História A melhor ficção que você lerá aqui. - Parte 2

O sino tocou de uma forma estrondosa, os cachos dourados de Karen Mackenzie sobressaltavam a cada passo apressado induzido pelo corredor da escola - bagunçada pela mudança e com problemas de retenção de líquido. O pior de tudo era não conseguir encontrar o banheiro.

Arthur e Dhyego estavam encostados na parede do corredor, prontas para entrar assim que o segundo alarme tocasse.

Karen até que tentou perguntar para as três meninas que passaram diante dela, mas foi ignorada. Nessas circunstâncias, não chegou a se importar a quem perguntaria.

- Graças a Deus alguém parado. Podem me dizer, por favor, onde fica o banheiro feminino?

Arthur imediatamente concertou sua postura, os olhos de maneira instinta grudaram no rosto da garota. Com as mãos enfiadas no bolso, sem se mexer, Dhyego olhou de canto para a garota e em seguida para o amigo - quando Dantas concluiu que Arthur permaneceria bobo de mais para responder, instruiu a garota:

- No próximo corredor, você vira a direita e em seguida à esquerda.

- Obrigada.

Os olhos de ambos acompanharam Karen até que ela pudesse sair de seus campos de visão. Dhyego retornou a olhar em direção à porta da sala, os dois permaneceram em silêncio até que o sino pudesse tocar novamente.

---------------------------------------------------------------

Karen adentrou o banheiro às pressas, caminhando até a última cabine - de alguma maneira não cofiava na primeira - e deu suspiros de alívio ao conseguir urinar. Não muito tempo depois, ouviu risos no banheiro e percebeu a porta de sua cabine ser trancada do lado de fora, vestiu as calças e imediatamente tentou abri-la.

- Ei! Isso não tem graça nenhuma!

- E quem disse que era pra você rir? - Disseram do lado aposto - Aprecie minhas boas vindas.

------------------------------------------------------

Arthur e Dhyego escolheram o centro da sala para se sentarem. Gyb adentrou juntamente com mais um garoto e fizeram questão de dominarem o fundão.

- Eu juro que só deu vontade agora, então, vou no banheiro - Arthur anunciou ao amigo, levantando-se.

- Quer que eu vá?

- Pra você me ajudar a mirar? Qual é, fica aí e guarda meu lugar.

Os corredores estavam vazios, Arthur andou apressadamente até o fim do mesmo. Seus passos foram se atenuando quando, ao longe, ouviu a voz de alguém, soava quase nítido por conta do silêncio. Quase próximo ao se destino percebeu que eram gritos vindo do banheiro feminino. Inclinou a cabeça naquela direção e, quando percebeu que esse alguém precisava de ajuda, foi até a porta - mas num impulso o puxaram para trás, dois garotos o puxavam pelos cotovelos, um deles era seu irmão.

- Me disseram que você adora brincar de pique esconde.

Seus tênis que arrastavam pelo chão junto ao corpo, faziam barulhos derrapantes a medida que o puxavam. Abriram o armário do vestiário masculino e o puseram ali de qualquer jeito, fechando o mesmo.

O ar parecia fugir de seus pulmões, as frestas do armário lhe trazendo um pânico familiar, a respiração ofegando e os brônquios se contraindo.

- Vamos ver se dessa vez alguém te encontra - Gyb assoprou através das frestas.

Não pensou que reviveria algo parecido, quis gritar ou bater na tentativa de se ver livre daquela sensação horrível de dejavu. Mas não conseguiu sair do lugar. O grito de sua mãe ecoou em sua mente e lhe deixou paralisado - mais uma  vez.