História A nova geração: Imprevistos - Mistérios se desenrolando

Estávamos naquela pequena sala circular já fazia quase uma hora, Scorpius não me deixou abrir a boca pois ele tinha algo mais urgente para me contar. Ele estava aflito, como se temesse pronunciar todas aquelas palavras. Eu não consegui receber a notícia com muita naturalidade.

Scorpius se sentou no enorme sofá a frente da lareira após terminar de falar, eu, por outro lado, andava em sua frente com a mão no queixo alternando o olhar do chão para ele.  Lado meu já imaginava mesmo sendo óbvio de mais, outro achava que não se passava de uma armadilha e este lado gritava mais alto.

- Por favor, fale alguma coisa! - escuto de repente a voz Scorpius pedir em um tim nervoso, dava para notar que ele estava se arrependendo por ter me contado aquilo.

Não respondi mas parei de andar, a noite já pintava o céu de estrelas lá fora, olhei pela janela e suspirei baixinho, estava nevando, em novembro! Era a primeira vez, a época de neve começava no início de dezembro, dessa vez veio mais cedo, como as surpresas que chegavam até mim. Senti o olhar fixo de Scorpius em minha nuca.

Suspirei alto e me sentei no braço do sofá, logo ao lado dele.

- Você poderia ter me contado antes, sabe, parecia tão óbvio que parecia não haver coerência. - disse sem desviar minha atenção da lareira.

- Eu não tinha clareza do que estava acontecendo, Rô. - Scorpius põe sua mão sobre minha coxa e entrelacei meus dedos com os seus. - Só percebi o que estava acontecendo hoje a tarde, eu teria sim te contado se soubesse que ele estava me manipulando. 

- Isso me parece muito uma armadilha - repeti em voz alta o meu pensamento de minutos antes - Por que assinar aquelas cartas com a primeira letra do seu nome, Scorpius? O anônimo S... Você me enviou todas aquelas cartas por todo esse tempo bem debaixo do meu nariz, como eu não consegui deduzi algo tão simples? Por que você não virou suspeito?

- Acho que foi por esse exato motivo que me escolheram para escrever as cartas com uma assinatura óbvia, pois sabem que você não acredita que a resposta certa pode ser a mais óbvia. Eles te conhecem muito bem.

- Eles quem? E como sabem tanto sobre mim e eu não tenho nenhuma suspeita plausível se quer? - faço gestos largos com os braços e me viro para olha-lo - Você sabe quem estava te manipulando? Você viu o rosto? Ou se lembra do timbre da voz?

- Eu não sei, lembro vagamente da pessoa nos colocar em fileira e citar o que deveríamos fazer, tínhamos regras claras e simples, quando ela terminava de falar automaticamente íamos para o lados opostos como se não fôssemos nós quem controlava nossas pernas. - Scorpius fez uma carta que se estivéssemos em outro momento eu poderia ter achado fofa. - Ela tinha controle total sobre nós. Eu não sabia o que estava fazendo até então.

- Uma coisa não me faz sentindo, por que agora esta pessoa te libera? Será que é por que estamos ficando sem tempo e ele ou ela está dispensando as distrações para finalmente realizar o que tanto queria? 

- Pode ser.

- Essa situação me faz sentir uma burra inútil. 

- Ei, não fala isso, Rô.

Scorpius me abraçou ternamente e me permiti ceder à aquele momento. Eu precisava de um abraço, mas eu precisava mesmo é de respostas, detesto não saber das coisas, é frustrante.

- Você se lembra de quem estava te persuadindo a fazer aquilo? - minha voz saiu abafado por conta que meu rosto estava enterrado no peito dele - Digo, lembra um pouco n que seja da voz? Tenta procurar no fundo das suas memórias distorcidas.

- Tenho quase certeza que era uma garota, mas o tempo inteiro ela só usava uma capa comprida com capuz escondendo o rosto.

- Você acha que ela te dispensou realmente ou só te fez ficar confuso para me contar o que sabia?

- Sinceramente? Eu não faço a menor ideia, por quê?

- Porque eu pensei num plano que pode nos ajudar a chegar perto da resposta.

Naquela noite de outono eu mal pude contar o que eu queria ao Scorpius, mas por um lado foi melhor assim, o plano pode vir a ser eficaz mesmo contendo falhas abruptas se não exercido com cautela. O que realmente mais me incomodava era o fato de não saber o que essa garota desconhecida tem haver com nossas vidas, se ela podia manipular todos mundo e se expor na frente dos professores e de toda Hogwarts, então o que mais ela é capaz de fazer? 

Acabei dormindo no sofá junto a Scorpius, ele não tinha se demonstrado muito contente com meu plano, eu sabia disso pois ele achava muito perigoso e meu namorado prefere seguir pelo caminho mais fácil quando não envolve pessoas que ama, não é de seu feitio se arriscar a toa. De certa forma não era a toa mas de outra eu até concordava com ele. Mas que escolhas temos? A Voz e essa garota - se é que não são a mesma pessoa - estão nos precionando a contar sobre um assassinato que nós mesmos presenciamos. Não havia outra escapatória senão nos arriscar um pouco para sairmos do ponto de partida.

Afinal a Garota Encapuzada estava vários passos a nossa frente.

A noite estava serena, e eu não sonhava com nada quando o som de vidro se partindo me despertou do sono, como Scorpius me abraçava se tornou difícil me soltar dele uma vez qye o garoto praticamente roncava e um rico de baba escorria pelo canto de sua boca. Passei meus olhos pela salinha escura e parecia anormalmente calma, meu coração já palpitava fortemente e foi quando escutei meu nome ser chamado.

- Rose... Estou te vendo, Rose...

Cogitei a ideia de balançar Scorpius freneticamente mas me senti paralisada quando vi olhos bicolores e uma mão ensanguentada segurando fios ruivos vindo em minha direção em meio a escuridão. Fechei meus olhos com força e enterrei minha cabeça na curva do pescoço de Scorpius, meu corpo tremia e me surpreendi por ele não ter reparado e acordado.

O dia seguinte amanheceu como se nada tivesse acontecido, não comentei o episódio da madrugada com Scorpius por eu achar que minha cabeça estava me pregando uma peça, afinal estávamos com problemas de mais para incluir na lista eu enlouquecendo. Felizmente teríamos a primeira aula do dia juntos, História da Magia e sem querer a monotonia era de dar sono, uma hora ou outra eu chegava a ouvir os roncos abafados de certos alunos.

- Quando ela vai chagar? - perguntei num sussurro me referindo ao plano que fizemos na noite passada.

 - A qualquer minuto. - ele cochicha de volta.

Balancei a cabeça afirmativamente e Scorpius me puxa para eu apoiar minha cabeça em seu ombro, ele me envolve em seus braços e passamos a assistir o restante da aula daquele jeito. Eventualmente sentia o nariz de Scorpius encostar no meu cabelo e inspirar o aroma do meu shampoo, o que me causava pequenas cócegas.

A aula estava quase no final quando uma pomba de papel pousou na nossa frente. Franzi a testa tentando procurar pela única pessoa que fazia aquilo para mim e não o encontro na sala. Cautelosamente desdobrei o papel, era uma carta. Meu sangue gelou ao ler aquilo, não, não, não! Mordi o lábio tentando conter minha raiva e frustração e sem explicação alguma deixei a sala sem dizer nada.

Rose e Scorpius: vocês provavelmente estão agora se correndo de curiosidade e nervosismo para exercer o plano fajuto de vocês. Sinceramente, esperava mais de você Rose. Vocês jamais iriam conseguir alguma coisa nisso em saber quem eu sou ou quem é a Voz, que aliás, que a única pessoa que sabe fazer uma pomba de papel. Ah e não se esqueçam: há um elemento surpresa comigo, meu namorado que é próximo de vocês. É melhor não fazerem nada imprudente pois o tempo de vocês está correndo e posso tomar várias medidas drásticas. 

Beijinhos,

  R e Voz