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História A Ordem dos Dragões ( Yoonmin- ABO) - O Reencontro


Escrita por: ParkMinRocah

Notas do Autor


Acabei de encontrar uma arte do Kookie com uma pantera negra. 😳

Coincidência?! Rsrs

Espero que gostem da continuação... 💜💜💜

Alerta de sofrência no começo.

Capítulo 16 - O Reencontro


Fanfic / Fanfiction A Ordem dos Dragões ( Yoonmin- ABO) - O Reencontro

 Jin não queria reclamar, mas a charrete ia rápido demais, a estrada era esburacada e sua visão estava parcialmente bloqueada pelas lágrimas o impedindo de ver claramente para onde iam.

- Pare os cavalos, por favor. - Jin sussurrou com a voz rouca e falhada.

Shownu sabia que aquela era uma péssima ideia, a pior de todas. O lugar não era apropriado, parar agora iriam atrasá-los e a chance da guerra os alcançarem era imensa, ainda assim ele direcionou os cavalos para fora da estrada e  diminuiu a velocidade com ajuda do arreio em suas mãos.

- Vossa senhoria, precisa de ajuda? - Shownu fez como quem ia se levantar para ajudar Jin a descer da charrete, mas o curandeiro já tinha praticamente se jogado do banco de madeira, caindo de joelhos no chão e vomitando tudo que tinha no estômago.

Shownu ficou vermelho, sem fazer ideia do que fazer para ajudar.

O ômega parecia tão frágil e o cheiro que ele exalava faziam coisas com o alfa, era como se seu lobo se sentisse apreensivo e na obrigação de proteger o ser que aquele ômega carregava na barriga. O que tornava tudo aquilo, torturante tanto para ele quanto para seu lobo.

Jin finalmente subiu de volta na charrete com a ajuda de Shownu, que segurava com firmeza suas mãos trêmulas e de aparência frágil.

O alfa pegou uma manta debaixo do banco velho e cobriu as pernas do ômega.

- O senhor precisa…

- Jin... - Jin disse sem muita paciência ao perceber que o alívio do enjôo foi curto demais e ele iria passar mal mais cedo do que imaginava. - ...Já passamos do momento de etiquetas, pode me chamar de Jin. - O ômega completou irritado enquanto se encolhia embaixo da manta em suas pernas.

- Shownu. - O alfa disse sorrindo pequeno enquanto colocava a charrete de volta na estrada.

Jin só concordou com a cabeça sem dizer nada.

 Não é que Jin quisesse ser grosso com o alfa que estava lhe salvando a vida, mas era difícil pensar nisso com sua cabeça girando em volta de pensamentos mais obscuros, como a vida de Jimin em perigo e as preocupações, mesmo que indesejadas, pelo Rei das flores.

A viagem foi até que tranquila, se não for contar as vezes que Jin precisou parar para vomitar ou descansar da tontura que o chacoalhar da charrete causava em seu corpo.

No final das contas, Shownu precisou parar numa estalagem para que passassem a noite, antes de voltarem para a estrada.

 O que Jin não conseguiu aceitar muito bem, era o fato do alfa dormir no mesmo quarto que ele para que não levantassem suspeitas, principalmente porque não importava o quanto Jin tentasse esconder sua barriga, o ar protetor que ele exalava deixava qualquer alfa alerta e desconfiado.

- Você fica com a cama, eu durmo na poltrona. - Shownu disse quando Jin voltou do seu banho às pressas feito na casa de banho da estalagem.

- Obrigado. - O ômega disse simplista, não é como se ele fosse oferecer para dormir na poltrona velha de qualquer forma.


Shownu queria muito descansar, mas o cheiro do ômega não o deixava pensar em mais nada.

 Ele bufou irritado, foi até o ômega para cobrí-lo com a coberta que estava usando, pois  ele parecia precisar de todo calor que pudesse conseguir, então saiu do quarto, descendo a estalagem até a taverna barulhenta, com o cheiro habitual de bebida alcoólica envelhecida e couro.

Seus olhos estavam pesados, o corpo dolorido e o maxilar travado. Seu lobo queria aquecer o ômega com seu corpo, porque era isso que ele precisava, era isso que o filhote estava pedindo. Calor do alfa.

Esse era o problema de ter filhotes sem um alfa, as chances de sobrevivência eram mínimas. Fazia parte do instinto da espécie, ômegas e alfas não conseguiam sobreviver por conta própria, era como a natureza havia lhes feito. Era como eram as coisas.

- Qual seu veneno? - Uma mulher sorridente perguntou do outro lado do balcão.

- O que você tiver de mais forte. - Shownu resmungou sem olhar direito para a ômega de cheiro frutal enjoativo.

Shownu jogou umas moedas de bronze na mesa, usando das suas próprias despesas para pagar por tudo ali, até porque ele sabia como funcionavam estalagens de beira de estrada. Se você mostra o ouro, acorda no dia seguinte sem as botinas e as calças.

- Vem de onde, vai pra onde? - A ômega perguntou entregando a bebida num copo embaçado.

Shownu suspirou desanimado. Ele só queria beber em paz.

- Desculpa parecer intrometida. É que você veio com um ômega, mas ele não tem a marca, então…


Merda.


Shownu terminou sua bebida, se levantando da banqueta velha do bar.

- Não é porque você não viu, que ela não exista. - foi o que ele conseguiu inventar no momento, ele só esperava que servisse como boa desculpa para os curiosos que prestavam atenção na conversa.


Jin sentiu o corpo pesado, sua mente o levou de volta para o Reino dos Dragões. Ele queria evitar sonhar porque sabia o que viria a seguir, mas não pode deixar de sentir o coração apertar ao pensar em Jimin todo ensanguentado, morrendo em nome do amor. Namjoon lutando até a morte por lealdades recém criadas.

O ar faltou dos seu pulmão e ele sentou na cama, puxando todo ar que pudesse carregar. Respirando com dificuldade enquanto suor escorria por seu pescoço e testa.

Ele demorou alguns segundos para descobrir onde estava, pulando de susto assim que Shownu entrou no quarto com o rosto preocupado.

- Você está bem? - Jin perguntou agora também preocupado, se levantando para verificar o alfa.

Suas mãos tocaram sua testa e seus olhos passavam atônitos pelo corpo musculoso do maior.

- Temos um problema. - Shownu disse o carregando de volta para cama, tentando evitar que o ômega continuasse com seus pés gelados no piso frio de madeira desgastada.

- O que é? - Jin deixou ser arrastado até a cama, sentando sobre os pés para voltar olhar o alfa com curiosidade. - Tem notícia do reino?

- Não. Infelizmente ainda não ouvi nenhum comentário sobre uma possível guerra ao norte. - Shownu balançou a cabeça, lembrando do porque estava ali. - Jin, eu notei que seu alfa não te marcou.

Jin se encolheu na cama, olhando com medo na direção de Shownu pela primeira vez.

- Não vou lhe fazer nenhum mal. - O alfa disse com as mãos para cima e cabeça baixa, se ajoelhando na frente do menor. - Só toquei no assunto porque um ômega esperando filhotes e um alfa que não é sua alma gêmea no meio do nada, pode gerar tumulto. Seu cheiro, deixa os alfas apreensivos, vão ficar preocupados, querendo te proteger, achando que eu te tirei do seu lar à força ou coisa do tipo.

Jin mordeu os lábios, olhando para todos os lados, menos para o alfa tão tímido quanto ele na sua frente.

- Posso usar um cachecol, ou…

- A senhora da estalagem já notou, precisamos nos marcar Jin. - Shownu engoliu em seco, assistindo o ômega se arrastar pela cama, se encolhendo num canto com os olhos brilhantes de medo e desespero.

- Eu posso dizer…

- Não vão acreditar nas suas palavras. Um ômega nesse estado faria qualquer coisa para proteger a sua cria, inclusive mentir.

- Você não é o meu alfa. - Jin disse tão bravo quanto assustado.

- Eu sei. - Shownu disse calmo. - E é por isso que sei que a marca sumiria em poucos meses, tempo o suficiente para passarmos despercebidos até a próxima província.

Jin tocou em sua barriga saliente, pensando no que precisaria fazer para salvar seu pequeno filhote.

O ser minúsculo em sua barriga chutou sua mão, deixando claro que exigia ser protegido a todo custo.

O ômega suspirou, concordando com a cabeça enquanto inclinava o pescoço em rendição.

Não importa os sentimentos humanos de um alfa, se um ômega sensível e desprotegido se oferece daquela maneira, é quase impossível segurar seu lobo.

E foi exatamente o que aconteceu. Os olhos vermelhos do lobo de Shownu apareceram na superfície de sua íris e ele rosnou, lambendo os lábios de sangue à medida que parte da transformação era feita e seus caninos rasgavam sua gengiva.

Jin choramingou assustado, fechando os olhos com força, sentindo o cheiro forte de madeira e folhas verdes do alfa a medida que ele se aproximava, encostado os cabelos em seu rosto, fazendo cócegas nos seus lábios dormentes.

Shownu rosnou grave e mordeu o pescoço do ômega, sentindo a dor do pequeno e o quanto o filhote rejeitava sua mordida.

Jin chorou alto, gemendo de dor enquanto sua transformação parcial era ativada por instinto. Ele virou o rosto e mordeu o alfa, sentindo o gosto de sangue se misturando com o seu em sua língua.

Ninguém dormiu depois disso, era uma situação desconfortável demais para que conseguissem descansar com isso, o que não os impediu de fingir que nada tinha acontecido.

O resto da viagem foi tranquila e graças a marca e os papéis que o primo do príncipe havia conseguido para eles, a passagem para a província vizinha foi sem maiores complicações.

A casa de inverno do Rei dos dragões era praticamente um castelo e Jimin não queria passar uma impressão de que eles estavam invadindo o lugar, apesar de ser exatamente o que isso era.

Ninguém acreditaria em visitantes reais sem uma equipe completa de empregados no local, então Shownu achou melhor que eles ficassem num bangalô atrás da propriedade do Rei, que servia provavelmente para servos encubidos de cuidar do lugar.

O Rei dos dragões nunca visitou o lugar depois da morte do pai e parecia por pouco, abandonado.

Jin agradeceu o espaço gigantesco em que se abrigaram, principalmente porque deu algo com o que ocupar a mente de Shownu e bastante espaço para que ele não se sentisse fraco e impotente com o cheiro cada vez mais desesperado do ômega.

Shownu se ocupou de limpar todo o gramado do jardim, lembrando de ouvir todos os cuidados e exigências de Jin, já que ele entendia bem de ervas daninhas e como acabar com elas.

Jin se empolgou com a arrumação do alfa e tratou de dar vida para o jardim abandonado no fundo da propriedade.

Ele estava de joelhos na grama queimada, olhando seu trabalho recente enquanto secava a testa suada com o antebraço, quando Shownu apareceu de qualquer canto e o ajudou a levantar às pressas.

- Alguém adentrou os portões. Vamos, depressa. - Shownu o puxou, tentando levá-lo para dentro.

- Pode ser o Jimin. - Jin disse tentando se desviar do aperto da mão firme do alfa em seu braço.

- Pode ser a frota inimiga que nos seguiu até aqui, seu cheiro está forte demais para passar despercebido, não podemos arriscar.

- Mas…

- Entre e só saia quando eu mandar. - Shownu disse com a voz de alfa, já na porta do pequeno bangalô.

Ele não tinha tempo para ser atencioso.

Jin abaixou a cabeça e entrou, sentindo a orelha arder com a voz altiva do alfa.

Sua marca já estava desaparecida, graças a rejeição do filhote, acelerando todo o processo, mas ainda assim seu corpo reagia com desespero e tristeza, por ter irritado o alfa.


Shownu tirou o que pôde da roupa antes de se transformar, já que estava evitando ao máximo ir até a cidade e aquela era a única roupa que ele tinha. Seu corpo eriçou enquanto ele rodeava  o perímetro com atenção, sentindo alívio ao reconhecer o lobo negro que se aproximava com a mesma cautela.

- Jungkook. - Shownu disse, assim que voltou a sua forma humana.

O alfa se transformou, quase caindo no chão com exaustão.

Não era comum um lobo puro se cansar por tão pouco, mesmo que a viagem até ali fosse longa, o que fez Shownu chegar a conclusão de que algo estava errado.

Ele ia falar algo, mas não teve tempo, pois Jungkook caiu inconsciente no terreno recém remexido.



Nenhum dos dois queriam falar sobre o assunto. Jin cuidava de Jungkook inconsciente, com atenção e preocupação. Shownu desistiu de passar despercebido a quem passasse pela área e resolveu finalmente usar o molho de chaves que o príncipe havia colocado em sua mão no dia da fuga.

Ele demorou para deixar o lugar livre de pó e pronto para ser habitado novamente, mas as lareiras do lugar realmente funcionavam e as passagens de fugas eram maiores e mais seguras.

O alfa levou Jungkook para um dos quartos do andar de cima e ajudou Jin a se estabelecer no quarto ao lado, já que o menor se negava a ficar longe do alfa adoecido, deixando bem claro que não queria Shownu por perto enquanto ele tentava curar Jungkook.

Shownu já não se ofendia com as grosserias do ômega mais. A marca tinha finalmente desaparecido e o sentimento de recusa foi junto com ela.

Ele estava sentado em frente a lareira do salão principal, mexendo o molho de chaves da casa entre os dedos, quando os pensamentos o levaram para o Castelo e Jimin.


“Vá  para o chalé de inverno do Rei e nos espere lá. Esconda seus rastros e proteja o ômega com sua vida”.


Foram as últimas palavras de Jimin para ele quando lhe entregou aquele molho de chaves. Shownu se perguntava o que teria acontecido se dissesse não.

O príncipe estava vivo? Conseguira se livrar da morte certa?

Se, sim?! Por que não havia chegado ainda?


Foi um sentimento tanto amargo quanto doce, quando Jungkook finalmente recobrou consciência.

Bom! Porque ele estava vivo, lógico.

Ruim! Porque tudo que Jungkook queria naquele momento, era estar morto.

Não foi fácil para Jin, aceitar que Jimin havia morrido, era inconcebível.


O filhote crescia mais a cada dia. Ninguém queria falar sobre a morte certa do ômega sem seu alfa, mas era difícil esconder aqueles pensamentos com a mesma agilidade.

Foi na noite em que Minhyuk apareceu para contar mais más notícias, que Jin sentiu seu filhote tentando sair da sua barriga, chutando o ômega com mais força do que ele podia aguentar enquanto sentia uma de suas costelas quebrarem com a pressão afligida.

Foi Shownu quem rasgou a barriga do ômega e tirou o pequeno filhote do seu corpo, tentando curá-lo com seu sangue e sua mordida logo em seguida. Ninguém teve coragem de interromper as tentativas falhas do alfa de salvar o ômega, quando ele já estava morto.

Minhyuk segurava o filhote chorão no colo, enquanto olhava em agonia para Jungkook, implorando para que ele parasse a tortura aflita de Shownu.

O ômega, desceu para a sala aquecida com a lareira, ninando o pequeno filhote em seu braços.


Era um bebê tão pequeno.


- Eu tive que nocauteá-lo. - Jungkook disse quase sem ar e todo ensanguentado, quando desceu pelas escadas.

Nenhum dos dois estavam preocupados. Shownu era um puro e ao contrário do pequeno ômega, pai daquela criança órfã, puros não morriam.

- Foi a última coisa que Hoseok disse antes de morrer. - Minhyuk resmungou com lágrimas nos olhos. - Proteja a geração do curandeiro. - Minhyuk cantarolou, enquanto balançava o filhote, que agora chorava baixinho, exausto ao lutar por sua vida.

- Taehyung disse algo assim para mim também. - Jungkook disse se aproximando com cautela.

Ambos com o coração partido, mas impossibilitados de desistir, já que agora tinham uma vida nos braços com que se preocupar.

- É umas menina. - Jungkook resmungou acariciando as mãos minúsculas e enrugadas do filhote, que riu sem dentes na sua direção.

Minhyuk suspirou emocionado.


Como algo tão belo e inocente podia nascer de um evento tão desgraçado como aquele?!


- Acha que pode ficar mais com ele ? Preciso enterrar Jin.

Minhyuk concordou, assistindo o alfa se afastar.

- Vamos conseguir, pequena. - Minhyuk sussurrou conspiratório para criança sonolenta em seus braços. - Você será tão forte e corajosa quanto seu pai foi.



Não foi fácil criar o filhote de Jin. A pequena Jenny que cresceu tão petulante e resiliente quanto seu pai.

Foi preciso quase cinco anos, para que Shownu mexesse direito na bolsa em que Jimin havia lhe entregando no dia da fuga. Achando a documentação da casa de inverno do Rei dos Dragões com mudança de Titularidade de propriedade, colocando  tudo nos nomes falsos que Jin e Shownu tinham. O alfa se perguntava se o Rei sabia sobre isso, já que ele havia assinado e colocado a marca do anel real na mudança de escritura, mas Jungkook disse que Hoseok era bom em fazer com que as pessoas confiassem nele, independente.

Isso desde a época em que era novo e inexperiente nas terras de Galante.

Minhyuk e Shownu se tornaram uma espécie de casal pouco convencional. Nenhum dos dois eram marcados, eles não tinham encontrado suas almas gêmeas e agradeciam aos céus por isso, dadas as circunstâncias. Então durante os cios e algumas noites de solidão, eles passavam o tempo juntos.

Minhyuk não podia ter filhotes. Algo sobre genes de puros não serem férteis quando juntos, ele não entendia bem, mas era grato por isso também.

Jungkook se tornou uma espécie de pai para Jenny. Quando todos acharam que ele se renderia ao luto pela perda da sua outra metade, foi que ele reagiu. Passou a tratar Jenny como seu novo objetivo de vida.

A criança cresceu mimada e muito bem protegida, se casou ainda muito cedo com um alfa da alcatéia local e teve três filhotes, gêmeos, fortes e saudáveis como ela.

Jungkook teve muito trabalho com esses três alfas, fanfarrões e donos das personalidades mais fortes com a qual ele já teve que lidar na vida.

A linhagem de Jin era bem protegida por Jungkook, porém crescia ainda mais em número a cada dia. O que fez com que eles tivessem que se separar eventualmente.

Minhyuk seguiu uma das famílias de Jin, quando que Jungkook foi junto com a geração de um dos três alfas, filhos de Jenny.

Shownu ficou, para proteger o terceiro gêmeo,  herdeiro do gene de Jin, mas ele não sabe se conseguiria ir a qualquer lugar e deixar Jin sem ninguém para visitá-lo e colocar flores em seu túmulo todas as manhãs, então tinha medo de que um dia tivesse que sair dali, seguir a estrada, assim como Jungkook e Minhyuk.

Shownu se sentia falho e incapaz. Por que havia prometido que protegeria Jin com sua vida para o príncipe e não conseguiu cumprir com a promessa.

Talvez por estar fraco e quebrantado, acabou não percebendo que havia ficado com o gêmeo mal da família.

O gêmeo que Shownu precisava proteger o vendeu para alguns médicos cientistas da cidade, para que ele pudesse ficar com a casa que era metade de Shownu por direito.

Ele teria dado a mansão se o alfa tivesse lhe pedido, mas não tinha como argumentar sobre isso agora.

Shownu foi torturado vivo por humanos curiosos, por centenas de anos.

 Poucos anos depois, o alfa foi vendido para o circo dos horrores quando a crise ficou crítica, onde ele era forçado a se transformar em lobo diante de espectadores curiosos, em troca ele às vezes conseguia comer pão mofado e água suja, que era jogado pela manhã em sua cela. Ele era tratado como animal, afinal, aos olhos de seus donos, ele era um.

Foi algumas centenas de anos à frentes que cientistas o encontraram e ele foi vendido mais uma vez, para voltar a ser torturado. A única mudança na tortura, é que dessa vez as facas sem cortes e os materiais sujos de tortura foram substituídos por tubos de ensaios, agulhas e computadores barulhentos.

Shownu foi obrigado a fazer sexo com outros ômegas e lutar com outros alfas, para teste de força e resistência.

Não era muito difícil forçá-lo a fazer algo. Era só ameaçar a vida de um ômega frágil na sua frente e ele se rendia aos olhos de seus torturadores, afinal, estava no seu sangue o instinto de sempre colocar a vida de um ômega na frente da sua própria.

Já para os cientistas. A vantagem de ter um lobo puro nas mãos, é que eles não morriam, então a pesquisa era consistente, passando informações de gerações e gerações de pesquisadores devotos.

Shownu ouviu certa vez entre os funcionários, que por causa do que aconteceu com ele, outros puros, que dominavam o alto da cadeia alimentar, fugiram, se esconderem ou perderam suas vidas imortais tentando. Foi assim que lobos ficaram escassos, correndo risco de existência, aparentemente os puros era um fator importante para a sobrevivência dos alfas comuns de alguma forma.

Seres começaram a nascer sem ouvir seu animal interior, sem saber que ele existia ou talvez sem nem tê-lo.

Ele não se importava mais com muita coisa, era como viver numa concha vazia. Seu corpo ainda estava ali, mas sua mente dormia há muito tempo, como se hibernasse.

A única coisa que fez com que ele acordasse, foi uma criação científica.

Eles juntaram a genética humana, não lupina, com o seu sangue e então nasceram os híbridos.

O que para muitos era considerado uma aberração, Shownu considerava a única coisa boa que surgiu da sua existência.

Às vezes tinham noites que ele achava que podia sentí-los. Ouvir seus pensamentos e canalizar seus medos, mas também podia ser o fato de que poderia muito bem ter perdido a cabeça, depois de tantos séculos em cativeiro.

Não foi muito depois daquele inverno em que Shownu pensou que tinha enlouquecido, que um grupo de Híbridos invadiram a sede em que ele era mantido preso e o libertaram.

Todos aqueles híbridos corajosos morreram aquele dia, numa imensa explosão, onde toda pesquisa sobre híbridos era mantida. Naquela época, segurança não era algo em que os humanos passavam muito tempo pensando e infelizmente, compartimentalização só foi implantada anos à frente do ocorrido.

Toda pesquisa sobre ele foi perdida.

Shownu vagou a esmo depois disso, se sentindo ainda pior, por ter causado a morte de tantas crianças híbridas inocentes, mas algo naquele dia mudou a ordem de como eram as coisas, ele só não conseguia ver exatamente como, ainda.



- Kookie-ah. Eu disse de morango. - O pequeno ômegas cruzou os braços, fazendo um bico gorducho com suas bochechas.

Jungkook riu largo para a criança.

- Desculpa, pequeno príncipe. Vou buscar um sorvete novinho para você. - Jungkook se levantou da cadeira de praia, sorrindo ao ver a criança pular animada ao redor da mãe.

- Eu disse que o Kookie faz tudo por mim. - Jimin disse para a sua amiguinha na cadeira ao lado.

- Jungkook mima tanto o Jimin. Ele vai se tornar um adolescente ainda mais mimado e irritante. - a mãe de Jimin disse para amiga, sem se importar muito com isso.

A família Kim sempre guardou um segredo há sete chaves. Quando você era um Kim, além das suas heranças e pequenos trejeitos clássicos da família, você também ganhava algo além de mobílias velhas.

Um lobo puro imortal.

A lenda que rondava a família por anos é que os Kim's eram protegidos por uma tríade de imortais, que iam e vinham entre as famílias, procurando por algo que ninguém sabia o que exatamente.

A regra, era que mesmo que puros fossem banidos da sociedade aos olhos dos regentes no poder, ainda haviam muitos deles escondidos entre seres comuns.

Os puros da família Kim, sempre os protegeram, salvaram suas vidas, os tornaram ricos e importantes na sociedade. Não tinha como rejeitar algo assim, no entanto Sunhee se manteve desconfiada e com medo da presença constante do alfa. Mesmo que não houvesse muito que ela pudesse fazer a respeito, afinal ele era um alfa puro, ela não sabia quantos mais se escondiam entre eles, se havia alguém dentro das organizações governamentais ou algo assim e Jungkook não parecia querer nenhum mal, então ela não pensava muito no assunto.

Jimin no entanto, era louco pelo lobo.

Ela queria que seu filho se chamasse Chin min, mas Jungkook insistiu em Jimin e assim ficou, apesar dela não largar mão de chamar a criança de Chim, até que pegasse o suficiente para ela pensar que venceu a batalha insignificante de nomes.  

- Esse de molango tá mole. Quero outro. - Jimin disse, jogando o sorvete no chão.

- Chim. O que foi isso? - Sunhee berrou irritada.

Jungkook gargalhou alto, atacando Jimin com cócegas e beliscadas até ele implorar por desculpas para sua mãe, então se levantou e foi buscar um novo sorvete para o menor.

- Eu também quelo um sorvete. - A amiguinha de Jimin disse tímida.

- Meu alfa pode pegar um pra você também. - Jimin disse estufando peito.

- Para de chamá-lo assim, Chim. As pessoas podem pensar coisas. - Sunhee disse incomodada, bufando ao ver Jimin dar de ombros.



...


A adolescência não foi tão animada para Jungkook. Jimin se tornou introspectivo e receoso por algum motivo que o alfa não entendia qual.

A única coisa que fez Jimin mudar, ficar mais seguro de si, mais alegre, foram as aulas de ballet clássico que Jungkook o inscreveu sem que seus pais soubessem.

Os pais de Jimin não admitiam que o pequeno fizesse coisas que tirasse o foco do real objetivo dele, que era ser médico.

Segundo a família Kim, já que ômegas agora podiam estudar, que fosse algo grande.

Jimin não se interessava por nada disso no entanto. Tudo que ele queria era dançar. Ele era péssimo em quase todas as matérias, mas ciência era a que mais o irritava.

Jungkook arranjou um emprego de segurança quando as coisas para Jimin ficaram insuportáveis. Então quando o menor completou sua maioridade, eles foram morar num apartamento pequeno, porém confortável, onde Jimin pôde focar ainda mais na dança, até que sua professora ofereceu uma sala de crianças híbridas para ele ensinar dança contemporânea.  Ele não podia ter ficado mais feliz, o que fazia Jungkook tão feliz quanto.

- Eu acho que não gosto de garotos. - Jimin disse um belo dia quando Jungkook chegava do serviço.

- Hm, certo. - Jungkook colocou a carteira, o celular e a arma no balcão, se aproximando para beijar a testa do menor. - E posso saber por que pensa assim?

- Porque beijei um e não achei graça. - Jimin fez um bico.

Jungkook juntou os lábios para não cair na risada.

- Talvez… Qual o nome dele? - Jungkook perguntou divertido.

- Vante.

- Ok. Talvez você não goste do Vante, por isso o beijo não teve graça.

- Ele era lindo. Parecia uma obra de arte em forma humana e eu não senti nada por ele. Talvez eu seja assexuado como você.

Jungkook sorriu condescendente.

- Jimin, eu não sou assexuado.

- Eu te conheço há 21 anos e você nunca ficou com ninguém, nunca nem olhou para ninguém e eu já passei da fase de achar que é porque gosta de mim.

Jungkook juntou as sobrancelhas, travando a mandíbula de nervoso. O que fez Jimin se arrepender do que disse, de imediato.

- Desculpa, eu não…

- Não precisa pedir desculpas. Talvez tenha razão e eu seja realmente assexuado, mas você não pode tirar a mesma conclusão beijando um único garoto.

- Devia beijar mais garotos? - Jimin perguntou confuso e pensativo, o que era bem fofo de assistir.

- Você pode tentar garotas também. - Jungkook sentou no sofá, puxou o menor pelas mãos e o colocou entre suas pernas. - Você vai encontrar sua alma gêmea, tenho certeza disso.

- Como pode ter tanta certeza? - Jimin resmungou abafado, ao deitar o rosto no ombro do alfa.

Jungkook suspirou pesado, sentindo o cheiro do ômega o relaxar.

- Eu só sei. - Ele resmungou, pegando o menor no colo para fazê-lo dormir.

- Minha única certeza é que independente do que aconteça, você sempre estará do meu lado. - Jimin disse coçando os olhinhos com sono enquanto se ajeitava no colo do maior que não disse nada em resposta.



“ Jimin, eu já disse que odeio quando me mete nesses encontros” . - Jungkook disse irritado no telefone.

- Não fala assim comigo Kookie. Eu prometi pro V que você ia nos encontrar na casa dele, por favor.

Jungkook bufou audivelmente do outro lado da linha.

“Onde você tá?”

- No cabeleireiro. - Jimin disse ajeitando a franja do seu cabelo já quase todo cinza.

“ Me promete que será rápido”.

- Você só precisa pedir ao pai do V para ele dormir em casa no fim de semana, só isso.

“ Quantos anos tem esse garoto, afinal?!”  - Jungkook disse irritado.

O alfa não gostava desse tal de Vante, principalmente porque Jimin parecia muito influenciado por ele. O menor nunca teria cancelado uma aula para ir pintar os cabelos no meio da semana, o que para ele dizia, que o tal híbrido não era boa companhia.

- Dezessete. - Jimin revirou os olhos com a demora para Jungkook responder.

“ Tá bom, eu vou, mas não vamos…

- Demorar, eu sei. Beijinhos. - Jimin disse interrompendo a ligação.


- Você tem algo com esse alfa ? - V perguntou fingindo não se interessar muito com o assunto.

Jimin levantou uma sobrancelha, olhando V através do enorme espelho na frente deles.

- Não. Ele é super velho, tipo uns 500 anos ou sei lá. - Jimin sussurrou, olhando em volta para ter certeza que ninguém escutava.

V arregalou os olhos, quase gritando por causa das suas conclusões, mas Jimin olhou tão feio que ele precisou morder a boca com medo de sair algum som dali.

- Um puro? - Ele finalmente sussurrou quando achou seguro.

- Sim, e não finja que eles não existem como o resto das pessoas, porque todo mundo sabe que sim.

- Não tô dizendo que eles não existem, é só que eu nunca vi um. - V olhou torto para Jimin. - Tem certeza que é seguro ? Você sabe, morar com um?

Jimin deu de ombros.

- Por que não seria?

- Sei lá, ouvi dizer que eles são agressivos.

Jimin riu da preocupação do mais novo.

- Sério V. Jungkook é inofensivo quando se trata de mim. Ele até consegue ficar por perto quando eu tô no cio.

V arregalou os olhos, concordando em silêncio, mas obviamente sem acreditar no que Jimin falava.

- Chim. Se você não tem nada com o alfa, por que me rejeitou? - V perguntou, criando finalmente coragem de perguntar.

Jimin largou o brilho labial nas mãos, olhando sem ânimo para revista apoiada nas pernas.

- Eu não te rejeitei V, eu só não acho que podemos ter nada.

- Por que sou um híbrido? - V perguntou inseguro.

Jimin negou, balançando freneticamente as mãos no ar.

- Eu só não consigo sentir algo diferente do sentimento de irmão, sabe?!

V concordou. Ele também não sentia nada diferente por Jimin, mas odiava estar sozinho, todos na escola iam levar seus pares para o baile de formatura e além dele ter sido órfão sua vida inteira e ser muito zoado por isso, agora ele também não tinha par para o baile.

V abriu a boca para convidar o Jimin, mas seus cabeleireiros se aproximaram para ver se seus cabelos já tinham secado e darem os retoques finais. O que acabou estragando a oportunidade.



- Você tem certeza que seu pai não liga dessa nossa visita repentina? - Jimin perguntou já na porta da mansão do V.

Ele não imaginava que o amigo era tão rico, ele definitivamente não parecia o tipo de pessoa que tinha muito dinheiro, talvez fossem as calças largas e o jeito despreocupado de se vestir que despistava.

- Ele disse que tudo bem. - V disse, abrindo a porta da casa apreensivo.

Luísa apareceu na porta toda sorridente, cumprimentando V com simpatia, mas o ômega se perdeu em pensamentos enquanto sentia o cheiro de um alfa dominar o ambiente.

Ele cheirava a erva doce, morangos e grama fresca, uma mistura um tanto estranha e que irritava um pouco o nariz sensível do ômega. A erva doce era muito predominante, o deixando tonto.

Jimin olhou para cima, vendo o alfa descer pelas escadas de vidro com tanta imponência e poder natural que ele automaticamente recuou alguns passos.

Jimin ainda estava praticamente se encurralando na parede, quando o alfa arregalou os olhos na sua direção, parecendo assustado ou em choque com algo.


Talvez V não tivesse contado que receberiam visitas?


- Jimin? - O alfa sussurrou parecendo não acreditar no que via.

- Já nos conhecemos? - Jimin tentou sorrir o melhor que podia, enquanto pensava de onde poderia tê-lo conhecido, mesmo com a total certeza de que nunca sentiu aquele cheiro antes e nunca viu aquele alfa na sua vida. Ele saberia se tivesse acontecido.

V cruzou os braços.

Sim! Ele estava com ciúmes e não conseguia evitar. Suga não era sensível e assustado daquele jeito. Nunca.

- Não. Nós não nos conhecemos, é só que V fala muito de você.  - O alfa disse um pouco inseguro.

Jimin sentiu o rosto queimar com a forma que o alfa lhe comia com os olhos.

Ele praticamente chorou em agradecimento quando a porta aberta atrás dele, trouxe o cheiro familiar do alfa que o protegeria caso algo ali desse muito errado.

- Ah! Finalmente. - Jimin disse obviamente aliviado, saindo às pressas da casa. - Eu falei oito horas. Você está atrasado de novo, cabeça de vento. - Jimin gritou das escadas, fazendo Jungkook rir baixo do pequeno ômega autoritário na fachada da imensa casa.

Um barulho tirou a atenção de Jimin, fazendo ele virar a cabeça nas direção da casa.

Ele deu um gritinho agudo e caiu de bunda assim que o Lobo branco, gigante passou correndo o deixando assustado e sem fôlego.

Ele se levantou às pressas e puxou V até a porta bem a tempo de ver o lobo branco encontrar um lobo negro no meio do jardim.

O alfa de Jimin também tinha se transformado e agarrou o outro lobo no ar, o pegando pelo pescoço com suas garras afiadas e rolando com ele pela grama enorme do jardim colonial em frente a mansão.

- Que porra é essa? - V perguntou assustado, agarrando os braços do ômega ao seu lado.

- Seu pai é um lúpus, um puro. Como meu alfa. - Jimin disse assustado. Ele nunca pensou que veria um outro alfa puro além de Jungkook.

- Seu alfa? - V perguntou, deixando tudo cômico. Porque tinham dois lobos lutando na frente deles.

- Jura? Foi isso que você pegou do que eu falei? - Jimin disse revoltado enquanto descia as escadas às pressas.

- Kookie. Para com essa putaria agora. Somos visitas seu idiota. - Jimin gritou quase que sem ser ouvido por causa dos rosnados dos  alfas.

- Por que você parece tão calmo? - V perguntou com o celular na mão e lágrimas caindo pelos seus olhos assustados.

- Porque eles são puros querido. Eles não podem morrer. Aliás, achei que tinha dito que não  conhecia um. - Jimin disse abraçando o híbrido que tremia assustado.

- Era o que eu também achava. - V disse mordendo os lábios enquanto olhava curioso para a mensagem que tinha acabado de enviar.

- Então ele não estão correndo risco de vida? - V perguntou meio que pra ter certeza.

- Não. - Jimin disse levantando a sobrancelha em curiosidade.

- Ah! - V resmungou preocupado.

- O que você fez, Vante? - Jimin perguntou preocupado tentando ler a mensagem no visor ainda aceso.

- Pedi ajuda? - V olhou para os lobos ainda aparentemente se matando.

Ele virou o rosto para o lado, coçando a touca na cabeça que escondia suas orelhinhas atentas. Algo na cena à frente de repente tomou toda sua atenção.

- O que eles estão fazendo? - V perguntou, ouvindo os dois lobos uivando de um jeito estridente, como se estivessem chorando.

- Eles estão se abraçando. - Jimin disse também incrédulo enquanto assistia Jungkook deitar a cabeça no ombro ensanguentado do lobo branco e fechar seus olhos, chorando agoniado. O que era exatamente o que o lobo branco fazia.

Quando a “ajuda” de V chegou, tudo ficou ainda mais estranho.

Vários alfas ignoraram completamente Suga e Jungkook no meio do jardim e se transformaram, deixando que milhares de retalhos de roupas se espalhassem pelo local enquanto se aproximavam dos dois e se ajoelhavam na frente deles.

Jimin enrugou a testa, vendo um bando de puros inclinados  nas patas dianteiras com o focinho no chão.

- Por que tem um monte de puros na sua casa? - Jimin perguntou curioso, notando pela primeira vez que um lobo não tinha se transformado e se aproximava deles com cautela

- Seja bem-vindo de volta, pequeno príncipe. - O lobo falou, fazendo uma reverência enquanto ficava de joelhos.

- A...acho que você me confundiu moço. - Jimin disse, fazendo uma reverência estranha na tentativa de não ofender o alfa.

Porque Jungkook podia ser seu maior herói de todos os tempos, mas nem ele conseguiria lutar com tantos alfas para livrá-lo de algum desentendimento que ele possa vir a causar.

- Os dois. Para dentro agora. - Suga gritou com a voz de alfa, fazendo Jimin reparar pela primeira vez que os lobos estavam voltando a forma humana aos poucos.

V agarrou Jimin pelo braço e saiu correndo para dentro da casa.

O ômega não nega que fez uma carranca irritada por V tê-lo tirado do lugar, justo na hora em que ele ficou curioso para ver o lobo branco pelado.


Que?! Não.


Jimin balançou a cabeça. Era o pai de V. Ele não podia pensar algo tão pornográfico sobre o pai do seu amigo. Tudo bem que era só por curiosidade também.

- Achei que eles iam meio que se matar. - Jimin disse rindo enquanto tentava entender o que acontecia no Jardim, olhando curioso Luisa entregando roupão de banho a torto e a direito pelo lugar.

Ele riu divertido com o desespero da mulher, mas seu sorriso amarelou assim que ele virou, dando de cara com um híbrido de cauda arrepiada, os olhos cheios de lágrimas e um bico fofo nos lábios.

- O que foi V-shi? - Jimin se aproximou, tirando a touca do menor para acariciar suas orelhas.

V ronronou fofo, deixando seus cabelos vermelhos e recém pintados brilharem com a iluminação da sala.

- Meu pai é um monstro. - V disse fungando.

Ele esfregou o nariz na blusa listrada de Jimin e a segurou com suas mãos trêmulas.

- Calma V. Ele é só uma espécie diferente da nossa. Seu pai é tão animal e humano quanto nós somos.

V levantou a cabeça, olhando Jimin com olhos atentos e curiosos.

O ômega riu, achando fofa a característica infantil do híbrido. V tinha Dezessete anos, porém híbridos tinham essa infantilidade colada em suas personalidades até a morte. Era fofo.


Pelo menos Jimin achava, muito fofo.


- Vem cá. Vamos  secar seu rosto. - Jimin disse o empurrando para o que ele pensava ser o lavabo na ante sala.

- Preciso lembrar de colocar lencinhos de rosto na mala para levar para sua casa.

- Você acha que seu pai vai deixar você dormir em casa depois de tudo isso ? - Jimin perguntou preocupado, secando o rosto do híbrido.

- Ele com certeza vai deixar. O Suga é bem legal depois que você o conhece direito.

Jimin concordou em silêncio, achando aquilo impossível.



Jungkook secou as lágrimas, claramente tentando escondê-las enquanto assistia Yoongi se transformar.

- Que porra?! - Ele falou, assim que o Rei o encarou.

- Por que meu príncipe está em sua posse? - Yoongi disse rosnando.

Ele balançou a cabeça tentando controlar seu lobo que há séculos não se manifestava daquela forma.

- Não quero correr o risco de ser irônico aqui majestade, mas eu posso jurar que vi Taehyung ao lado de Jimin na entrada da casa.

Yoongi mordeu os lábios, passando a mão no nariz para tirar o sangue que escorria.

- Meu lobo o encontrou. Eu percebi que estava sendo guiado tarde demais. - Yoongi disse em tom de desculpas enquanto cuspia mais sangue no chão.

Esse era o máximo de desculpas que Jungkook ia ouvir da parte do Rei, então ele resolveu aceitar.

- Foi o mesmo comigo. Taehyung pediu para eu proteger a linhagem de Jin, mas não imaginava que era a porque Jimin ia nascer dela.

Yoongi concordou pensativo.

- O que significa que a lenda é real. - Yoongi disse com mais naturalidade do que o que realmente sentia no momento.

- Seja lá o que isso significa. - Jungkook resmungou.

A alcatéia se aproximou, falando todos ao mesmo tempo, mas Jungkook e Yoongi pareciam distantes em pensamentos.

- Voltem para suas casas. Jimin não pode saber sobre nada disso. - Yoongi ordenou.

A ordem dos dragões não ficou feliz, mas acataram o Rei mesmo assim.

- E não me chama de Rei, majestade ou Yoongi. Eu disse para V que meu nome era Suga e quero que continue assim.

- V? - Jungkook olhou na direção da casa. - Então Vante é o Taehyung e o Chim é o Jimin.

Yoongi concordou distraído.  

- Meu lobo ficou atraído pelo cheiro que Jimin tinha em algumas de suas roupas, acho que ele já tinha reconhecido o cheiro de Tae nelas. - Jungkook tentou respirar pela boca para não chorar.

Era tanta informação que ele se sentia sobrecarregado.

- Não quero Jimin perto de mim. - Yoongi disse baixo. - Não quero vê-lo morrer, eu não suportaria isso de novo.

Jungkook não podia julgar isso, ele invejava Yoongi na verdade, porque o alfa estava certo. Ele só não sabia se conseguiria ter a mesma coragem.

- Vou fazer meu melhor. - Jungkook disse, inclinando sua cabeça em sinal de respeito.

- E antes que crie ideia. V é uma criança, então se mantenha longe.

Jungkook sabia reconhecer uma ameaça quando ouvia uma, mas dessa vez ele não disse nada em resposta.





Não passou muito tempo até todos os lobos irem embora, claramente a contragosto.

Jimin recuou um pouco, vendo o quanto aqueles lobos os encaravam através da parede de vidro da sala em que ele estava, mas Jungkook parecia relaxado e isso deixava o ômega um pouco mais tranquilo também.

Ele só queria ser uma mosca agora, para ouvir a conversa dos dois alfas ainda no jardim.


O jantar não foi tão acolhedor, no entanto.

O pai de V ficou com a cara no prato o jantar inteiro, resmungando algumas respostas curtas quando a pergunta era direcionada a ele.

Já Jungkook, virou o professor de história e começou a explicar tudo sobre puros e como ele e o tal Suga se conheceram há muito tempo, porém ele foi muito evasivo, sempre olhando na direção de Suga com receio e falando tudo e nada ao mesmo tempo.

Jimin sabia que tinha algo muito mal contado ali, mas lógico que não falaria nada agora. Ele estava morrendo de medo do pai de V, tanto que tinha momentos que ele jurava que faria xixi na calça, percebendo com alívio que não tinha feito para logo em seguida se preocupar de novo.

- Eu não sou uma ameaça, criança. - Suga disse baixo e sem olhar para ninguém em específico.

Jimin só notou que era com ele que o alfa havia falado, quando Jungkook olhou preocupado na sua direção.

- Não foi o que pareceu quando atacou meu alfa. - Jimin retrucou, tentando não parecer amedrontado.

- Seu alfa? - Suga parou de olhar o prato para encarar Jungkook em questionamento.

- Seu, no sentido de propriedade e não de relacionamento. Jimin acha que eu sou dele, desde que me herdou de sua avó. - Jungkook disse palavras frias, mas seus olhos brilhavam enquanto ruguinhas de um sorriso amoroso se formavam ao lado do seus olhos emotivos.

Suga enrugou a testa, mas logo abaixou a cabeça, voltando ao seu aparente desinteresse.

- Então você está solteiro? - V perguntou sem conseguir segurar a língua, como sempre.

- Vante. - Suga repreendeu grosso e irritado,  fazendo Jimin pular da cadeira, o que fez um barulho extremamente alto quando os talheres bateram contra as porcelanas dos pratos.

Os alfas encararam Jimin com preocupação, mas V estava mais focado em corar absurdamente.

- Só tô perguntando. - V resmungou fazendo um biquinho fofo com os lábios vermelhos e inchados de tanto serem mordidos.

- Isso não te interessa. - Suga disse, deixando V ainda mais triste.

Quando a sobremesa chegou, Jimin pensou que ia gritar de tanta vontade de sair correndo daquele lugar com o clima pesado e desconfortável.

- Appa, posso dormir na casa de Jimin? - V perguntou como se tivesse pensado naquilo agora, usando seu garfo para massacrar uma uva em cima da sua torta de frutas.

- Não. - Suga disse simplesmente.

- O que ? - V bufou irritado. - Eu tenho direitos, sabia?!  Não pode me trancar aqui.

Suga deitou seus talheres no prato, limpou a boca com o guardanapo, o jogando na mesa e encarou o híbrido.

- Direitos? - Ele perguntou sério e calmo.

- V, tal...talvez. - Jimin engasgou, se calando quando V levantou a mão na sua direção, o calando.

- Sim, direitos. Eu já sou bem grandinho, posso dormir na casa de quem eu quiser. - V disse sem muita certeza dessa vez.

- Yoon… quer dizer, Suga, tem razão. - Jungkook disse pela primeira vez, deixando todos atentos.

- Eu… - V enrugou a testa confuso. Aquele alfa deixava ele tímido, sem reação e isso era tudo que ele não era.

- Seu cio tá próximo. O cheiro se intensificou desde que cheguei, não é um bom momento para sair de casa. - Jungkook falou como se conhecesse V há anos.

V ficou roxo de vergonha.

Aquela conversa era tão íntima e fora de contexto, que ele não sabia nem o que dizer. Sem contar que era extremamente estranho um desconhecido falando sobre seu possível cio.

- Ele tem razão. - Suga disse com a sobrancelha juntas, percebendo pela primeira vez o cheiro do híbrido mudando.


Como ele não percebeu isso antes?!


- Bom! Está decidido então. - Suga se levantou da cadeira. - E eu quero o ômega fora da casa, o mais rápido possível. - Ele disse olhando para Jungkook antes de se retirar.

Jungkook concordou com a cabeça.

Jimin abriu a boca em choque, olhando de V para Jungkook como se eles soubessem de algo que ele não sabia, mas no final ninguém sabia de nada e ele foi praticamente carregado por Jungkook por quase todo o caminho enquanto chorava como uma criança com a rejeição do alfa desconhecido, sem conseguir prestar atenção nos pedidos de desculpas de V por todo caminho até o carro.


Suga também chorou, trancado em seu quarto, mas o motivo era completamente outro.

Seu motivo era uma lembrança ruim, como a que Jimin consideraria que foi aquele dia daqui um tempo, porém a lembrança dele era uma muito mais antiga, mais dolorosa e por mais que parecesse estranho, ainda partia seu coração a ponto de fazê-lo sangrar tudo de novo.




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