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História A Morte Das Areias do Saara - Melhorando um dia ruim


Escrita por: kagome95ingrid

Notas do Autor


esse capítulo e o próximo vão sair bem rapidinho pq eu quero focar 100% de mim na fic Os Deuses da Mitologia para aproveitar que o arco da primeira pirâmide com os Sumérios, Djoser e Imhotep dessa daqui está chegando ao fim.
esse capítulo é mais parado. ele na verdade deveria ser um só junto com o próximo. mas estava ficando muito grande e resolvi dividir ao meio.
boa leitura!

Capítulo 59 - Melhorando um dia ruim


Fanfic / Fanfiction A Morte Das Areias do Saara - Melhorando um dia ruim

Então desci até a margem do rio, na vizinhança deste barco. Então chamei os marinheiros que estavam neste barco.Elogiei a margem ao senhor desta terra, e os que nela estavam fizeram o mesmo. Foi um velejar que fizemos a jusante do palácio do rei.Nós nos aproximamos da residência depois de dois meses, o que ele dissera completamente. Então entrei diante do soberano e trouxe para ele os presentes que havia trazido desta ilha. Então ele me elogiou perante os magistrados da terra até o fim. Depois fui feito seguidor e fui dotado de duzentas pessoas. Veja-me depois que voltei para a terra depois que vi o que provei. Escute minha boca; é bom que as pessoas escutem.

 

~ Fragmento de “O conto do marinheiro naufragado”

 

O passar dos dias lentamente levava as coisas de volta à normalidade até que um ano já havia se passado desde que tinham voltado da Suméria. E isso incluía a fila de almas que chegavam ao Duat esperando serem julgadas e seus corações pesados contra a pena da verdade. Mas julgar almas não era tudo que Anúbis tinha à fazer. Assim, ele andava na região de Zawty, a cidade capital do nomo que era unicamente o patrono.

A parte por onde Anúbis andava ficava no extremo oeste da cidade afastado dela por alguns metros de areia.  Ali uma área começava a ser demarcada para a construção de um templo e era com o idealizador deste que Anúbis falava. O idealizador era o homem mais rico de Zawty e, como consequência da riqueza, era um homenzinho gordo que estava claramente morrendo de medo da visita repentina que chegou no começo tímido de sua obra. O medo era tanto que o homem nem havia ousado se levantar do chão ainda e lá permaneceu de joelhos encarando a areia amarelada com medo até de olhar para o deus.

- Se falasse com qualquer sacerdote, saberia que não quero templos. - disse Anúbis olhando para a área demarcada emoldurada por dunas de areia enquanto o homem permanecia às suas costas de joelhos, cabeça baixa e mãos no chão. 

-  E-Eu… s-só… - gaguejou o homem - … E-Entendo… S-Sim… Eu… d-deveria ter… checado mas… como s-seu culto c-cresce m-mais aqui do que… em qualquer … l-lugar… eu achei…

- Escolha outra coisa para construir. Um templo… - disse Anúbis suspirando não estando com raiva do homem nem nada do tipo. Mas não adiantava explicar isso que o homem continuava tremendo de medo talvez porque a expressão do deus mostrava que algo estava o deixando de mal humor embora o mortal não soubesse o quê era - Acho um pouco demais. Um templo pequeno estaria de bom tamanho. As tumbas já são meus templos de certa forma e.. julgando pelo de Djoser, imagino que alguns bem enormes virão pela frente. Mas pelo espaço que juntou aqui e o tanto de pedra e madeira que já vejo, não acho que algo simples estava em sua mente. Aproveite que nem começou e faça outra coisa.

- S-Sim… S-Sim senhor… - gaguejou o homem abaixando a cabeça tanto mais que sua testa se sujou de areia - O q-que o senhor… apreciaria?

- A primeira coisa que pensei foi num amplo espaço para mumificação dos cidadãos da cidade e proximidades mas… talvez a localidade que escolheu esteja perfeita para uma tumba de caninos. - disse Anúbis pensando, dando de ombros e então fazendo magicamente aparecer em suas mãos um longo papiro todo escrito por ele - Deixe que o povo sepulte seus amigos caninos com as honrarias e cuidados dignos de qualquer membro da família. Fale com Amsu.

- S-Sim. Sim. O Sacerdote Amsu. E-Eu deveria ter fa-alado com ele desde do começo… É seu sacerdote aqui em Zawty afinal de contas… E… S-Sim… Sim senhor… C-claro. - gaguejou o homem - Perdão p-por meus equívocos.

Enquanto o homem tremia de medo atrás de si, Anúbis despreocupadamente checou o papiro em suas mãos. Os vários hieróglifos escritos por ele formavam uma lista de seus sumo-sacerdotes, sacerdotes e aprendizes de cada cidade. Alguns escritos em tinta preta e dois em tinta vermelha. O nome de Amsu estava lá junto com o de seus aprendizes. Havia falado com eles algumas horas antes.

Anúbis havia gastado boas horas dos últimos dias indo em cada uma das cidades, vendo cada um de seus sacerdotes. Havia deixado Zawty por último já que, por cuidar do Nomo todo, era o lugar que mais sabia como ia a situação. Feliz por ter acabado de montar sua listinha, sem nem se despedir do assustado homem, Anúbis simplesmente desapareceu deixando o homem prostrado no chão.

O deus então reapareceu num lugar completamente diferente. Um longo corredor de paredes brancas e vários portais ao longo deste. Pelo quarto portal à direita ele podia ver o bruxulear do fogo iluminando o cômodo enquanto todos os demais estavam na escuridão total. Além disso, desse único cômodo iluminado, ele também podia ouvir o barulho insistente e baixo do carvão riscando o papiro. Todas aquelas portas juntas podiam ser resumidas como sendo uma biblioteca, laboratório e escritório de Thoth. 

Com o papiro com o nome de seus sacerdotes na mão, Anúbis foi para o portal iluminado sabendo que era ali que Thoth estava. O deus o atravessou entrando no cômodo já falando:

- Trouxe a lista que você e Hórus pediram. - disse Anúbis - Tem algo mais? Tenho outros compromissos daqui a pouco.

A reação de Thoth foi longe de ser a que ele imaginava. O deus da escrita e da sabedoria claramente levou um susto e prontamente tentou esconder o longo papiro no qual escrevia. A tentativa, no entanto, não foi nada discreta, e apenas deixou Anúbis estranhando isso.

- O que foi isso? - perguntou Anúbis.

- Nada. - respondeu Thoth e Anúbis revirou os olhos não acreditando nas palavras dele.

- Desculpe mas não acredito em sua palavra no momento. - disse Anúbis estendendo o papiro em sua mão para Thoth enquanto os olhos olhavam para a mesa do deus.

A mesa de Thoth era uma completa bagunça dos mais diversos papéis. Viu receitas, poemas, coisas em outros idiomas, um certificado de divórcio entre Hórus e Serqet, acordos comerciais e feitiços. Mas, mais interessante que isso, foi o longo papiro levemente brilhante que, por mais que olhasse, não conseguia se quer montar uma palavra. Os hieróglifos nadavam na folha branca-amarelada se escondendo, re-aparecendo, trocando de ordem e formando frases que não tinham sentido ou que pareciam coisas ridículas.

- Esse é o que Hórus estava falando aquele dia? - perguntou Anúbis enquanto Thoth fingia que a lista de nomes de sacerdotes de Anúbis era a coisa mais interessante do mundo - O que tem nesse papiro, claramente mágico, para deixar Hórus com tanta raiva?

- Talvez seja melhor você não saber. - disse Thoth suspirando - Também peço para que não conte para Hórus que viu isso aqui… ele me mandou parar de escrever mas… Eu sou completamente impelido pelo conhecimento! Não consigo parar.

- Que tipo de conhecimento? - perguntou Anúbis.

- Sério. Não queira saber detalhes. Pode acabar tão encrencado como eu ficarei se muitos soubessem da existência desse papiro. - disse Thoth - Apenas finja que é… não sei… só mais um papiro com uma receita nova de cerveja.

- Hum… - murmurou Anúbis ainda olhando para o papiro mágico.

- Então… - disse Thoth olhando para o papiro de Anúbis e chamando então a atenção dele com duas tosses secas falsas - Dois nomes em vermelho… Que bom,  não? Havia matado quatro sacerdotes na década passada. O número diminuiu.

- Seria melhor se eu não precisasse fazer isso. - reclamou Anúbis - Se eu ainda estivesse totalmente no controle da escolha dos aprendizes de sacerdotes e embalsamadores, isso não aconteceria.

- Pervertidos de novo? - perguntou Thoth com um suspiro pesado mostrando sua decepção com os humanos - Também não pode ficar de olho toda vez que alguém vai mumificar uma jovem e bela garota. Temos que deixar os humanos caminharem com as próprias pernas às vezes… por mais que eles consigam mostrar bem seus lados ruins.

- Tem dias que eles me deixam mais de mal humor do que Hórus...esse foi um deles. - disse Anúbis cruzando os braços fitando novamente o papiro mágico - Estou indo tentar aproveitar o que resta desse dia ao menos sabendo que tem dois pervertidos à menos. Tome cuidado com esse papiro… seja lá o que ele for.

- Tomarei… - disse Thoth abaixando os olhos e mordendo o lábio inferior.

E, mais uma vez, Anúbis simplesmente sumiu. Dessa vez ao menos era para fazer simplesmente nada. Relaxar era sua próxima tarefa. Sempre ficava irritado quando achava necrofilia dentre aqueles responsáveis por fazer as múmias. Quanto mais o número de embalsamadores e sacerdotes aumentava, mais frequente isso se tornava. Era um milagre ter encontrado só dois dessa vez. Assim, seu próximo compromisso foi totalmente ideia de Anput e por isso que o próximo lugar que ele foi era um oásis escondido no meio de dunas de areias altas.

As águas do oásis eram azuis como as mais belas praias e apenas três palmeiras solitárias faziam sombras ao serem tocadas pelo sol que se preparava para começar à se por. A primeira coisa que Anúbis viu foi Nefertem sentado na areia com Qebui sentando à sua frente e entre suas pernas. Nefertem abraçava Qebui com um braço enquanto o outro estava concentrado numa partida de Senet contra Seshat.

- Não é justo. Pare de ajudar ele no jogo, Qebui! - reclamava Seshat - Você nem tá jogando.

- Eu só sugeri uma ideia… - respondeu Qebui rindo.

- Ei. - disse Anput de trás de Anúbis fazendo ele se virar para ela - Demorou eim.

- Demorei mais do que o planejado em Zawty. - justificou ele - Estavam quase começando a construir um templo pra mim lá.

Anput se aproximou e colocou delicadamente suas mãos em cada uma das bochechas dele enquanto seus olhos sondavam os olhos dele analiticamente. A expressão da deusa se fechou um pouco ao ver que, apesar do pequeno sorriso que ele havia aberto ali, os olhos deduravam que o dia até então não havia sido muito agradável.

- Quantos dessa vez? - perguntou ela.

- Dois. - respondeu ele.

Ela olhou para ele com olhos preocupados e logo depositou um leve beijinho em seus lábios. Anúbis não só correspondeu ao beijo como também a puxou delicadamente para mais perto num abraço que no momento ele precisava. 

Ainda podia sentir o mal humor sondando sua cabeça, mas tentava deixar aquilo para lá. Já havia feito o que podia por aquele dia para botar ordem naqueles que atuavam em seu nome. Era em momentos assim que sentia que tinha muita coisa o que fazer.

- Olha quem chegou! - exclamou Nefertem alegre acenando - Vem! Tem outro tabuleiro de Senet aqui e também trouxe uns óleos de massagem.

- Quer fazer massagem com óleo no meio de toda essa areia? - perguntou Anput.

- Como se a gente conseguisse achar muito lugar sem areia… - disse Seshat fazendo aparecer magicamente embaixo de si um longo pedaço de linho para a separar da areia e logo se deitando sobre ela. - Aliás, desisto do jogo e troco por uma boa massagem. Esse jogo tá dois contra um.

- Seshat… - disse Anúbis se separando do beijo mas mantendo os braços ao redor de Anput - Você sabe no que Thoth está trabalhando agora?

- Não. - disse Seshat com um suspiro - Ele é meio esquisito sabe? Às vezes alegre demais mas também afastado demais quando fica empolgado com alguma pesquisa ou algo do tipo. Empolgado demais mesmo. Esquece de limites e tudo mais. Literalmente ‘tudo mais’. Fica mesmo difícil lembrar até que ele é meu pai, por incrível que pareça. Acho que ele mal lembra disso também.

- Hum… - resmungou Anúbis pensativo enquanto o abraço que dava em Anput era desfeito por ela mesma e logo ela ia lhe puxando para mais perto das águas do oásis.

- Vem… entre na água um pouco comigo. Pare um pouco de pensar nesses problemas todos. - disse Anput - Vamos só aproveitar essa água. Tá uma delícia.

Ele se deixou ser puxado por ela exibindo no rosto um sorriso cansado. Como a noite se aproximava, a água estava na temperatura perfeita para um bom nado. Com alguns poucos passos, a água azulada do oásis já estava profunda demais para que seguissem andando normalmente. Foi nessa hora que Anúbis deu um breve mergulho molhando os cabelos negros rebeldes que logo passaram a se comportar melhor por estarem molhados.

Tudo ao redor ia ficando mais escuro conforme o sol ia se pondo e, alheia à o que o resto dos amigos faziam, Anput focou sua atenção toda em Anúbis. Ela o abraçou pelo pescoço com um braço e passou os dedos pelos cabelos molhados dele com o outro braço antes de o juntar ao abraço. Eles nem prestaram atenção quando Nefertem e Qebui acenderam uma fogueira para deixar o ambiente mais confortável em meio à escuridão que aumentava, mas certamente notaram quando Seshat começou à tocar uma flauta.

- Próximo mês, acha que tem como achar um dia para irmos em Akashiya? - sugeriu Anput já sonhando com uma viagem para a ilha que séculos depois seria chamada de Chipre.

- Fazer o que lá? - perguntou Anúbis estranhando a sugestão - Só tem cobre por lá.

- Tem um mar bonito também. Pouca gente ainda e belas vistas. - disse Anput.

- Talvez… pode ser… - disse Anúbis pensando.

- Você precisa de férias. Férias de verdade. Não ir pro outro lado do deserto para resolver algo em nome de Lorde Osíris. - apontou ela.

- Não posso simplesmente tirar férias. Muita gente morre todo dia e, para piorar, não fico só ocupado em julgar as almas. - explicou Anúbis - Um ou dois dias pode até ser… mas férias de meses como os sacerdotes têm… isso é muito complicado.

Anput bufou com raiva mas deixou o assunto morrer soltando-se do abraço e então dando um bom mergulho que encharcou seus cabelos meticulosamente trançados. Quando na superfície de novo, ela soltou um suspiro enquanto ele olhava para ela pensativo e se sentindo um tanto culpado.

- Vamos para Alashiya mês que vem sim. - disse Anúbis - Aproveitamos e compramos mais do tecido púrpura logo ao lado na Fenícia.

- E umas maçãs? - perguntou Anput esperançosa.

- E umas maçãs. - concordou ele.

Abrindo um sorriso brilhante, ela segurou o rosto dele com gentileza e beijou-lhe profundamente. Com os olhos fechados, eles não viam o espectáculo que o pôr do sol estava proporcionando. Mais uma vez Rá terminava sua viagem pelos céus e a noite chegava no Saara. 

 


Notas Finais




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