Sábado finalmente chegou e com ele a "despedida de solteira" de Júvia. Eu estou tão ansiosa por isso. Faz tanto tempo que não tenho esse tipo de programa mais adulto.
Meus planos eram: arrumar minhas coisas, entrar no ônibus e voltar apenas amanhã de madrugada. Fácil, certo? Errado! Estou há quase 35 minutos tentando acalmar Nashi, que não para de chorar. Eu passei a semana inteira preparando o terreno e avisando que sairia hoje, ela falava que estava tudo bem, mas agora…
— A-A m-mamãe n-ão pode 'i 'emboia. – soluçava.
— Meu amor, eu não vou embora. Só sairei com algumas amigas e voltarei.
— E-u não 'queio que a mamãe 'vai. – apertou o abraço.
— Você não tinha dito que 'tava tudo bem?
— Eu disse, mas… mas… não 'tá. – agora apertou mais as pernas na minha cintura. — Co-mo é que eu vou 'domi sem a mamãe?
— Eu não vou levar a cama. – tentei brincar. — Você vai dormir normalmente. Seu pai vai cuidar de tudo e quando seus olhinhos abrirem, eu já estarei aqui.
— E-E meu beijinho de boa noite? – suas lágrimas molhavam meu ombro.
Meu coração está se partindo. Parece que estou fazendo algo tão ruim.
— Eu te dou beijinho. – Natsu disse e ela negou.
— M-as eu 'queio o da mamãe também!
— Olha só, amanhã eu te carinho o dia todo e também todos os beijinhos que quiser. – negou. — Ah, vamos, Nashi.
Afastou o rostinho vermelho do meu ombro e me olhos. Limpou o nariz, que estava escorrendo e respirou profundamente.
— M-Mamãe, você não me am-a mais? – as lágrimas voltaram a descer com intensidade.
— É claro que eu te amo e você sabe disso! – peguei a toalhinha e apertei o narizinho para o catarro sair. — Você acha que eu não te amo?
— N-Não! A m-amãe me ama e eu amo a mamãe. – me abraçou.
— Eu não vou embora 'pra sempre. Quando você acordar amanhã, já estarei aqui e você me terá o dia inteiro só 'pra você.
— Só 'pa m-im? – assenti. — A mamãe vai 'volta? – assenti. — Não vai 'emboia 'pa 'sempe?
— Lógico que não vou embora 'pra sempre. Você acha que eu iria e te deixaria aqui? – negou. — Que bom que você sabe disso. – sorri e deixei um beijinho em seus lábios.
Secou as lágrimas e fungou.
— Mamãe, eu te amo muito e vou sentir saudade até amanhã. – me abraçou apertado e voltou a chorar.
— Eu também vou sentir saudades! Te amo um montão! – a apertei.
Parece que não nos veremos nunca mais, mas também, será minha primeira noite fora. É normal.
Nashi quis me levar até a saída do prédio e assim nós três fomos. Ela ainda estava agarrada a mim e Natsu seguia atrás dizendo coisas legais para acalmar a menina. Ao chegarmos, ela me encheu de beijos e passou para o colo do pai.
— Mamãe, não esquece de 'volta 'pa casa. – disse ainda segurando uma mecha do meu cabelo.
— Não tem como eu esquecer isso! – deixei um beijo no dorso da sua mão e na testa. — Amor. – um selinho em seus lábios. Ela ainda estava fungando e soluçando. Me aproximei de seu ouvido e falei baixinho. — Não tem como eu esquecer de voltar, porque você 'tá aqui e eu sempre voltarei 'pro meu anjinho. – assentiu e me puxou para outro abraço apertado.
— Se você não se sentir segura voltando de táxi, me liga e eu te busco. – assenti. — 'Tô vendo na sua cara que não ligará.
Que tipo de mãe eu seria se deixasse minha filha me ver no possível estado que estarei? Por isso não ligarei e darei preferência ao táxi mesmo.
— Pode deixar, amor, eu chego em casa… De um jeito ou de outro. – ri. — Faz tempo que não saio assim, mas, se me lembro bem, carro particular é o que não falta nesses lugares. – apertei sua bochecha e lhe dei outro selinho.
A cada passo que dava, eu me virava e acenava. Nashi acenava de volta com uma mão e com a outra, mandava beijos no ar. Segui assim até virar a esquina e não mais os ver.
Depois de séculos naquele ônibus, cheguei à casa de meus amigos. Toquei a campainha e assim que a porta foi aberta, entrei.
— Ah, fique à vontade, Lucy. Pode entrar. – Gray disse e eu ri, lembrando que sempre digo o mesmo.
— Eu 'tô com fome. – falei ao sentar no sofá.
— Coloquei uma lasanha no forno, é só esperar um pouco. – Júvia disse entrando na sala.
Levantei e nos abraçamos.
— E aí, foi fácil sair?
— Quem me dera? – suspirei. — Precisava ver, pareceu até que não nos veríamos nunca mais.
— Tadinha da minha afilhada. – fingiu limpar lágrimas.
— Mas eu entendo. Meu coração 'tá apertado, só de pensar que, pela primeira vez, não a colocarei 'pra dormir.
Vou acabar chorando aqui.
— Relaxa, Lucy. Quando voltar, você mata toda essa saudade. – ela disse e eu assenti.
— Ah, Gray! – me olhou. — Um baita show, hein. – nós duas rimos e ele acabou nos acompanhando. — A cantoria e as danças… Olha, um espetáculo.
— O que é a Broadway perto desses homens? – rimos mais.
Ele deu a desculpa de ver a lasanha e saiu.
Essa semana, fomos à loja de vestidos para que minha menina provasse o seu de daminha. Júvia levou a câmera e me mostrou os vídeos que a striper fez. Só faltei rolar no chão de tanto rir. Quando contei a Natsu sobre a "traição" com a barra de pole dance, ele ficou tão vermelho, parecia que sua cabeça ia explodir de tão envergonhado que o homem ficou. Esses vídeos são tudo e merecem ser eternizados.
Depois do lanche, andei até a varanda e liguei para Natsu. Não adianta, não consigo deixar de me preocupar.
— Oi.
— 'Tá podendo falar? – perguntei.
— Espera… "Nashi, eu vou no banheiro". – não ouvi uma resposta. — Pronto. Já chegou?
— Faz algum tempo… Como estão as coisas aí?
— Olha… – ele não precisou nem terminar.
— Você acha que dá certo? Qualquer coisa, eu posso voltar.
— Desnecessário. – suspirou. — Você precisa se divertir. Eu me viro aqui.
— Se você diz… – falei incerta. — Eu não sei se de seus planos 'pra hoje ou se tinha algum, mas tente cansá-la o máximo que puder e antes de dormir, faça um chocolate quente. – meu coração. — Ah, não esqueça de colocá-la 'pra fazer xixi antes de dormir. Hum, talvez ela queira dormir com a NaLu ou com o ursinho.
— Pode d… Você 'tá chorando?
— N-Não. – funguei. — E-Era só isso qu-e eu que-ria. – solucei.
— Oh, meu amor. Vai dar tudo certo, 'pra todos nós.
Não prendi Natsu na ligação por mais tempo, pois queria que ele desse total atenção a Nashi e também, não queria me desmanchar em lágrimas.
Após esse momento, era hora de me arrumar. Peguei minha bolsa e entrei no banheiro. Depois de tomar um bom banho, me pentear os cabelos, me maquiar e vestir, deixei o cômodo.
Eu estou me sentindo muito bem.
— Aqui, Lucy, essa é sua. – me entregou uma nova blusinha. — Já entreguei as outras.
Voltei ao banheiro e troquei a blusa, dei um nó lateral na barra e ajeitei o cós do short.
— Adorei! – falei entrando na sala.
— Quando as vi na loja, pensei que precisávamos delas. – riu.
Sentei no sofá, calcei os tênis e amarrei os cadarços.
— "Bride" e "Bride Squad". – Gray leu as estampas.
Ela abraçou meu ombro e fez um "V" com os dedos.
— Boa ideia, né? – ele assentiu.
Ele pegou a câmera que estava sobre a mesa, nos orientou, fizemos pose e a foto foi tirada.
— Não precisa nem tirar uma segunda, porque essa primeira ficou boa.
— É porque somos lindas! – Júvia disse ao pegar a câmera e ele assentiu.
Eu, ex-namorada de Gray, sou sua madrinha de casamento e amiga da noiva. Sei que para alguns pode parecer uma situação estranha, suspeita, mas eu nem ligo para isso, pois sei que todos somos bons amigos.
O som do celular de Júvia ecoou.
— Elas estão vindo! – a noiva exclamou animada. — Tchau, meu amor. – lhe deu um beijo muito apaixonado.
— Eca! – fiz careta.
— Só porque não pode ficar de chamego o tempo todo… Inveja é foda, né, Lucy? – mostrei a língua a ele.
Bom, errado não está.
— Deixa de ser mau. – ela deu um tapinha em seu braço.
— Você vai querer que eu te busque? – assentiu. — Amanhã terei duas ressacas 'pra cuidar. – revirou os olhos.
— Uma só. – não entenderam. — Eu vou 'pra casa depois.
— Mas não vai mesmo! – Gray disse. — Até parece que vou deixar você ir assim, ainda mais sabendo o quão louca fica quando bebe. – cruzou os braços e eu revirei os olhos.
— Meu pai reencarnou e eu não sabia, é? Eu vou, prometi a Nashi. – falei. — Eu sei que perco um pouco a linha quando bebo.
— "Um pouco"... – riu debochado.
— Nossa, que exagero.
— Lucy, tem mais de 4 anos que você bebe apenas socialmente. – revirei os olhos. — O álcool vai bater diferente e você sabe disso.
— Eu sei, mas dará tudo certo.
— Natsu virá te buscar? – Júvia perguntou.
— Não. Imagina se vou querer que Nashi veja algo inapropriado. – fiz careta.
— Lucy… – ela ia recomeçar e eu a interrompi.
— Olha, eu agradeço a vocês, de verdade, mas pegarei um táxi na porta e irei direto 'pra casa. – sorri.
Apesar de nem um dos dois estar satisfeito com minha escolha, não falaram nada, pois sabiam que não tinha jeito.
Depois de alguns minutos, as meninas chegaram e nós partimos. Espero que o local seja tão bom quanto elas me garantiram.
— Chegamos! – gritaram.
Minha empolgação e ansiedade multiplicaram.
Descemos do carro e encarei a fachada. Ri ao focar no nome do local.
~ Olimpo ~
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