História A Ordem do Lírio - Problemas

Fiquei surpresa, confesso. Parecia ter funcionado perfeitamente e, mesmo depois de Tahena ter dado piruetas e testado suas habilidades, não parecia nem um pouco cansada. John sorria triunfante ao ver o sucesso de sua nova arma de guerra, e consegui ouvir ele perguntar ao homem de jaleco branco se já poderia transformar o próximo. O homem fez que sim com o dedão e John pegou novamente seu microfone.
- Millie, minha querida, é a sua vez. – Ele disse, e a multidão trancou a respiração novamente. Eu estava realmente curiosa para saber em qual animal aquela criança iria se tornar. Com certeza eu não conseguiria vê-la como um doce gatinho, ou um ursinho-panda (Aqueles ursos preto-e-branco que entraram em extinção lá pelo ano de 2020). Ela era só uma criança, e tinha uma aparência frágil, mas havia algo naquela garota que intimidava. Aquele cabelo preto e curtinho, preso por uma tiara rosa, deixava à mostra os olhos negros de uma pessoa que já sofreu muito e hoje já não se importava.
Eu também não conseguia entender porque Millie só usava uma camiseta branca que chegava até seus joelhos, e nem porque andava descalça, mas na Ordem ninguém parecia se importar muito com aparências (Vide Tahena).
Millie se dirigiu para a máquina, como um pequeno robô, e o homem de jaleco a ajudou a deitar-se em seu “casulo”.
O compartimento onde Millie estava entrou novamente na máquina. Os botões foram novamente apertados e o zumbido baixo encheu novamente o salão, ficando cada vez mais alto.
Até que toda a platéia soltou uma exclamação de susto. A máquina começou a fazer uns barulhos de explosões, como se algo tivesse se quebrado no seu interior, e começou a soltar muita fumaça.
- Tire-a dali! – John exclamou, agitado, e o homem desligou a máquina, logo em seguida puxando o compartimento onde Millie estava.
Ele abriu e a multidão soltou mais um “aah”, inclusive eu. Os olhos negros de Millie estavam enormes, como as daquele desenho velho que minha mãe gostava, “As meninas super poderosas”.
- Apaguem as luzes! – A garota pediu, tapando os olhos com as mãos, e as luzes do local foram apagadas.
- Que animal ela virou, Willian? – John perguntou, desesperado, e o homem de jaleco branco veio com uma prancheta eletrônica na mão.
- Senhor John, ela absorveu os genes de uma coruja. – Willian disse, sério. – A máquina não estava preparada para fazer mudanças tão grandes em uma criança, como olhos gigantes.
- Você está bem, Millie? – Tahena perguntou para a criança, que se encolheu quando as luzes foram novamente acendidas.
Ela tirou a faixa em sua cabeça, fazendo a franja cobrir seus olhos e tapar boa parte da luz.
- Melhor agora. – Ela disse simplesmente e, sorrindo, saiu do salão.