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História A Morte Das Areias do Saara - A primeira pirâmide de Gizé


Escrita por: kagome95ingrid

Notas do Autor


olá! cheguei com capítulo novo pra vcs <3
inspiração tá bem alta pq tá perto de partes q quero muito fazer hehe

a foto do dia é da pirâmide do Khufu prontinha. admirem essa beleza q nuss...

Capítulo 80 - A primeira pirâmide de Gizé


Fanfic / Fanfiction A Morte Das Areias do Saara - A primeira pirâmide de Gizé

Mas eis que Thoth descobriu a perda de seu Livro, e Thoth se enfureceu como uma pantera do sul, e ele se apressou diante de Rá e contou-lhe tudo, dizendo: "Nefer-ka-ptah encontrou minha caixa mágica e abriu-a, e roubou meu Livro, até mesmo o Livro de Thoth; ele matou os guardas que o cercavam, e a cobra que nenhum homem pode matar jazia indefesa diante dele. Vingue-me, ó Ra, em Nefer-ka-ptah, filho do Rei de Egito."

A majestade de Rá respondeu e disse: "Leve-o e sua esposa e seu filho, e faça com eles como quiseres." E agora a tristeza pela qual Ahura observava e esperava estava para vir sobre eles, pois Thoth levou consigo um poder de Rá para dar a ele seu desejo sobre o ladrão de seu Livro.

~ Fragmento de “O Livro de Thoth”

 

O burburinho dos deuses aumentou assim que Minkhaf deixou o Salão do Julgamento. Thoth aproveitou a chance para ir até Anúbis antes que os outros indignados chegassem até lá e Anúbis prontamente entregou-lhe o papiro que ocasionou toda a confusão, mas logo Hórus estava se aproximando querendo reclamar da sentença. 

- Depois de tudo isso, deixará o livro com ele?! - reclamou Hórus indo à passos pesados e apressados até Anúbis e Thoth.

- Thoth pediu. - explicou Anúbis dando de ombros - Também não gosto tanto assim da ideia, mas não tiro o mérito de Minkhaf ficar tão perto daquilo que tanto queria e não puder usar, nem ver, nem tocar. 

- E também, não se preocupe. - disse Thoth fazendo o pergaminho flutuar em sua frente enquanto lançava magia atrás de magia nele sem nem desviar os olhos - Não fiquei desocupado nos dias entre as mortes de Merab, Ahura e Minkhaf. Pensei nas mais diversas técnicas para deixar o papiro ainda mais bem protegido.

- Quão bem protegido? - questionou Ísis arqueando as sobrancelhas.

- Ficará teoricamente ilegível. - disse Thoth começando a ficar empolgado - Um enigma. O verdadeiro texto escondido. Para ler um parágrafo sequer, a pessoa precisaria ser muito esperta e gastar um bom tempo tentando decifrar o verdadeiro conteúdo.

-Mesmo com todas essas proteções, - continuou Ísis - Porquê deixar o pergaminho com ele?

-Um teste. - explicou Thoth - Um teste para os humanos. Quero analisar o comportamento deles diante de tal tentação agora que o livro é conhecido. E também, sei que muitos de vocês ficariam felizes com alguma coisa para acabar com o tédio nos séculos mais calmos. Imortalidade pode ser bem entediante sem muitas novidades. 

A ruidosa risada de Sobek rompeu o salão do julgamento enquanto tudo que Anúbis fazia era revirar os olhos. Já tinha muito trabalho para ter tempo de ficar entediado. 

-Gostei, Thoth! - exclamou Sobek - Não imaginava que tinha isso em você. 

-Eu preferencialmente estou mais interessado pelo teste, estudo e análise de comportamento. - admitiu Thoth - Mas bem que imaginei que vocês fossem tirar essa conclusão secundária. 

Thoth então terminou de lançar os vários feitiços sobre o papiro e então devolveu-lhe a Anúbis que sem fazer um movimento sequer, mágicamente enviou-o para a tumba de Minkhaf deixando-o preso ao seu corpo. 

-Relaxe. - disse Thoth colocando a mão sobre o ombro de Anúbis - Vai ser um bom teste em vida para encontrar aqueles que nem mesmo as pressas de Ammit são suficientes. Roubar dos deuses, usar magias proibidas e ainda invadir uma tumba? Não tem muitas pessoas que tem a audácia de fazer isso. 

-Verdade. - concordou Hathor - No mínimo ficará seguro por vários séculos. Só invadir uma tumba já é ruim o suficiente. 

-E ainda tem que ser muito bom para passar por todos os feitiços de proteção.- disse Thoth - Tanto do livro quanto da tumba. 

- Ainda temos o problema com Khufu. - lembrou Hathor enquanto segurava no colo o pequeno Imsety.

- Nem tanto. - disse Osíris - Parece que os templos começaram a abrir de novo ontem. Os mais perto de Mênfis já abriram.

- Khufu mudou de ideia. - disse Thoth - Finalmente… porque já estava achando que teríamos que matar uma das filhas dele também. 

Sem pensar por um segundo em como estaria agora Minkhaf, preso por toda a eternidade da escuridão da própria tumba, Anúbis só ficou vendo a discussão entre os outros deuses sobre o destino do livro. Enquanto percorria os olhos pelo Salão do Julgamento, viu Anput se aproximando, o que lhe fez relaxar de toda a tensão que sentia nos ombros durante o julgamento. Mas, infelizmente, mais perto do que ela, viu também Set se aproximando.

Vendo que Set parecia estar indo em sua direção, Anúbis já foi se preparando para o que poderia muito bem ser o começo de uma discussão. Enquanto isso, lá no fundo, já estava pensando também em como fugir dali para gastar seu tempo com algo mais útil e proveitoso do que brigar com o pai.

- Uma punição bem cruel. - disse Set com um olhar de superioridade mas um sorriso no rosto - Não dou muito tempo para Minkhaf ficar louco.

- Afinal em loucura você é especialista. - disse Anúbis notando com o canto do olho Anput chegando e logo entrelaçando seus dedos nos dele - Se não se importa, eu tenho outro compromisso.

- Não me importo. - disse Set dando de ombros - Só queria dizer que estou orgulhoso. Gostei da punição.

- Não quero seu orgulho nem elogios. - respondeu Anúbis e sem dizer nada, nem se despedir de ninguém, ele simplesmente sumiu dali levando Anput junto.

E, no segundo seguinte, Anúbis e Anput estavam nas enormes pedras que delimitavam o curso do rio Nilo ao longo de sua segunda catarata. As águas ali corriam, rasas, mas rápidas entre as pedras que adornavam o leito junto com as árvores de papiro e também o meio do rio criando pequenas ilhotas rochosas. A mata que adornava ao redor dali era verde e, embora algumas das rochas fora do rio fossem marrons, era fácil esquecer que mais além se estendia o deserto.

- A segunda catarata? - disse Anput reconhecendo o lugar pois cada uma das cataratas do Nilo eram como pontos de referência de quão ao sul do centro do império se estava pois, mais ao sul, começava o território dos Núbios. Por pura coincidência histórica, tanto naquele momento, como no futuro, aquele lugar marcaria o fim do território egípcio. Mas, o vizinho deixaria de ser os núbios e se tornaria o Sudão moderno.

- Foi o primeiro lugar que pensei… - disse Anúbis se agachando na beira da pedra e colocando a mão na água gelada deixando que esta corresse pelos seus dedos tranquilamente.

- Engraçado… achei que fosse pensar em algum lugar mais... - disse Anput deixando a frase inacabada no ar.

- Mais o que? - quis saber Anúbis.

- Nada. - disse Anput dando de ombros e abrindo um sorriso gentil antes de se agachar ao lado dele e lhe dar um beijo na bochecha.

- Mórbido? - disse Anúbis tentando adivinhar o resto da frase.

- Eu não disse nada.- disse Anput virando o rosto com um pequeno sorriso escondido.

- No meio de tudo isso que estava acontecendo, pensei que não estava te dando a atenção que merece. - admitiu Anúbis olhando para as águas - Então… imaginei que fosse gostar de nadar um pouco e quem sabe ver o pôr do sol.

O sorriso de Anput aumentou e, mesmo com a iluminação do sol lentamente acabando conforme o sol ameaçava se por, ela pode ver o leve rubor que cobria as bochechas de Anúbis. Uma parte do rio com correnteza mais forte dificilmente era a fonte ideal de relaxamento por mais que tivessem partes do rio com correnteza mais fraca. Contudo, passar tempo com ela e tirar a tensão de todos os acontecimentos não necessariamente significava ficar boiando na água vendo as estrelas brilharem no céu. 

Foi exatamente pensando nisso e em como tirar proveito da correnteza, que uma ideia talvez maluca nasceu na cabeça dela. Mas antes que ela pudesse pensar muito e talvez até desistir, ela botou o plano em ação. Sem pensar duas vezes, ela empurrou Anúbis, que já estava na beirada, direto na água.

Anúbis caiu na água que o carregou por alguns poucos centímetros antes de ele aparecer na superfície novamente, obviamente todo molhado, enquanto Anput segurava uma risada. 

- Foi mal, eu não resisti - justificou Anput.

O problema era que aquilo funcionava para os dois lados, pois no segundo seguinte Anúbis sumia do rio e surgia atrás de Anput.

- Não! Pera! - disse Anput mas foi inútil, no segundo seguinte ele também estava empurrando ela pro rio.

- Funciona dos dois lados. - lembrou ele quando ela voltou à superfície novamente e começou a rir.

- Agora meu vestido tá todo molhado… Eu deveria imaginar que você faria isso. - disse Anput enquanto Anúbis se sentava na pedra deixando a água correr entre suas pernas.

- Não precisa de muito para ficar seca.- lembrou Anúbis enquanto Anput se aproximava dele nadando os poucos centímetros que os separavam e então, apoiando-se nas pernas dele, se esticou para lhe dar um selinho sem de fato sair inteiramente na água.

- Eu sei. - respondeu ela depois do beijo mas logo emendando outro mais demorado.

Com a reabertura dos templos, as coisas foram lentamente voltando ao normal. Até que o ano de 2578 a.C foi ficando para trás até que 2566 a.C brilhou sobre todo o mundo. Apenas 12 anos separavam os dois anos, mas as mudanças que o Egito sofreu foram profundamente sentidas. Isso porque a obra do túmulo de Khufu estava praticamente pronta. Mesmo os deuses olhavam para ela e não conseguiam acreditar em seus olhos com a maravilha que era o lugar de descanso eterno que Khufu em breve iria ocupar. Até porque, nos 12 anos que se passaram, a vida de Khufu eventualmente chegou ao fim e agora seu corpo estava se preparando para entrar em sua pirâmide.

Não era sem motivo que sua pirâmide se chamava O Horizonte de Khufu. Afinal, o belo revestimento de calcário branco era tão altamente polido que conseguia refletir parte da luz do pôr e do nascer do sol criando uma visão espetacular de tirar o fôlego que era completada com o brilho da pequena pirâmide, feita de diorito banhado em ouro, que adornava o topo da pirâmide. Como se a beleza da construção já não fosse o suficiente, o seu tamanho era simplesmente absurdo. Com 146,5 metros, 6 milhões de toneladas e 2,3 milhões de blocos de calcário e granito, a tumba de Khufu seria a estrutura feita pelo homem mais alta do mundo por pelo menos os próximos 3.800 anos. Afinal, era aproximadamente o equivalente a um prédio de incríveis 44 andares.

Se os deuses já estavam chocados com a conclusão do projeto, os humanos estavam ainda mais. Os arquitetos e trabalhadores agradeciam aos deuses várias vezes. Não só aos deuses, mas também à Imhotep. Afinal, clamaram o nome do construtor da primeira pirâmide por várias vezes ao decorrer da construção pensando em todas as tentativas que Imhotep liderou de criar pirâmides com outras inclinações e formatos. Além de, é claro, ter conseguido fazer a primeira. Os agradecimentos à Imhotep iam se espalhando pela população conforme mais gente passava por perto da enorme pirâmide e concordava que aquele feito era muito além da capacidade básica de reles humanos. Ainfla, nem os arquitetos e trabalhadores conseguiam acreditar que tinham conseguido terminar a pirâmide ao ponto de ela agora se erguer orgulhosa e completa, embora não sem eventualidades, pois trabalhadores morreram em sua construção. Mas, ali estava ela, só esperando pelo corpo de Khufu que chegaria nos próximos dias.

Com a morte de Khufu, seu trono passou para o agora então filho mais velho, Djedefre. Djedefre sofria com a morte do pai, mas mal podia esperar pela sua chance de governar o Egito como faraó. Com a morte de Kawab 12 anos antes, era uma expectativa que deixava-lhe ansioso. Mas não era como se não se sentisse triste com a morte do irmão mais velho, mas era de fato o que parecia já que ele acabou por se casar com a viúva do irmão.

No dia do sepultamento de Khufu, toda Mênfis saiu de sua casa para seguir o cortejo fúnebre liderado por seus filhos, ou aqueles que ainda estavam vivos depois de toda a confusão causada por Minkhaf e pelo fechamento dos templos. De longe, o cortejo fúnebre também era acompanhado por Anúbis que acabou criando por próprio costume acompanhar os cortejos dos faraós. Hathor dizia que era um tratamento especial que ele deveria parar de dar, mas ele simplesmente acompanhava pois achava interessante ver os pequenos detalhes do cortejo. Isso é, a expressão do povo e dos familiares presentes. E às vezes dava a sorte de acontecer alguma coisa diferente.

Contudo, o diferencial do sepultamento de Khufu parecia ser a sua exuberante pirâmide. Assim, seu grande reinado chegou ao fim quando seu sácófago foi lacrado dentro da pirâmide que moldaria o cenário do Egito por vários e vários milênios. Uma era chegava ao fim. Uma era que era difícil dizer se seu governante foi bom ou não. Pois teve momentos que mostrou outros lados e sem dúvida uma tumba daquele tamanho queria lembrar à todos de seus maiores feitos e da fortuna que trouxe para o Egito. Pois só com uma fortuna gigantesca uma construção daquele tamanho e daquele nível de dificuldade poderia ser construída.

Terminando o sepultamento de Khufu, Anúbis voltou para o Salão do Julgamento onde a primeira coisa que viu foi Anput conversando amigavelmente com Hathor. As duas estavam sentadas no meio de almofadas ricamente decoradas postas sobre um tapete enquanto Imsety, agora com 12 anos, brincava de pega com Ammit. 

- Nada de muito incrível né? - perguntou Hathor.

- Não - disse Anúbis - Bem, além da pirâmide dele.

- De tirar o fôlego, de fato - disse Anput - O tanto que gastou nela… ridículo. Mas é absurdamente linda.

- Achei que Hórus fosse ver o sepultamento- disse Anúbis olhando para Hathor sabendo bem que o primo estava desenvolvendo o mesmo interesse por sepultamentos reais.

- Ah não. - disse Hathor - Ele está com Ninurta na Depressão de Qattara.

- Ninurta? - estranhou Anúbis - Porquê Ninurta veio lá da Suméria até aqui?

- Não é óbvio? - perguntou Hathor - Para treinar com Hórus. Foram para a Depressão de Qattara pois lá podem brigar à vontade sem matar nenhum mortal ou destruir uma cidade inteira sem querer. 

- Mas… sobre o sepultamento… - disse Anput - Eu acho que pode até não ter tido nada no de Khufu, mas estou ansiosa para ver o reinado de Djedefre. Ou melhor, quanto tempo vai durar.

- Também - disse Anúbis sentando-se ao lado de Anput - Não acho que Khafre vai ficar quieto por muito tempo.

Por alguns minutos mais eles continuaram conversando tranquilamente. Os problemas com o Livro de Thoth e Minkhaf já pareciam distantes. Já faziam 12 anos que Minkhaf estava preso em sua própria tumba, sozinho na escuridão. Ahura e Merab estavam felizes no Aaru. Os templos estavam abertos. Tudo parecia bem. 

Até que com o canto do olho Anúbis viu o portal para o Aaru começar a brilhar intensamente. Estranhando o acontecimento, Anúbis olhou para o portal e se levantou de seu canto atraindo também a atenção de Anput e Hathor que notaram como a membrana dourada mágica que cobria o portal parecia se expandir como um balão enchendo de ar, ou como se alguma coisa estivesse tentando escapar do Aaru.

 


Notas Finais




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