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História A Morte Das Areias do Saara - Aquilo que os deuses não gostam


Escrita por: kagome95ingrid

Notas do Autor


mais um cap saindo! desculpa a demora ^^"
apartir de agora talvez fique menos demorado pq eu estou de pseudo-ferias. pseudo pq eu ainda tenho o estágio e o TCC kkk mas eu n tenho mais aula de nada!! yeeeeey! <3
GENTE TÃO LIBERTADOR A SENSAÇÃO DE N TER MAIS AULA EM NENHUM FUTURO MUITO PRÓXIMO TIPO ATÉ ANO QUE VEM KKK
tá... mais uns meses ralando com o tcc... but ok.
enfim, divirtam-se com o cap.

Capítulo 15 - Aquilo que os deuses não gostam


Fanfic / Fanfiction A Morte Das Areias do Saara - Aquilo que os deuses não gostam

 

Salve, Usekh-nemmt, que vêm de Anu, eu não cometi pecados. Salve, Hept-Shet, que veio de Kher-aha, eu não roubei com violência. Salve, Fenti, que veio de Khemenu, eu não fiz nenhuma violência. Salve, Am-khaibitu, que vem de Qerrt, eu não roubei. Salve, Neha-hau, que comest adiante de Rasta, eu não matei homens. [...] Salve, Her-f-ha-f, que vem diante de tua caverna, eu não cometi atos de impureza sexual.

~ Fragmento do Livro dos mortos

O sol quente ardia sobre as cabeças dos jovens enquanto Shadya, Ahmen e Iset olhavam para Qebui como se fossem estátuas. Ahmen ainda estava fraco e pálido mas teve força o suficiente para abrir a boca lentamente num sinal de clara surpresa enquanto o olhar lentamente rumava de Qebui para Anúbis ao começar à lentamente processar o próprio estranho salvamento. A pequena mão de Shadya tremia levemente seja por causa dos recentes eventos ou por causa da fala de Qebui. Lágrimas rolavam pelo rosto da jovem enquanto uma igualmente trêmula Iset se ajoelhou meio sem forças nas pernas mas também sem vontade de ficar largada na areia quente.

- N-Não brinque c-com isso Qebui… atrairá a ira dos deuses - disse Iset embora ela parecesse em dúvida entre acreditar ou não na suposta brincadeira.

- Ao menos seja menos irritante. - disse Anput se aproximando do amigo e lhe dando um leve tapa na parte de trás da cabeça - Faça algo de útil e vá pegar água fresca para eles.

Alheio a conversa cheia de revelações que ocorria ali, Anúbis fitava com o olhar fixo e triste o corpo de Chenzira. Tinha plena noção que os outros provavelmente evitavam olhar para afastar-se mais das tristezas e pesares que os recentes acontecimentos haviam trago. Seus pés tocaram a areia amarelada indo até o pequeno bolo de trouxas de roupa, pegou a sua camisa, sacudiu ela no vento seco para tirar os grãos de areia e cobriu o rosto de Chenzira.

Embora a conversa entre os amigos estivesse bem interessante para eles, a movimentação do jovem atraiu a atenção de Shadya, Iset, Ahmen e Anput que pararam de conversar quase que imediatamente. Anput foi até onde sua camisa também estava, perto de Shadya que tinha a usado para parar sangramentos e fez o mesmo não se importanto que o linho, antes branco, estivesse cheio de manchas de sangue. Com sua camisa, ela cobriu alguns dos ferimentos mais feios. Em seguida, o mais silenciosamente que pode, ela perguntou para Iset e Ahmen se ela poderia usar as camisas deles para cobrir os ferimentos de Chenzira de olhos que não queriam encarar a realidade. Foi com a mão fechando-se raivosamente na areia e com lágrimas escorrendo pelos olhos que Ahmen afirmou com a cabeça incapaz de encontrar a voz. Iset, não respondeu, pegou a própria camisa, também suja de sangue, e foi mancando até o amigo. Iset desabou no chão depois de cobrir a perna que faltava em Chenzira começando então à chorar silenciosamente mas cheia de soluços enquanto Shadya, sem conseguir segurar mais as emoções, chorava e berrava.

O pesar se espalhou até mesmo pelos jovens deuses. Lágrimas escorriam pelos olhos de Anúbis e Anput. A segunda soluçava começando a chorar cada vez mais até que Anúbis se aproximou dela e os dois se abraçaram, um consolando o outro. Qebui voltou nesse momento. Não quis mostrar que estava ele mesmo de olhos vermelhos quando se sentou na areia ao lado de Ahmen estendendo-lhe um pedaço quebrado de o que um dia foi uma vasilha de barro que continha água em seu interior.

O olhar de Anúbis pousou sobre o momento em que Ahmen tocou com desconfiança no pedaço quebrado da vasilha provavelmente levantando mais uma vez o questionamento sobre quem realmente eram. Poderia considerar explicar para eles mais do que estava acontecendo, se não fosse o grito que chegou em seus ouvidos.

Dificilmente gritos de desespero são um bom sinal. Já lembrando, com muito medo, do ataque dos crocodilos, o pequeno grupo dirigiu o olhar para a origem do grito. A cidade de Mênfis, não muito longe dali. O coração de todos eles apertou quando eles também viram a fumaça que com certeza significava fogo subindo em direção aos céus.

- Com certeza isso não é um bom sinal - disse Qebui.

- P-Primeiro os crocodilos… e agora isso? - perguntou Iset - O que está acontecendo?

- Acho que as duas coisas estão ligadas.  - disse Anúbis - Seria coincidência demais.

- Também acho que explicações ficarão para depois. - disse Anput.

- Temos que voltar! Buscar nossas famílias! - disse Ahmen tentando se levantar.

- Você está muito fraco! Deixe disso! - insistiu Shadya forçando levemente que ele voltasse à se sentar.

- NEK! - xingou Ahmen com raiva no olhar depois de olhar para o braço perdido.

- Vou atrás das nossas famílias, incluindo a de Chenzira - disse Iset mas logo olhando para Anúbis, Anput e Qebui com olhar indagador - Vocês… por acaso têm f-...

- Não - disse Anúbis cruzando os braços - Você não vai.

- Me dê um bom motivo! - esbravejou Iset.

- É perigoso demais - disse Anput.

- Quanto mais perdemos tempo discutindo, maiores as chances de não conseguirmos salvar as famílias de vocês. - disse Anúbis - Fiquem aqui ou vão para um lugar mais seguro mais longe do rio e da cidade. Mas cuidado com o deserto. Neby pode ficar com vocês. Vamos atrás de seus familiares.

- E o resto das pessoas? - perguntou Anput.

- Acho que vamos ver o quão bons de briga somos com humanos - disse Qebui dando de ombros.

Anúbis olhou para Anput e para Qebui com um olhar que dizia tudo. O olhar do jovem deus perguntava se os dois aceitavam ajuda-lo nessa pequena missão de salvamento.  Anput afirmou imediatamente com a cabeça enquanto Qebui soltou um suspiro e também afirmou com a cabeça.

- Vou para a família de Shadya e Iset - disse Anput.

- Ahmen - disse Qebui.

Sobrando a família de Chenzira para si, Anúbis desapareceu envolto em névoa negra ao mesmo tempo que Anput fazia o mesmo e Qebui se afastava rapidamente meio correndo meio voando com o vento.

No segundo seguinte, estava Anúbis nos fundos da casa de Chenzira. Achou melhor aparecer pelos fundos para não causar nenhum alarde com sua aparição repentina. As tristes memórias de quando estavam ali se lambuzando de lama tantos anos antes invadiram a mente do jovem que lutou para deixá-las de lado pois sabia que tinha um dever pela frente. Primeiro salvar a família de Chenzira. Nem queria pensar ainda sobre contar para a mãe e a irmã dele que o filho mais velho tinha morrido de forma brutal e dolorosa.

Junto com a tristeza e o pesar das memórias antigas e recentes, outro sentimento chegou até Anúbis, medo. Os sons que chegavam ao seu redor eram de gritos, espadas se batendo, coisas se quebrando, pessoas correndo, crianças chorando. Uma rápida olhada ao redor provou que a cidade estava sendo atacada por um exército inimigo. Seria aquele o exército humano do Alto Egito que Osíris tentava, um tanto inutilmente, preparar os exércitos humanos do Baixo Egito para lutar contra?

A urgência trouxe o desespero para a lista de sentimentos do deus. Especialmente quando ouviu barulho de gritos e conflitos vindos de dentro da casa de Chenzira. Rapidamente Anúbis entrou na casa de paredes brancas enfeitadas com detalhes laranjas com direito à uma pequena varanda no andar superior e, aos pés da escada, viu rapidamente qual era o problema.

Dois soldados inimigos tinham entrado na casa de Chenzira quebrando as coisas que tinham pelo caminho e roubando a valiosa comida e objetos de valor elevado feitos de ouro, rubi e lápis lazuli. Enquanto um roubada, outro homem, corpulento e de nariz adunco, agarrava com sua enorme mão cheia de cicatrizes o frágil pescoço da mãe de Chenzira que gritava tentando servir de escudo para a filha que logo subiu correndo escada à cima. Provavelmente aquela cena já se desenrolava à algum tempo pois os braços e os ombros da mulher estavam já arranhados e sua roupa toda fora do lugar.

O peso do homem derrubou a mulher para trás e os dois caíram no chão mas ela teve a infelicidade de bater a cabeça em um dos degraus. O impacto não foi o suficiente para nocauteá-la, mas foi o suficiente para a deixar bem lenta e atordoada. Mesmo sem forças, ela tentou se defender e gritar quando o homem levantou o saiote de linho com um sorriso cruel no rosto que se assemelhava a animação de entre as suas pernas.

O sorriso do homem congelou quando viu seu corpo envolto por uma névoa negra que estranhamente envolvia apenas à ele. O estranhamento logo passou para medo e dor quando a ponta de seus dedos começou a necrosar revelando os ossos que haviam por baixo. Desesperado para fugir, ele se levantou mas deu de cara com Anúbis, logo atrás de si. O olhar do jovem deus era do mais puro ódio para o homem que por mero centímetro não era tão alto quanto Anúbis. O homem tentou fugir, mas pouco poderia fazer  já que a névoa negra rapidamente consumiu os músculos e tendões de suas pernas fazendo com que ele caísse no chão.

Inegavelmente, a movimentação atraiu a atenção do outro soldado que segurava sua espada de forma trêmula tentando evitar a névoa negra que encobria quase a sala de estar inteira. O único pedaço limpo era onde a mãe de Chenzira jazia semi-acordada e onde o homem tentava se refugiar indo cada vez mais para o cantinho de uma parede uma vez que o caminho para a porta já estava todo obstruído.

O homem no chão, o estuprador, gritou o nome do companheiro estendendo a mão esquelética para ele mas esta mão logo caiu inerte no chão quando nada mais existia para conectá-la ao ombro. Uma morte lenta e dolorosa, era isso que Anúbis sem pensar muito queria dar ao homem.

Com uma calma fria e de arrepiar, Anúbis pegou a espada do estuprador, largada no chão, e olhou para o segundo homem.

- Quer mesmo lutar? - perguntou ele visto que o homem ainda erguia sua espada, mesmo que de forma trêmula.

O homem olhou para o colega que o olhava de volta do chão com uma expressão do mais completo terror realçada pela falta parcial de músculos e pele em seu rosto conforme o nariz lentamente não passava de um buraco triangular no meio da face e então o olho direito caía de se lugar e ficava ali pendurado até que o único pedaço de pele que o segurava terminou de putrefazer e o olho castanho caiu no chão sem um ruído se quer.

Vendo claramente qual seria o resultado de qualquer confronto, o homem deixou a espada cair no chão da casa. Sem saída, o homem tremulamente se ajoelhou perante Anúbis estendendo também  os seus braços um pouco para que não tocassem a névoa que havia parado de avançar e então abaixando a cabeça até que essa tocasse o chão.

Anúbis jogou a espada que pegou emprestado no chão e foi andando até a mulher passando pelo monte de ossos que antes foi o estuprador. O jovem deus moldou a névoa à sua vontade de forma que o outro homem permanecesse sem saída, mas a mulher e a filha que se escondia em algum lugar no andar de cima não estivessem em qualquer perigo.

- Desculpe por chegar assim… - disse Anúbis para a mulher que se sentava no degrau da escada sem acreditar em seus olhos.

Ela rapidamente se ajoelhou bem próxima ao chão, exatamente como o outro homem, e começou a chorar.

- Dua Netjer en ek!  Dua Netjer en ek! Dua Netjer en ek! - repetia a mulher seguidas vezes com voz chorosa agradecendo.

- N-Não precisa de tudo isso… - disse Anúbis sem graça coçando a nuca

- M-Mãe? - disse uma voz feminina chorosa vindo do andar de cima que espionava de fininho já à uns minutos.

Tanto a mulher como Anúbis olharam para jovem criança. A mãe rapidamente se ergueu e foi à passos apressados até a garota. As duas se abraçaram e começaram a chorar. Só de pensar que teria que dar mais uma péssima notícia para as duas, Anúbis já se sentiu pior ainda. Ele suspirou e encostou na parede da casa erguida com barro do rio que abastecia toda a população do reino dividido. Querendo dar mais privacidade para as duas, seu olhar foi para a janela. Não sabia como estava aquela parte da cidade em comparação com as outras, mas via algumas pessoas correndo e muitos soldados na rua. A maioria aliada embora estivesse ficando difícil saber quem era quem. Dentre as várias pessoas que cruzavam indo para cima e para baixo, ele achou ter visto uma pessoa cujo tom de pele não fazia sentido para humanos. Verde.

Anúbis se esticou pela janela tentando ver se era Sobek, mas perdeu-o de vista depois que ele virou uma esquina.

- Nek - reclamou ele.

Ele se virou e então viu que as duas estavam de pé na escada abraçadas mas olhando para ele.

- Nunu… - disse a irmã de Chenzira, Nebetta, usando o antigo apelido que à tantos anos deu para ele mas que não perdeu o costume de usar mesmo que agora conseguisse pronunciar o nome dele.

- Onde está Chenzira? Está bem? - perguntou a mãe de Chenzira.

- E… o que foi… o que é…  tudo isso? - perguntou Nebetta olhando para a névoa, o ladrão e o monte de ossos que um dia foi uma pessoa.

- Vim para tirá-las daqui. Levá-las para um lugar seguro - disse Anúbis - Quanto à Chenzira… talvez seja melhor vocês virem comigo primeiro.

A sombra do medo passou no olhar da mãe de Chenzira que segurou Nebetta mais firmemente junto à si. A mulher afirmou com a cabeça tensa e duvidosa depois de lançar um olhar preocupado para onde o ladrão ainda se encolhia contra a parede evitando a névoa aliviado por ter tido a vida poupada mas perguntando-se quanto tempo tal misericórdia ainda iria durar. Anúbis suspirou, queria ter tempo para interrogar o homem. Mas não teria esse luxo, não ainda. Se aproximou da mãe de Chenzira e estendeu a mão para ela. Ela hesitou por uns segundos mas logo segurou na mão do rapaz que desapareceu como névoa levando-as para outro lugar.


Notas Finais


############# REFERÊNCIAS #############
Cerâmica - https://collections.artsmia.org/art/15517/water-bottle-one-of-a-pair-ancient-egyptian
Alto Egito - https://en.wikipedia.org/wiki/Upper_Egypt
Armaduras - http://www.reshafim.org.il/ad/egypt/weapons/armour.htm
Livro dos mortos - https://www.holybooks.com/wp-content/uploads/Egyptian-Book-of-the-Dead.pdf
Dicionário - http://karathutmose.tripod.com/dictionary/tjeti.html #############################################################
por hoje é só! mereço comentários? o que acham que deve rolar com o carinha que tá saindo vivo? molhar as calças já foi punição o suficiente? principalmente em comparação ao outro?


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