Então me satisfazi e coloquei um pouco no chão,
porque tinha muito em minhas mãos.
Peguei uma broca de fogo,
fiz fogo
e fiz um sacrifício.
~ Fragmento de “O conto do marinheiro naufragado”
Arrumar-se para um evento tão importante como uma festa com nobres e líderes de duas grandes civilizações ou com deuses de ambas era sem dúvida um momento que não poderia ser negligenciado. Assim, era com grande concentração que Anput passava o típico kajal ao redor dos olhos. Com a mão firme para não borrar, ela passou a tinta preta ao redor dos olhos e então afastou o rosto para admirar o resultado final na superfície plana, arredondada e polida de bronze que carregava consigo como um espelho portátil enquanto ainda ninguém inventava o espelho de fato.
Satisfeita com o resultado, ela fechou o pequeno potinho que guardava o kajal e então levou suas mãos até o grande e delicado colar feito de ouro e várias pedras de lápis lazuli e colocou-o no pescoço ao mesmo tempo em que Anúbis entrava no cômodo. Ao ver a garota, ele logo abriu um pequeno sorriso admirando principalmente o fato de que ela estava usando o vestido que nasceu com a compra do tecido púrpura.
O tecido de cor tão chamativa havia sido cortado e combinado com linho branco para formar um conjunto que estava bem na moda da época no Egito dentre as mulheres nobres. A saia, que usava o linho branco, caía de forma justa e quase transparente pelo corpo de Anput a partir de logo abaixo da linha dos seios até alcançar suas canelas. Ao redor de sua cintura, costelas e de onde a saia começava, um cinto de ouro e lápis lazuli estava preso dando mais brilho ao conjunto e combinando com o colar, brinco e pulseiras que ela usava. Os seios dela estavam desnudos mas cobertos frouxamente por um pedaço de tecido púrpura soltinho, leve e plissado, que passava por cima dos ombros e pelas suas costas exibindo ainda uma boa extensão de pele e a suave curva da parte inferior e central dos seios. Mesmo ali o tecido era levemente revelador não disfarçando os seios expostos ao se atar embaixo do colar.
- Você está linda. - disse Anúbis docemente quando ela lentamente se virou para ele.
- Se é para ir elegante ao máximo, vamos elegantes ao máximo. - respondeu ela com um sorriso - Você também está muito bonito.
Ele de fato estava elegante. O, às vezes lento, passar dos anos era seguido da evolução não só das técnicas usadas para fazer roupas, como também da moda. Assim, ele já tinha outras opções de roupas para escolher além do básico saiote.
Anúbis vestia-se do pescoço aos pés com um vestido caríssimo de branco de linho, de um tecido levemente transparente, sendo possível ver os contornos da pele por sob a roupa. A única parte não translúcida era o pedaço de tecido ocre que envolvia sua cintura e coxas e se amarrava na frente deixando um longo pedaço de pano cair livre diante de si até o calcanhar. O modelo era plissado na cintura e cheio de dobras para se ajustar ao corpo apesar de os egípcios já conhecerem a técnica de costura. Mas moda é moda. Como brilho sempre era importante, não era de se surpreender o conjunto incluir braceletes de ouro e um colar circular não muito diferente do de Anput.
-Obrigado. - disse ele enquanto se aproximava dela - Apesar de eu não me sentir tão elegante assim.
- Como não? - perguntou Anput sem entender o motivo
- Não gosto dessa roupa. - justificou Anúbis se remexendo como se a achasse desconfortável - Me sinto estranho.
- Vai ver só está desacostumado com roupas elegantes. - disse Anput se aproximando dele o suficiente para abraçá-lo ao redor da cintura e então depositar um beijo doce nos lábios dele.
- Talvez… - disse ele correspondendo tanto ao beijo como ao abraço.
- O que não gosta na roupa? - questionou ela - Talvez possamos achar algo mais do seu gosto para a próxima festa.
- Não exatamente gosto de como ela cai no corpo. - disse ele - Pode soar idiota, mas acho que a pior parte é que de certa forma me incomoda o quão branca ela é.
Anput não resistiu e deixou escapar uma leve risada enquanto o soltava e ía até a singela mesa de madeira no qual havia deixado suas coisas. Embora não tenha dado mais do que cinco passos até a mesa, inconscientemente o olhar de Anúbis foi para o corpo dela aproveitando a breve visão proporcionada pelo vestido justo embora não tenha durado muito pois Anput logo se sentou no banquinho perto da mesa.
- Sabe que a arrasadora maioria das roupas egípcias são completamente brancas né? - perguntou Anput - Só o fato dessa ter esse detalhe em ocre já é uma revolução enorme.
- Certamente já está bem melhor do que as roupas de umas décadas atrás. Mas sabe qual cor seria interessante ter nas roupas? - disse Anúbis dando de ombros e indo até Anput e então pegando o potinho de kajal - Preto.
- Preto? - perguntou Anput rindo da ideia que lhe parecia ainda mais absurda do que pedir por roupas mais coloridas - Uma roupa aqui e ali de um tom de púrpura, vermelho ou amarelo é uma coisa… mas preto? Não existem roupas pretas.
- Ainda. - disse Anúbis abrindo o potinho de kajal para também passar e então terminar de se arrumar.
Mais alguns poucos minutos foi tudo que eles precisaram para terminarem de se arrumar. Claro que um pouquinho de mágica aqui e ali facilitava muita coisa embora outras a mistura de mágica com o jeito normal de fazer tornava o resultado melhor. Como Anput dizia, passar o kajal inteiramente com mágica não dava um resultado tão bom nos detalhes, por isso, uma mistura dos dois métodos era muito bem vinda.
Sabendo que tinham duas festas para ir, os dois deuses tinham que se organizar bem. Apesar de Enlil ter mencionado que não era tão necessário assim ir para a festa dos humanos, eles ainda acharam que deveriam passar ao menos alguns minutos por lá e Seshat concordou com isso.
- Vamos passar algum tempo na festa de Gilgamesh. - comentou Seshat - Se bem conheço festas divinas… a de Enlil vai demorar pra acabar.
- Olhe, ali vai o capitão do navio que viemos. - disse Anput olhando para o egípcio que também ia em direção a festa embora parecesse se sentir deslocado.
- Bem que me perguntei se Imhotep seria o único convidado egípcio mortal… - disse Anúbis.
Quanto mais eles se aproximavam do salão principal, mais a música chegava até os ouvidos deles. A voz doce de uma cantora se sobrepunha ao doce som da lira e, embora fosse de fato bonito, eles não precisavam ouvir muito para logo julgar a música egípcia como preferida por ser mais animada.
- Estou mesmo achando que vamos ter que ensinar eles como dar festas. - sussurrou Anput para Anúbis.
- Você então… festas estão longe de ser o meu forte. - sussurrou Anúbis de volta - Quanto antes nos livrarmos da parte de falar com as pessoas, melhor.
Com um sorriso, Anput revirou os olhos já bem esperando tal comportamento dele. Mas os pensamentos deles foram para outro assunto pois, logo na entrada, a risada alta e forte de Gilgamesh cortou o som da música enquanto o rei sumério falava com Imhotep.
- Não seja tímido! - dizia Gilgamesh para Imhotep - Não vou julgar-lhe se pegar qualquer uma dessas criadas para te satisfazer.
- Não. Obrigado. - desviou Imhotep - Pretendo continuar honrando o nome e a honra de minha esposa.
- Se você diz. Olhe quem vem lá! - exclamou Gilgamesh - Os três deuses convidados.
- Sejam bem-vindos à nossa humilde festa, espero que seja de vosso agrado. - disse educadamente o sacerdote Shullat cuja fala causou uma risada em Gilgamesh que lhe deu o que deveria ser um amigável tapinha no ombro mas, pelo olhar de raiva Shullat e o movimento de seu corpo, havia sido forte demais.
- Nada de “humilde” tem nossa festa, Shullat. - disse Gilgamesh.
- Agradecemos o convite. - disse Seshat - Embora espero que entenda que não poderemos ficar até o final.
- Temos que ir para a de Enlil também. - disse Anúbis tentando esconder do dom de sua voz o leve desgosto de ter que ir para uma festa que não queria ir.
- Claro que entendemos. - disse Shullat abaixando levemente a cabeça em sinal de respeito.
- Agora, - disse Gilgamesh - Quero saber, conheço bem essa pele que veste Imhotep. Isso é pele de leão, certo?
O fato de Gilgamesh ter tocado no assunto da pele que vestia presa em um único ombro e sobre o saiote de linho surpreendeu levemente Imhotep. Claro, também lhe surpreendeu o rei ter acertado perfeitamente o animal à qual um dia ela pertenceu.
- Sim. É pele de leão. - admitiu Imhotep - Achei que essa seria uma boa oportunidade para usar.
- Você mesmo caçou o leão? - perguntou Gilgamesh com brilho no olhar e logo Imhotep pareceu assustado com a sugestão disso.
- Não! Não! Por Rá, não. - disse Imhotep soltando uma risada - Eu não seria capaz de tal coisa. Sou bem mais um intelectual do que um guerreiro ou um caçador. Não, o leão foi caçado pelo próprio faraó Djoser que então me presenteou. É uma tradição entre os faraós caçar leões para provar seu valor, força e coragem.
Esses vários pedaços de informação fizeram Gilgamesh arregalar os olhos em surpresa e admiração. Talvez seja certo dizer que, dentro dele, nasceu um certo desejo de travar alguma batalha, amigável ou não, com Djoser para sentir essa tal força. Contudo, por mais grosso e imprudente que Gilgamesh pudesse ser, ele não era idiota. Sabia que a relação entre as duas civilizações teria melhores lucros se ele e Djoser não travassem qualquer tipo de batalha.
- Surpreendente mesmo. - disse Gilgamesh - Ele deve considerá-lo importante para presenteá-lo com tal coisa. Imagino que seja por entender o valor que um homem tão inteligente capaz de construir grandes monumentos, manter o povo saudável e planejar ataques e defesas bélicas tenha.
- Oh… - disse Imhotep pensando um pouco sobre isso - Bem… Talvez isso tenha algum peso no presente, não nego, mas acho que o que o moveu mais à presentear-me com a pele de leão foi o fato de eu ter salvado a vida dele quando era jovem.
- Interessante… - disse Gilgamesh passando a mão de forma pensativa em sua volumosa barba, mas logo sua expressão mudou para um grande sorriso - Bem, aproveitem a festa!
Com aquele convite de aproveitar a festa, os olhos dos convidados logo escaparam da conversa para o ambiente ao redor deles enquanto buscavam o que fazer. Contudo, Gilgamesh foi rápido em puxar Imhotep passando seu forte braço por trás das costas dele enquanto falava que iria mostrar para o egípcio o que tinha de bom para fazer.
Sem Gilgamesh e Imhotep por perto, os três deuses se entreolharam e notaram que ficaram só na presença do sacerdote Shullat que fez uma pequena reverência para eles.
- Peço perdão pela educação de nosso rei. - disse Shullat - Espero que não tenham se ofendido por nenhuma de suas palavras ditas sem pensar.
- Não. Está tudo bem. - disse Seshat gentilmente - Embora seja bom ele ter cuidado no futuro. Não são todos que deixam passar.
- Irei alertá-lo disso. Agradeço. - agradeceu Shullat - Agora… caso seja do interesse de vocês, posso apresentar-lhes aos nobres, as comidas e tudo o que nossa festa tem a oferecer. Mas também são livres para desfrutar dela como bem desejarem.
- Obrigada pelo convite. - disse Anput entrelaçando o braço com o de Anúbis - Eu preferirei aproveitar ao meu jeito a festa.
Com essas palavras, Anput puxou Anúbis e deixou Seshat para lidar como bem quisesse como Shullat. Um doce sorriso se estampava no rosto de Anput enquanto ela olhava para tudo com curiosidade ao mesmo tempo que o olhar de Anúbis lentamente ia esquecendo de seu arredor e focando nela.
- De nada. - disse Anput como se soubesse bem no que ele pensava e, ao notar isso, ele deixou escapar um sorriso.
- Sou tão óbvio assim? - perguntou Anúbis.
- Sei bem que não gosta de festas em que tenha que ficar fingindo aturar um monte de gente com quem tem que conversar. - disse Anput - Mas, olhe pelo lado bom, vamos poder aproveitar uma festa onde quase ninguém nos idolatra.
- Uma mudança bem vinda. - comentou Anúbis - Também ajuda quase ninguém conseguir falar egípcio.
- Não conte que ninguém vai conseguir entender a gente. Shullat provavelmente sabe. - disse Anput - Embora eu realmente não faça ideia quanto a Gilgamesh. Oh! Ali estão as comidas, deixe-me experimentar alguma coisa diferente… quero ver o sabor.
Anput logo foi o puxando para a mesa onde estavam uma grande variedade de frutas mas nenhuma que eles nunca tivessem visto. Afinal, no final das contas, a Suméria não era assim tão longe do Egito e o comércio entre os dois já acontecia. Sem falar que o casal frequentemente tentava sair do Egito para conhecer algum outro lugar por perto mesmo que a maioria dos lugares ainda fossem só areia, montanhas, água e floresta.
Dentre as coisas que estavam na mesa, o que mais chamou a atenção de Anput foi uma torta, assim, ela logo pegou um pedaço enquanto Anúbis se contentou com um pequeno pedaço de bolo de cevada. Nenhum dos dois precisava comer, assim, a ida até as comidas não passava de uma curiosidade pelo gosto.
Empolgada e ainda mastigando, Anput foi logo puxando Anúbis em direção a outra coisa que havia chamado sua atenção. Era como se ela não conseguisse decidir o que experimentar ou admirar primeiro. Dessa vez, no entanto, ela o puxou para um portal que levava até uma varanda da onde tinham uma bela vista do pôr do sol e dos jardins sumérios.
- Bem que ouvi falar que os jardins daqui eram bonitos. - disse Anput suspirando admirando a vista.
Ele até admirou também a vista por mais alguns segundos, mas logo envolveu os braços na cintura dela por suas costas e lhe deu um beijo na bochecha. As bochechas dela coraram rapidamente, mas, com um sorriso no rosto, ela virou um ponto o rosto para poder beijá-lo nos lábios.
Embora ainda pudessem ouvir a música lenta que vinha do palácio, agora acompanhados de gritos de incentivo para o que parecia ser uma competição de bebida entre Gilgamesh e Enkidu, naquele momento foi como se ninguém mais existisse por ali. Não demorou muito para que o casal acabasse se acomodando naquele pedaço do jardim e começasse simplesmente a conversar. Isso é, até com um breve raio de luz, Utu surgir silenciosamente. Apesar de Utu ter tido as boas intenções de ficar quieto em seu cantinho esperando um momento mais oportuno, não era como se desse para não perceber o raio de luz que o trouxe até ali.
- Tem algo errado, Utu? - perguntou Anúbis virando-se para ele.
- Não. Bem, de certa forma não. - disse Utu - Imagino que seja complicado ter que dividir a atenção entre duas festas, mas vossas presenças estão sendo requisitadas na festa promovida por Enlil.
- Oh. - surpreendeu-se Anput - Nem pudemos aproveitar muito essa daqui.
- Embora talvez eu não devesse falar isso mas… - disse Utu - Tenho certeza que poderão aproveitar na outra festa tudo que tiver por aqui e muito mais.
- Já chamou Seshat? - perguntou Anúbis.
- Ela já está lá inclusive. - disse Utu.
Não vendo mais muito motivo para ficar ali naquela festa, os dois seguiram Utu para a festa de Enlil. Não demorou muito para eles verem que a festa era de longe bem mais animada do que a de Gilgamesh. Apesar de a música não ser tão mais empolgante, as conversas eram bem mais animadas.
Ninkasi, a deusa da cerveja, se divertia fazendo o que mais parecia uma fonte infinita de bebida alcoólica, pois os copos rústicos estavam empilhados um em cima do outro até formarem o que bem lembrava uma pirâmide. E, do mais alto, jorrava magicamente cerveja e, embora a bebida caísse no chão, o chão permanecia seco, assim como os copos permaneciam empilhados mesmo se alguém tirasse um dos que estavam na base.
Perto da fonte infinita de cerveja, a deusa Nanaya e o deus Nabu se beijavam sobre um elegante sofá e era fácil ter a certeza que logo eles seriam expulsos dali para que arranjassem um lugar mais particular. Alheios à depravação que quase começava ali, Ninurta e o deus Nergal lutavam no jardim uma batalha que beirava os limites da descrição de “amigável”. A competição era incentivada pela plateia que incluía outros deuses e por gritos de empolgação da maça falante de Ninurta, Sharur.
Enlil, apesar de ser o anfitrião da festa, não foi o primeiro a ver os dois deuses egípcios chegando. Isso porque ele estava muito ocupado se deliciando lentamente de cerveja e de outras frutas enquanto conversava amigavelmente e passava a mão de forma amorosa nos ombros de sua esposa, Ninlil. A primeira deusa a ver Anúbis e Anput chegando foi Gula, uma mulher baixinha de corpo levemente roliço, olhar carinhoso e nariz redondo que, apesar de ser deusa da cura e patrona dos médicos, tinha algo em comum com Anúbis também.
- Finalmente estou podendo te conhecer. Gula, muito prazer. - disse Gula se aproximando e olhando para Anúbis - É estranhamente raro ver outro deus que tanto considera e protege os caninos.
- Embora eu tenha mais afinidade com os chacais… - disse Anúbis e ela simplesmente deu de ombros abrindo um pequeno sorriso.
- Cães, lobos, chacais, coiotes. São apenas várias partes de uma grande e linda família. - disse Gula.
- Não deixa de ser verdade. - concordou Anúbis.
- Chegou até mim que você consegue se transformar em chacal! - disse Gula ficando com um brilho no olhar que correspondia à sua curiosidade - Eu não consigo fazer nada do tipo...
- Consigo… Embora não fique do tamanho nem da cor que se esperaria encontrar qualquer chacal. - disse Anúbis.
- Tudo bem. Deve ficar tão fofo! - disse Gula espremendo as próprias bochechas.
O gesto feito por Gula fez Anput e Utu soltarem uma leve risada embora tenha deixado Anúbis sem graça. Contudo, a conversa logo trocou de rumo quando outra deusa resolveu se juntar ao pequeno grupo. A deusa que se juntou poderia muito bem ser descrita como sendo o oposto de Gula, ela era alta e esbelta. Tinha seios fartos mas olhos frios e completamente negros em seu rosto arredondado. Eu suas costas, um par de asas negras se erguiam majestosas combinando com seu cabelo cacheado e negro. Ela era Ereshkigal, a deusa suméria dos mortos e do submundo.
- Estava preocupada que não fossem vir. - disse Ereshkigal com uma voz calma - Admito terem sido o único motivo que me convenceu a vir para essa horrível festa.
- Achei que só iríamos nos encontrar amanhã com a visita à Kur. - disse Anput.
- De fato achei que seria assim. Mas julguei que talvez um contato inicial em um ambiente… alegre… - comentou Ereshkigal falando a palavra ‘alegre’ como se estivesse julgando a festa que poderia facilmente descrever como repugnante - Seria mais favorável à todos.
- Tenho que concordar com você Ereshkigal… - comentou Gula - Seria muito intimidador e talvez até desconfortável fazer o primeiro contato no Kur. Sem ofensa mas, ele não é exatamente um lugar cheio de vida e alegria.
- É um submundo… - comentou Anúbis - Poucos o são.
- É um lugar de morte e julgamento. - completou Ereshkigal - Um lugar para fazer os mortais pagarem por seus crimes. Embora eu entenda que seu tratamento com os mortos seja diferente do meu.
- Sim. - disse Anúbis soltando um suspiro - Acho que isso é o que faz mais necessário termos que gastar algum tempo conversando.
- Assim concordo. - afirmou Ereshkigal - Embora também seria interessante ouvir o parecer de Osíris quanto ao assunto. É uma pena que ele não pode sair do Duat.
- Dependendo do resultado dessa viagem, tenho certeza que será mais que bem vinda para visitar Lorde Osíris. - disse educadamente Anput.
- UH! VISITAR OSÍRIS?! - exclamou Ninurta se juntando à conversa depois de ter terminado seu conflito contra Nergal - Se com Osíris dá, então com Hórus também dá né?
- Provavelmente. - disse Anput enquanto Ninurta passava o forte e musculoso braço ao redor da pequena Gula que, apesar de ser extremamente diferente dele, era sua esposa.
- Torcendo muito para dar tudo certo então. - disse Ninurta dando um beijo no topo da cabeça de Gula enquanto apoiava sua maça no ombro do lado oposto.
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