História A otaku e o popular - Capítulo 11

Diga-me como é a sensação se estar aí em cima

Sentindo-se tão alto, mas longe demais pra me abraçar

Você sabe que fui eu quem te colocou aí em cima

Com seu nome no céu, alguma vez se sente sozinho? - Halsey

Gray

Já havia se passado uma semana desde que fui buscar novas seringas, aquelas já haviam se acabado e eu sei que vou pegar mais afinal minha nova apresentação de outono está chegando. No momento estou voltando do meu treino, estava ficando um pouco frio, eram seis horas da tarde acho que é por isso. 

Algumas crianças na calçada brincavam de amarelinha, pulavam corda ou apenas conversavam. Saudades dessa época. Consigo ver perfeitamente eu, Erza e Natsu, eles vão ser sempre meus melhores amigos e dos quais eu mais confio. Porém tem coisas que eu não conto para eles é claro. 

Continuo andando para casa, até que vejo Juvia andando calmamente. Meu coração acelera e eu sinto meu rosto esquentar. Mas o que é isso?

Ela estava parada, admirando algumas flores na vizinhança. Tão linda. Espera, por que estou pensando assim da Juvia? Ela é só minha amiga nada mais. Ou será que… NÃO! Somos apenas amigos!

Enquanto me apavorava com pensamentos, ela me viu e começou a chegar perto de mim.

— Gray, como vai? — A azulada me perguntou.

— Vou bem e você? — Menti. Não queria preocupá-la com os pensamentos que rondavam minha cabeça. 

— Também, apesar de estar bem sozinha agora que a Levy está namorando com o Gajeel. — Ela riu depois dessa frase. Sua risada tinha algum tipo de toque especial e eu não entendia o por quê de me atingir tanto. Mas que droga, até rindo ela fica bonita. 

— Bem, não posso te ajudar mas espero que você encontre alguém, claro se você quiser. — Eu confesso que fico meio desconfortável em pensar na Juvia namorando outro. 

— Não que isso, não me ofende, mas agora estou de boa. — Ela desvia o olhar de mim para a rua. Sinto que algum tipo de clima estranho se formou entre a gente. 

— Olha, me desculpa—

— Não é sério, estou de boa com isso. — Ela agora voltou a me olhar. Suas bochechas estavam um pouco coradas. 

Eu acho que fiquei encarando ela por minutos demais, pois em algum momento a azulada corou ainda mais e logo disse: 

— Bem, já está ficando um pouco tarde, acho melhor eu ir. — Juvia fala, mas eu não queria deixá-la ir, sua presença me acalmava e perto dela era o único lugar que eu não pensava em me drogar. 

— Espera. — Antes que pudesse raciocinar eu havia segurado seu pulso, a impedindo de ir embora. 

Juvia se virou para mim com um olhar confuso em seu rosto, agora caiu minha ficha, eu a segurei sem nenhum motivo!? Mas que isso Gray? 

— É-é… você quer sair comigo no fim de semana? — No completo desespero, soltei a frase mais clichê da minha vida. A azulada pareceu não se incomodar, porém suas bochechas coraram novamente e ela sorriu. 

— Bem, eu adoraria, mas nesse fim de semana o Gajeel vai lá em casa conhecer o meu pai e a Levy me fez prometer estar lá para amenizar a situação. — Ela soltou uma risada nasal olhando para o chão. — Mas vou poder no domingo a tarde, não irei fazer nada. 

— B-bom então pode ser no domingo? É um bom dia pra mim também. — Não era bem um bom dia, eu iria acertar minha conta com a Kyoka. 

— Certo, qualquer coisa nós resolvemos por mensagem. — Ela saiu acenando para mim enquanto eu fiquei lá parado com cara de trouxa. 

Mas que droga é essa? Por que essa garota me faz sentir tão, tão, tão… bem? Ela me faz sentir confortável e me dá confiança, ela faz meu coração disparar mesmo quando não está perto. Merda, que sentimento apavorante é esse? 

Enquanto pensava, decido ir para um parque ali perto. Meus pais não estão em casa, então está tudo bem. Chego ao local e vou procurar um banco mais afastado para me sentar, não quero que as pessoas presenciem essa cena. 

Puxo a mochila onde estão meus patins e enfio a mão lá no fundo, achando uma seringa reserva. Não quero descrever meu estado agora, é muito vergonhoso, mas quando sinto a droga fazer efeito tudo passa, o mundo se torna mais leve assim como meus pensamentos. Tudo está claro agora, mas a imagem de Juvia não sai da minha cabeça e sinto como se nada daquilo adiantasse. Puxo outra seringa e injeto em minha veia, na esperança desse sentimento ir embora. Mas ele não vai, está ali e eu sei que não vai ir embora. 

Quando estava quase para tomar outra, ouço uma voz conhecida por mim. 

— Gray? — Aí merda!

Juvia

Chego em casa e subo direto para meu quarto. Minha alegria não pode ser medida agora, o Gray me chamou para sair! AAAAH! Sinto como se meu coração fosse explodir. Sento em minha cama com um sorriso bobo no rosto. Tenho que contar pra Levy!

— Levy, onde você está? — Eu grito e logo ouço uma voz no banheiro. 

— Tomando banho, quando eu sair você entra. — Ela me responde meio abafado. 

— Anda logo com esse banho, preciso te contar uma novidade. 

— Aí tá, já acabei. — Ouço o barulho do chuveiro cessar e logo minha irmã aparece no quarto. — Que foi? 

— Eu vou ser bem direta, Gray me chamou pra sair no domingo. — Eu falo rápido, quase não dá pra entender, mas como minha irmã me conhece e sabe o meu jeito, ela rapidamente captou a mensagem. 

— QUE? Pera, como assim? Me conta isso direito! — Levy se animou e sentou-se ao meu lado. 

— Eu estava andando por aí, só pra esfriar a cabeça e então encontrei com ele na rua, acho que estava voltando da aula de patinação, começamos a conversar e quando estava indo embora, ele me convidou pra sair. — Quando termino de contar, minha irmã soltou um gritinho animado. 

— Juvia, essa é a sua chance! Meu Deus, minha irmã vai começar a namorar também? Aí gente, eu tô tão feliz por você. — Levy me abraça, rindo um pouco. Eu a acompanho, ela é engraçada quando se anima. 

— Aí eu sei, nem dá pra acreditar que o cara do qual eu tenho um crush a anos me chamou pra sair. Mas… será que ele quer algo comigo ou não? — Parando pra pensar, o Gray sempre teve qualquer garota aos seus pés, isso inclui algumas que são "melhores" do que eu. 

— Aí para meu bem, se ele te iludir eu mesma vou matá-lo da pior forma possível e com certeza a Erza e a Lucy vão participar. — A azulada se levanta e vai se trocar, enquanto eu continuo com meus pensamentos inseguros. 

— Mas existem tantas melhores que eu. — Levy suspira e me encara, pelo seu olhar sei que ela vai me dar um conselho que se eu não guardar pra vida, ela é capaz de encher meu ouvido de lorota. 

— Olha, todas vamos pensar assim no começo, mas você tem que entender que ninguém é melhor do que ninguém e somos todas iguais, "ah mas ela é mais bonita do que eu" — Sua imitação de uma voz ridícula me faz rir. — Que se foda, você tem a sua beleza, ela tem a dela. Eu tenho certeza que se vocês entrarem em um relacionamento, Gray vai ter olhos apenas para você. 

— As vezes eu chego a me perguntar se eu sou mesmo a mais velha. — Agora é a vez de Levy rir de mim. 

— Anda logo e vai tomar banho sua porca. — Ela joga uma toalha na minha cara, vou para o banheiro rindo comigo mesma.