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História A Outra Face de Regina - Capítulo 15


Escrita por: MadamePrefeita2

Capítulo 15 - Capítulo 15


— Estávamos prontas para partir. Como eu poderia imaginar que a rainha má, quero dizer, a Dra. Mills, estava aqui com você em momentos de intimidade?

— Você não poderia ter sentido o cheiro?

— Na verdade, eu senti. Mas pensei que estivessem só conversando — Ruby deixou escapar um sorrisinho e afundou no sofá. — Desculpe se estraguei a sua despedida com a Dra.

— Eu não vou voltar para a floresta encantada, não agora que Regina confessou estar apaixonada por mim.

Ruby queria dizer que a compreendia, que assim como ela, Emma era um lobo selvagem que não podia evitar de enlouquecer dentro das jaulas em que os outros insistiam em colocá-la. Mas o reino precisava dela. Ela não pertencia a esse lugar.

— Emma, você já ficou tempo demais aqui. Você já parou para pensar nas consequências?

— Não quero pensar nisso agora.

— Mas deveria.

Uma tristeza imensa caiu sobre Emma.

— Não posso deixar Regina.

Ruby olhou para a amiga e sentiu o coração amolecer. Emma carregava um peso maior que o dela, sabia disso. Mas não conseguia evitar de tentar convencê-la a voltar para a floresta.

— Você não pertence a esse lugar.

— E nem ela.

— Mas de alguma forma ela está adaptada. Ela chegou aqui conhecendo tudo desse mundo, e até ontem você nem sabia que a riqueza deles são pedaços de papel e que se chama dinheiro!

— E daí?

— Pelos Deuses, como você pode ser tão ingênua? Se descobrirem suas origens, podem te matar ou te prender num laboratório de estudo!

— De onde você tirou tudo isso?

— É isso que os seres desse reino fazem! Olhe ao seu redor — Ruby abriu os braços e a puxou para junto da janela. — Não há animais, nem natureza. O ar tem cheiro ruim e os alimentos não tem sabor. Então você acha mesmo que vai sobreviver aqui? Aquela Emma que preferia a vastidão da floresta ao conforto do castelo, vai sobreviver nesse lugar?

Um silêncio inquietante pairou entre elas. Lá fora, o vento soprou uma única folha seca, que subiu e depois caiu aos desejos do sopro. Emma voltou a encarar a paisagem do outro lado da janela, e percebeu, para sua tristeza, que o que antes lhe parecera um simpático reino, agora sugeria um cemitério. Cada edifício plantado ali, uma lápide.

— Não sou mais a Emma que você conheceu. Sou apenas uma sombra de mim mesma, que somente existe naqueles momentos em que decido aparecer, como num passe de mágica, um fio de esperança de que libertarei Regina deste lugar.

Ruby deixou escapar um suspiro derrotado. Ela admirava o romantismo e a capacidade que Emma tinha de sonhar, de se agarrar à esperança. Mas, a mesma paixão e determinação que a guiaram até aqui poderia ser o seu fim. Poderia deixá-la totalmente incapaz de viver nesse mundo ou de voltar para a floresta. Ruby temia por ela.

— E se nós raptássemos Regina? — sugeriu Ruby, enquanto parecia organizar as ideias na mente.

— Como assim? — indagou Emma.

— Ora, podemos abrir o portal e levá-la conosco.

— Ela não vai querer ir.

— Por que você acha que o plano é raptá-la?

[…]

Segurando Regina pela mão, Emma a conduziu por um dos parques pouco frequentado naquela manhã quente em Boston. Ruby as esperava, escondida atrás de uma árvore, pronta para abrir o portal quando as duas se aproximassem.

— Emma, eu gosto de surpresas. Mas estamos caminhando já tem um bom tempo e eu preciso ir para o hospital.

Ao avistar a amiga, Emma fez sinal para que ela atirasse o feijão mágico no chão e assim o portal se abrisse. Ruby assentiu e prosseguiu com o plano. As duas sorriram, felizes e saudosas, tão longe de casa e ao mesmo tempo tão perto. Por fim, Emma respirou fundo e finalmente retirou a venda dos olhos de Regina.
Os olhos castanhos e curiosos varreram o local enquanto o sorriso, antes tão largo, ia murchando aos poucos.

— Bom…estou esperando a surpresa — murmurou Regina, claramente confusa.

Pensamentos de desalento tomaram conta de Emma, impossibilitando-a de perceber com clareza o que Regina via ou pensava.

— Diante de você…não tem nada?

— É claro que diante de mim não tem nada, Emma. O que está acontecendo?

— Exato! Não tem nada porque…

— É tudo culpa minha — Ruby saiu de onde estava ao se dar conta de que o plano tinha falhado. — Uma mesa com um romântico café da manhã deveria estar aqui, mas eu acabei errando o endereço e…bom, o resto vocês devem imaginar.

Depois de trocar olhares preocupados com Emma, Ruby soltou um suspiro derrotado ao ver o portal se fechar.

— Sinto muito… — disse Emma, mais para Ruby do que para Regina.

— Tudo bem, não se preocupe. Imprevistos acontecem — Regina falou e sorriu, tentando ignorar a falta de sentido em tudo isso. — Quer que eu as deixe em casa antes de ir para o hospital?

— Não precisa, obrigada. Ruby e eu vamos dar uma volta.

Assentindo, Regina entrou no carro e partiu. Enquanto o veículo desaparecia, Emma sentiu um calafrio que antecipava o sofrimento, e tentou não pensar nisso.

— Pelo visto a maldição que os seus pais lançaram é pior do que imaginávamos — a voz de Ruby lhe interrompeu os pensamentos. — Ela é realmente outra.

— O que vamos fazer, Ruby? Como poderemos levá-la de volta para a floresta se ela sequer consegue enxergar o portal?

— Você precisa despertar as memórias dela. Não há outra saída.

— Só não sei como poderei fazer isso sem parecer uma louca.

[…]

— O que te faz pensar que eu estou a fim de segurar vela para você esta noite?

— Não tem vela nenhuma para segurar. Além disso, Emma vai levar a amiga dela.

— Amiga? Você nunca me falou que Emma tinha uma amiga.

— Eu devo ter esquecido. Mas você lembra àquele dia em que ficamos presa no trânsito por que havia um acidente?

— Sim, eu lembro.

— A mulher que fora atropelada é uma amiga de Emma.

— Espere um pouco. Você comentou comigo que essa moça não sofreu um arranhão sequer, e que o homem envolvido no acidente jurava ter atropelado um cachorro.

— Sim, Zelena. E daí?

— E daí que ela deve ser um extraterrestre como a sua querida Emma. E eu prefiro me manter distante de…seres esquisitos.

— Ora, não seja boba. O jantar vai ser no meu apartamento e eu preciso que você venha.

— É impressão minha ou você está com medo, Regina?

— Medo? Eu? Medo de quê?

— De ficar sozinha com as duas.

— É claro que não! Além disso, como eu poderia ter medo de Emma se nós duas…

— Sim, eu sei. Vocês vão para a cama e blá blá blá. Seria bizarro se você tivesse medo da pessoa com quem transa.

— Nós ainda não…quero dizer, deixa pra lá. Você vem ou não?

— Tudo bem, eu vou. Mas com uma condição.

— Qual?

— Você vai ter que me contar quando fizer sexo com ela.

— Por que eu deveria te contar sobre isso?

— Porque ficarei mais tranquila com a certeza de que ela não é um extraterrestre.

Regina deixou escapar uma risada, agradecida por ter Zelena como amiga. Uma amiga que podia levá-la a sério quando ela precisava, e depois deixava a seriedade de lado na hora certa.

As duas deixaram o hospital juntas e foram direto para o apartamento de Regina. Nenhuma delas queria cozinhar, então encomendaram comida japonesa. Elas se preparavam para tomar uma taça de vinho quando a campainha soou. Quando Regina abriu a porta e Emma entrou, Zelena a cumprimentou com um sorriso. Mas quando Ruby apareceu em seu campo de visão e os olhos azuis gélidos cruzaram com os seus, um arrepio desceu pelas pernas de Zelena e ela quase perdeu o equilíbrio.
Quando as duas foram apresentadas, Zelena notou que os enormes olhos cor de safira de Ruby cintilavam e tinham um tipo de brilho que ela jamais percebera em alguém.

— Essa tal de Ruby parece ser ainda mais esquisitona do que a Emma — sussurrou Zelena, os lábios quase colados no ouvido de Regina.

— O que há de esquisito nela?

— Tudo. Ela é muito pálida e os olhos são de um azul estranho. Ela parece uma vampira que eu vi em um filme no…

O som da gargalhada de Ruby interrompeu os sussurros de Zelena. Acompanhada de Regina, ela se virou e encarou as duas amigas sentadas no sofá da sala. Teriam elas escutado a conversa? A julgar pela distância em que se encontravam, seria impossível para qualquer ser humano. Mas não para alguém com os sentidos aguçados como Ruby.

— Desculpem…Emma estava aqui contando uma piada e eu não aguentei — disse ela, tentando controlar o riso enquanto as palavras de Zelena ecoavam na sua mente.

— Porque você não compartilha essa piada tão engraçada com a gente, Emma? — indagou Zelena, o olhar acusatório se alternando entre as duas.

Emma fez menção de dizer alguma coisa, mas não conseguiu pensar em nada que pudesse satisfazer a curiosidade de Zelena. Felizmente a campainha soou e ela não precisou inventar nada.

— O que é isso? — questionou Ruby, enquanto observava Regina colocar a comida sobre a mesa.

Antes que Regina pudesse responder, Zelena se meteu entre elas.

— Não me diga que no seu planeta não existe comida japonesa? — indagou a ruiva, um sorriso de deboche se abrindo aos poucos.

— Não, não existe comida japonesa e nem seres intrometidos.

Zelena estava pronta para responder à altura, mas Regina achou melhor intervir.

— Ruby, sinto muito. Se você não gosta de comida japonesa, posso preparar outra coisa.

— Não se incomode, Dra. Mills.

— Não é incômodo, e por favor, me chame de Regina — ela deu um sorriso e então se afastou. — Emma, porque você não me ajuda a preparar alguma coisa para sua amiga…

— Mas é claro — disse Emma, parecendo aliviada, dando a volta e seguindo-a até a cozinha.

Enquanto Regina vasculhava o armário, Emma abriu a geladeira e suspirou ao encontrar uma confecção de carne vermelha.

— Aqui está — ela falou, atraindo a atenção de Regina. — Ruby gosta de carne. De preferência, malpassada.

— Ah, ótimo.

Elas permaneceram em um silêncio constrangedor por um momento, mas isso pareceu não incomodar tanto quanto incomodaria uma semana antes.

— Acho que esse jantar não foi uma boa ideia — comentou Emma, rompendo o silêncio.

— Por que não?

— Tenho a impressão de que sua amiga não gosta de mim. E parece que detestou Ruby.

— É apenas uma impressão. Zelena é uma ótima pessoa e só está…

— Só está…?

— Bom, um pouco preocupada.

— Por quê?

— Nada importante. Porque você não me conta aquela piada que fez a sua amiga morrer de rir? Acho que seria bom para afastar essa tensão entre nós.

— A verdade é que é uma piada sem graça sobre…sobre um feiticeiro chamado Rumplestiltiskin.

Com a boca entreaberta, Regina ficou parada enquanto a palavra Rumplestiltiskin se repetia em sua cabeça. O nome estranho não significava nada para ela. Por que significaria? Mas em alguma parte do seu cérebro tal palavra ecoava sem parar.

— Está no ponto — murmurou Emma.

— O quê?

— A carne.

— Tem certeza? Parece crua…

— É exatamente assim que ela gosta.

E durante o jantar meio desconfortável, Emma foi tão simpática quanto possível, e Ruby sorriu bastante, ainda que seus sorrisos parecessem um pouco questionáveis. Apesar da tentativa genuína de amizade, o comportamento um tanto rabugento de Zelena provocou vários olhares horrorizados e preocupados de Regina.
Quando o jantar acabou, Regina puxou Zelena para um canto na cozinha.

— Você morreria se fosse um pouquinho simpática com elas?

— Eu fui simpática com a sua querida Emma. Mas não me peça para ser simpática com…com essa esquisitona insuportável chamada Ruby.

— Zelena, você está parecendo uma baita esnobe e sei que você não é assim.

— E eu não sou mesmo. Mas não gostei dessa Ruby. Além disso, ela estava comendo carne crua.

— E o que você tem a ver com o que ela come?

— É nojento! E esquisito.

— Está bem. Mas as farpas já foram o suficiente, então acalme-se.

Zelena concordou com a amiga. Sabia que estava recebendo um bom conselho e faria o possível para segui-lo.
Quando as duas voltaram para a sala, Zelena fez o melhor que pôde e sorriu para Ruby enquanto Regina conversava com Emma. Não funcionou muito bem, e o sorriso saiu mais como uma careta cheia de dentes, mas foi bem recebido pela morena.

— Emma…as coisas estão um pouco confusas. Quero dizer, a última vez que nos encontramos, quase fizemos amor no seu quarto. Mas depois desse dia, praticamente não conversamos…nem nos beijamos. Você entende o que eu quero dizer?

— Sim. Nós deveríamos ter começado de onde paramos.

Regina sorriu enquanto as faces coravam. Emma tomou o rosto dela entre as mãos e a fitou nos olhos, e mais uma vez a enfeitiçou, dissolvendo suas frustrações e fazendo-a querer apenas a ela, compreendê-la e ser parte do seu mundo.

— O que acha de amanhã? Só nós duas? — Emma indagou, seus lábios roçando os de Regina.

— Perfeito…

[…]

— O que foi aquilo entre você e a amiga de Regina?

— Não sei do que você está falando.

— É claro que você sabe, Ruby. Ela atirava uma farpa, e você respondia com outra.

— E o que você queria que eu fizesse depois dela me comparar com uma vampira? Ninguém nunca me ofendeu tanto assim — ela riu, atirando-se no sofá. — Mas a parte boa de tudo isso, é que ela acredita, Emma.

— Como assim? Do que é que você está falando?

— Zelena acredita que existe vida em outros planetas, em reinos desconhecidos.

— Isso não faz sentido. Porque ela acreditaria e Regina não?

— Regina não só acredita como faz parte de um outro mundo, Emma. O problema é que ela teve suas verdadeiras memórias substituídas por falsas memórias.

— E Zelena? Como é possível?

Ruby se levantou de repente e começou a andar sem rumo pela sala. Caminhou até a janela, olhando para baixo, para as mãos, como se esperasse encontrar a solução nelas.

— Ora, se você se interessasse um pouco em saber mais sobre esse mundo, teria percebido que há décadas eles tentam descobrir vidas em outros planetas. As pessoas desse reino conseguiram chegar à lua.

— Ruby, eu não estou aqui para saber sobre esse mundo — ressaltou Emma, e uma expressão de tristeza obscureceu o rosto da amiga, mas Emma continuou antes que fosse interrompida. — Estou aqui para levar Regina comigo.

— Tudo bem, desculpe. Eu só quero que você entenda os riscos que corremos aqui.

— Eu sei dos riscos. Mas estou disposta a enfrantá-los por Regina.

— Eu já entendi, Emma.

— Bom, e o que faremos com Zelena?

— Nada. Quero dizer, eu não sei. A verdade é que ela pode nos ajudar tanto quanto nos arruinar.

— Talvez seja melhor deixá-la fora disso.

— Ou talvez seja melhor ganhar a confiança dela.

— Acredito que você tenha um plano…

— Mais ou menos — respondeu Ruby, sorrindo para ela por um momento antes que outro pensamento lhe ocorresse, fazendo seu rosto se fechar. — Ocupe-se da sua rainha, eu me ocuparei de Zelena.



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