História A Ordem do Prazer - Jogo empatado.

8 meses depois...

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Terminei o primeiro ano do internato em cirurgia, um ano mais que produtivo, eu diria. 

Muita coisa aconteceu nesses últimos oito meses, e meu relacionamento com Daniel foi um deles. É, ele me pediu em namoro, e eu aceitei. O motivo de eu ter aceitado é algo que me pergunto até hoje. Eu gostava muito do Daniel, ele era meu amigo, muito carinhoso, atencioso, gentil e gostava de mim, já deixou escapar um "eu te amo" vez ou outra, mas eu não conseguia dizer o mesmo.

Era cômodo estar com Daniel, confortável e estável. Era também algo calmo, nada daquele turbilhão de emoções que era com Emma que, infelizmente, eu não conseguia esquecer. 

Mas eu estava tentando. Não estava iludindo o Daniel de forma nenhuma, ele sabia que não era para mim como era para ele, e aceitava. 

Passei natal e ano novo com minha família e meus amigos que vieram de Vancouver especialmente para isso. O natal foi na casa dos meus pais e o ano novo no meu apartamento, divertido demais, mas em meu coração algo fazia falta, e eu sabia muito bem o que era. 

No final, tudo estava bem, na medida do possível. Eu estava prestes a começar meu segundo e último ano de internato, a empresa do meu pai, ou melhor, minha empresa estava indo muito bem, e meu relacionamento com Daniel também.

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POV. Emma Swan.

Desinteressante. Essa era a palavra que resumia a minha vida depois que Regina me deixou. Nada mais tinha vida, nada mais tinha luz. Eu não tinha vontade de trabalhar, só queria ficar deitada em minha cama vendo fotos da morena que eu tanto amava. Vendo mensagens que trocávamos, os vídeos das câmeras de segurança da minha sala, e tudo aquilo só fazia meu coração doer mais. 

Era uma dor que eu queria sentir, que eu acreditava que merecia sentir. Eu queria poder voltar no tempo e ter arranjado um jeito de ter feito tudo diferente e não ter magoado a Regi.  

Por que ela não me deixava explicar? Não tinha um dia em que eu não me perguntasse isso. Mas eu a entendia, provavelmente estaria fazendo o mesmo se tivesse em seu lugar. 

Não havia um dia em que eu não tentasse ligar para a minha morena, mas ela nunca atendia, e se atendia, quando percebia que era eu, desligava na mesma hora. A única vez que consegui falar com ela foi quando convenci a Lily a ligar e deixar no viva voz, mesmo assim, não adiantou muito.

Levantei-me da cama, não estava com paciência para ir trabalhar hoje, refiz o 'rabo de cavalo' em meu cabelo e desci para a sala. Lily estava vendo TV, passei direto indo em direção a cozinha pegar um copo d'água.

– Não vai almoçar? Já passa das duas da tarde. – ouvi a voz de Lily me perguntar. Virei-me e a vi encostada ao balcão da cozinha.

Peguei meu celular no bolso da calça de pijama, constatando que realmente já estava tarde. 

– Tô sem fome. – respondi, terminando de beber a água.

– Emma, você tem que comer! Faz tempo que não se alimenta direito. – insistiu. Resolvi ficar calada, eu sabia que ela estava certa, mas eu realmente não conseguia comer. – Vem, vamos 'pra sala assistir um pouco. – chamou, e eu a acompanhei. Lily sentou-se no sofá e eu me deitei com a cabeça em seu colo. 

– Eu sinto falta dela. – falei me referindo a Regina, sem conseguir segurar a lágrima que insistia em cair.

– Eu sei que sente. – disse acariciando meu rosto. – Mas você não pode ficar assim 'pra sempre, já faz quase dois anos, Emma!

– E o que você quer que eu faça? 

– Vá atrás dela. Faça ela lhe ouvir! Você não pode ficar assim 'pra sempre sabendo que não merece isso!

– De que adianta se ela não quer me ouvir? – perguntei.

– Ela vai te ouvir, nem que você tenha que forçar isso. – respondeu.

Fiquei pensando: seria uma boa ideia?

– Eu tenho medo... – revelei.

– Medo de tentar ter a mulher que você ama de volta? – arqueou a sobrancelha direita. – Se você quer a chance de voltar com ela, então suba 'pra o seu quarto, se arrume que eu vou ligar 'pra o piloto do jatinho!

Levantei-me relutante. Algo me dizia que aquilo não ia acabar bem. 

Afastei esse pensamento da minha mente e subi para o quarto. Abri meu guarda-roupas, vendo algumas roupas que Regina tinha deixado alí. As roupas ainda tinham seu cheiro, e aquilo me torturava. 

Peguei um dos vestidos em que ela tinha deixado e o abracei, sentindo seu cheiro no tecido. Eu queria ter Regina de volta, queria a oportunidade de poder explicar o que realmente aconteceu. Talvez realmente seria bom tentar.

Depois de um tempo, deixei o vestido onde ele estava anteriormente e fui me arrumar.

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POV. Lily Swan

Emma estava inquieta na poltrona do jatinho, eu tinha ideia de como ela se sentia. Eu estava sentada ao seu lado e segurei sua mão, tentando lhe passar segurança. Emma poderia transparecer auto confiança e segurança em sí para todos os que lhe cercam, mas quem realmente a conhece sabe que, no fundo de sua alma, ela é frágil. Uma menininha perdida, que só quer se sentir segura.

Já era noite quando chegamos em Boston, pegamos um táxi para irmos para o hospital escola onde Regina fazia seu internato. De alguma forma, Emma sabia onde era. Eu não fazia ideia de como ela conseguia esse tipo de informação.

Quando chegamos no hospital, Emma já foi saindo às pressas e entrando no mesmo. Paguei o táxi e fui atrás dela, mesmo assim perdendo-a de vista, então fui procurar Regina por conta própria.

Perguntei na Recepção se o expediente de Regina já havia finalizado, e a recepcionista, muito educada por sinal, me respondeu que tinha acabado não fazia nem cinco minutos. Então, provavelmente, Regina ainda estava no hospital.

Saí procurando por todos os locais onde não tinham acesso restrito, cada canto daquele hospital onde eu poderia, quem sabe, encontrar Regina, mas não a encontrei. Então resolvi voltar para a recepção, Regina deveria já ter ido embora. 

Mas assim que cheguei na recepção, vi a cena que eu estava pedindo a Deus para que Emma não visse: Regina saia sorridente de dentro de um dos elevadores do hospital, de mãos dadas com um homem um pouco alto e cabelo castanho escuro, assim que estavam totalmente fora do elevador, deram um selinho e continuaram andando. 

Pedi a Deus para que Emma não aparecesse alí, mas já era tarde demais, quando olhei para o lado esquerdo, atrás do balcão da recepção, Emma estava alí, estática, olhando para Regina que estava alheia da situação. 

Mesmo um pouco distante, vi seus olhos encherem de lágrimas, e as mesmas caírem por seu rosto, incessantes. 

Emma era a minha melhor amiga, uma irmã. Doía demais vê-la daquela forma. Eu queria poder acabar com a sua dor, acabar com todo o seu sofrimento. Queria poder ter evitado que ela visse aquela cena.

Meus próprios olhos marejaram. Vi Emma se segurar no balcão como se não tivesse forças para se sustentar em pé. Uma enfermeira a amparou, não pude ouvir mas acho que perguntou se ela estava bem. 

Olhei novamente para onde Regina estava com o homem e vi que finalmente ela viu o que estava acontecendo. 

– Emma! – Regina disse e correu rápido para a direção de Swan. Mais rápido ainda corri em sua direção e a segurei pelo braço antes que ela a alcançasse. – Lily, o que vocês estão fazendo aqui? – ela perguntou totalmente confusa e visivelmente abalada.

– Emma ainda tinha esperança que você voltasse 'pra ela. Que você a escutasse. Mas, pelo jeito, você já seguiu em frente. – falei com raiva.

– Não! Deixa eu falar com ela! – pediu ao ver o estado que Emma estava.

– Não acredito que ela queira falar com você depois do que viu. – respondi olhando para Emma, que no mesmo momento seguiu à passos largos para a saída do hospital. 

Se aquilo fosse uma disputa e, de fato, Emma tinha errado, Regina, por sua vez, naquele momento, deixou o jogo empatado.