História A melodia dos carmesins - Canções entrelaçadas

Desta vez Todoroki é despertado não por seu alarme, mas sim por uma brecha deixada por suas cortinas de tom bege, o sol entrava por aquela pequena abertura ainda tímido pela manhã, porém será que aquilo poderia ser considerado pressagio de um dia bom? Visto que, assim que Shouto se levantou percebeu que não teve pesadelo algum, na verdade se tivesse tido algum sonho bom não conseguiria se lembrar naquele momento. De todo modo se preparou para ir para escola, ainda que estivesse cedo o lugar abria para alunos que desejassem praticar antes das aulas começarem.

Naquele dia decidiu ir de bicicleta, até porque o tempo se encontrava propício para esse tipo de acaso. Fazia tempo que não pedalava, ultimamente seu pai havia pegado mais pesado com ele nas lições as vezes não sobrava tempo para essas pequenas coisas; ela estava encostada dentro da garagem possuía um vermelho meio gasto pela falta de uso, mas ainda assim Shouto não a pintava por nada.

Saiu então pedalando sobre o asfalto ainda úmido pela chuva de ontem, em seus fones de ouvido tocava uma música incrivelmente agitada, normalmente sua playlist era com músicas mais calmas e lentas, Lions Inside era o nome da melodia sem perceber começou a cantar a letra que fora por um tempo esquecida:

“These chains will not hold me down...

(essas correntes não vão me segurar...)

They’ll break and fall to the ground...

(elas vão quebrar e cair no chão...)

Can’t tame these lions inside”

(não podem domar esses leões aqui dentro)

Para Shouto essa simples estrofe da música se tornou algo tão libertador, caiu simplesmente como uma luva para aquele momento, em que pedalava até o colégio respirando o ar úmido deixado pela chuva. Chegando então ao fim de seu trajeto guardou a bicicleta no seu lugar especifico e adentrou o prédio, a princípio pensou em ir direto para a sala de piano, entretanto lembrou do terraço e do garoto de olhos rubros e regata surrada, “talvez ele estivesse lá, certo?” – pensou o bicolor, ele sabia que a curiosidade havia matado o gato, contudo precisava esclarecer o ocorrido com o loiro, claro que no fundo isso era apenas uma desculpa esfarrapada para talvez, quem sabe, conhecer mais sobre o próprio.

O meio a meio então seguiu para o terraço, tentando não chamar a atenção enquanto virava os corredores e subia as escadas. Chegando ao lugar ele observou em volta, percebendo que o maior não se encontrava lá estava preste a voltar, entretanto ouviu algo, parecia ser uma música, um som de um instrumento melhor dizendo e de uma música que ele conhecia muito bem...

“Sometimes I’m beaten, sometimes I’m broken...

‘Cause sometimes this city is nothing but smoke...”

(Às vezes, estou pra baixo, às vezes, estou quebrado

Porque às vezes essa cidade não é nada além de fumaça)

“Is there a secret? Is there a code?

Can we make it better?

‘Cause I’m losing hope...”

(Existe um segredo? Existe um código?

Podemos fazer melhor?

Porque estou perdendo a esperança)

Shouto apenas continuou seguindo o som da voz rouca desgraçadamente maravilhosa e o som da guitarra tocada com maestria, quando enfim se deparou com quem menos esperava a poucos metros de distancia apenas separados por uma fenda entre a escola e uma casa que acreditava ser do loiro encantador a sua frente.

No momento em que o som da guitarra cessou, o meio a meio se pegou ainda o observando, sendo tarde demais para que fugisse ou inventasse uma desculpa, pois o maior já estava pronto para saltar do parapeito da janela ao terraço do colégio particular.

_ Ei, pavê nem pense em fugir desta vez! – disse Katsuki irritado e ao mesmo tempo curioso pela volta do menor, pensava que o garoto não voltaria mais.

_ Não tenho motivos para fugir de você! – disse Todoroki tentado parecer intimidador em sua fala.

_ Não foi o que me pareceu ontem, tsk o que está fazendo aqui? – disse Katsuki um tanto irritado por saber que o bicolor o havia visto tocando.

_ Acredito que eu deveria estar te fazendo está pergunta, afinal nem aluno desta escola você é. - disse Shouto com um ar de xeque-mate.

_ Não sou mesmo, mas acredito que se eu fosse não deveria estar no terraço, não é mesmo. – disse Bakugou com uma resposta plausível.

_De qualquer forma, porque estava bisbilhotando a casa de outras pessoas. -disse Bakugou esperando uma boa resposta.

_ Eu ouvi um barulho e resolvi checar, só isso. – disse Shouto um pouco receoso pela reação do loiro irritado.

_ Além de bisbilhoteiro, ainda tem a cara de pau de dizer que eu toco mal. – disse Bakugou indo pra cima do bicolor, porém se deteve precisava se acalmar sua ideia não era brigar com o meio a meio, apenas conhecê-lo melhor e até ali já tinha sido um completo desastre, é nessas horas que Kirishima parecia útil aos olhos do loiro.

Bakugou suspira e diz:

_ Foi mal cara, começamos com o pé esquerdo, eu sei que você não perguntou, mas vamos começar de novo está bem, sou Katsuki Bakugou – disse o dono dos carmesins voltando os olhos para o heterocromado a sua frente lhe estendendo a mão.

O heterocromado se surpreende com a reação da biribinha a sua frente e diz:

_O meu é...

_ Shouto Todoroki, já estou sabendo...- disse Katsuki.

_Mas como que...