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História A Million on My Soul - Morte à Hora mais Sombria


Escrita por: wearethpeople

Capítulo 9 - Morte à Hora mais Sombria


A imensa escuridão sendo parcialmente coberta com um pequeno véu de nuvens era o que ela olhava atentamente. Lá em cima, um ou dois flocos de neve teimavam a cair lentamente.

Sentada em uma cadeira, Sky esperava a prima terminar os últimos retoques em seu cabelo.

Enquanto a estação mudava, todos mudaram juntos. Grim havia comprado um carro de surpresa, o que foi só uma de suas loucuras ao longo de tão pouco tempo, como tingir o cabelo de loiro — Soren adorou, mas depois muita desaprovação sobre a parte da morena, ele mudou novamente. Ou quando quase ateou fogo no apartamento dela. Foram algumas pequenas dores de cabeça de teve que passar.

Estava mais que animada para a festa de ano novo que foi convidada, e junto, aconteceria seu aniversário. Completaria vinte e cinco anos àquela noite, e para a ocasião comprou até um vestido — preto e simples, mas muito bonito. E apesar do frio lá fora, não iriam precisar de roupas quentes hoje à noite, estando claro no convite que trajes de banho seria opcional, então estava curiosa pelo que estaria para acontecer.

— Está feito! — finalizou Louise com empolgação.

Soren a contemplou. Grim a olhou de cima abaixo. Na concepção dele, ela já era mais que perfeita, mas naquele momento conseguiu combinar todos os outros adjetivos que fizesse sentido com a mesma palavra.

— Uau... — sussurou. — Sky, quais são as outras surpresas que você guarda?

Ignorando a pergunta, pegou a bolsa e colocou a comida do seu gato.

— Estão prontos?

— Espera, primeiro uma foto! — ele gritou animado, pegando uma câmera. Ninguém tinha conhecimento que ele possuía uma.

— Grim, vamos nos atrasar! — reclamou, sorrindo genuinamente quando o flash iluminou tudo. Seria a primeira foto deles.

Saíram de casa juntos a caminho do centro. As avenidas lotadas mesmo com o frio rigoroso, apesar disso, não demorou meia hora para chegarem ao local.

Ela entregou o convite, recebendo do porteiro um certo tipo de olhar que não se recebe todos os dias. Ele olhou o convite e depois para ela, isso aconteceu umas duas vezes, para depois permitir que subissem. Isso a tinha deixado nervosa. As mãos suavam e estava sentindo leves arrepios subindo em sua espinha. Talvez pelo motivo de que fazia tempo que não ia em uma festa de verdade, ou talvez porque sentia o olhar do Ceifador queimar em suas costas.

— Quer me dizer algo, Grim?

Quando o elevador abriu, ele pigarreou.

— Não.

Mas estava tudo tão escuro e silencioso que ela teve que esfregar os olhos.

— Estamos no lugar certo? — perguntou totalmente confusa, sem resposta.

De repente, luzes coloridas se acederam junto com uma chuva de confete caindo sobre ela.

— Feliz Aniversário! — todos gritaram em coro. O coração batia forte dentro do peito.

— Não sei o que está acontecendo, mas eu adorei.

Chaim surgiu do meio das pessoas, deu-lhe um abraço apertado e a trouxe para dentro. Enorme era apenas um adjetivo bobo para aquele lugar. Bem aquecido, luzes coloridas cobriam tudo, junto com música, um enorme bar e até uma jacuzzi onde algumas garotas de biquíni se exibiam.

— Era por isso que você queria que eu viesse?

— Bem, não dá pra fazer uma festa surpresa de aniversário sem a aniversariante, certo? — ele riu. — Mas você veio, e está maravilhosa.

Antes que pudesse agradecer o elogio, Arabella a interrompeu com uma bebida na mão. Vestia um vestido branco, tão angelical quanto os cabelos caídos em cascada pelas costas.

— Ele não tinha certeza que viria, mas eu sempre tive. Você está perfeita! — a evolveu em um abraço apertado e caloroso. — Feliz Aniversário, Blue.

— Arabella, você sabia dessa festa toda?

— Na verdade foi ideia dela. Ela disse "O aniversário da Sky está chegando, temos que fazer alguma coisa e blá blá blá" — disse Chaim tentando imitar a voz da irmã.

— E como o Blake estava combinando essa festa a meses, as coisas ficaram fáceis. Blake! — o chamou.

O rapaz estava na jacuzzi com os amigos e algumas garotas, Sky reconheceu diversos deles, apenas fez acenar.

— Sky Walker! Quanto tempo... Eu poderia te abraçar se não estivesse molhado.

Os dois se conheceram no ensino médio, quando ela ainda estava com Chaim. Ele sempre foi uma pessoa que as outras gostavam de manter por perto, não só por conta das ótimas condições financeiras, mas também por ele ser um cara legal e prestativo. Os dois sempre tiraram sarro um do outro, até que infelizmente acabaram se afastando. Enquanto o tempo passava, ele havia mudado, e muito. Apenas o cabelo cor avelã continuava o mesmo.

— Você não imagina o quanto eu esperava por isso. Estou desapontada — cruzou os braços.

Blake a olhou, fazia tanto tempo que não tinha contato com ela... Sentia saudades da sua energia, do sorrido também, o qual naquela época Chaim comentava que era o melhor.

— Você ainda terá muitas surpresas Sky. Sinta-se em casa, mas lembrando que não está.

— Hey! — gritou.

Blake riu, voltando sua atenção para os amigos.

— Vou pegar uma bebida pra gente — disse Chaim, acompanhado da irmã.

Sky olhou lá pra fora, as ruas completamente cheias a fazia questionar como aquelas pessoas aguentavam ficar em pé na avenida com tanto frio, esperando dar meia noite, trocar abraços e mensagens para que o ano comece e termine com suas metas compridas.

— E por causa de toda essa neve, os dias estão tão frios... — disse em um sussurro quase mudo.

— Não brinca, Sherlock — a voz de Grim soou no pé do ouvido.

— Bem, foda-se você também, Watson.

— Hey, hey! Calma — deu um grande sorriso. — Blue é um dos seus apelidos?

— Sim, mas quase ninguém me chama assim. Onde você estava? — desconversou.

O ceifador fez o máximo para que naquele meio tempo ela não notasse seu sumiço — o que falhou, já que a mesma tinha percebido alguns flocos de neve em seu casaco, o qual agora a verdade que na verdade agora era dela. Encolheu os ombros, sabendo que teria que explicar sem estragar o que planejava.

— Ora, eu tive que mexer os pauzinhos... e você sabe como você é difícil de agradar... — enquanto falava, as mãos nos bolsos denunciava o nervosismo. — E a minha garota não poderia ficar sem nada esta noite.

Sky não fazia a mínima ideia do que ele estava falando. Ao mesmo tempo, sabia que ele tinha aprontado algo.

Do bolso, retirou uma caixinha preta, onde continha um pingente também preto. A garota riu alto quando se deu conta do que era.

— Grim! Eu não acredito que isso é um pingente.

— Não é um pingente — ele desenrolou a miniatura. Uma foice. — É um colar — cruzou os braços.

Colocou no pescoço, e poderia ser impressão dela, mas sentiu algo. Se deu conta que não estava respirando corretamente quando começou a sentir o peso nos pulmões.

— Está bem?

— Estou, eu só... Senti algo estranho — balançou a cabeça. 

Sempre teve uma intuição dentro de sí, mas temia que isso se tornasse uma paranoia, e isso que estava fazendo só ajudava, então pegou uma bebida, dançou, roubou um pedaço de pizza de outra pessoa e desafiou a entrar na jacuzzi. Pela primeira vez em muito tempo se divertia. Chegou a conclusão que merecia isso, e não estava sozinha. Unicamente era uma companhia tão diferente que ninguém poderia imaginar, só que isso seria o seu segredo.

Do outro lado, Louise e Soren pareciam realmente engajadas com outras pessoas, isso sendo seu pensamento inicial, quando observou a feição do anjo mudar de repente, sendo a primeira vez que reparava ela assim, receosa.

Desde situações mais condenáveis até as mais simples, Soren sabia como tirar proveito disso para se divertir. Depois de passar por tanta coisa, esse era o seu ideal no mundo dos mortais, contudo, algo ainda a afligia. Algo do passado que ficou inacabado.

Se dirigiu ao banheiro, ficando a vontade para abrir suas longas asas e chacoalhá-las. Infelizmente estavam definhando. Ela sabia o motivo. E diferente do que queria fazer, não podia. Era fraca, ainda mais agora. Fraca demais para ser completa novamente. Mas existia sim uma pessoa que podia. Uma.

Retraiu as asas rapidamente quando percebeu alguém entrando, deixando algumas poucas penas caírem.

— Engraçado que, nos meus piores momentos, uma pena dessa estava lá — Sky notou.

O anjo sorriu falsamente, sentando em cima da mármore da pia.

— Os pássaros de penugem preta usam sua cor para se camuflar. Ele não quer que ninguém saiba que está ali. Quando uma pena se solta, de forma muda, ele se revela, mas ele te observa, de perto... — sua voz tremulou por um instante, virando-se para Sky. — Esteve observando você também.

— Chasan?

— Grim.

— Grim possui asas? — Sky a olhou com um misto de confusão e surpresa.

— Veja, Grim é o anjo da morte. Possui asas lindas e comparação as minhas, e ninguém ousaria a tocá-la. Eu queria ser assim. Ah, como eu queria... — Soren limpou as indesejáveis lagrimas do rosto com as costas das mãos. Sky nunca a tinha visto tão vulnerável daquele jeito, então se aproximou com cuidado. — Andávamos todos juntos, éramos os mais fortes, parecia que nada poderia nos parar. Grim e eu sempre fomos próximos, e nesse tempo ele estava fazendo o dever dele, como sempre. Só que Grim nunca gostou dele... Me usava sempre que podia pra ferrar com o Grim e todos aqueles com quem eu me importava. Apenas eu não enxergava isso. 
Do lado de cá, me divertia e passava tempo apoiando e fazendo todas as loucuras que ele queria. Você pode achar que eu sou uma mistura de tudo o que é imoral, mas acredite, ele é muito pior. Me dei conta disso tarde demais. Em uma noite, decidi sair do grupo, mas ele deixou uma parte de mim ficar. Ele me sabotou, retirando as minhas asas enquanto eu dormia. A morte veio há muito tempo, eu sou a criatura deixada para trás. Ainda assim, uma pena dessa estava lá, e não era mais a minha.

Ela ficou tão atônita que por um momento, as palavras fugiram da garganta.

— Então... Ele tirou algo de você também.

— E não só tirou, como até hoje ainda possui. Minhas atuais asas eu consegui depois de dar a minha vida, e agora está quebrando novamente, pois ele está voltando. Eu sinto que tem algo errado. — suspirou, descendo da pia e aproximando-se dela — Apenas você e Grim sabem disso, e eu prefiro que fique assim — sussurrou.

Soren voltou para a festa, batendo a porta com força. Algumas pessoas entraram logo depois, todas sorridentes, conversando sobre algum assunto bobo, não percebendo a atmosfera pesada. Parecia que tudo tinha parado no tempo, com exceção das duas.

Saiu do cômodo em passos lentos. Abatida, decidiu procurar por Grim para tentar esclarecer as coisas em sua mente. O encontrou em pé, olhando para todos os lados.

— Grim, me explica uma coisa, porque a...

— Sky! — colocou as mãos em seus ombros. — Eu estava te procurando, mas agora não dá pra falar exatamente. Na verdade, eu tenho que ver uma coisa, e essa coisa é muuuito importante. Eu prometo, não demoro nada, nadinha mesmo. Bem... Então... eu vou indo, até mais.

Sky só se deu conta de que ele havia a deixado, literalmente plantada, quando a porta metálica do elevador se fechou. Sabia que tinha algo estranho, e tinha mesmo, já que faltava poucos minutos para o primeiro dia do ano e seu aniversário, mas com simplicidade, ele saiu.

A música aumentava e a festa ia chegando em seu ápice. Foi até o lado de fora da cobertura na esperança de vê-lo, encontrando um amontoado de pessoas agasalhadas lá embaixo. Voltou pra dentro e sentou-se no último banco do bar. Chaim se acomodou logo ao lado, oferecendo-a uma bebida, que recusou.

— Vamos, anime-se! É Ano Novo! Tem que haver algo que te faça feliz.

— Não sei, tenho uma sensação estranha...

— Não começa. Sensação estranha porque você não sabe mais se divertir! — a pegou pela mão, levantando-a de maneira arrastada.

Chaim passou os braços ao redor do pescoço dela de maneira íntima.

— Fui a aula de karatê uma vez quando criança, então não pense que não posso te derrubar.

Ele retirou os braços de onde estavam, colocando-os em seus ombros.

— O que está passando na sua cabeça agora?

— Que eu provavelmente ganharia um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em uma cinebiografia sobre minha própria vida.

Isso fez Chaim gargalhar, era sempre assim quando estava com ela.

— Nunca perca isso, Sky.

— O que?

— Esse senso de humor incrível.

— Não é algo que eu possa realmente controlar.

— Nunca perca esse colar também.

Ela olhou pra baixo, onde a pequena foice parecia ainda mais escura.

— Isso? Foi o Grim que me deu, achei uma graça. Mas por que diz isso?

Ele ficou acanhado. Torceu o nariz e comprimiu os lábios.

— Bem... Se ele te deu, então deve ser muito importante.

— Se for perguntar se eu mantenho sentimentos pela Morte, eu saio imediatamente.

— Não! — gargalhou novamente.

— O Grim... Ele virou alguém especial, sabe? Não que eu queira romantizar o conceito de morte, pois é um assunto que me abalou muito ao longo de todo esse tempo. Foi tudo tão rápido... Apenas... — pensou em uma maneira melhor de se explicar. — Eu não consigo odiá-lo! Sei que o seu dever é meramente reivindicar as almas dos mortos para manter o equilíbrio da natureza, ele não teve culpa de nada.

— Não sente medo dele?

— Alguém que dorme com você, toma quase toda sua própria cama e ainda alimenta seu gato não é algo para se ter medo.

— Ele dorme com você? Sky! — perguntou surpreso. Ela o deixou em pé, sem respostas. Mas é claro que deixaria esse assunto no ar, quando faltava apenas um minuto para meia-noite, apenas para ver sua cara.

Foi chegada a hora. A contagem estava sendo feita e Nova York se encontrava mais bela do que nunca, com os fogos luminosos e coloridos que pintavam os céus. Um show de tirar o folgo que acontecia uma vez por ano. Todos se abraçavam e trocavam mensagens de carinho. Uma garrafa de champanhe estourou, retirando-a de sua admiração.

Soren apareceu em seguida, lhe oferecendo uma bebida de cor avermelhada. Ela virou tudo em segundos.

— Hey, vai com calma — disse ela.

— Realmente, temos que ir com calma... Muita calma — Grim surgiu do nada, agitado. Parecia que ele estava ali todo o tempo. — Mas agora nós temos um grande problema.

— Deixe-me adivinhar. Você causou isso? — o anjo caído debochou, cruzando os braços.

— O quê? O que há de errado? — Sky perguntou de maneira apressada.

— Ele está aqui! — respondeu, olhando para frente, vendo a enorme nuvem escura se formar como uma massa.

O céu noturno se iluminou por um segundo e o que se seguiu parecia muito com o fim do mundo.

— Temos que ir. Agora!

Sem espera, as milhões de luzes que se acendera na noite se apagaram. Todos entraram em pânico. As ruas que antes eram cheias de risos, se transformaram em gritaria e terror. Sky permanecia no mesmo lugar, estática, de frente para a enorme janela de vidro, enquanto o clarão no céu permanecia cada vez mais forte e a nuvem se aproximava em sua direção.

Sem quaisquer sinais de fim, a tempestade rugiu, o mesmo sonido que ela ouvia nos pesadelos. Toda vez que encontrava um jeito de voltar à realidade, os ruídos do trovão traziam as memórias de volta, como se o tempo quisesse que insistisse no passado. Oh, e como ela odiava essa memória...

Novamente, sentia como se o tempo tivesse parado somente para ela. Grim agarrou sua mão com força para não se soltar dele, levando-a para a saída de emergência. Sem energia, o elevador parou de funcionar, obrigando todos a escadaria.

— Espera... Louise... — forçou a mente a notar a ausência da prima. Parecia que tinha começado a sonhar do nada, e esse era o ápice do seu pesadelo.

Uma mão se agarrou a sua em meio a aglomeração na escadaria.

— Estou bem atrás de você! — gritou. Em primeiro momento, ela parecia calma, mas por dentro um pavor crescia. — O que está acontecendo, Sky? — a voz ousou a tremular.

— Não sei, Lô. Eu realmente não sei. Não solte a minha mão.

Já na rua, esgueiraram-se pelos cantos. Tudo estava um breu, mas no escuro, Grim a guiava e ela guiava Louise. Soren, Chaim e Arabella haviam sumido.

A sensação familiar e o frio se abateram sobre si novamente. O colar em seu pescoço estava tão escuro, parecia avisar-lhe sobre o perigo iminente.

O frio... Tudo o que ela podia sentir era frio. O tipo de frio que entorpece seus ossos e faz com que você se sinta como se nunca mais estará quente.

— Está... Frio... — sussurrou tão baixo que só Grim pôde ouvir. Ele rapidamente retirou o casaco, doando para ela. Aquele mesmo casaco.

Quando entraram no distrito, a vizinhança completamente vazia e escura lhe entregou um arrepio, vindo da ponta do dedo até o último fio de cabelo. Soren, que já se encontrava dentro da casa dela, mantinha mochilas em mãos.

— Nós vamos... Agora?

Grim confirmou, colocando suas duas mãos em seu feito rosto.

— Sky, de algum jeito, ele conseguiu nos encontrar! Isso só pode significar que Demise está em perigo, ou até mesmo morta... Sei que desejava fazer isso com calma, mas se ele de fato te encontrar, pode ser uma catástrofe. Mas confie em mim, vai ficar tudo bem! — uma falha tentativa de lhe passar conforto. Ela passou a ponta do dedo no colar, sentindo sua frieza e a mesma sensação que sentira mais cedo.

Ele foi até o carro estacionado no final da rua. Com pressa, Soren o ajudou com todas as coisas que iriam levar.

Sky chegou a pensar em partir sem Louise, ela estaria mais segura aqui. Entretanto, sabia que entrariam em uma discussão que não teriam tempo de terminar. Chasan não iria até ela, pelo que ouviu e sabe dele, ele é objetivo demais. Ao mesmo tempo que não não mediria esforços para machucar quem ela ama.

Foi em direção a prima, que com apenas a ajuda de uma lanterna empacotava suas roupas.

— Louise, pode ser realmente perigoso. Tem certeza que quer ir? — perguntou. Louise a olhou com um certo frio na barriga.

— Eu não vou deixar que vá sozinha. Posso não ser de grande ajuda, mas você é minha família — disse. — Já perdemos muito tempo afastadas. Se eu ficar, estarei segura, mas não estarei em paz.

Mesmo que ainda a contragosto, foi obrigada a apenas concordar. Contudo, teria que ter mais cuidado e ser mais forte daqui pra frente, afinal, estava mais que ciente dos fracassos e desvantagens. A unica coisa que não deixaria de jeito nenhuma era alguém machucá-la. De fato, queria que fosse possível dizer que não deixaria ninguém se machucar durante o que ela queria concretizar, pois não tinha mais estabilidade emocional para mais uma perda.

Agora, com o Ceifador à sua frente, colocou a mochila nas costas, tendo uma última visão de tudo.

— Ele vai? — perguntou o Ceifador, referindo-se ao gato.

— Mas é claro que ele vai! — ficou chocada com a pergunta, nunca o deixaria para trás. Pegou Floyd e colocou-o no colo. Inquieto, sabia que tinha algo errado.

— Ele se aproxima. Não retire o colar de jeito nenhum.

Diversas viaturas passaram em alta velocidade. Em minutos, arrastões começaram e uma casa pegava fogo. E sabe-se mais o que acontecia naquelas ruas à noite. Uma noite que deveria ser uma das mais memorável do ano, que de um jeito ou de outro, conseguiu.

Grim conduziu as duas para o carro: um modelo antigo que ainda dava pro gasto. Deu a partida, e no banco de trás, ela pôde ver a cidade. Fez vinte e cinco anos naquela noite de caos.

Observou também uma silhueta, duas na verdade, que reconheceu com muito esforço. Chaim e Arabella corriam em direção ao veículo, mas tudo que ela pôde fazer foi colar as mãos no vidro, se despedindo em silêncio de tudo que conheceu, distanciando-se da cidade de onde cresceu. Não sabendo se um dia voltaria.


Notas Finais


Bom... Até o próximo capítulo 👋🏻


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