História A Ordem do Prazer - Eu nunca tinha visto Emma daquele jeito.

Fui acordando aos pouquinhos sentindo o cheiro delicioso que emanava de Emma. Eu estava completamente abraçada ao seu corpo, meu rosto escondido na curvatura do seu pescoço, minha perna direita sobre seu quadril e Swan alisava minha coxa lentamente. Foi aí que eu percebi que ela estava acordada.

Agarrei-me ainda mais ao seu corpo, eu não queria ter que sair dali, estava muito bom! Ouvi um riso fraco de Emma e logo depois ela depositou um beijo no topo da minha cabeça.

– Bom dia. – falou, subindo sua mão esquerda até minha cintura, depois voltando para minha coxa.

– Hum... Bom dia. – minha voz estava bastante sonolenta. – A gente tem que trabalhar mesmo? – perguntei.

– Sim. Você não pode perder aula na faculdade atoa. E temos muito trabalho para terminar, já que ontem estávamos ocupadas demais. – ironizou, puxando-me mais contra sí.

– A gente não pode perder nem uma horinha de trabalho? – perguntei em tom malicioso.

– Hum... Não sei. – respondeu entrando no jogo. – E o que faríamos nesse tempo?

– Muitas coisas... – falei fazendo círculos imaginários com o indicador em seu abdômem. Emma sorriu ficando sobre mim no mesmo momento.

– Você não deveria brincar com a minha imaginação a essa hora da manhã. – vi seus olhos verdes ficando em um tom escuro rapidamente. Logo puxei-a para um beijo.

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Emma foi para sua casa quando eu fui para banho, pois estava apenas com a roupa do dia anterior e precisava se arrumar.

Cheguei ao hospital antes de Emma, então fui para a recepção conversar com as meninas, e o assunto do momento era Ruby contando sobre o desempenho de Graham na cama. Nunca levei a sério as loucuras da minha amiga, mas era sempre muito engraçado.

– Olha, adoraria saber se o desempenho de Emma no sexo é tão bom quanto o do irmão, vai que é genético. – riu. – Mas suspeito que o de Emma seja até melhor. – falou baixo para que apenas Belle e eu escutássemos. Óbvio que fiquei desconfortável ao ouvir aquilo, uma pontada de ciúmes também, mas tentei disfarçar.

– Ela tem cara de ser boa na cama. – falou Belle, um pouco envergonhada.

É Bel. Na cama, na poltrona, na mesa, até na porta do meu apartamento... E me arrepiava só de imaginar em que lugares mais. Sai dos meus devaneios e voltei a minha atenção à conversa.

– Adoraria saber quem é a sortuda atual amante dela, eu faria tantas perguntas! – Ruby falou toda animada. Engasguei-me no mesmo instante, chamando atenção de ambas as minhas amigas.

– E-eu vou dar uma adiantada no meu trabalho. – falei nervosa, saindo dali rapidamente.

Eu estava organizando algumas coisas em minha mesa quando Emma finalmente chegou. Veio até mim dando-me um selinho demorado.

– Adiantando o trabalho para terminar mais rápido? – brincou indo para sua mesa.

– Talvez. – falei sorrindo.

Havíamos feito boa parte do trabalho que estava acumulado, nosso humor estava ótimo naquela manhã, mas aquilo só durou até Emma decidir pegar o envelope misterioso que Lily havia a entregado no dia anterior e ler o conteúdo que estava nele.

– Desgraçados!!! – gritou batendo as mãos na mesa e se levantou de sua cadeira. Assustei-me imediatamente. – Eu vou matá-los, vou destruir a vida daqueles imbecis! – andava de um lado para o outro com pura expressão de ódio. Eu nunca tinha visto Emma daquele jeito. Pensei em falar com ela mas fiquei receosa, mal consegui me mover na cadeira.

Swan pegou seu celular fazendo uma ligação com pressa.

– Lily, venha aqui no hospital agora! – falou e, pelo que notei, não esperou resposta. Encerrou a chamada e em seguida jogou o celular na parede com força. O iPhone ficou aos pedaços, sem mais nenhuma condição de uso.

Poucos minutos depois Lily chegou, entrando às pressas na sala. Sentaram-se no sofá e conversaram em voz baixa. Pouco consegui ouvir, apenas coisas do tipo "Eles irão pagar por tudo que fizeram" ou "Vou perseguí-los até o inferno se preciso", tudo dito por Emma sempre que se exaltava mais.

Depois de um bom tempo de conversa, ficaram em silêncio. De repente Lily aparece ao meu lado, me assustando à princípio.

– Regina. – falou baixo, sem usar formalidades. – Acalme ela. – pediu, referindo-se a Emma. – Eu preciso ir agora. Qualquer coisa ligue para mim, okay? – avisou. Apenas assenti e ela foi embora.

Girei minha cadeira e vi Emma sentada no sofá, com os cotovelos apoiados nas pernas e as mãos cobrindo o rosto. Me aproximei dela e ajoelhei a sua frente.

– Emma, ei... Olhe 'pra mim. – pedi com a voz suave. Swan tirou as mãos da frente do rosto e vi que seus olhos estavam cheios de lágrimas. Ela estava chorando! Meu coração se quebrou naquele momento. Eu só queria acalmá-la, independente do que tenha a deixando naquele estado.

Seus olhos fitaram os meus e tudo que eu via era dor naquele olhar esverdeado, agora marejados pelas lágrimas.

Ela segurou em meus braços fazendo-me ficar de pé. Me puxou pela cintura e então sentei-me em seu colo. Me envolveu com os braços em um abraço apertado e deitou sua cabeça no meu ombro, permanecendo assim.

Eu fazia carinho em seus cabelos loiros sentindo as lágrimas de Emma em meu pescoço. Fechei os olhos desejando silenciosamente que aquela provável tristeza que Swan estava sentido desaparecesse.

Não sei quanto tempo exatamente ficamos daquele jeito, minutos ou talvez até horas, não fazia diferença para mim, poderíamos passar o resto do dia abraçadas, eu só queria que Emma ficasse bem.

Depois de um tempo percebi que ela não mais chorava, então resolvi falar algo.

– Emma. – chamei sua atenção. Ela afastou-se um pouco de mim, apenas o suficiente para fitar-me. Seus olhos estavam  vermelhos, uma expressão de cortar qualquer coração. – 'Ta melhor? – perguntei.

Swan apenas assentiu. Segurei seu rosto com ambas as mãos e lhe dei um selinho demorado. Quando ia separar nossos lábios, ela me segurou pela nuca e aprofundou o beijo. Só paramos quando o ar se fez necessário.

Ela olhou para mim novamente e sorriu, acariciando meu rosto com uma das mãos. Fiquei aliviada por vê-la sorrir. Então Emma deitou-se sobre mim no sofá e voltou a me beijar, de forma lenta e apaixonada. Ela tocava meu corpo mas eu percebia que era sem segundas intenções. Swan estava frágil, era perceptível isso, por mais que fosse totalmente estranho para mim ver aquela minha chefe imponente daquele jeito. Ela precisava de carinho, atenção. E eu daria isso a ela. Por isso ficamos ali, entre beijos e carícias por um bom tempo.

Emma deitou sua cabeça em meu peito e me abraçou forte. A envolvi em meus braços e fiquei massageado suas costas e nuca até ver que ela tinha dormido. Acabei me deixando levar e peguei no sono logo em seguida.

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Quando acordei, percebi que Emma já não estava mais em meus braços. Olhei para o lado e a vi sentada no outro sofá olhando-me. Estava descalça e com a camisa aberta. A verdadeira visão do paraíso.

– De que substância foste modelado, Se com mil vultos o teu vulto medes? Tantas sombras difundes, enfeixado. Num ser que as prende, e a todas sobre excedes; Adônis mesmo segue o teu modelo. Em vã, esmaecida imitação; A face helênica onde pousa o belo Ganhou em ti maior coloração; A primavera é cópia desta forma, A plenitude és tu, em que consiste. O ver que toda graça se transforma No teu reflexo em tudo quanto existe: Qualquer beleza externa te revela Que a alma fiel em ti acha mais bela. – recitou de forma majestosa para mim.

– William Shakespeare. – falei, ao reconhecer o poema.

Emma sorriu, um sorriso lindo! Sentei-me ajeitando meus cabelos emaranhados, mas que, sem muito esforços, logo estavam em ordem.

– Obrigada. – falou fitando-me.

– Pelo quê exatamente? – perguntei.

– Por ter ficado comigo hoje, você sabe... Fez eu me sentir melhor. – respondeu com um sorriso singelo.

– Não tem porquê agradecer, Emma. – disse, levantando-me e sentando ao seu lado. Swan segurou minha mão, entrelaçando nossos dedos.

– Sim, tem. Se não fosse por  você, esta sala estaria toda quebrada agora. – riu. – A Lily vai sair hoje à noite, pensei em te chamar para ir jantar na minha casa. Você aceitaria? – perguntou.

– É claro. – selei nossos lábios.

Fomos terminar o resto do trabalho que tínhamos para hoje o mais rápido que conseguimos. Emma disse que me buscaria em casa, então sai primeiro pois tinha prometido a Ruby que a levaria para casa.

Fui com minha amiga para o estacionamento do hospital e assim que entramos no carro ela foi logo falando.

– Quando você iria me contar que 'ta transando com a Swan? – congelei no mesmo estante.

– O quê? Eu... Eu não... – droga! E agora?

– Não adianta mentir, Gina. Eu percebi sua reação lá na recepção, e também as trocas  de olhares entre vocês duas sempre. – falou seria.

Não falei nada, não conseguia. Ruby era muito mais esperta do que eu pensava.

– Fala alguma coisa pelo menos! – pediu.

– Pelo amor de Deus, não conta isso 'pra ninguém. – implorei. As palavras saíram rápidas por conta nervosismo.

– Claro que não vou. Mas você deveria ter me contado isso antes! Qual é, Gina! Você é a maior sortuda! – falou batendo em meu braço. Apenas sorri ainda receosa. – Mas eu quero que você me conte tudo, detalhe por detalhe!

– Uma outra hora eu conto, agora vamos logo que eu tenho algumas coisas da faculdade 'pra fazer ainda. – menti. Logo dei a partida no carro e sai do estacionamento.