tinha um decote sutil no busto. Olhei pra Alex e esse sorriu de lado. 

— Obrigada, Ephram quem escolheu. - lhe disse e ele balançou a cabeça parecendo surpreso. 

— Ele tem bom gosto. - disse e eu concordei. 

No pouco tempo que eu conhecia Alex, eu sabia que ele não era uma pessoa que perdia tempo.. Por isso logo mostrou o porquê de estar ali. Ele se levantou e se aproximou, pondo sua mão no encosto da poltrona perto da minha cabeça e me olhando com intensidade. Eu mantive o meu sorrisinho, esperando o que viria a seguir. 

— Se me permite perguntar, priminha.. Você tem namorado? - ele questionou e eu ri, abaixando a cabeça antes de umedecer meus lábios. 

— Pra sua provável infelicidade, talvez sim. - respondi, me levantando e caminhando lentamente pra porta. 

—  Talvez..? - ele repetiu, vindo atrás de mim e impedindo a minha passagem com o seu braço. 

Eu me encostei ali, ajeitando a sua gravata com uma mão. 

— Somos primos, Alex. - o lembrei e ele revirou os olhos. 

— Ah, vamos lá.. Uns beijos não fazem mal a ninguém. - ele sussurrou, segurando meu queixo entre seu indicador e o polegar. 

— Talvez eu namore, lembra? E eu não sou esse tipo de pessoa. - imitei seu gesto e afastei seu braço, passando por ele para a porta. 

Eu sai no momento em que James e Sirius desciam as escadas como duas crianças. Revirando os olhos, eu cruzei os braços e os observei, indo até o sofá e me sentando bem no meio. Sabia que eles fariam exatamente o que fizeram, cada um se sentou de um lado. 

— Maninha..

— Priminha..

— Não. 

— Mas você nem sabe o que a gente ia falar. - James reclamou e eu o olhei. 

— Eu digo não de qualquer forma. - declarei e os dois cruzaram os braços. 

— Acho que você se interessaria por isso. Mas você não quer saber mesmo.. - Sirius disse misteriosamente, ameaçando se levantar mas eu o segurei. 

— Desembucha. 

Ele sorriu marotamente e olhou na direção da porta da cozinha. 

— Tia Dórea devolveu a minha varinha.. - ele disse, olhando para James de uma forma que eu sabia que eles queriam aprontar algo.

_ Mamãe fez um bolo de chocolate pra sobremesa do almoço de amanhã.. Mas nós queríamos um pedaço agora. - James continuou a fala do amigo e eu entendi tudo. 

— E o que pretendem? - eu perguntei, indicando a minha mãe com a cabeça, ela estava perto da porta. 

O resultado foi: comemos o bolo.. E passamos muito mal no dia seguinte. Mamãe não brigou com a gente pois ficou com pena e acabou fazendo outro bolo, descobrindo que chocolate com chocolate não era uma boa combinação. Por isso ela mudou pra coco e chocolate, mas nenhum de nós três quis saber se estava bom ou não. Passamos o dia em nossos quartos, eu ainda estava enjoada no fim da tarde e desci para jantar com um pouco de dificuldade. Ephram me obrigou. 

— Eu nunca mais comerei bolo na minha vida.. - eu falei, caminhando com ele em direção a cozinha. 

— Olha, bolo de morango. - o loiro indicou o bolo encima da mesa e eu olhei pra ele. 

— Ruim! 

Ephram apenas riu e nós nos sentamos. Eu não comi quase nada, exatamente como no almoço, mas já estava me sentindo um pouco melhor em relação as dores e ao enjôo. Depois da sobremesa que eu não comi, me senti totalmente bem. Ainda assim, deixei os outros lá embaixo e fui para o meu quarto, indo direto para o banheiro tomar um banho. Me despi e amarrei os cabelos em um coque, fechando os meus olhos sentindo a água descer lentamente pelo meu corpo. 

Um barulho no quarto me chamou atenção mas eu ignorei, devia ser Ephram. Continuei o meu banho, vestindo minhas roupas de baixo ao terminar e me enrolando na toalha. Abri a porta e sai, me assustando ao ver alguém perto da janela. Não era Ephram.. Ephram não era tão alto. Eu fechei a porta atrás de mim sem querer e a pessoa acabou me olhando, me fazendo suspirar aliviada com seu sorriso. 

— Joshua, quase me mata de susto. - eu disse passando uma mão pelo rosto antes de olha-lo novamente. — Joshua?!

— Eu. - ele riu, se aproximando lentamente com as mãos nos bolsos da calça. 

— Como.. Como entrou? Como sabe onde eu moro? - eu questionei, eu não tinha dito a ele onde eu morava. 

— Sua família é famosa no mundo bruxo, não é muito difícil saber onde fica a "mansão dos Potter". E eu entrei pela janela. - ele indicou a janela aberta e eu fui até lá, olhando a distância da janela até o chão lá embaixo. 

— Você é louco.. - comentei, descansando minhas mãos em seu peito quando ele segurou a minha cintura. — O que faz aqui? 

— Fiquei um pouco preocupado.. Queria te ver. - uma de suas mãos segurou o meu queixo e eu sorri. — Como você está?

— Estou bem.. Ephram está aqui, ele tem me feito companhia. - eu lhe contei e ele suspirou. 

— Ephram Malfoy? - perguntou e eu assenti estranhando o seu tom. — Legal.. 

— O que foi? - eu ri, levando minha mão a seu rosto na tentativa de faze-lo me olhar novamente. — Está com ciúmes? 

— Ciúmes? Não. - ele fingiu uma risada, me deixando ali e se sentando em minha cama. 

— Está com ciúmes. - eu fui até ele, o cutucando na barriga e ele me olhou entediado. 

— Sim, eu estou. - ele segurou minhas mãos e me puxou, me fazendo segurar em seus ombros. — Vocês andam juntos quase o tempo todo e agora no natal ele está aqui. 

— Joshua, Ephram é meu amigo.. - eu disse, me erguendo e o olhando de cima. 

— E eu tenho ciúmes do seu amigo. - me disse e eu neguei.

— Por que pensar nisso se.. - eu segurei a ponta da toalha e a puxei, deixando que ele visse minha semi nudez. — Podemos pensar em algo muito melhor? 

Marlene tinha razão.. Eu tinha muito fogo no rabo. 

Eu observei os olhos verdes descerem pelo meu corpo, esse que já queria muito ser tocado por ele. Joshua apenas sorriu, apoiando seu corpo sobre suas mãos no colchão e erguendo uma das sombrancelhas pra mim. Era sério? 

— Eu poderia ficar aqui a noite toda.. Apenas observando uma obra de arte. - ele disse, subindo os olhos das minhas coxas até o meu rosto.

— Ah, cala a boca.. - eu fui até ele, me apoiando em seus ombros e me sentando em seu colo. 

Me curvei um pouco e alcancei seus lábios. Deus, só tinham se passado dois dias mas parecia que eu não o beijava a um longo tempo. Minhas unhas arranharam levemente a sua nuca e eu resmunguei, fazendo um movimento com o quadril pra que ele usasse suas mãos.. E ele o fez. Elas agarraram a minha cintura e me fizeram repetir o movimento, rebolando sobre ele. Eu suguei seu lábio inferior antes de deixa-lo e seguir para seu pescoço, beijando ali até a sua orelha onde eu sabia o ponto exato. 

— Jane.. Espera.. - ele me disse e eu me afastei um pouco. — E os seus pais? 

— O que tem eles? - eu questionei, beijando os seus lábios novamente. 

— Eles.. Estão aqui, não estão? - ele se desvencilhou e eu apenas murmurei em resposta, descendo minhas mãos por seus ombros pra tirar o casaco dele. — E se.. 

— Relaxa, Joshua.. Tudo bem? - eu olhei pra ele, sentindo que ele hesitou antes de assentir. 

Eu o beijei novamente e ele me ajudou a tirar seu casaco, o deixando de lado seguido da sua camiseta. Sua mão puxou meu cabelo para o lado e ele beijou o meu pescoço, minhas mãos acariciando seu cabelo enquanto meu corpo arrepiava sobre o seu. Eu senti as mãos dele subirem pelas minhas costas em direção ao fecho do meu sutiã mas ele não teve tempo de abrir, alguém bateu na porta. Nós dois nos olhamos. 

— Disse pra mim relaxar! - ele sussurrou. 

— Eu sei! - retruquei. — O guarda roupas. 

Eu me levantei, catando seu casaco e o vestindo. Peguei a blusa dele e o empurrei pra dentro do guarda roupas, fechando a porta. 

— Eu já estou indo! - gritei pra pessoa que batia, fechando o casaco de um jeito desengonçado. 

Arrumei os cabelos e fui até a porta, a abrindo e sorrindo pra Ephram. 

— Hey! 

— Oi.. Está tudo bem? - ele perguntou, seu olhar desconfiado me avaliou quando eu assenti. — Esse casaco é seu? 

 — Hum.. Não.. É de James. - eu sorri novamente, eu estava mentindo na cara dura. 

— Bem.. Eu vou dormir. Qualquer coisa, me chama. - ele me disse, se aproximando e beijando a minha testa. — Boa noite. 

— Boa noite. 

Eu esperei ele entrar em seu quarto e fechei a minha porta, trancando a mesma e me virando. Joshua abriu a porta do guarda roupas e saiu. 

— Cortou o clima? - perguntou, indicando a camiseta em sua mão. 

Eu neguei com a cabeça e fui até ele, o empurrando na cama. Eu engatinhei pra cima dele, deixando meus lábios espalharem beijos pelo seu abdômen, subindo até o seu peito em direção ao pescoço. Antes que suas mãos voltassem a sua última ação, eu me sentei e levei minhas mãos ao fecho do meu sutiã, o tirando e o deixando ir de encontro ao chão. Joshua se ergueu e alcançou meus lábios em um beijo intenso que logo foi interrompido, seus lábios descendo pelo meu pescoço em direção a meus seios. 

O quarto estava quente.. Meu corpo se inclinou pra trás com o apoio de seu braço, minhas mãos apoiando em seus joelhos quando ele alcançou um dos meus mamilos. Sua língua brincou ali, seus dedos livres esfregando e apertando o outro. Eu arfei, mordendo meu lábio na tentativa de conter um gemido. Quando ele os deixou, sua mão em minhas costas me puxou de volta e eu ri do nada no mesmo momento em que ele se levantou comigo em seu colo. 

Eu não estranhei quando ele me colocou no chão e me virou de costas pra ele, apenas apoiei minhas mãos na escrivaninha e ouvi o som dele abrindo sua calça. Joshua era romântico e fofo.. Mas nesse meio todo as vezes que fizemos sexo, eu acabei descobrindo um lado mais.. Selvagem. Eu gostava disso. 

Seus lábios acariciacaram as minhas costas quando suas mãos desceram a minha calcinha e eu levantei meus pés para que ela saísse melhor. Joshua abriu minhas pernas e segurou a minha cintura com uma das mãos, a outra ele tratou de posicionar seu membro a minha entrada e eu fechei os olhos quando ele penetrou. Meus braços se esticaram e minhas mãos agarraram a escrivaninha, consequentemente a afastando um pouco da parede. 

— Tudo bem? - eu ouvi Joshua perguntou em um sussurro e apenas assenti. 

Suas mãos continuaram a minha cintura quando ele iniciou as estocadas lentas, meu corpo seguindo o movimento levemente pra frente e de volta pra trás. Eu gemi por entre os lábios apertados, as pontas dos meus dedos já doendo pela força que eu apertava a escrivaninha. Joshua aumentou o ritmo e eu ergui a minha cabeça, deixando que minha boca se abrisse mas nenhum som saiu dela. Eu ouvi ele gemer atrás de mim e senti seu corpo se aproximar mais do meu, deixando seu peito colado a minhas costas. 

Sem avisar, ele saiu de dentro de mim e eu resmunguei em protesto, me deixando virar quando ele segurou o meu braço. Minhas pernas entrelaçaram sua cintura quando ele me ergueu e minhas costas tocaram a parede, em segundos ele estava dentro de mim novamente. Joshua estocava com certa intensidade, eu não podia gemer nem um pouquinho além da conta ou alguém acabaria ouvindo.. Mais especificamente Sirius ou Alex. 

Eu estava quase lá quando o abracei, minhas unhas presas em seus ombros enquanto uma de suas mãos descontava em minha coxa, apertando fortemente. Com mais duas ou três estocadas eu cheguei ao meu limite e deixei um gemido escapar, meus lábios tentando abafar pressionados contra a sua orelha. Os espasmos duraram mais um tempo quando ele continuou até que gozasse, eu não dei a minima se foi dentro ou fora. Joshua foi parando lentamente e eu suspirei, acariciando o local marcado pelas minhas unhas.

— Sinto muito.. - eu sussurrei e nós dois rimos. 

Joshua saiu de dentro de mim e deixou que eu ficasse de pé. Minhas pernas vacilaram um pouco e eu me segurei nele, encostando minha testa em seu peito antes de caminhar em direção a nossas roupas. Vesti minha calcinha e a sua camiseta, observando ele vestir sua cueca. Eu me ajoelhei na cama e esperei ele se deitar para me deitar em seu peito. Seu coração batia calmo agora, o peito subindo e descendo por conta de sua respiração. 

— Dentro. 

— Eu sei..

— Não temos jeito. 

— Não mesmo. 

Eu suspirei e o olhei, seus olhos verdes avaliaram meu rosto enquanto sua mão tirava uma mecha de cabelo dele, acariciando o mesmo delicadamente. Ele era tão bonito.. As sardas enfeitavam perfeitamente o seu rosto e seus olhos pareciam brilhar enquanto me olhavam naquele momento. Eu sentia que ele queria dizer algo mas seus lábios não se mexeram. 

— Você me faz tão bem.. - ele disse depois de um momento e eu senti seu coração acelerar em seu peito. 

— Eu me sinto muito bem com você também.. - confessei e ele sorriu. 

Joshua beijou minha testa e eu voltei a deitar minha cabeça em seu peito. Nós passamos um tempo ali, apenas ouvindo o silêncio e eu observei a neve cair pela janela aberta. O silêncio era até confortável, nós não tínhamos que falar mais nada depois de tudo o que aconteceu. Mas uma batida na porta interrompeu o silêncio e eu levantei minha cabeça, olhando para Joshua que deu de ombros. 

— Quem é? - eu perguntei, demorando um pouco pra resposta.

— Ephram. - ele disse baixinho e eu suspirei aliviada. 

— Já vou. - respondi, me levantando e pegando as roupas de Joshua. — Se vista. 

ele se levantou e vestiu sua calça e eu fui até a porta, a destrancando e abrindo, deixando que Ephram entrasse. Ele olhou de mim para Joshua surpreso mas logo sorriu malicioso. 

— Safadinhos.. Agora sei o que causou os barulhos que Sirius ouviu. - ele disse, cruzando os braços e observando Joshua colocar seus sapatos. 

— Sirius ouviu? - eu perguntei e ele assentiu. 

— Ele não quis vir aqui, foi ao meu quarto e pediu pra que eu viesse ver se você estava bem. - o loiro disse e eu suspirei, pegando meu sutiã e a toalha. 

Fui até o meu guarda roupas e peguei um short e uma camiseta, me trocando no banheiro e devolvendo a camisa de Joshua. Ele a vestiu e pegou seu casaco, o vestindo também e me olhando. 

_ Prefiro que saia pela porta. - falei, olhando dele pra janela e o mesmo sorriu. — E que leve outro casaco, não sei. 

Eu fui até o meu guarda roupas novamente e procurei um casaco grande o suficiente que coubesse nele, achando um que eu ganhei no outro natal de um parente que achou que eu fosse um menino. Obriguei ele a vestir e coloquei o capuz em sua cabeça, fechando o zíper e suspirando. 

— Eu vou ficar bem. Minha casa não é tão longe. - ele me disse, segurando meu rosto e me fazendo ficar quieta. 

Eu apenas suspirei novamente e assenti. 

— Eu ainda estou aqui.. - Ephram disse e eu sorri olhando pra ele. 

— Fica aqui encima, não deixe ninguém descer até eu voltar. - eu pedi e ele concordou. 

Eu puxei Joshua pela mão e nós descemos nas pontas dos pés, as escadas rangendo baixinho. No andar de baixo, eu olhei em volta em busca de alguém mas não parecia ter ninguém a aquela hora da noite. Caminhamos até a porta nos mesmos passos e eu destranquei a mesma, a abrindo lentamente e puxando Joshua pra fora mas ele me fez parar logo na entrada. Lá fora nevava um pouco e eu senti minha pele arrepiar com o ar gelado. 

— Entre assim que eu passar pela cerca. - ele disse, pondo meus cabelos pra trás. 

— Tome cuidado.. Já é tarde. - eu lhe disse, ajeitando o casaco mas ele me fez olhar pra ele. 

Nossos olhos ficaram juntos por um momento e ele beijou meus lábios, suave e doce. 

— Eu te amo. - me disse e eu abri os olhos, encontrando os seus a me olharem atentos. — Shi..

Ele colocou seu polegar em meus lábios quando eu ameacei abrir minha boca e simplesmente me beijou de novo. Seus lábios deixaram um beijo em minha testa quando se afastaram dos meus. 

— Nos vemos no trem. - ele disse e eu apenas assenti, não consegui dizer nada. 

Joshua sorriu pra mim e deixou um selinho em meus lábios antes de se afastar. Eu observei ele caminhar pela pequena estradinha em direção a rua e me olhar, fazendo um movimento com a cabeça pra que eu entrasse. Eu acenei pra ele e me virei, entrando em casa e fechando a porta lentamente. Eu me encostei nela e soltei a respiração presa, fechando meus olhos por um momento.

Ele.. Tinha mesmo dito aquilo? Por que eu me sentia tão bem mas.. Ao mesmo tempo culpada? Eu não podia retribuir e ele sabia disso. Quando abri os meus olhos, me assustei levemente com olhos idênticos aos meus extremamente perto por detrás de óculos que eu conhecia muito bem. 

— A quanto tempo está aqui? - eu perguntei quando ele se afastou e sorriu. 

— Desde que você desceu as escadas com o Turner. - ele disse e eu engoli com um pouco de dificuldade. — Não se preocupe, eu não vi nada. 

Eu balancei a cabeça, me preparando pra ir pro meu quarto quando ele perguntou algo que me fez parar ao pé da escada. 

— Por que não disse que o amava também?

Eu observei as escadas por um momento antes de me virar pra ele lentamente. Ele sabia porquê, qual era o motivo da pergunta? Eu mordi o meu lábio e neguei com a cabeça. 

— Boa noite, James. - eu apenas disse, me virando pras escadas e as subindo. 

Ephram estava parado a porta do meu quarto olhando os lados e me puxou pra dentro quando me viu. A porta foi fechada e nós fomos até a minha cama. Nada foi dito de imediato, nós apenas nos deitamos ali e encaramos o teto lado a lado. Eu sabia que Ephram também estava tomando coragem pra falar algo, nós dois tínhamos relacionamentos complicados. Eu amava outro e ele.. Bem, eu não sabia bem o que acontecia entre ele e Kieran, mas parecia sério. 

— Bom.. Eu sabia que Joshua era bonito mas.. Ele também é bem gostoso. - o loiro disse ao meu lado e eu ri, olhando para o lado de seu rosto que continuava em direção ao teto.

— Eu vi você olhando pro abdômen do meu namorado, seu safado. - comentei e ele me olhou de volta.

— É difícil não olhar, querida. - nós dois rimos e voltamos a olhar pro teto. — Eu pensei que tinha um abdômen pra lamber e depois que o dono beijasse a minha testa e dissesse que me ama. 

— Você viu..? - eu perguntei e ele murmurou um "sim". — O que aconteceu? 

— Ele é um namorado romântico, você teve sorte. - me disse e eu revirei os olhos. 

— Entre você e Kieran. 

— Oh.. 

Ele ficou em silêncio novamente e eu esperei, seria no tempo dele. 

— Kieran é.. Complicado. Na nossa última noite em Hogwarts antes do natal, uma garotinha do terceiro ano nos pegou juntos em uma sala. Ele ficou super irritado, nós brigamos e.. Ele sumiu. Não dormiu no dormitório naquela noite. - Ephram me contou, sua voz mostrava o quão triste ele estava com aquela situação. — Admitir pra alguém além do irmão dele que ele também gosta de garotos é.. Parece muito difícil. Talvez seja, eu não sei.. Nunca tive coragem. Apenas Roxanne sabe também.

— Gosta mesmo dele.. Não é? - eu perguntei, me sentando e cruzando as pernas. 

— Eu o amo, Jane.. Desde que nos conhecemos. - ele se sentou também e eu segurei sua mão. — Não é só isso também.. 

— Não..? - o olhei confusa. 

— Peguei ele com uma garota a um tempo.. E não qualquer garota. - eu o observei na expectativa de saber quem era a garota. — Abigail Acker. 

— Não.. Sério? - eu o olhei chocada e ele assentiu. — Mas.. Ela não estava com Brendan? 

— Parece que os irmãos Jordan no geral interessam a ela. - Ephram suspirou e eu neguei incrédula. 

— Eu tenho uma vontade enorme de torcer o pescoço de Kieran, pior do que como ele fez na.. - eu comecei mas logo me calei ao ver os olhos de Ephram curiosos. 

Falei demais. 

— Como ele fez na..? Do que está falando? - ele perguntou e eu me levantei, minha mente tentando desculpas uma mais idiota que a outra. 

— Nada, deixa pra lá. - eu sorri forçado pra ele mas o mesmo não iria desistir, soube disso quando ele se levantou também. 

— Sabe de algo que eu não sei.. Me diz. - pediu, suas mãos pálidas segurando meus ombros e eu respirei fundo antes de soltar. 

— Kieran é um aprendiz de Voldemort. - eu falei com uma careta e ele não pareceu surpreso. 

— Disso eu sei.. - não parecia feliz mas seria muito pior depois que eu terminasse. 

— Não é só isso..

— Então fala logo.

Eu hesitei, seus olhos azuis queimando os meus e eu suspirei. 

— Ele.. Brendan armou o meu sequestro e.. Kieran foi me ver no cativeiro. - eu disse e me virei de costas, não conseguiria terminar com ele me olhando daquele jeito. — Ele.. Me disse que entendia por que seu irmão estava interessado em uma ninfeta como eu. E.. Ele me tocou e me beijou, eu não consegui evitar. Depois disso ele não ficou satisfeito com a rejeição e, se não fosse por Régulo, ele teria me sufocado. 

Eu respirei fundo depois de terminar e demorei um pouco pra me virar, não querendo ver sua reação. Quando o fiz, vi Ephram sentado em minha cama, os olhos no chão enquanto ele parecia processar tudo aquilo. Eu me sentei ao seu lado devagar e vi seus olhos brilharem de uma forma que eu nunca tinha visto.. Eu nunca tinha visto Ephram chorar. E as lágrimas lhe desceram, molhando o seu rosto bonito. 

— Por que não me contou antes? - ele perguntou baixinho e eu neguei. 

— Você estava feliz.. Eu não queria que isso mudasse. - lhe disse, acariciando suas costas com uma das mãos. — Eu sinto muito, Ephram.. Me perdoa. 

— Não.. Você não tem culpa de nada, meu amorzinho. - ele segurou meu queixo e forçou um sorriso. — Eu fui um idiota. 

— Não diz isso.. Kieran é um idiota. Você é incrível. - eu levei minha mão a seu rosto e o sequei. — Ele não merece você. 

— Mas.. Eu o amo tanto. - ele abaixou a cabeça, a voz trêmula. 

— Tudo bem.. - eu o puxei pra se deitar novamente e coloquei sua cabeça em meu peito. — Está tudo bem.. 

Eu me referia a ele chorar e ele o fez.. Eu cobri nós dois e acariciei seus cabelos, observando o teto enquanto ouvia ele chorar. Ele ficaria bem.. Eu faria de tudo pra isso acontecer também. Ele merecia alguém melhor do que Kieran, aquele babaca não merecia toda a preciosidade de Ephram. Meu amigo era como um raio de sol, sempre sorrindo e brincando.. E eu estava odiando ver ele apagado. 

Se Kieran quisesse resolver, que viesse resolver comigo. Eu não deixaria ele destruir mais ainda Ephram. Esse pegou no sono um bom tempo depois e eu beijei sua cabeça, sussurrando pra ele que ficaria tudo bem. E eu realmente esperava que ficasse. Ele já tinha me ajudado tanto em relação a Sirius com seus conselhos e suas piadas.. Era minha vez de ajudar ele a superar uma desilusão amorosa.