História A minha vida - Como amigos

Depois que Emma foi embora peguei no sono ali no sofá mesmo.

- Ga acorda, vem vamos para cama. – Minha mãe dizia.

- Mãe?

- Sim sou eu meu amor, vem vou te ajudar a ir para o quarto.

Levantei do sofá meia sonolenta ainda e ela me colocou na cama.

- Mãe, como foi no jornal?

- Segundo a polícia não parece que foram bandidos, está mais para vândalos que queriam bagunçar mesmo. Não levaram nada, só fizeram uma bagunça muito grande nos departamentos, nada que alguns dias de arrumação não resolvam.

- Que bom que não foi nada de mais grave.

- Sim, agora dorme meu bem, já está tarde – Ela me deu um beijo na testa. – Boa Noite meu amor.

- Boa Noite Mãe.

Na manhã seguinte o domingo amanheceu mais quente, o sol resolveu aparecer, mesmo que fraquinho. Aproveitei o tempo propicio, peguei meu livro e fui para praça ler. Havia muita gente, acho que todos estavam aproveitando o raro dia de sol. Sentei em baixo de uma árvore onde a vista dava para a praça toda, havia grupos de pessoas por toda parte, alguns deitados na grama, outros jogando disco, alguns passeando com seus cachorros. Como aquela sensação era boa, me fazia lembrar dos dias com o Cadu quando íamos ao park, meu coração se apertou de saudades dele, como será que ele estava? Fechei meus olhos, respirei fundo para não ter um ataque de tristeza ali no meio de todo mundo, abri os olhos novamente e peguei o livro para começar a ler. Passei algumas horas lendo até que resolvi voltar para casa, já estava quase na hora do almoço e se pelo que eu conheço de minha mãe ela já deve estar se perguntando por que eu estou demorando em voltar para casa. Aproveitei para passar na sorveteria, que era caminho de casa, iríamos passar à tarde em casa como gostamos de fazer juntas sempre que tínhamos oportunidade e um sorvete não seria nada mal para um domingo de sol. Saindo da sorveteria ouço Diego me chamando,

- Gabs, que bom te ver. – Ele sorriu e me abraçou.

- Que bom ver você também Di – retribui o sorriso.

Apesar de tudo que vem acontecendo entre nós, ele era legal e um bom amigo, eu gostava de sua companhia, às vezes bem mais do que a companhia devastadora da Isa. Ele era mais tranqüilo e me entendia como poucos conseguiam.

- Onde você está indo? – Ele perguntou olhando a sacola em minhas mãos

- Estou indo para casa, minha mãe já deve estar me esperando para o almoço e sem bem a conheço já deve estar quase surtando com a minha demora – rimos.

- Posso te acompanhar?

Olhei para ele com cara de dúvida, não queria magoá-lo, mas não iria rolar nada entre nós.

- Hey prometo que será só uma caminhada entre amigos.

- Tudo bem, acho que vai ser bom ter uma companhia.

Ele sorriu para mim e começamos a andar

- Eai, qual é a história da menina nova?

- Nada de interessante, minha vida sempre foi normal sabe?

- Gabs você pode ser tudo, menos uma garota com uma vida normal, qual é pode me contar.

Resisti um pouco, mas comecei.

- Na minha antiga cidade eu só tinha um melhor amigo o Cadu, vivíamos juntos, éramos praticamente irmãos, só que de pais diferentes. Não me lembro da minha sem ele, passamos as mais loucas histórias juntos e também muitas coisas tristes.

- Ele parece ser bem importante na sua vida.

- É ele é sim e sinto muito sua falta. Quando meu pai morreu há dois anos, ele foi mais do que um melhor amigo, ele me agüentou chorar por meses, ele me ouvia como ninguém e mesmo não tendo passado pelo que eu passei, ele me entendia como se estivesse acontecido com ele.

- Ga não precisa falar se não quiser, ta tudo bem.

- Não, tudo bem. Hoje eu consigo lidar melhor com isso. – Dei de ombros.

Estávamos parados em frente a minha casa e ele estava me olhando, senti que ele iria me abraçar quando minha mãe abre a porta e nos vê, ela veio até nós.

- Olá.

Diego, essa é Melissa, minha mãe. Mas não se engane por esse rostinho angelical, ela consegue ser muito má quando quer. – olhei para ela sorrindo.

Ele estendeu a mão para cumprimentá-la,

- Prazer Melissa, eu sou Diego amigo da Gabrielle.

Com a mão estendida ela falou

- Não leve a sério o que essa menina fala, venha entre, vamos almoçar com a gente, acabei de preparar.

 Eu e Diego nos olhamos

- Muito obrigado pelo convite Melissa, marcamos outro dia, eu nem vim preparado, não trouxe nada.

- Melissa é muito formal, pode me chamar de Mel e não aceito não como resposta. Vamos entrando.

Ele olhou de novo para mim sem jeito com o olhar me pedindo permissão.

- Acho que você não tem escolha. – Sorri para ele.

O almoço havia sido tranquilo, demos risadas, Diego nos contou que seu pai era assessor do prefeito e que sempre vinha com uma história diferente sobre seu dia e era sempre uma risada com ele contando, também falou sobre seu irmão mais velho que está estudando fora do país e que raramente o vê. Falei sobre Anne e em como nós brigávamos quando tínhamos que dividir o quarto, mamãe por sua vez contou várias histórias de quando eu era pequena, o que me deixou bem constrangida, mas não liguei.

- Mel o almoço estava perfeito, muito obrigado pelo convite.

- Volte sempre que quiser Diego, fico feliz pela Gabs ter encontrado você na escola.

- Mãããe .. – falei em tom de repreensão

- O que foi? É verdade, ele é um amor.

O levei até a porta,

- Obrigado pelo almoço Ga, sua mãe é uma figura.

- Ela é sim, também gostei de ter você aqui.

Ele me abraçou e parou a alguns centímetros do meu rosto, ficou me olhando e me deu um beijo na bochecha.

- Eu ainda vou te esperar. – Ele falou

Ele se virou para ir embora e quando eu já não conseguia mais o ver olhei para o outro lado da rua e Emma estava lá parada me olhando. Sorri para ela, mas ela não retribuiu e começou a andar para longe. Fechei a porta e voltei para ajudar minha mãe na cozinha.