História A nerd e o popular - Amourshipping - Pós "apocalipse"!

Serena ON

Segunda, minha tão indesejada segunda chegou. Não sou de matar aula, mas se tem um dia a qual eu quero fazer isso, é hoje. 

Me levantei, fiz minha higiene pessoal e me vesti. Após sair do quarto, eu notei que era a única de pé, algo pouco comum nessa casa. Cheguei na cozinha e como não tinha nada pronto, resolvi fazer um café. Enquanto fervia a água, a imagem do Ketchum veio em minha mente. Aquele infeliz, todo esse meu desgosto em ir pra escola é por conta dele, na verdade, todo as desgraças que aconteceram na minha vida, SÃO por conta dele. 

- aí, merda... - esbravejo após me queimar com o líquido quente. Nunca realizei uma proeza desta, mas, como estou apenas de corpo presente, algo assim chega ser previsível.

- Serena, é você na cozinha minha filha? - minha mãe, bocejando e coçando os olhos, aparece na escadaria. Possivelmente acabara de acordar.

- sim, eu mesma - digo enquanto enfaixo a mão.

- tá tudo bem? O que acon***

- estou bem - a corto - diz pra Korrina que eu tive sair mais cedo. Tchau!

- espera, v-você não vai comer nada?

- eu compro algo na cantina.

Cruzei e fechei a porta, em seguida, me apressei a caminho do colégio. Não queria ter sido tão grossa com a minha mãe, certamente eu vou por isso na conta do Ketchum.

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Assim que cheguei no colégio, compreendi o por quê de ninguém chegar tão cedo. Além de mim e alguns outros alunos, a escola se encontrava deserta. Nada se via, nada se ouvia. Não achei de todo mal isso, paz e silêncio é o que eu mais preciso no momento.

Entrei na minha sala e, como previsto, não tinha ninguém. Suspirei brevemente e me sentei no meu lugar. Repousei minha cabeça na mesa, e comecei a pensar em todas as coisas "surreais" que me aconteceram este ano. Calem tentando me beijar a força, Ash me "salvando", festa na casa dos Ketchum e... O beijo. Aquele infâmio beijo. Nem sei mais o que dizer sobre isso, pois tanta coisa já passou pela minha cabeça, que confesso nem entender mas se o que ocorreu foi verdadeiro, ou não. É tanta coisa acontecendo, e o ano mal começou!

- caiu da cama esquisitinha?!

Tudo que eu menos queria na vida era ouvir essa voz novamente. Não sei o que fiz na vida passada, possivelmente eu fui o Hitler, Osama Bin Laden ou o Jake Estripador, quem sabe. Para se ferrar tanto, certamente eu joguei pedra na cruz.

- o que você quer? - levanto a cabeça devagarmente, e enquanto meus olhos se acostumavam com a claridade, o sorriso de canto do Ketchum foi se desenhando.

- nada, apenas estranhei você aqui tão cedo! 

- ótimo, agora que viu que sou eu, você já pode ir embora - digo, tornando a repousar a cabeça.

- não seja mal educada Sereninha! A gente precisa conversar, não acha?

- conversar sobre o que? - questiono, voltando a encara-lo.

- sobre o que você me disse. Eu não parei de pensar naquilo. O que eu te fiz de tão ruim no passado? 

Sua pergunta me pegou de surpresa. Eu sabia, sabia que não devia ter dito aquilo. Droga, essa pergunta tão repentina me deixou sem palavras.

- v-você não fez n-nada, já te disse... - engulo seco. 

- sério? Por que você disse com tanta ênfase... Acho que aquilo não foi da boca pra fora.

- me esquece Ketchum - senti meu rosto queimar. O sorrisinho sapeca de Ash denunciou a minha vermelhidão.

- você fica bonitinha quando cora! 

- eu não tô corada babaca - afirmo, mesmo sabendo que era mentira.

- bom, esquece isso. Um dia você ainda vai me dizer a verdade! - sua última frase soou tão séria, que chegou a me causar estranheza - mudando de assunto, me diz aí; sonhou com o nosso beijo?

- você ficou louco? - digo baixo, me aproximando dele para que nenhum, recém chegado, aluno ouvisse.

- olha, não vou mentir... - seus lábios se aproximaram de meu ouvido, e assim como na sua casa, todos os meus pelos corporais arrepiaram - ...estou louquinho pra repetir a dose!

Após essa "declaração", Ash se levantou e foi para o seu assento. Estou sem palavras, digo, sem ação. Eu só queria voltar ao tempo em que eu era invisível, ao tempo em que a única frase pronunciada a mim era; "olha lá a esquisitinha". Velhos, e saudosos, tempos.

- é impressão minha ou o Ketchum estava falando com você? - questiona Misty. Com tudo isso que me aconteceu agora, nem a vi chegando.

- Misty, a gente precisa conversar...

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- okay, você me fez esperar três aulas e não me deu uma pista se quer do que você tem a me di***

- Ash me beijou eu dormi casa dele e agora cedo ele disse que quer me beijar de novo... - digo rápido, sem pausas. Respirei fundo a procura de ar, enquanto a ruiva tentava juntar todas as informações.

- ai-meu-DEUS! Serena você ficou com o Ash? Mas vocês não são tipo; "inimigos mortais"? Ah, que se dane! Vocês transaram? 

- MISTY! - escondi meu rosto com as mãos. Minha vergonha agora é tanta, que nem sei mais como descrever.

- desculpa, mas você disse que dormiu na casa de e... Bom, desculpa.

- t-tudo bem. Eu me precipitei em dar as informações - afirmo - eu precisava desabafar com alguém, tudo isso está me deixando louca.

- se acalma amiga. Me diz tudo do começo, como tudo isso aconteceu?

- bom...

A festa, o drama do Ash, nosso beijo e a conversa pós acontecido. Contei tudo a ruiva, que ouviu cada palavra atenciosamente. Jurei a mim mesma que não falaria disso com ninguém, mas, esse peso já estava me incomodando. 

- ...e agora cedo ele me disse aquilo. Que quer me beijar de novo - sinto meu rosto queimar novamente. Isso já está virando rotina.

- esse Ketchum é um infeliz. Te beijar a força e ainda ficar te provocando? Mas que idiota.

- b-bem... Ele não me beijou a força...

- você correspondeu?

- s-sim.

- meu Deus Serena, onde você tava com a cabeça? - a cara de desgosto da ruiva é visível. Mas não é pra menos. Sempre desmereci o Ketchum, e agora, apareço dizendo que ficamos. É de se estranhar.

- e-eu não sei, foi no calor do momento e... Aconteceu.

- tudo bem, tudo bem. Esquece isso!

Misty me abraça carinhosamente, e logo a retribuío. Após nos separarmos, percebo que alguns olhares se dirigiam a nós. Olho ao redor, e vejo um grupinho de garotos cochichando algo enquanto olhavam em nossa direção.

- Misty, aqueles moleques estão te olhando - digo, fazendo a ruiva olhar na direção.

- me olhando? Acho que não! - seu sorrisinho me confundiu - eles estão falando de você loira!

- de mim? Por q-que?

- bom, pelo que você me descreveu, acho que sua aparição na festa esquentou os hormônios dos garotos! - afirma - e, lá vem um. Tchau, e boa sorte amiga!

- e-espera Misty. MISTY! - se foi, me deixando agora numa encruzilhada. Enquanto o garoto se aproxima, a única coisa em que eu consigo pensar é; "ME TIRA DAQUI SENHOR!".

- oi Serena, tudo bem?!

- o-oi Gary. Estou bem sim, ótima pra falar a verdade, por que não estar bem né?! - sorri amargamente. Tudo que eu mais quero é me teletransportar dali.

- sabe, eu te vi na festa e... Eu queria ter chegado em você, mas... Como sou meio vergonhoso eu meio qu****

- Gary, amigão! o que faz aqui com a Sereninha?! 

Pronto, agora a zorra tá completa!

- i-iae Ash. Bom, nós estávamos conversando, não é mesmo Serena? 

- é, e-eu acho.

- hum, pela cara da Serena, sei não! Sabe Gary, eu quero falar a sós com a loirinha aqui. Você nos dá licença?

- c-claro! Tchau Serena.

- tchau... - Gary encarou o Ketchum com um certo amargor. Ash não deu muita bola, e se sentou ao meu lado no banco - qual é a sua hein? Não vai sair do meu pé agora?

- como você machucou a mão? 

- não muda de assunto... - digo firme.

- qual é Serena, eu só estava te protegendo. Você não percebeu? Aquele idiota estava dando em cima de você.

- ele só veio conversar comigo, não seja idiota. E mesmo que ele estivesse dando em cima de mim, o que você tem haver com isso Ketchum? - pela primeira vez na vida, vi Ash ficar sem palavras. Algo de errado não está certo...

- bom, eu... Eu não quero que ninguém te magoe. Somos amiguinhos agora! - diz sarcástico.

- "amiguinhos"? Você bebeu?

- lógico que somos! Você foi a uma festa minha, e ainda dormiu na minha casa! Sem contar que... Bom, você sabe!

- sei, n-não precisa repetir - afirmo virando o rosto. Mas uma vez, meu rosto ruboriza.

Enquanto o paspalho sorria, o sinal toca, alertando a todos que o intervalo acabou. Ash se levantou e ficou na minha frente. Meu olhar fica sob o dele, e, estranhamente, o mesmo acaricia minhas bochechas com as mãos.

- o q-que você t-tá fazendo? - questiono já bem corada.

- me despedindo! - seu rosto se aproxima rapidamente do meu, me deixando sem reação, e de forma rápida e sútil, ele sela nossos lábios - tchau, "amiguinha"!

Ash se afastou após isso, me deixando tão perdida quanto um cego em tiroteio. Ele acaba de me beijar? Sério, o que aconteceu. O QUE ESTÁ ACONTECENDO??

Me levantei, e comecei a caminhar no automático. As pessoas passam por mim, e é como se eu não as visse. Eu só sabia que estava indo em direção a sala, de resto, nem sei. Chego em sala, e quem estava lá? Sim, ele. Com aquele mesmo sorriso travesso de sempre. Fiquei travada na porta, e só após o professor chamar minha atenção, é que "acordei".

- Serena, tá tudo bem? 

- s-sim...

- então se sente no seu lugar, por favor.

- c-claro! - piadinhas e risadas são dirigidas a mim. Não dei bola, apenas me sentei e encostei a cabeça na mesa.

Preciso da minha casa. Urgentemente...

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- EI! Me espera Serena... - grita Korrina, atrás de mim. Assim que tocou o último sinal, eu me apressei em ir embora. Tanto que fui a primeira a sair. Minha casa, minha cama, tudo que eu mais preciso no momento - você não me espera na manhã e agora não me espera na saída. O que deu em você Serena? - questiona a loira, após se aproximar.

- por favor Korrina, eu não tô com cabeça hoje.

- hum, tudo bem. Mas esse assunto não morreu aqui! Que fique claro.

Não dei muita bola para o que ela disse, apenas segui caminhando. Sei que, realmente, aquele assunto não morreria ali. Minha irmã não esquece fácil das coisas. Felizmente, minha residência se fez presente a minha frente. Corri em sua direção, sem me importar com os gritos de Korrina. Passei voada pela sala, onde vi, periféricamente, minha mãe. A mesma disse algo, mas nem dei importância. Cheguei ao meu quarto, e me joguei na cama. Agora sim, agora sim eu posso estravasar, deixar que todo meu ódio e angústia, escorram com minhas lágrimas. 

Suspirei profundamente, e após tanto chorar, é que resolvi jogar limpo comigo mesma. Chega de viver no passado, chega de viver na cama chorando, chega. Já cansei de tanto sofrimento, de tanta angústia por uma situação tão tola, tão infantil. Tá na hora de levantar a cabeça, e viver...

Sai do quarto e corri para sala. Hora de acertar as coisas!

- mãe, me desculpa por hoje. Eu acabei jogando na senhora um problema meu - finalizo a abraçando. Pela sua cara, acho que ela não entendeu nada.

- tudo b-bem meu amor. Eu te amo!

- também te amo mãe! - beijo seu rosto e a aperto mais - a senhora viu a Korrina? Preciso falar com ela.

- sua irmã subiu pro quarto dela. A coitadinha estava meio cabisbaixa, vocês brigaram? 

- não, mas eu vou concertar isso agora!

Beijei o rosto de minha mãe uma última vez, e em seguida, tornei a subir a escadaria. Sem bater, entrei rapidamente no quarto de Korrina. A mesma estava sentada na cama, e quando me viu, se assustou tanto que até pulou.

- não sabe bater? - questiona brava.

- olha, me desculpa por agir como uma babaca, tudo bem?!

- t-tudo bem, eu acho.

- ótimo! Agora vem comigo. Eu preciso de você...