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História A Outra Face de Regina - Capítulo 13


Escrita por: MadamePrefeita2

Notas do Autor


Obrigada pelos comentários e favoritos.
Boa leitura!

Capítulo 13 - Capítulo 13


Aquelas palavras atingiram Regina como um golpe. No mesmo instante os seus olhos se fecharam e ela assimilou o que Emma dissera. Quando os abriu, seus lábios se curvaram num sorriso que rapidamente se transformou numa sonora gargalhada.

— Você não espera que eu acredite nisso, não é? — Regina perguntou.

— Não, não agora. Embora seja a verdade.

Emma estava imóvel no centro da sala, com os braços cruzados, observando-a sorrir com deboche.

— Emma, acho que você deveria procurar sua família — disse ela, abrindo a carteira e retirando algumas cédulas. — Isso aqui vai servir para alguns dias — acrescentou, colocando o dinheiro em cima da mesa. — Vou buscar uma mala para você colocar algumas roupas e o que mais precisar.

Emma ficou aturdida e profundamente magoada pela rapidez da decisão de Regina, pela aceitação da ideia dela ir embora. Além disso, também ficou magoada pela máscara calma, sem emoção, que Regina exibia no rosto, sem sinais de tristeza diante do pensamento de sua partida.
Quando Regina voltou com uma mala nas mãos, a sala estava vazia. Não havia nenhum sinal de Emma. Os trezentos dólares que ela colocara sobre a mesa continuavam lá, o que pareceu aliviá-la ao pensar que Emma estivesse em seu quarto, escolhendo o que levaria na bagagem. Mas, ao abrir a porta do quarto, o coração disparou. Agora era tarde demais. Fora punida por sua covardia. Emma se fora. Não era isso que Regina queria?

[…]

Fazia só dois dias que Emma tinha desaparecido de sua vida e Regina não fazia outra coisa que não fosse pensar nela.

— Acho que a sua preocupação é excessiva — dizia Zelena, enquanto tentavam aproveitar o dia de folga.

— Ora, Zelena! Ela foi embora levando apenas a roupa que vestia àquele dia, sem dinheiro, sem nada. Como não vou me preocupar? — disse ela, lutando para aplacar a sensação incômoda de culpa da qual não conseguia se livrar.

Era uma tarde de domingo e fazia meia hora que o carro estava parado em meio a outros carros. Uma fila interminável se formava enquanto os rumores das buzinas cresciam em forma de protesto.

— Mas o que diabos está acontecendo? — murmurava Zelena.

— Acho que se trata de um acidente. Tem uma multidão mais adiante — disse Regina, e subitamente desceu do veículo.

Com passos apressados, Regina perguntou a um dos curiosos o que teria acontecido, e como imaginava, se tratava de um acidente. “Uma mulher foi atropelada”, informou o desconhecido. De repente, uma pontada dolorosa machucou o seu peito só de imaginar que se tratasse de Emma. Respirando fundo, ela tentou apagar a lembrança dela de sua memória e se introduziu em meio a multidão.

— Com licença, eu sou médica — dizia ela, se espremendo entre os curiosos.

Um suspiro de alívio escapou dos seus lábios ao perceber que não se tratava de Emma, mas, ainda assim, os olhos se arregalaram e por fim ela compreendeu o motivo de tanta gente: havia uma mulher estirada no chão, nua, do jeito que viera ao mundo. A pele parecia mais pálida do que o normal, e os cabelos longos e negros eram de dar inveja. Ao lado do corpo desacordado, um homem de meia idade chorava.

— O que foi que aconteceu? O senhor é parente da vítima? — questionou Regina, enquanto tentava cobrir a nudez da desconhecida com a sua jaqueta.

— Não, eu não sou parente dela e nem sei o que aconteceu — ele fez uma pausa, enquanto recuperava o fôlego. — Eu juro que atropelei um cachorro.

— Um cachorro? — confusa, mas atenta ao que o homem dizia, Regina começou a examiná-la. Seus batimentos pareciam normais e a respiração também.

— Sim. De repente um cachorro surgiu na minha frente e eu tentei frear, eu juro. Então eu desci do carro, mas não vi o cachorro. Não sei como essa mulher....nua, veio parar aqui.

Regina mencionou sua fala, mas então os socorristas chegaram e interromperam. Enquanto a colocavam na maca, Regina percebeu, com muito espanto, que a desconhecida não sofrera um único arranhão.

[…]

Quando os olhos azuis gélidos se abriram, ela não soubesse dizer com certeza onde estava, mas sabia, de algum modo, que não estava sozinha.

— Emma?!

— Ruby!

— Pelos Deuses, Emma! Eu te encontrei! Finalmente te encontrei!

As duas compartilharam um sorriso sem críticas, e um abraço caloroso e cheio de bondade.

— Como você veio parar aqui? — Emma perguntou, tocando-lhe o rosto gentilmente.

— Da mesma forma que você veio. Rumplestiltiskin abriu um portal para mim.

— Como você está?

— Eu estou bem. E você? Como me encontrou?

— Vi quando te colocaram naquela coisa e os segui até aqui. O que houve? Você estava sem roupas. Não me diga que…você sabe.

— Bom, eu não lembro o que aconteceu, mas não importa agora — Ruby soltou um suspiro e voltou a sorrir. — Emma…tenho tanta coisa para te contar…

Do outro lado da porta, Regina observava a cena. O ciúme dela era o sinal mais garantido de que seus sentimentos por Emma nascidos na floresta encantada não tinham sido modificados durante o período em que estiveram separadas, ainda que Regina não soubesse disso. E mesmo sem saber, Regina ansiava por ela, precisava dela, com o mesmo ardor que Emma sentia. Embora Ruby não fosse sua paciente, Regina não hesitou em entrar e questionar.

— Com licença — ela começou, aproximando-se devagar. — Como se sente?

Ruby ficou sem fala. Era mesmo a rainha má, não tanto imponente como de costume. Ruby suavizou as feições e abriu um sorriso amigável para ela.

— Me sinto bem. Já posso ir embora?

— O médico que lhe atendeu é quem dirá quando você poderá ir embora — seu olhar abandonou Ruby e pousou sobre Emma. — Podemos conversar um minuto, Emma?

— Eu já volto, Ruby.

Quando as duas deixaram o quarto e entraram em outra sala, Regina engoliu em seco, e um peso frio de tensão se assentou em seu estômago. Confusão e surpresa se transformavam em puro pânico.

— Por que você foi embora?

— Porque você disse para eu ir.

— Não daquele jeito.

— De que jeito?

— Ora, sem se despedir. Sem dizer nada! Onde você está?

— Estou aqui.

Regina inspirou fundo, devagar, obrigando-se a controlar aquela tempestade de emoções.

— O que eu quero dizer é....onde você está morando?

Emma estava refletindo sobre a pergunta, mas logo foi distraída pela entrada de Daniel, que se colocou diante delas. Seu rosto fechado revelava algum problema que ele não conseguia disfarçar.

— Vou ver como está Ruby — disse Emma, mais para si do que para Regina. E com isso ela se virou e desapareceu porta afora.

— Encontrei isso no corredor — Daniel falou, erguendo o crachá de Regina.

Como ela não o pegou e limitou-se a fitá-lo, Daniel depositou-o sobre uma mesa próxima.

— Obrigada — ela disse, e fez menção de se retirar, no entanto, ele a deteve segurando-a pelo braço.

— O que você tem? Parece chateada.

— Eu estou bem — ela disse, e ao se desvencilhar e abrir a porta, seus olhos flagraram Emma e Ruby deixando o hospital juntas.

Naquele momento, ela desejou que Emma voltasse e pegasse sua mão. Desejou que ela a pegasse nos braços e a puxasse para qualquer um daqueles quartos vazios, que a deitasse em uma cama e… Ela parou, ofegante, se apoiando na parede. Daniel se aproximou e parou diante dela.

— Tem certeza que está bem?

— Só um pouco tonta… — ela respondeu, dando-se conta de que aquela chama em seu coração, a fagulha que esquentava seu corpo de desejo por Daniel, tinha há muito diminuído e estava se apagando por completo desde que Emma aparecera.

[…]

— Espere aí — começou Emma. — Como você conseguiu esse lugar para morar? E como conseguiu pagar isso? Quem te ensinou a usar essa coisa aí?

— Essa coisa aqui se chama telefone celular — zombou Ruby. — E diferente de você, eu me preparei antes de me aventurar em um reino desconhecido.

— Bom, e posso saber como foi que você conseguiu se preparar?

— Rumplestiltiskin. Embora pareça estranho, ele é um mago que conhece muito além do reino da floresta encantada. Mas agora me diga…você contou a verdade a Regina?

— Sim, mas ela não acreditou.

— E nem vai acreditar, Emma.

— Isso quer dizer que eu devo desistir? Que eu a perdi para sempre?

— Não. Isso quer dizer que você precisa agir o quanto antes. Não podemos ficar aqui, Emma. Você não faz ideia dos perigos que corremos neste lugar. Além disso, nosso reino precisa da princesa herdeira.

— Não é bem assim. Você sabe que eu só poderei governar quando os meus pais morrerem. A propósito, como está o nosso reino? Algo mudou?

— Veja com seus próprios olhos…

Através de um espelho mágico concedido por Rumplestiltiskin, Emma pôde aliviar a saudade em seu peito. A visão de sua terra natal, dos cenários outrora percorridos, em sua infância alegre e despreocupada, melhorou bastante o estado de espírito dela. Ainda assim, Emma reparou, surpresa, que seu rosto ficou quente e seus olhos arderam com ameaças de lágrimas.

— E os meus pais?

— Eles estão bem, mas muito preocupados. Por isso estou aqui. Você precisa voltar, Emma.

— Não vou a lugar nenhum sem Regina.

— Emma…

— Ruby, estou muito feliz por você estar aqui. Mas eu não vou desistir de Regina.

— Então nós precisamos agir agora mesmo. Pegue isso — disse Ruby, entregando-lhe um pedaço de papel e um lápis. — Escreva algo para Regina como você costumava fazer. Nós precisamos despertar as memórias adormecidas dela…

….

Quando chegou em casa e encontrou o bilhete que fora colocado por baixo da porta, Regina foi golpeada com uma onda de dèjá vu. Não é que ela acreditava já ter recebido correspondências de Emma antes, mas a forma com que o bilhete fora escrito lhe parecia muito familiar.

Elas se encontraram no final da tarde, num café ao lado de um parquinho onde os gritos das crianças brincando transportaram Emma de volta à sua infância na floresta. Quando as duas se sentaram, uma de frente para a outra, Regina percebeu que a imagem das expressões de Emma estavam fortemente penetrantes na sua mente, mas ela não conseguia reconhecer onde a tinha visto. Foi o garçom quem quebrou o silêncio entre elas. Emma se decidiu por uma taça de vinho, afinal, era uma das poucas bebidas que recordavam as refeições no castelo. Já Regina, optou por uma dose dupla de uísque, na esperança de que o líquido forte acalmasse não somente a atração que ela sentia por Emma, mas também a necessidade de ficar perto dela quando todos lhe diziam para ficar longe.
De repente, Emma fez menção de segurar a mão de Regina, mas ela a recolheu sob a mesa e suspirou aliviada quando o garçom retornou com os pedidos.

— Como você está, Emma?

— Estou bem. E você?

— Bem, obrigada.

E mais uma vez o silêncio se interpôs entre elas. Regina conseguia sentir a intensidade surpreendente do olhar de Emma, mas mal ousava fitá-la, então se ocupou em arrumar o açucareiro e desdobrar os guardanapos.

— Aquela garota é da sua família? — indagou Regina, tentando não se mostrar muito interessada.

— Não, mas é como se fosse.

— Então você já se lembrou onde mora? Vai voltar para casa com ela?

— Por que tantas perguntas?

— Deixa eu te lembrar que foi você quem me chamou aqui e eu nem sei o porquê.

— Eu só queria agradecer por você ter me ajudado. Obrigada.

Emma ficou em pé diante dela por alguns instantes, dando a aparência de que precisava se conter para não fazer alguma coisa que mais tarde se arrependeria, mas em seguida disparou porta afora. Não tendo nada para dizer no momento, e sem saber se deveria ir ou não atrás dela, Regina continuou onde estava, sentindo-se dominada por uma solidão profunda, incomensurável.

[…]

Envolvida por uma série de pensamentos conflitantes, Regina atravessou o quarto até a janela e encostou a testa no vidro frio. Era quase meia-noite e ela não conseguia dormir e nem parar de pensar em Emma. Noite após noite, Regina se perguntava se Emma sentia vontade de beijá-la, e o que faria se ela a beijasse. Teria forças para resistir se Emma fizesse o que ela tanto desejava, embora continuasse negando a si mesma? Quando aqueles olhos verdes a observavam com intensidade e aflição que a faziam corar mais do que qualquer beijo seria capaz, Regina se dava conta de que Emma não precisava expressar seus desejos em palavras, seus olhos claros diziam isso abertamente.

— Querida, volte para a cama… — seus devaneios preocupantes foram interrompidos quando a voz sonolenta de Daniel chegou aos seus ouvidos.

Ela olhou para ele e ofereceu um sorriso amargo. Aquele homem, cujo amor tinha sido o motivo mais recente de tantos planos e sonhos, já não significava muito para ela. Ainda assim, não era justo dividir sua cama com ele enquanto pensava em Emma.
Nada aconteceu ainda, afirmava Regina para si mesma com firmeza, e nada vai acontecer. Tratava-se de um flerte inofensivo. Tinha gostado de uma de suas pacientes que conhecera no hospital. Tinha gostado de Emma, que como mulher, era um enigma para ela. Qual o problema nisso? Mesmo assim, a culpa e a mentira já estavam instaladas.

— Daniel, precisamos conversar.

— Você sabe que horas são? Volte para a cama… Amanhã nós conversamos.

Por fim, Regina concordou, sentindo a cabeça girar enquanto tentava entender aquilo tudo.

[…]

— Não sei o que fazer, Ruby. Ela nunca vai se lembrar! Mas como poderia? Ela deve pensar que eu sou louca — se lamentava Emma, suas palavras saindo em um suspiro desanimado.

— A verdade é que você se precipitou, Emma. E qualquer um pensaria que você é louca — atirou Ruby.

— Obrigada pelo incentivo!

— Você deveria ter estudado sobre esse mundo antes de vir. Mas o que está feito, está feito. A única solução é começar do zero.

— O que você está querendo dizer com isso?

— Você terá de conquistar a Dra. Mills como conquistou a rainha má. Se ela se apaixonar por você, talvez as memórias voltem e tudo será resolvido.

— Você tem razão, Ruby. Minha nossa, o que seria de mim sem você?

— Pelo bem da nossa amizade e por respeito a vossa majestade, vou te deixar sem essa resposta.

— Sábia decisão!

— Bom, a brincadeira acabou. De agora em diante você será uma cidadã comum.

Emma não respondeu com nada além de um movimento sombrio com a cabeça, então se levantou. Um novo dia tinha começado.



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