História A New Era - BC221 - O óbvio nem sempre é tão óbvio

- Você foi muito bem na reunião com os lobos hoje. – Mu Ziyang se surpreendeu com o elogio repentino, mas tentou não transparecer, sorrindo de forma contida para os papeis que separava em cima da mesa cumprida que ocupava parte da sala de reuniões. – Mas não devia ter dito ao Zhou Rui que vamos aquela festa. Sabe que o clã não pode ficar tanto tempo sem um líder ainda. – o sorriso morreu ao receber a crítica logo em seguida.

Tinham passado por momentos bem complicados na reunião daquela manhã, já que YueYue fazia questão de retomar as investigações contra os lobos, que havia sido interrompida após a morte de sua mãe. Lorde Liu, que comandava uma das maiores alcateias asiáticas não tinha sido uma pessoa fácil a ser dobrada com argumentos válidos. Ele era um lobo, afinal de contas, e não muito voltado ao que rege o intelecto.

Zhou Rui não precisava estar presente, mas fez uma pequena aparição em uma chamada de vídeo, não apenas para demonstrar seu apoio quanto a dar continuidade à investigação, como também para convidar os presentes para a celebração do Imbolc - ou apenas início de primavera – que aconteceria ainda naquela semana em seu ninho. Não era comum que o convite se estendesse aos vampiros, mas aquele ninho em específico não era lar de humanos há um bom tempo, então não haveria perigo.

Mu Ziyang sabia que a convivência de YueYue com Zhou Rui não era perfeita, mas também existiam fatores que o faziam acreditar que eles eram amigos próximos depois de tudo que tinham passado juntos. Sem contar que a fada era padrinho de Ling Chao, o que estreitava os laços, então aceitar o convite para uma celebração tão característica da espécie de Zhou Rui lhe pareceu uma boa ideia.

Não pensou que causaria um mal estar com o marido.

- Ling Chao estava animado, então não achei que teria algum problema confirmar nossa presença, mas se quiser que eu desmarque... – deixou os papéis organizados no canto e se encostou na mesa, de costas para ela e de frente para YueYue, que estava próximo à porta, olhando atentamente para a tela do celular.

- Zhou Rui saberia que eu pedi e eu seria obrigado a ouvir as reclamações por décadas. E, como você disse, Ling Chao está animado, então podemos fazer esse sacrifício. Mas, por favor, da próxima vez só confirme alguma coisa depois de conversar comigo. Agora temos que procurar um líder interino para o clã e isso vai ser uma dor de cabeça.

YueYue queria mesmo era dizer para Mu Ziyang conversar com Zhou Rui e desmarcar a presença dos três, mas tinha noção do quanto sair e ter contato com pessoas diferentes poderia fazer bem ao irmão, então deixaria aquilo passar.

Fazia mais de um mês desde a fuga de Ling Chao e ainda podia sentir o desespero correndo em suas veias ao lembrar o que poderia ter acontecido, então estava disposto a ser ainda mais permissivo com o mais novo, pelo menos até que a dor da culpa que o corroia se amenizasse.

Também tinha Mu Ziyang. Ele estava se esforçando tanto naquelas semanas. Estudando seriamente sobre leis, mapas... Se integrando ao clã de verdade e não hesitando em perguntar se algo não ficava claro. E, no fim do dia, os dois sempre acabavam em alguma conversa interessante sobre o conteúdo estudado por ele durante as horas anteriores.

Mu Ziyang merecia uma festa.

Um descanso.

- Me desculpe, eu nem pensei por esse lado. Em casa sempre tem tanta gente pra tomar conta de tudo que nunca precisamos nos preocupar com isso. – ele cruzou o espaço que os separava e parou atrás de YueYue, com as mãos grandes nos ombros alheios, começando uma massagem singela. Riu de leve ao perceber da dificuldade do marido em mexer com o celular, mas não com o intuito de ser debochado, como YueYue bem sabia. Mu Ziyang era um livro aberto e fácil de ler, então era fácil saber que aquele era um riso bobo de felicidade, por YueYue dar uma chance ao aparelho que ficava em seu bolso, quase como um enfeite na maior parte do tempo. – Quer ajuda?

- Seu irmão me enviou um documento e queria minha opinião, mas não consigo abrir. O que tô fazendo de errado? – suspirou, frustrado.

- Xikan tá abusando da sua boa vontade de novo?

- Não fale assim. Ele só me pergunta coisas que fazem parte do acordo de proteção entre os clãs. – mesmo que a oportunidade de conhecer os cunhados pessoalmente tivesse escapado de suas mãos por diversas vezes, mantinha um contato direto com eles. E, para o desespero de Mu Ziyang, passara a tratar Xikan como tratava Ling Chao, mesmo que à distância. – E nem foi ele quem me pediu, foi o Zheng. Ele estava com uma dúvida em um projeto e soube que tenho algum conhecimento, então... Vai me ajudar ou ser um irmão implicante? – mesmo que quisesse a ajuda, sentiu falta das mãos de Mu Ziyang em seus ombros.

- Acho que deu erro quando você baixou o arquivo. Onde ele mandou? – ele pegou o celular na mão, mas continuou onde estava, dando apenas um passo pra frente para que YueYue pudesse continuar vendo a tela enquanto mexia nela. Com aquilo, seu peito colou nas costas alheias, mas nenhum deles se importou de sair daquela posição enquanto continuavam a conversar e verificar o tal documento.

Nenhum deles viu que estavam sendo observados também.

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Ling Chao não conseguiu esconder o quão deslumbrado se sentiu ao descer da aeronave de pequeno porte que os levara até a festa. Nunca tinha estado fora de seu próprio clã antes e se sentia completamente deslumbrado com as belezas que cercavam aquele lugar.

O ninho de Zhou Rui ficava em uma antiga cidade no extremo sul do que antes era conhecido como o país mais populoso do planeta, mas de nada se parecia com como os livros retratavam aquele lugar no milênio anterior. Os antigos prédios eram tomados por uma beleza natural, sem os materiais antes fabricados pelos humanos, mas também não tinham a aparência rústica e florestal, pelo menos não em sua totalidade.

Algumas construções realmente se pareciam com casas na árvore, mas a maioria era de uma complexidade estrutural e arquitetônica que Ling Chao não conseguiria descrever em palavras, nem se passasse muito tempo tentando.

Tudo era perfeito à sua maneira, e o conjunto até o fizera se esquecer completamente do quão enjoado ficara com a viagem de avião.

- Eu não acredito que vieram mesmo, isso me admira e me alegra. – Zhou Rui os recepcionou e conduziu para os veículos que os levaria até o prédio onde ficariam hospedados e poderiam se preparar para a noite festiva. – Quem ficou no seu lugar?

- Meu pai ficou muito contente em nos deixar descansar e curtir um pouco. – Mu Ziyang foi quem respondeu, visto que, assim como Ling Chao, YueYue também estava absorto pela beleza do lugar.

Ao contrário do irmão, ele já havia saído do clã e visitado alcateias e ninhos (e tinha até se arriscado em uma cidade humana, já que estava sozinho e tinha se alimentado há pouco tempo, o que o tornava menos perigoso do que um cão raivoso), mas nenhum daqueles lugares se comparava com o ninho de Zhou Rui.

Não era por nada que ele era um dos maiores líderes do mundo.

- Venham, vocês precisam se instalar antes de começar toda a bagunça. Estão tão deslumbrados e nem viram as melhores partes. – a fada sorriu e os acompanhou até o carro, que não demorou a levá-los até uma casa grande e espaçosa, com uma decoração clara e harmoniosa.

Mu Ziyang e YueYue perceberam que seus pertences já estavam em um dos quartos, e Ling Chao ficou um pouco aliviado de seus aposentos não serem tão afastados dos de seu irmão.

Queria sua independência, mas também conseguia entender que estar em um lugar desconhecido, sozinho, não era o mais inteligente.

Com um sorriso, disse um "até daqui a pouco" para o irmão, e passou pela porta, enquanto o casal fazia o mesmo no quarto ao lado.

Casal... Aquilo parecia cada vez mais real entre aqueles dois e o mais novo tinha em seu coração um misto de sentimentos.

Era lógico que gostava de BuFan. O guarda costas era praticamente um outro irmão para ele, e tinha sido o próprio Ling Chao a pessoa que deu apoio ao romance dele com YueYue desde o começo, mas as coisas tinham mudado tanto. Ele continuava gostando de BuFan (até mesmo tinha deixado claro quenão aguentaria Yanjun em seu pé por muito mais tempo), mas não o via mais como o par ideal. Não para seu irmão.

Era uma intuição, ou talvez fosse apenas a amizade com Mu Ziyang, que o fazia pensar que ele era quem deveria ficar com YueYue.

Eles eram tão mais perfeitos juntos.

Mas, infelizmente, não era ele que deveria escolher.

Deixou de pensar sobre a vida alheia e decidiu tomar um banho relaxante de banheira e dormir um pouco antes do evento daquela noite.

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- O que é aquilo? - Zhou Rui sorriu de forma tenra para o afilhado, que instintivamente segurava seu braço em total surpresa com todas as coisas diferentes que estava vendo. Em sua outra mão, a fada segurava uma xícara e tomava um licor de tonalidade âmbar, que poderia ser confundido com wiskey, não fosse o cheiro forte de flores silvestres.

- Aquilo é uma fada. - a resposta poderia soar arrogante aos ouvidos de um estranho, mas todos que o conheciam, sabiam que aquele era o tom mais calmo que Zhou Rui poderia usar. - Nunca viu nenhuma assim? - Ling Chao engoliu seco e negou com a cabeça, ainda com os olhos fixos na criatura extremamente grande (devia ter bem uns 3 metros de altura), de pele negra e lisa, tal qual ébano, e olhos completamente brancos que estava do lado oposto do espaço em que uma espécie de cerimônia do chá acontecia. E ele não era o único. A quantidade de pessoas com formas direfentes era assustadora para o vampiro que, até então, só tivera contato com aqueles que se pareciam conseigo. - As fadas são criaturas mutáveis e escolhem como querem ser vistas e apreciadas. Nos primórdios da humanidade, quando ainda nos escondíamos e fingíamos ser um dos humanos, a maioria de nós decidiu aderir a aparência deles. Aqueles que mantiveram formas diferentes eram tratados como mitos, lendas ou, até mesmo, divindades. - ele olhou em volta e seus olhos pousaram em uma moça que estava ao lado deles. Seus cabelos eram laranja, seus olhos bem escuros e ela era esguia, coisa que o belo vestido que usava evidenciava, mas eram suas asas que chamavam a real atenção para ela. Asas grandes e em uma mistura de tons de rosa e dourado, que combinavam com sua roupa. - Aquela é Lunie. Ela nasceu e cresceu nas florestas, perto de lagos bonitos e altares que os humanos contruíam para ela. Sua forma era essa, mas em um tamanho bem menor. Ela cabia na palma de sua mão, se quisesse.

- Ela é linda... - Ling Chao parecia ter esquecido o estranhamento inicial, e até deixara de tocar Zhou Rui, um pouco mais à vontade.

- Claro que é, ela é uma fada. - levou a xícara aos lábios de novo, observando Ling Chao mordiscar o lábio inferior e suspirar. - O que te perturba tanto? É tão esquisito assim?

- Não. Eu só estava pensando que vocês já viveram tanto, sabem tanto, e eu sou só uma criança... Eu sempre me irrito quando me chamam assim, ou me tratam assim, mas essa é a verdade. Tenho muita coisa para aprender, ou nunca vou poder ajudar o YueYue em nada útil. - a auto-crítica fez Zhou Rui sorrir de novo. Eram poucas as vezes que podia ver Ling Chao em seu processo de amadurecimento sem escutar frases de conforto. As fadas não eram de dar conforto para suas crias, apenas auxiliavam e ensinavam o caminho a ser seguido.

- Não se preocupe com isso hoje, Ling Chao. Divirta-se e depois pode pensar melhor em como se tornar um vampiro mais apto para ajudar seu clã.

E Ling Chao obedeceu. No começo ficou dividido entre estar em companhia de seu padrinho ou seu irmão, mas logo acabou desenvolvendo conversas paralelas com alguns grupos de vampiros, fadas e até lobos. Mesmo que não tivesse experiências de convívio fora de seu espaço, parecia demonstrar uma grande facilidade de comunicação e integração.

- Acho que temos um grande diplomata em casa e nunca nos demos conta. - Mu Ziyang comentou com YueYue, que bebia um vinho doce e observava o irmão de longe. - Ele pode trabalhar com isso.

- Não sei. Não que eu não confie no Ling Chao, mas a saúde dele é...

- Ele precisa saber até onde ir, YueYue. É quase um adulto, por mais que você não goste da ideia. - ele abraçou o marido pelo ombro e quase riu ao ouvir um suspiro resignado. - Pode começar só parando de cercar ele por toda a sala, que tal? Ninguém aqui vai fazer nada de ruim. - Mu Ziyang não virou o rosto para encarar YueYue, mas tinha certeza que o marido estava totalmente sem graça por ter sido descoberto em sua super proteção. - Vem aqui, vou te apresentar algumas pessoas. - sem esperar uma resposta ou mesmo uma concordância, puxou YueYue para longe.

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- Eu disse que não era uma boa ideia tirar os olhos dele. – YueYue estava resmungando, ao final da celebração, enquanto ajudava Zhou Rui a carregar um Ling Chao bem sonolento e levemente zonzo até a própria cama. – O que tinha naquelas bebidas, afinal? – não podia ter certeza que uma delas tinha causado aquilo, mas era uma possibilidade, já que passara ao menos meia hora em uma conversa nem um pouco animada com uma ex-namorada de Mu Ziyang, que insistia em lembrá-lo do quanto tinham sido felizes juntos, e que o forçara a tirar a atenção que normalmente tinha sobre o irmão.

Ridículo.

Era claro que ficava feliz em ver Ling Chao fazendo amizades, conversando, aprendendo e trocando algumas ideias com pessoas diferentes de seu círculo, mas quando o viu quase perder a consciência enquanto conversava com uma fada, toda aquela felicidade se esvaiu em preocupação.

E o fato de estar irritado com a conversa que estava tendo antes daquilo só o cegava mais.

- Nenhuma bebida que foi servida deixaria um vampiro nesse estado. – Zhou Rui disse aquilo de forma tão ofendida que YueYue se sentiu totalmente envergonhado pela insinuação descabida e descuidada.

- Desculpe, eu... Você sabe como eu fico quando se trata do Ling Chao.

- Não preciso das suas desculpas. Preciso entender o que está acontecendo aqui. – eles tiraram os sapatos do mais novo e a fada logo se apressou a se colocar ao lado de Ling Chao na cama, olhando os olhos bonitos e entreabertos oscilarem de cor. Ora castanhos escuros, ora cinzas. Zhou Rui estava mesmo intrigado, pois em momento algum, em toda a existência do afilhado, havia lhe passado o pensamento de que ele poderia ser ainda mais diferente do que demonstrava ser. Não acreditava que deixara passar algo tão simples de suas mãos, sendo que havia convivido com o menino, e com a agonia que era sua frágil saúde, por tanto tempo.  – Ling Chao precisa de sangue. Se trouxe em sua mala, como acredito que tenha feito, vá buscá-lo.

- Mas ele se alimentou antes de vir pra cá. O que está acontecendo?

- Faça o que eu mandei, depois vou te explicar o que descobri. Agora ande logo. Vai. – sem nem se mexer direito, Zhou Rui enxotou YueYue do quarto e sorriu de leve ao olhar de novo para o menino ao seu lado. – Quem diria, não é mesmo, Ling Chao? Quem diria...

Do lado de fora, YueYue se deparou com uma cena nem um pouco agradável.

Mu Ziyang e sua ex conversavam na porta do quarto do casal, e era evidente que tinham bastante intimidade, visto que ela – de quem YueYue não lembraria o nome nem se sua vida dependesse disso – tinha uma de suas mãos no peito de Mu Ziyang, enquanto a outra fazia um carinho singelo nos ombros largos dele.

Ela nem mesmo disfarçou quais eram suas reais intenções, quando foi a primeira a ver YueYue e, aproveitando disso, se colocou nas pontas dos pés para selar seus lábios com os de Mu Ziyang. O que ela não esperava era que não conseguisse fazer aquilo, sendo freada pelo próprio vampiro que estava em sua frente.

Mu Ziyang a segurou pelos ombros e deu um passo para trás quando percebeu o que ela faria. Perguntaria o que ela pensava que estava fazendo, mas se assustou com YueYue pigarreando e passando entre os dois para acessar o quarto.

Não pensou duas vezes antes de segui-lo, deixando a ex do lado de fora.

- YueYue, eu... Não é o que você tá pensando. – o desespero no olhar do marido era tanto que YueYue teria rido, se não sentisse que precisaria se vingar um pouco.

Tinha aturado aquela mulher dando em cima de Mu Ziyang descaradamente por meia hora, e depois tinha sido obrigado a presenciar aquela ceninha ridícula na porta de seu quarto, então merecia uma pequena vingança.

Não que se importasse que alguém se insinuasse para o marido.

Só achava ridículo.

- Essa é, definitivamente, a frase que menos te dá credibilidade. – ele o viu engolir seco e, no segundo seguinte, estar em sua frente com uma expressão de puro desespero e culpa. YueYue sentiu o coração falhar uma batida e não conseguiu prosseguir com o castigo que seu cérebro tinha arquitetado. Ele era tão mole. – Eu vi o que aconteceu, só tira essa mulher da nossa porta antes que eu volte. Preciso levar isso pro Ling Chao.

Não conseguiu segurar o riso ao ver Mu Ziyang tão mais aliviado, mas se apressou a sair dali para poder levar o sangue para o irmão.

Talvez gostasse de saber que o marido levava suas opiniões sobre ele em consideração.

Talvez gostasse de saber que o marido o respeitava, também.

Talvez gostasse...

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- Como eu imaginei... – Zhou Rui viu Ling Chao beber o sangue com vontade, conseguindo uma estabilidade para sentar e se mostrar mais desperto.

- Wow, isso tava muito bom. – Ling Chao manchou a manga de sua camisa ao limpar os lábios sujos de sangue, mas não ligou. – Parecia que eu não me alimentava há séculos.

YueYue estava muito confuso, já que dificilmente um vampiro se sentia tão faminto se tinha se alimentado há tão pouco tempo, mas o irmão parecia tão bem depois de beber, que apenas conseguiu agradecer Zhou Rui pelo pensamento rápido.

- O que você imaginou? – YueYue perguntou, vendo a fada respirar fundo antes de acariciar os cabelos brancos de seu afilhado.

- Ling Chao não fica doente porque veio de uma gestação ruim. Ele não tem momentos de fraqueza por ser frágil. Ling Chao apenas está no limiar, seu corpo nunca foi testado para entender o seu outro lado, então padece em doenças que não são comuns para a sua espécie. – YueYue estranhou que a palavra “sua” tenha sido dirigida apenas a ele e não ao irmão em conjunto.

- Como é que é? – Ling Chao olhava Zhou Rui com o rosto totalmente torcido em confusão. – Que monte de baboseira é essa de “limiar do corpo”. Você fala muito difícil, padrinho.  O que tudo isso quer dizer? – a risada dele ecoou pelo cômodo, mas foi calada pela frase seguinte de Zhou Rui.

- Que você é um híbrido.

Continua...