Meu marido ficou em silêncio me observando, seus olhos estavam fixos em mim como se eu fosse um fantasma ou qualquer coisa deste tipo, fiquei impaciente e acabei levantando e encerrando o meu café da manhã. Porra eu estava grávida! Só podia ser ou era isso ou eu estava com algum problema neural.
- Adeel! – ele estava logo atrás de mim e segurou-me pelo pulso. – Você não está inventando tudo isso para me punir, não é? Digo... Eu brinquei ontem e fui um idiota, mas... Puta merda, amor! Não brinque comigo.
- Não estou brincando – e nem conseguia pensar direito para bolar uma sacanagem para ele. – Também não tenho certeza, só estou juntando as peças, estou enjoando desde ontem, hoje tive desejo de milho e eu detesto milho, estou irritada, meus seios estão doendo e pelas minhas contas minha menstruação está atrasada.
Não consegui continuar falando, Paul me tomou em seus braços em um abraço tão apertado que me senti sufocar. Droga, ele apertava pra valer.
- Paul, amor, está doendo.
- Perdão, bebezona – ele me colocou outra vez no chão segurando-me pelos ombros e me olhando de uma forma estranha. – Como você está? O que está sentindo?
- Calma, meninão – ri esquecendo-me completamente do nosso problema anterior. Certo. Eu estava grávida, podia ficar confusa e com sentimentos contraditórios. – Ainda não sabemos de nada, acho que eu deveria...
- Procurar um médico, fazer o exame e tirar esta dúvida terrível da minha mente. Vamos.
- Calma e a reunião?
- Merda! – ele estava tão confuso, aliás, eu estava confusa demais também.
- Vamos fazer assim, eu vou ao médico e você vai trabalhar – Paul me encarou e seus olhos brilhavam tanto. Nossa, se eu soubesse que um filho o faria ficar tão lindamente deslumbrado já teria engravidado antes.
- Você parou as pílulas?
- Não.
- Então como?
- Ah, sei lá, Paul! Tenha santa paciência.
***
Claro que Paul não esperaria mais do que algumas horas para saber se realmente seríamos papais, ele passou o dia inteiro me ligando e eu não o atendi. O resultado estava em minha mão, mas eu não entendia, se meu anticoncepcional estava em dia como engravidei? Nem a médica conseguiu me explicar. Eu estava feliz, no entanto confusa, com medo, insegura, enjoada e com fome, sem contar o sono que não me largava, fiz questão de me dar o dia de folga. Paul que se virasse por lá, eu precisava andar e reagrupar todos os meus pensamentos então dirigi até o Lincoln Park e caminhei por quase duas horas. Comi pipoca, conversei com algumas babás que estavam por lá com suas crianças e comecei a me acostumar com a ideia, eu gostava. Ser mãe nunca foi um dos meus maiores desejos, afinal de contas eu amava viajar, explorar lugares desconhecidos, me aventurar, e convenhamos, um filho não me permitiria nada disso por um tempo, pelo menos não se eu quisesse
ser realmente mãe... Sim, porque mãe tem de todo tipo. Uma amiga minha, por exemplo, engravidou, mas assim que teve o filho largou todas as responsabilidades nas mãos das babás, a vida dela era malhar, fazer tratamentos estéticos, compras... Não, eu não seria este tipo.
Se era para engravidar, então que fosse com tudo o que eu tinha direito. Levantei determinada a encarar os fatos e aproveitá-los, dirigi até uma lojinha que eu conhecia muito bem e comecei a procurar por alguma coisa que pudesse surpreender o meu marido. Claro que eu precisava dizer a ele que seríamos pais, porém também precisava lembrá-lo que continuaria sendo mulher, dava para haver um equilíbrio. Cosima tinha dois filhos e continuava sendo o centro das atenções de Delphine, então eu não podia fraquejar. Almocei uma saladinha com grelhados, não dava para vacilar com o peso, depois procurei por mais algumas coisinhas e voltei para casa com várias caixas de presente. Paul já estava lá quando eu entrei, ele andava agitado pela sala, falando alto com alguém ao telefone. Quando finalmente notou a minha presença parou me observando.
- Ela chegou, falo com você depois – e desligou apressadamente. – Onde você estava? Liguei para você o dia todo.
- Calma! Eu precisava de um tempo.
- Por quê? – ele recuou.
Observei meu marido e a decepção em seu rosto, ele realmente queria aquele filho, o que me fez mais feliz. Mesmo assim, Paul merecia um susto.
- Com licença, Paul, eu preciso de um banho e descansar.
- Bebezona, onde você estava? O que aconteceu, espere... – me desvencilhei e praticamente corri até o banheiro, me trancando nele com sacolas e tudo.
Paul ainda me seguiu sem tentar me deter, enchi a banheira e me permiti relaxar em um longo banho cheio de espuma e aroma delicioso. Esfreguei cada pedacinho do meu corpo me dando conta de que o enjoo tinha desaparecido. Hum! Essas coisas de grávida são estranhas, eu pensava que enjoo durava pelo menos os
primeiros quatro meses, no meu caso foram apenas dois dias. Sorri satisfeita. Saí do banho e após me secar comecei a passar todos os hidratantes recomendados para evitar estrias e ressecamento na pele. Também fiquei sabendo, por uma vendedora de artigos para grávidas, que o bico do peito deveria ser corretamente hidratado e estimulado para que eu não sofresse durante a amamentação. Como seria isso? Era melhor não pensar antes da hora. Só depois que imaginei ser um tempo perfeito para torturar o meu marido, saí do banheiro, ele estava no quarto, sentado na cama e me observando. Fui até o closet, escolhi um vestido amarelo, sapatilhas e saí sem me importar com Paul, eu estava faminta.
- O que vai fazer?
- Jantar – falei sem lhe dar muita importância.
- Agora? Ainda está cedo! - Eu estou com fome.
- Amor? Pare um minuto – Paul me segurou pelo braço me impedindo de ultrapassar o corredor que nos levaria de volta a sala. – Deu negativo, não foi? – não respondi, encarei seus lindos olhos verdes e me concentrei em não rir. – Olha, eu sei que ficamos muito empolgados... Nossa, eu quero muito um filho! Mas, Bebezona, se não foi agora e você quer muito também, podemos tentar, vamos praticando – ele encostou em mim, mas eu me desvencilhei com facilidade. – Adele!
- Estou com fome, Paul – ouvi seu suspiro e me afastei rapidamente.
Fui até a cozinha e encontrei a Sra. Rezende com uma jarra de suco nas mãos e observando uma panela que estava ao fogo.
- Sra. Adele, consegui o milho.
- Eca! Detesto milho. - peguei um copo e me servi de um pouco do suco enquanto ela me observava com curiosidade. – Tem maçã? Vai demorar muito para o jantar?
- Tem sim e não vai demorar para o jantar – ela ainda me olhava como se eu fosse uma alienígena.
- Eu estou grávida – sussurrei e coloquei um dedo na boca pedindo segredo, ela ficou um pouco espantada, mas sorriu animadamente. – Onde está a maçã?
- Aqui – ela pegou em uma pequena fruteira e me entregou. – Parabéns! – sussurrou bem pertinho de mim.
- Obrigada!
- Adele? – Victor me chamou da sala, dei uma mordida na fruta e fui ao encontro do meu marido. – Quer sair para jantar?
- Não – seus lábios viraram uma fina linha, continuei comendo sem me importar.
- Olha, Adele, vamos conversar sobre isso ou não? Você está me deixando angustiado.
- Angustiado tipo como você me deixou ontem? – ele estreitou os olhos, sorri saindo da sala e voltando para o quarto, ele me seguiu de perto.
- Tá, você ainda está aborrecida por ontem, o que eu posso fazer para acabar com isso de vez? Já pedi perdão, mas não adiantou.
- Você é um idiota, Paul!
- Você já casou sabendo disso, então não tem como devolver. Sem desculpas. - Não preciso de uma.
- Então do que precisa? – ele falou um pouco mais alto.
Ok. Era hora de começar a aliviar o clima.
- Deixa eu pensar – sentei na cama e tirei mais um pedaço da maçã, mastigando demoradamente. Ele estava realmente nervoso, quase ri. – Vai fazer o que eu quiser?
- Faço o que você quiser, dou o que você pedir, mas pelo amor de Deus, vamos acabar logo com isso. – pediu. - Eu estou na maior seca, Bebezona – fez biquinho, senti meu corpo corresponder.
- Tudo bem – levantei e tranquei a porta, Paul sorriu esperançoso. – Só um minuto – voltei ao banheiro, onde eu havia deixado as sacolas, retirei duas embalagens de lá e voltei ao quarto onde ele me aguardava já na cama. Safado! – Vai fazer o que eu pedir para que seja perdoado? – busquei a sua confirmação para que não houvessem dúvidas.
- Tudo o que voxê quijer, Bebezona – ele já estava com aquela forminha de falar que me deixava cheia de segundas intenções.
- Então isso é para você – Paul voltou a sentar na cama olhando com curiosidade a caixa que lhe entreguei.
- O que é isso?
- Abra – ele retirou a tampa e desembrulhou o papel de seda retirando lá de dentro a coleira de couro preto que eu tinha comprado especialmente para sacanear o meu marido. – É o seu pedido de perdão.
- Uma coleira? – praticamente gritou de indignação.
- É pegar ou largar – cruzei os braços na frente do peito.
Paul levou alguns segundos para entender, pensei que desistiria, no entanto ele suspirou e concordou com a cabeça.
- Sem precisar me expor, não é? Será só para nós dois?
- Com certeza, Meninão! Não me importo nem um pouco em saber que apenas eu sei que levo meu CEO pela coleira – ele sorriu e umedeceu os lábios. – Agora tire a roupa – Paul estreitou os olhos me observando, mas desistiu de questionar.
Eu não estava muito acostumada a dar ordens, isso não existia muito em nossa relação, mas o objetivo era sacanear o meu marido, então tudo era válido. Paul
levantou da cama e começou a retirar as roupas, uma calça jeans escura, camisa de manga comprida, tênis e meia, ele tirou tudo ficando apenas de cueca a minha frente. Justiça seja feita, meu marido era uma coisa quando ficava apenas de cueca, sem ela então, era algo realmente complicado de resistir.
- E agora?
- Ajoelhe – ele não esperou que eu mandasse outra vez, logo estava de joelhos a minha frente. Passei a coleira pela sua cabeça e afivelei atrás segurando firme na parte que me permitiria conduzi-lo. – Ótimo! Deixe-me dar uma olhada em como ficou – Paul entortou a boca e desviou os olhos. – Perfeito, Meninão! Agora – puxei a coleira com força fazendo-o ficar de quatro. – Você vai fazer tudo o que eu quiser.
Comecei a andar pelo quarto segurando-o pela coleira e fazendo-o andar de quatro pelo ambiente, Paul me obedecia sem contestar nadinha, mas eu sabia que ele estava muito puto e só concordava porque sabia que tinha pegado pesado comigo, depois de um tempo sentei na cama levando a outra caixa comigo.
- Cansei, acho que agora eu vou abrir o meu presente. - Já posso levantar?
- Não, faça massagens em meus pés! – ele suspirou controlando-se, contudo suas mãos logo estavam em mim.
Abri a caixa e observei o objeto dentro dela, aquilo seria engraçado. Lembrei de quando Cosima me contou sobre quando precisou de um daquele para disciplinar a Delphine, eu queria ser uma mosca para ter visto como foi aquilo. Senti as mãos de Paul subindo pela minha perna, massageando até alcançar minhas coxas. Imediatamente puxei o chicote de dentro da caixa e o atingi em cheio.
- Merda! – Paul rosnou assustado, eu ri deliciada com aquilo. – Enlouqueceu? - Caladinho! Eu disse nos pés.
- Paul isso está... – bati outra vez nele vendo-o se encolher, tive medo de despertar a sua fúria, mas era divertido.
- Eu disse calado! – ele recomeçou a massagem apertando com raiva os meus pés. Desisti levantando e o empurrando para o lado, puxei o vestido para cima revelando a calcinha preta e minúscula de couro que comprei para intimidá-lo. – Cansei desta massagem de má vontade – Paul me olhava com malícia.
- Ah, amor, eu posso fazer bem melhor do que isso – levantei o chicote fazendo-o recuar. – Guarde isso, Bebezona! Eu já estou com a coleira, estou ajoelhado aos seus pés – ele realmente se ajoelhou. Aquilo foi lindo! – Deixa eu cuidar de voxê! Deixa seu Meninão maxaxiar eche corpo lindo! Seu Meninão extá com tantinha xaudade! – amoleci visivelmente.
- Prometa que nunca mais vai brincar comigo daquela forma – eu não tinha mais vontade de usar aquele acessório, no entanto mantive-o firme em minha mão para não deixá-lo achar que já tinha ganhado o jogo.
- Prometo, amor – Paul me agarrou pelas coxas puxando-me para si e enfiando o rosto no meio das minhas pernas.
- Cormier!
- Vamos pular esta parte da humilhação e entrar logo na fase em que eu te jogo nesta cama e...
- Tudo bem! – revirei os olhos afastando-o um pouco – Mas antes tenho uma coisinha para você – fui até o lado da cama onde eu tinha deixado a última caixa, meu coração acelerou. Respirei fundo e o entreguei ao meu marido. – Tome.
- Ah, não! O que é isso agora? Mais uma brincadeirinha, amor, vamos deixar disso. - Abra! – falei com mais firmeza.
Paul obedeceu imediatamente... É, acho que Cosima tinha razão em relação ao chicote, segurei um riso.
- Posso sentar na cama?
- Pode.
Ele sentou e começou a abrir a caixa sem paciência alguma, retirou de lá o exame que coloquei logo na frente, mas ele nem percebeu, e foi logo pegando o macacão que tinha escrito na frente “eu sou do papai”. Contei incansáveis cinco segundos até que meu marido se desse conta do real significado daquilo tudo, ele suspendeu a peça e ficou olhando-a sem parar, seus olhos fixos estavam marejados e então as lágrimas começaram a cair.
- Parabéns, papai! – sussurrei sentindo minha emoção querendo sair em forma de lágrimas.
Foi quando ele enfim voltou a me olhar, Paul levantou apenas para voltar a se ajoelhar a minha frente e agarrar minhas coxas, ele chorava e ria ao mesmo tempo. Senti minhas lágrimas molharem o rosto, mas eu estava tão encantada com o meu marido que não conseguia reagir para impedi-las de cair.
- Adele... Amor... Então... Puta que pariu! Eu vou ser pai, Adele – levantou a cabeça para me encarar. – Puta merda, eu amo você! Amo vocês – e começou a distribuir beijos em minha barriga fazendo-me rir. – Adele eu vou te fazer a mulher mais feliz do mundo. Prometo! Vou te cobrir de amor e atenção e não vou te deixar sozinha nem por um segundo.
- Eu acho que já é assim, Paul! – ri da forma desnorteada como ele estava reagindo.
- Verdade, mas eu vou... Eu vou fazer todas as suas vontades, vou comprar o mundo para você, meu amor. Obrigado! Obrigado! – ele levantou alcançando meus lábios e me beijando sem parar.
- Eu só quero uma vida sem brincadeiras como a de ontem.
- Prometo – me agarrou pela cintura, senti meu estômago embrulhar. Droga! Enjoo outra vez e justo quando eu estava excitada, mas aquele perfume que Paul usava, que por sinal era o que eu mais amava nele, estava me deixando louca. – Faço o que você quiser – ele foi me conduzindo para a cama enquanto eu tentava me concentrar.
Merda! Não dava para ser depois do sexo? Não era só o meu marido que sentia falta, eu estava morrendo de saudade de estar em seus braços e ansiosa para mais uma de nossas rodadas deliciosas, mas aquele perfume estava acabando comigo. Paul me deitou na cama e se juntou a mim colando os nossos corpos em um embalo delicioso. Tentei me concentrar sentindo seus beijos e toques, mas todas as vezes que ele me apertava mais o cheiro intensificava.
- Amor? – ele descia os lábios em direção aos meus seios, não se dando ao trabalho de parar tudo para saber o que eu queria. – Amor?
- Hum! – beijou o espaço entre os meus seios, tive vontade de deixar o enjoo para lá e continuar, mas era impossível.
- Faz uma coisa por mim?
- Tudo o que você quiser, amor.
- Toma um banho? - Paul levantou o rosto para me encarar, ficando confuso. Comecei a rir imediatamente da cara que ele fazia. – O perfume – confessei entre gargalhadas. – Ele me enjoa.
Meu marido então entendeu e sorriu maliciosamente.
- Então vamos fazer isso embaixo do chuveiro, Bebezona, mas hoje você não me escapa. – indaga. - Vamos festejar este filho em grande estilo.
Ele me puxou para seus braços praticamente me arrastando para o banheiro, no caminho eu só conseguia pensar no quanto a vida era perfeita.
Pov. Ansley e Eric
Parei em frente à porta do apartamento do meu noivo e precisei de alguns minutos antes de tocar a campainha para encontrá-lo, nos últimos meses Eric não estava muito agradável. Eu sempre me via pensando até quando aguentaria, apesar de saber que o que ele enfrentava era real, afinal de contas não era nada fácil perder uma irmã nas circunstâncias que ele perdeu e ainda por cima descobrir toda a podridão que estava escondida embaixo do tapete. Saber que Alison também era sua irmã não facilitou, pois a mesma sumiu no mundo tão rápido quanto pôde e sequer fez questão de esclarecer a situação, mesmo tendo sido Eric a pular naquela água para resgatá-la e ele não aguentou. Não aguentou saber que a Shay tentou matar Alison quando esta ainda era criança, que matou a mãe dela e a sua prima, armou e conseguiu matar o próprio pai, além de colocar Aldous por anos em estado vegetativo e tudo, segundo ela, por amor a Delphine.
Meu Deus! Como uma desgraça como esta pôde descer sobre nossas cabeças? Pelo menos Delphine, depois de anos amargando a dor da culpa por todos os crimes de Shay, conseguiu a felicidade ao lado de Cosima e da sua filha, a linda princesa Charlotte. Pelo menos elas viviam em paz, enquanto eu tentava a todo custo recuperar a vida do meu noivo. Respirei fundo e toquei a campainha, havia um som que conseguia chegar até a porta, uma sinfonia gostosa e relaxante, algo que com certeza não estava em seu devido lugar. Eric não ouvia música, não assistia tv, não conversava com os amigos, nem trabalhava mais, ele apenas bebia. Aguardei até que finalmente ouvi seus passos, internamente implorei para que seu nível de álcool não estivesse tão avançado para, pelo menos, termos uma conversa decente, eu estava decidida finalizar aquela história. Eric teve tempo suficiente para curtir o
seu luto e já era hora de encarar os fatos e seguir em frente, ou me deixar seguir em frente.
Era isso o que eu achava, se Eric não queria seguir, eu seguiria, e encontraria a minha felicidade em outro local, qualquer outro ponto do mundo... Ou não. Droga, com certeza não! Mas eu precisava tentar, não dava para passar a vida vendo Eric desmoronar e eu ter que catar todos os seus pedaços para colar. Foi assim quando o pai dele morreu e estava sendo muito pior desta vez. Fui tirada do meu devaneio pelo barulho da porta sendo destrancada, levantei os ombros adotando uma postura mais forte, firme, ajeitei o cabelo e aguardei até que ele se revelasse, mas o que eu vi me deixou sem reação.
- Oi! – ele falou timidamente, não demorando muito os olhos em mim.
Eu esperava por um Eric bêbado, o rosto desfigurado pela tristeza, a barba imensa, aspecto deplorável, um copo e um cigarro. A pessoa que abriu a porta para mim estava de banho tomado, cabelos cortados e alinhado, barba feita, usava roupas limpas e com um cheiro delicioso de perfume masculino e ele sorria.
- Não vai entrar? - fiquei confusa, nunca imaginaria encontrá-lo daquela forma. - Ans? – puxei o ar com força e balancei um pouco a cabeça apenas para me certificar de que não estava sonhando, ou... Sei lá. Tendo uma visão.
- Eric, você... – ele me puxou para dentro do apartamento tão rápido quando a
minha capacidade de criar histórias absurdas em minha cabeça confusa.
Antes mesmo que eu conseguisse me restabelecer senti seus lábios nos meus em um beijo apaixonado e cheio de vontades, pensei em questioná-lo, afinal de contas amargávamos longos meses de luto, onde os beijos eram praticamente proibidos e sexo então, nem se fala, mas foi justamente por conta deste detalhe que me obriguei a deixar as perguntas para depois. Além de tudo, havia algo de diferente em suas atitudes, mesmo com a mente cheia de pensamentos desconexos, eu não podia ignorar que Eric estava mais... Selvagem? Pode ser. Ele também não sabia que era sexo a um bom tempo e todos sabem que os homens têm as suas necessidades, então era normal ele agir com mais ansiedade. Porém havia mais alguma coisa, uma pegada mais... Gostosa! Ai meu Deus! Muito provavelmente eu fantasiava esta parte, porque na verdade, qual pegada não ficava gostosa depois de meses sem nem saber o que era um beijo descente? Senti meu mundo girando à medida que o sentia me pegar com mais vontade e aprofundar o beijo tirando todo o meu ar.
- Saudade do seu cheiro, meu gelinho – rosnou o apelido que tinha me dado ao abandonar minha boca e descer os lábios pelo meu pescoço depositando no percurso mais beijos e mordidas que, com certeza, deixariam marcas.
Que se dane!
- Eric, o que você... Ah, Eric!
Segurando em seus cabelos eu o senti puxar minha camisa novíssima e caríssima, por sinal, até que estivesse com todos os botões arrancados. Não tive mais do que meio segundo para pensar neste assunto, porque ele, com as duas mãos, me imprensou na parede e se apossou dos meus seios ainda cobertos pelo sutiã. Caramba! Eu estava tão excitada que nem me importaria se ele rasgasse toda a minha roupa e ateasse fogo às peças. Que se dane um milhão de vezes! Sua boca se juntou as mãos e eu fui mordida e apalpada de todas as formas possíveis, definitivamente aquele não era o meu Eric, mas eu, levando em conta a minha situação, preferia aquele homem que me forçava contra a parede sem se importar em perguntar se podia. Então vou confessar, Eric não fazia o tipo “gostosão que enlouquece a mulher na cama”. Não que ele não me enlouquecesse, claro que eu
amava a nossa vida sexual. Ele não era tímido, não era antiquado e normalmente encarava numa boa as novidades que eu levava, como a sugestão do Kama Sutra, por exemplo, ou quando eu quis o balanço... Hum! O balanço rendeu história.
Mas normalmente não havia urgência nem ansiedade em nossa cama, nós sabíamos o que queríamos e pronto, eu gostava. Ele era carinhoso, me tratava como se eu fosse feita de cristal, era atento as minhas necessidades e como um bom cavalheiro, nunca, nunca mesmo me deixou sem um orgasmo. Mas as vezes, só as vezes, eu invejava minhas amigas, Cosima e Adele, quando elas coravam sob o olhar quente dos meus irmãos, ou quando eles as dominavam com toda aquela intensidade sexual. Eu me divertia com as aventuras sexuais de Adele e Paul, e ponha aventuras para estes dois... Aliás, o tal balanço, foi um presente da minha amiga para apimentar a minha relação e foi super... Uau! Mesmo assim Eric agia de
uma forma muito polida, como se estudasse seus passos e estivesse sempre muito concentrado em fazer dar certo e dava. Mas perder a cabeça deveria fazer parte do pacote, não?
Sem contar que a ansiedade sexual que meus irmãos herdaram também corria em minhas veias, mas eu sempre precisava me conter para não assustar tanto o meu futuro marido. Ali, naquele momento, sentindo-o enlouquecer e me levar junto, eu fechei os olhos e agradeci o luto estendido, afinal de contas, se Eric surtaria daquela forma seria mais do que bem-vindo. Mãos eufóricas ultrapassaram o bojo do sutiã praticamente arrancando-o de mim, meu lado consciente sabia que eu não poderia perder aquele modelo quase exclusivo da Victoria Secrets, então abandonei seus cabelos e girei os braços para trás para abrir o fecho, tirando imediatamente a peça. Fiquei deliciada com o rosnado que saiu do fundo das entranhas do meu noivo.
- Como você é gostosa, princesa!
Gostosa? Eu não estava acostumada a isso. Eric fazia elogios, mas como eu já deixei claro, nada como “gostosa”, “deliciosa”, “maravilhosa”... Era mais como “seu corpo é lindo”, “eu amo os seus seios”, e por aí vai, mas aquele “gostosa” falado quase de um jeito animal para em seguida sentir seus lábios e língua se apossar dos meus seios como se neles estivesse a cura para toda a sua loucura, realmente tirou a minha capacidade de raciocínio. Amoleci em suas mãos, entregue a delícia que era ser devorada por lábios tão famintos, decididamente eu merecia ficar com aquela versão pós-luto do meu noivo. Eric não era simplesmente uma versão melhorada, ele era a melhor versão possível para um homem e eu estava muito grata por Shay
ter se matado e deixado o irmão naquela loucura toda. Quer dizer... Não que eu achasse que ela se matar foi legal, ou qualquer coisa do tipo. Claro que não! Foi uma coisa horrível, mas sejamos justos, não dava para fingir tristeza sabendo que ela foi a responsável pela morte do meu pai, pela loucura do meu noivo, pelo atentado que sofri e por tantos outros crimes, então eu realmente não me importava se ela não fazia mais parte do meu mundo e tinha quase certeza de que àquela altura ela queimava no fogo infinito do inferno, porque eu sabia que existia justiça e que se Deus realmente era tudo o que diziam, Shai pagaria por toda a eternidade.
Tudo bem, eu sou uma pessoa má.
Neste caso não me importo em ser, apenas não diria em voz alta, pois sabia o quanto poderia machucar Eric. Voltando ao nosso momento ímpar, meu noivo não estava muito paciente, por isso a sua brincadeira em meus seios durou só o tempo necessário para me fazer entender quem estava no controle da situação. Aqui eu posso fazer uma pausa e contar que dominar sempre foi o meu carro-forte, sou uma pessoa cheia de vontades, uma força da natureza, como Eric sempre dizia e justamente por isso ser a dona do pedaço era a minha marca registrada. Contava também o fato de ser a caçula, ter dois irmãos
que se rendiam aos meus encantos com muita facilidade, ou seja, sou mimada e uso isso como arma para conquistar tudo o que quero.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.