No outro dia, Natalie acordou bem cedo e começou a se preparar para logo mais poder ir embora daquele hotel. Enquanto isso, ela pensou em Priscilla e em tudo que tinha acontecido depois que a conheceu e só conseguiu ficar ainda mais decepcionada do que já estava. Porém, não queria aceitar que aquilo estava a afetando de uma forma tão assustadora. Tinham sido apenas duas transas sem compromisso, mas o problema é que lá no fundo, Natalie sabia que não era bem assim. Ela sentia algo a mais pela Priscilla, apesar de terem se conhecido em tão pouquíssimo tempo. E isso, sim, era assustador.
Na noite anterior, Natalie e André haviam transado pela primeira vez naquela cidade, pois a garota só adiava esse momento com o namorado em Gramado por causa de uma certa massagista. Mas não fora tão bom como nas outras vezes e, com isso, Natalie percebeu que as coisas não estavam realmente bem. Algo dentro de si tinha mudado. E como faria para voltar como era antes? Era uma pergunta sem resposta, um problema que ela não sabia como resolver.
Em meio a esses pensamentos, ela nem tinha percebido que o André havia acordado e se levantado da cama.
— Amor, tem certeza que quer ir embora hoje mesmo? — perguntou André, tentando fazer com que a namorada lhe desse outra resposta.
— Tenho, André. Nós vamos embora hoje.
— Ok. — concordou, caminhando de cueca até o banheiro.
Minutos depois, na mansão dos Tavares, Priscilla estava tentando mandar mensagem para o celular da Natalie, mas a modelo não tinha visualizado as suas últimas mensagens.
— Que porra! — disse ela, nem percebendo que tinha falado alto.
Ian Tavares aproximou-se dela e perguntou:
— O que houve, amor?
— Nada demais... Só uma promoção de uma blusinha que eu estava querendo que acabou.
— Ah, sim... — disse ele, sentando-se na cadeira para tomar café. — Mas você sabe que não precisa de promoção para comprar roupa, né? Nós temos muito dinheiro.
— Eu sei, amor... Mas as vezes é bom economizar.
Enquanto tomava o café, Ian ficou olhando para a Priscilla, que estava a todo tempo olhando a tela do celular e parecia que estava esperando por alguma coisa. Então, ele imaginou que essa espera estivesse relacionada com a Natalie. No entanto, ele não quis comentar nada para não gerar mais brigas.
Após ter tomado um café da manhã bem reforçado, Ian saiu da cadeira.
— Amor, vou para o hotel.
— Eu vou também...
— Que bom! Quer que eu te dou uma carona?
— Não precisa. Eu vou na camionete.
— Tudo bem. — respondeu ele, seriamente.
O tempo foi passando, e Natalie começou a levar as malas para dentro do carro após ter aproveitado um delicioso café da manhã no hotel. E enquanto ela estava do lado de fora, André estava passando pelo corredor com uma mala de rodinhas na cor rosa, a preferida de sua namorada. De repente, uma camareira, de vinte anos com cabelos loiros bem longos, chamada Clara, foi passando perto dele e parou para fazer uma pergunta.
— Já vai embora, Sr. Araújo?
— Infelizmente, sim.
— E quando vou te ver de novo?
— Não sei, gata... Mas vou dar um jeito de vir aqui sem a Natalie saber.
— Hum... Mal posso esperar...
André tinha aproveitado a ausência de Natalie para se envolver com uma das camareiras do hotel. E em quase todas as viagens dos dois, seja a passeio ou a trabalho, ele arrumava um jeito de trair a sua namorada, e ela acreditava que ele era sempre fiel ao relacionamento.
André sorriu e fez sinal para que a camareira saísse, pois Natalie estava se aproximando dos dois. Assim, a Clara saiu de perto dele, piscando o olho com uma cara bem safada. Ao ver a mulher saindo, a namorada de André já ficou um pouco desconfiada. O que ele estaria falando com a camareira?
— O que a camareira queria com você, André?
— Ela apenas veio saber se já havíamos desocupado o quarto para limpá-lo.
— Ata... Essa é a última mala, né?
— Sim, amor. Vamos?
— Claro.
Ele pegou na mão dela e continuou puxando a mala sobre o corredor. Quando os dois passaram perto da sala de massagem, Natalie ficou olhando para a porta e lembrou-se de Priscilla. O seu namorado olhou-a e percebeu que ela estava um pouco triste ao passar por aquele lugar.
— Quer se despedir da massagista?
— O quê?
— Você quer se despedir da massagista? Porque vocês duas estavam virando amigas, né?
— Ah, não, amor. Ela não deve estar por aqui agora. — respondeu Natalie, nervosa com aquela pergunta.
— É... Você tem razão.
André tinha achado um pouco estranha a atitude dela, mas não disse mais nada, apenas continuou acompanhando a namorada. Em questão de poucos minutos, chegaram até o carro, e o rapaz colocou a mala no porta-malas e o fechou. Neste mesmo momento, Natalie já ia abrir a porta do passageiro quando viu Priscilla chegando com a sua camionete e parando atrás do carro deles.
A massagista ficou sem graça ao vê-la, pois sabia que a Natalie estava de partida, mas não queria que ela fosse embora sem conversarem. Então fez um sinal para que a modelo fosse até ela. No entanto, a namorada de André tirou o olhar dela e entrou no carro, e André percebeu que a esposa do dono do hotel estava logo atrás deles.
— Olha a Priscilla aí, amor...
— Vamos embora, André.
— Tá bom... — disse ele, ligando o carro.
Priscilla bateu a mão no volante de tanta raiva ao ouvir o barulho do carro. Por que a Natalie estava a ignorando daquele jeito? E agora ela nem sabia quando veria aquela mulher novamente. No entanto, ela ainda tinha uma possibilidade, porque antes que o André saísse da frente daquele hotel, ele parou o carro. Natalie olhou para ele sem entender nada e perguntou:
— O que foi?
— Eu vou no banheiro rapidinho, amor, e já volto.
— André, eu não acredito que você está com dor de barriga logo agora!
— Amor, desculpa. Mas não dá para evitar.
Natalie ficou desapontada, e ele saiu do carro, correndo para dentro do hotel. Ao observá-lo saindo, Priscilla saiu da camionete e caminhou rapidamente até o carro do rapaz.
Natalie estava com vontade de sumir daquele lugar, mas não teve outro jeito, pois teve que encarar a Priscilla, que acabara de chegar perto da janela do carro.
— Natalie, eu preciso falar com você.
Natalie tirou o olhar dela e ficou olhando para frente. Priscilla achou muita estranha aquela atitude e a questionou:
— Por que está me ignorando desse jeito? O que eu fiz?
Natalie continuou calada, e Priscilla continuou:
— Me responde, caramba! Eu já estou ficando louca sem respostas suas.
— Vai embora, Priscilla, ou o meu namorado vai ver você aqui falando comigo.
— Não, eu não vou, Natalie. Você precisa me explicar porque está me tratando dessa forma.
Natalie olhou seriamente para ela e abriu a porta do carro, ficando de frente para a Priscilla, que estava bastante ansiosa por uma explicação dela.
— Você quer mesmo saber? Pois, bem. Eu conto... O seu marido veio até a mim e disse toda a verdade.
— O quê? Como assim?
— Ele contou que viu nós duas transando na sala de massagem e imagino que também deve ter visto tudo que rolou naquela casa.
— O quê? Não. Claro que não.
— Agora você quer dizer que é mentira?
— Não. É verdade quando ele disse que viu tudo na sala de massagem do hotel. Mas tudo que rolou naquela casa entre nós duas não foi gravado.
Natalie balançou a cabeça em negativa e respondeu:
— Eu não acredito em você, Priscilla. Aliás, não acredito em mais nada do que você me diz.
— Natalie, olha... Eu sei que é um pouco estranha essa fantasia do meu marido, mas eu só queria que você soubesse que eu não precisei fingir nada, porque eu gostei de tudo que aconteceu. E eu... Não queria que a gente parasse de se ver.
— Priscilla, você transou comigo para satisfazer o seu marido. Me usou, para falar a verdade. Então, não dá. Eu não quero ser um brinquedinho para você. Não quero!
— Natalie, você nunca foi um brinquedo para mim...— fez uma pausa — Porque... Porque eu estou apaixonada por você.
Natalie ficou surpresa com aquelas palavras e, mesmo assim, pediu:
— Me esquece, Priscilla, por favor... Vai ser melhor para você e para mim.
— Não, Natalie. Como posso esquecer de você? Não tem como... E eu sinto também que você sente o mesmo por mim.
— Não... Você não está vendo? Eu vou embora com o André, o homem que eu amo. E você... Você tem que ficar com o doente do seu marido!
Natalie ia abrindo a porta, e Priscilla segurou em seu braço.
— Me solta, Priscilla!
— Me diz olhando nos meus olhos que você não sente nada por mim. E então eu sairei daqui. — pediu Priscilla, olhando atentamente para ela.
Natalie ficou séria e com vontade de dizer tudo que estava sentindo, mas acabou lembrando-se da conversa que teve com o Ian e mudou de ideia. Então, respirou fundo e respondeu:
— Não me obrigue a dizer isso, por favor.
— Viu? Você não consegue dizer porque também me ama como eu te amo.
— Priscilla, não podemos...
— Por quê? Olha o jeito como olha para mim, como o seu corpo reage ao meu.... É coisa de outro mundo. E não tem nada que pode nos impedir.
— Você não sabe de nada. Agora me deixe em paz!
— Natalie...
— Por favor, Priscilla, me deixe em paz! Não podemos ficar juntas!
Priscilla ficou com vontade de chorar na frente dela, mas se conteve e soltou o braço dela. Nisso, Natalie continuou olhando para ela sem dizer nada.
— Tudo bem... Me desculpa por tudo. — disse Priscilla, saindo de perto dela, deixando algumas lágrimas cair de seus olhos. — Finja que nada disso aconteceu, que eu não vim aqui e que eu não falei esse monte de besteiras para você...
Natalie olhou para Priscilla andando lentamente até a camionete e ficou com vontade de ir trás dela, beijá-la, abraçá-la e dizer que queria ficar sempre ao lado dela. Mas não podia, não naquele momento. Só restava voltar ao carro e esperar por André, que acabou chegando.
— Cheguei, amor... — disse ele, entrando no carro e colocando o cinto de segurança. — Agora vamos para Floripa!
— Tá bom, André.... Só dirige, por favor.
— Ih, que bicho te mordeu, hein?
— Só dirige...
Ele ficou sem graça e ligou o carro outra vez, saindo da frente do hotel. Priscilla ficou na camionete com a cabeça debruçada sobre o volante e tentando aliviar aquela dor em seu peito por meio de lágrimas que caiam sem parar de seu rosto.
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