História A parceira do tirano - Dramione - Cap,37

Não havia conseguido dormir à noite inteira. Seus olhos simplesmente não conseguiam ficar fechados, sua mente não ficava quieta e seu corpo não relaxava na cama. As horas da noite se passavam com lentidão e o toque do ponteiro do relógio a cada segundo o fazia se revirar na cama. Algo o irritava, e não haver alguém para conversar na calada da noite o deixava ainda mais nervoso.

Hermione estava dormindo, Gina provavelmente também, assim como Ronald, não tinha correspondência rápida o suficiente para conseguir conversar com Krum, então estava impossível conversar com o colega. Agoniado, Harry bagunça os cabelos saindo da cama nervoso. Sua calça preta era a única coisa que cobria seu corpo, e o vento gelado da noite não o afugentava.

Sem ter o que fazer, Harry pega sua espada apoiada na parede saindo de seu quarto. O silencio do castelo era assustador, e por mais que houvesse guardar em alguns lugares, nenhum deles se movia ou o olhava questionador. Apertando com mais força a espada, Harry praticamente corria pelos corredores, conseguia entender o seu nervosismo, mas não queria aceitar.

O fato de Astória estar ali somente tornava mais próximo o futuro que ele não queria para si. Não nascera para governar, e ser rei estava longe de ser seu sonho, ou estar em seu plano. Grunhindo agoniado, Harry se depara no jardim, em um local mais afastado do castelo. Graças a escuridão da noite, ninguém o veria ali.

Aproveitando o silencio e a paz que o local transmitia, Harry desembainha a espada, trabalhando seus golpes contra o ar.  A espada longa e escura era sua melhor companheira e sentia que sempre poderia contar com ela. Sua concentração nos golpes era descomunal ao ponto de não perceber alguém se aproximando.

Astória sentia-se desconfortável. Minerva havia praticamente a enchido de cremes para machucados, a cama era confortável demais, era estranho estar em um local aonde era bem-vindo e mais ainda, não fedia a mofo. O vento do jardim era tão agradável, e seus pés contra a grama era libertador.

Agarrando-se ao pequeno lençol a qual havia se enrolando, o barulho de vento sendo cortado atraiu a atenção da moça. Harry Potter parecia mais bonito do que ela julgava ser possível, e a força que ele usava não aprecia ser normal. Ele não havia notado ela, e o fato do mesmo estar tão sério mostrava que sua presença provavelmente não seria bem-vinda.

A passos pequenos a garota ia se afastando de costas, com os olhos pregados no garoto. Estava hipnotizada demais para tirar os olhos, ao ponto de não perceber uma pequena elevação no jardim a fazendo cair de bunda no chão. O choque a fez grunhir baixo atraindo atenção para si. O encontro de olhares pareceu parar o tempo e confuso, Harry abaixa sua espada indo até a garota, abaixando-se ao seu lado.

-A senhorita está bem? - Questiona ele estendendo a mão, contudo retraindo logo em seguida- Perdões, eu estou todo suado

-Eu atrapalhei o senhor- Astória nega com a cabeça rapidamente- Não se deve atrapalhar o treino de um homem

-Quem lhe ensinou isso? - Questiona Harry confuso segurando o riso

Era a maior babaquice que já havia ouvido em toda a sua vida! A garota não sabia o quanto que os Knight ficavam felizes quando as mulheres visitavam os treinos e ofereciam comida e bebida? Imaginou o rapaz que seria um conhecimento comum, uma vez que já ouvira sua mãe falar com seu pai o quanto que os romances atualmente eram focados nessa realidade.

-Minha professora de etiqueta- Sussurra a garota agarrando-se ao próprio corpo, escondendo-o nos lençóis

-Que mulher amargurada- Comenta Harry pensativo- O que a senhorita está fazendo aqui fora por sinal?

-Não consegui dormir- Confessa a garota encolhendo a perna

-Você está descalça? -Pergunta Harry apontando para o pé descoberto da garota

-Não tenho sapatos- Resmunga a garota abafando sua voz contra os braços

-Perdoe minha intromissão- Pede Harry antes de pegar Astória nos braços como uma princesa

O grito de Astória assustada fez Harry rir baixo. Segurando-a com firmeza, o garoto caminha de volta para o castelo pensativo. Roupa de pouca qualidade, sem sapatos, magra demais. Questionava se ela era realmente a filha de um duque, principalmente do Greengrass que presava pela aparência.

Recusava-se a questionar e saber a verdade. Por alguma razão estava com medo de ouvir o que realmente havia acontecido com a moça. Assustou-se quando a mesma encostou a cabeça em seu ombro, mesmo suado, como um gato manso.

-Astória- Harry chama, contudo, a garota não respondia, parecia até mesmo morta em seus braços- Está com fome?

-Posso comer agora? - Alerta-se a garota erguendo a cabeça com rapidez fazendo o garoto rir

-O que gostaria de comer? - Questiona, apertando mais a mesmo contra seu corpo de forma involuntária

-Qualquer coisa que o senhor quiser, ficarei satisfeita- Sorrir minimamente a garota- Não sendo sopa...

-Creia, eu odeio sopa- Confessa o garoto- Só não fale isso para a minha mãe, ela jura que eu tomo todas as vezes

-Você não toma?

-Lógico que não! Nem eu, nem meu pai- Rir o garoto distraído- Geralmente a gente joga na planta, o chefe sempre dá um modo de tirar ela do salão para a gente conseguir fazer isso.

A risada do garoto era contagiante. O coração da garota batia acelerado, e o modo relaxado a qual ele se dirigia a ela, o modo como a princesa a tratou pareceu o completo oposto do que haviam falado para ela. A princesa não parecia ser alguém grossa e amedrontadora, o duque não parecia alguém frio e distante. As coisas se desenrolavam de uma forma tão calorosa que Astória não compreendia por que haviam falado tanta mentira para ela.

Os passos do rapaz eram delicados de forma que ela mal sentia que o mesmo andava. O modo que ele a segurava não tinha força alguma, e nem a machucava. Ela se sentia tão acolhida e abraçada que parecia pronta para chorar. Lembrava-se do desespero de Minerva ao ver as costas vermelhas da mesma, e da vergonha que sentira quando a empregada saíra correndo do banheiro a procura de algo que pudesse aliviar a ardência das costas da mesma.

Suas costelas eram marcadas, seus braços eram finos e sua pele gelada. Com ajuda de Minerva, tudo pareceu mais fácil, e questionava-se se Daphine se sentia daquela forma. Haver alguém para lhe ajudar era realmente um facilitador, e o modo como a tratavam parecia estar no céu. Curioso, Harry olhava Astória pelo canto dos olhos. Perdida em seus pensamentos, ela parecia bastante com Hermione.

Podia jurar que as duas seriam uma máquina de conhecimento sem procedentes, e talvez devesse questionar ao Duque Greengrass por que a filha está em tão maus cuidados. A falta de qualquer cuidado da mesma com si própria de alguma forma o deixava nervoso. Engolindo a pressão que sentia na garganta, Harry toma coragem para conhecer a verdade sobre ela

-Poderia me contar o que realmente aconteceu com você? - Questiona Harry baixo virando o rosto, temia perder completamente a coragem se olhasse para Astória- Não irei anular nosso casamento, muito menos odiar você. Apenas quero conhece-la melhor

-Não há muito o que falar- Informa a garota rapidamente, brincando com os próprios dedos

-Conheço uma pessoa que fala a mesma coisa que você, quando quer esconder ela- Rir Harry- Não irei pressiona-la, quando quiser conversar, estarei pronto para ouvir.

Não poderia forçar a garota a falar coisa alguma, e temia que se pressionasse demais ela iria escorrer entre seus dedos e sumir. A verdade era que, no momento a qual pedira para Ronald pegar a garota em sua casa, sem a devida autorização do pai, e ninguém questionar sua decisão, atiçou ainda mais a curiosidade do rapaz.

Assim como Hermione, sua mãe não dava pontos sem nó, então ficar em silencio e apenas observando era algo a qual Dona Lilian não tinha muita paciência de fazer. Quando solicitara a Ronald a vinda de Astória, seus pais foram os primeiros a saberem de sua decisão, e apesar do receio do homem da família, sua mãe pareceu calma o bastante para apoiar sua decisão.

A entrada na cozinha dos dois assustou o chefe que organizava provavelmente as compras da semana. Recordava de Hermione lhe informar que toda semana o chefe dirigia a lista ao escritório de finanças que fazia o pedido para os fazendeiros da região. Todos os produtos utilizados ali eram de produção própria do Norte. O orgulho da prima em falar disso era visível.

-Oh, pelos deuses! - Exclama o chefe colocando o papel na mesa e vindo até os dois apressados- Em que posso ajudar vossas majestades?

-Ainda não foram coroados Jaquin- Harry rir do chefe bem-humorado- Estava treinando e Astória apareceu lá, estamos com fome. Tem algo que possamos comer?

-O que os senhores desejarem comer, Jaquin terá o maior prazer em preparar- Prontifica o homem orgulhoso de poder falar isso com tanta convicção

-O que gostaria de comer? - Questiona Harry a mulher em seus braços, a colocando no banco mais próxima que tinha- Como pode ouvir, o que desejar, ele pode fazer.

-O que o senhor comer será mais do que agradável para mim- Astória nega com a cabeça, juntando as mãos juntos as pernas encolhidas no banco

-Astória- Harry chama a garota abaixando em sua frente para que pudesse olhar no rosto da mulher, que sempre parecia estar abaixado- Deve haver algo que você esteja com muita vontade de comer....

-Croissants…- Sussurra ela envergonhada- Eu nunca comi

-Por tudo que é mais sagrado! - Jaquin exclama batendo em seu avental chamando atenção- Eu faço o melhor croissant de todo o Norte, madame- Ele se curva frente a Astória que rir com seus atos exagerados- Irei faze-los agora mesmo! Por aqui deve ter alguma massa já pronta...

-Se for atrapalhar…- Começa Astória, porém Harry segura a são mão fazendo-a se calar, cortando a sua fala

-Ficaremos mais do que satisfeitos se você fizer- Ele sorrir para a garota que abaixa o rosto envergonhada

Pequenos detalhes da garota não passarem despercebido pelos olhos atentos de Harry naquele momento. As bochechas levemente vermelhas, os cabelos negros caindo sobre seus ombros, a pele clara, e o corpo fino, as mãos moviam nervosamente e os dedos de seus pés se embrenhavam entre si. A postura encolhida dela não combinava com a imagem de uma rainha, mas por alguma razão o garoto conseguia ver muito bem ela se erguendo e mostrando do que era realmente capaz.

A expectativa dela com a vinda de um simples pão como croissant atiçava mais a curiosidade do garoto. O que ela tinha passado? O quanto que ela tinha sofrido? Ele gostaria de saber, desejava conhecer pelos mínimos detalhes que Astória poderia transmitir. Não se sentia irritado com a possibilidade de ela ter seu sobrenome. Talvez pudesse propor a retirada do nome Greengrass.... Quem sabe.

A espera pelo pequeno pão foi em silencio, e o garoto não havia achado ruim em momento algum. Parecia até mesmo acolhedor. Os olhos curiosos de Astória fitavam o chef que parecia mais animado ainda com o olhar que ela dirigia para ele. Em menos de uma hora, o chefe chega com um prato com três croissant bastante quentes, os colocando na frente da garota.

Os olhos de Astória brilhavam como de uma criança que via pela primeira vez que ia a uma padaria. O aumento de sua curiosidade ia a níveis estratosféricos, quando a garota olhava o pão e o chefe com expectativa.

-Eu posso mesmo? - Questiona ela sorrindo pequeno balançando os dedos em expectativa

-Eles são todos seus, madame- O chefe sorrir colocando as mãos na cintura pomposo- Tenho orgulho de dizer que a menina Granger alega que eu tenho o melhor croissant

-Você já falou isso não? - Desdenha Harry apoiando os cotovelos no balcão rindo

-Garoto, estou falando com a madame- O chefe balança seu pano no ar, batendo-o na cabeça de Harry, que ria descontrolado

Astória olhava os dois espantada. Ela não conseguia imaginar como um empregado agia naquela forma com o seu senhor, era inadmissível na casa do Duque que os empregados até mesmo olhassem para a família, então um ato como aquele parecia ser chocante demais para a cabeça dela processar. O olhar confuso de Astória para a situação chamou novamente a atenção de Harry que empurra levemente o Chefe, chamando sua atenção.

-É bom se acostumar- Ele alerta colocando um fio de cabelo dela atrás da orelha delicado- A maioria dos empregados daqui me viram nascer, criaram Hermione desde que ela é pequena, então é comum eles agirem assim- Informa devagar o garoto empurrando o prato para ela- O que você quiser, todos ficaram felizes em fazer, se o modo que eles agirem lhe desagradar, é somente falar. Ninguém aqui é obrigado a fazer nada, e como futura senhora e Rainha desse castelo, você possui voz suficiente para qualquer coisa

Confirmando com a cabeça devagar, Astória olhou o prato novamente antes de pegar um deles e morder com timidez.

-Oh meu Deus! - Exclama ela escondendo a boca com a mão animada- É a coisa mais gostosa que eu já comi na vida!

-Fico honrado senhora- Jaquin sorrir curvando-se- Minha cozinha está aqui para servir os melhores pratos para a senhora, se desejar comer alguma coisa, sinta-se mais do que livre para me informar, tenho certeza que todos dessa cozinha ficarão mais do que contentes que ver esse seu sorriso novamente

Astória não poderia ficar mais vermelha do que naquele momento. Estralando a língua, Harry puxa Astória para perto de si, encostando a cabeça dela em seu ombro. A garota parecia uma estátua, congelada com seu pão na mão.

-Pare de flertar com ela seu cozinheiro de meia tigela! - Brinca Harry fazendo o empregado rir divertido- Não caia na lábia dele Astória, você terá que ter umas aulas com Hermione de como agir com esse bando de folgados

-A menina Granger ama a todos nós mais do que ama você, garoto- Esbanja o chefe orgulhoso- Deixarei vocês dois comerem em paz, acordo cedo para preparar o chá da princesa.

-Tenha uma boa noite Jaquin- Sorrir pomposo Harry

-Desculpe incomodar você- Astória desculpa-se abaixando um pouco a cabeça, desculpando-se, para enfim voltar a olhar para ele

-Não se desculpe, é sempre um enorme prazer servir qualquer pessoa que seja da família- Sorrir o chefe pegando a mão livre de Astória, beijando-a rapidamente- Como futura rainha, fico mais do que honrado de a senhorita elogiar minha comida.

Saindo da cozinha, Jaquin deixa Harry junto a Astória, sozinhos. Observando a garota comer discretamente, o garoto permitiu-se novamente observar aquela mulher tão peculiar. Assim como havia comida, a duquesa é acompanhada por Harry até seu quarto, aonde se despedem com um sorriso vergonhoso e um acenar de mãos discreto.

Astória sentia suas pernas fracas e seu rosto quente. Jogando-se na cama, ela abraça o travesseiro, escondendo o rosto no tecido sedoso que estava o estava cobrindo, nervosamente.

-Aaaah Deus- Resmunga a garota virando de barriga para cima, ainda abraçando o travesseiro- Nunca fiquei tão nervosa na vida

Absorvendo as sensações recentes, a garota encolhe-se na cama, aproveitando cada milímetro de conforto que aquela cama passava. O gelado gosto do tecido, a fofura do colchão, tudo fazia cada musculo de seu corpo relaxar, parecendo se fundir na cama. Ela não soube quando dormira, apenas entrara no melhor sono que já tivera na vida.

Ninguém ousou acordar a garota, e por mais tentadora que fosse a ideia, Hermione olhava o primo treinar com Draco pela manhã com um leve tédio. Harry havia praticamente invadido o seu quarto, e agradecia a Deus pelo loiro ter pedido para a mesma colocar sua camisa antes de dormir, uma vez que o mesmo não conseguia descansar com o corpo nu dela encostado no seu.

Ambos vestiam somente uma calça e bota, e trocavam golpes com força. Ao seu lado, Gina olhava os dois segundo o riso, enquanto Rony, Theo e Blásio treinavam entre si. A perna agitada de Hermione subia e descia rapidamente. Odiava ser acordada, mas não conseguia descontar sua raiva em Harry, uma vez que o mesmo parecia agitado demais.

-Hermione, se você continuar com a perna assim, irá fazer um buraco no chão- Gina provoca a castanha, que a fuzila com o olhar

-A biblioteca está sendo limpa, Pansy está em algum lugar que não faço mais ideia, Minerva está com mamãe, e ela pediu para ficar sozinha, ouviu a notícia que queria expulsa-la e decidiu que deveria colocar a cabeça em ordem- Reclama Hermione escondendo o rosto grunhindo- Harry deveria ter te chamado! É a primeira manhã que eu e Draco tínhamos juntos sem ele ter que me substituir em algum encontro

-Oh meu Deus! Minha senhora, se tornou alguém devassa- Rir Gina recendo um tapa em resposta- Quer distrair a cabeça?

-O que sugere?

-Podemos treinar sua mira com arco- Gina propõe estendo a mão para a castanha- Ou você pode fazer campanha na frente do quarto de Astória

-Pedi para me avisarem quando ela acordar- resmunga com um bico Hermione

A conversa das duas foi interrompida quando uma empregada do castelo corre até o grupo aos gritos desesperada. Preocupada, Hermione vai até a empregada que respirava desregular. A atitude incomum chamou atenção dos garotos que caminharam calmos em direção as duas.

-Respire- Pede Hermione segurando a garota por ambos os braços- O que aconteceu? Você deveria estar esperando Astória acordar.

-Eu estava! Eu juro que estava- A empregada se agira sacudindo a cabeça- Vim aqui depois de chamar um médico

-Médico? - Altera-se Harry tocando no braço da empregada que se exalta com o toque

-Vão tomar banho- Manda Hermione sério- Vocês estão fedendo! Eu e Gina iremos até Astória

-Preciso vê-la- Harry sussurra, porém Hermione bate em sua cabeça com força – Ai Hermione!

-Banho! - Exige ela- AGORA!

Agitada, Hermione segura a mão da empregada, a puxando para dentro do castelo novamente. O vestido verde rodado da princesa voava com o vento e seu passo acelerado. Os cabelos soltos se soltavam se seu coque feito de qualquer modo pela manhã. A princesa segurava com força o braço da empregada que era praticamente arrastada pela garota.

Apesar de sua vestimenta ser completamente inapropriada, a princesa conseguia correr em uma velocidade realmente alta para alguém que não era nem um pouco treinada. Apesar da agitação do lado de fora, Hermione irritada espanta todos os empregados curiosos antes de entrar juntamente com Gina no quarto.

O médico olhava a duquesa com cuidado, observando sua temperatura e pressão.

-Como ela está?- Questiona Hermione ofegante

-Provavelmente uma mudança brusca para o corpo dela- O velho médico explica- Há somente uma única pessoa da nobreza que vi dessa forma menina, e ela é sua mãe. Apesar das situações completamente divergentes, ambas possuem um quadro muito parecido de fraqueza

-Saia daqui- manda Hermione fechando as mãos em punhos- Faça o remédio que tem que fazer e entregue a Gina, mas saia desse quarto agora!

Surpreso com a resposta da princesa, o médico se curva rapidamente, juntando todo o seu equipamento e saindo do quarto todo desengonçado. Seguindo por Gina, a castanha apenas sai do local quando escuto o barulho de chave trancando a porta do quarto a qual estava. Os grunhidos desconfortáveis de Astória fez com que a castanha se movesse até a cama preocupada.

Sentando na beirada na cama, a castanha segura delicadamente a mão de Astória com ambas as mãos, fazendo com que a garota virasse o rosto para ela confusa e sonolenta.

-Princesa- Ela cumprimenta Hermione tentando se erguer na cama para poder conversar melhor com a outra

-Fique deitada, por favor- Pede Hermione segurando os ombros da garota de forma que a mantivesse deitada- O que está se sentindo?

-Eu estou bem- Astória sorrir fraco

-Claro, claro, da mesma forma que você está bem, eu estou brigada com Draco- Desdenha a castanha- Mas não é sobre isso que vim, que você não está bem é um fato indiscutível

-Eu estou bem- Tenta convencer, porém Hermione apenas rir descrente

-Como está doente, irei contar a minha história com a sua família- Hermione sorrir carinhosa, acariciando os cabelos da garota distraída- Ela é bem pequena na verdade, meu santo nunca bateu com o de Daphine, então sempre vivemos em pé de guerra. Diria que ela tem prazer em me irritar e tornar todos os eventos a qual eu vou, um inferno

-Eu sinto muito, ela é uma pessoa... Complicada de lidar

-Não seja bondosa- Hermione rir, enrolando o cabelo de Astória em seu dedo indicador- Ela quer ser insuportável e consegue, eu sinto muito falar assim de sua irmã, mas como minha nova prima, tenho que ser franca. Eu odeio Daphine, a voz dela me agonia, o perfume dela me enjoa, e ela sabe disso. Acredito que ela tentou dar em cima de Draco no baile de apresentação do nosso noivado?

-Ela o que?!- Espanta-se Astória arregalando os olhos

-Ah! O perfume dela ficou impregnado na roupa dele, nunca desejei bater tanto nela, como naquela noite- Rir relaxada Hermione- Com relação ao seu pai...

-Não o chame assim, por favor- Interrompe Astória entrelaçando os próprios dedos com força

-Interessante- Sussurra Hermione segurando o sorriso- Pois bem, o Duque Greengrass suporta a minha família desde sempre. Acredito que o fato de quando tínhamos 13 anos meus pais não desejassem que eu me misturasse com Daphine tornou tudo muito pior, sempre que ele tinha oportunidade, tentava convencer meu pai que eu estava sendo desrespeitosa ou algo do gênero

-Por que ele achava isso? - Questiona Astória se sentando na cama para poder olhar Hermione melhor

-Por que segundo o esbelto Duque, é um absurdo uma mulher como eu saber ler, estudar economia e táticas de guerra, se envolver em negociações e ainda saber de todas as movimentações do reino- Hermione sorrir orgulhosa de seus feitos- Além é claro, de já ser responsável pela organização dos funcionários, de ao invés de participar de festas de chá, estar ouvindo as reuniões de meu pai, e lendo seus documentos.

-A senhora é realmente peculiar- Rir baixo Astória com rosto abaixado

-Talvez eu seja, ou talvez eu não queira ser normal- Hermione dar de ombros- Astória, nunca iremos pressionar você a contar o que o Duque fez a você, contudo, sempre estaremos disponíveis à ouvir

-Meus professores sempre me disseram para nunca explanar meus problemas para os outros, por que eu seria um distúrbio- Astória sussurra mexendo os dedos nervosamente- Sempre ouvi isso

-Você não me contará seus problemas, mas sim a sua história- Sorrir carinhosa a princesa- E eu quero saber, por que se você passou por algo que não deveria passar, quero ajudá-la a superar.

Astória absorvia as palavras de Hermione em silencio, antes de respirar fundo e virar-se para ela. Sentada sobre os próprios pés, a garota se encontrava de joelhos na cama, virada para a princesa que a olhava confusa. Juntando as mãos frente ao corpo, Hermione ergue uma sobrancelha, esperando alguma fala da outra.

-Fui criada para minha mãe, desde sempre- Astória começa a falar- Porém quando pequena, meu pai isolou a mim e a minha mãe alegando que seria para nossa segurança. Ele nunca visitava, e isso sempre entristeceu a minha mãe, que se matou nas festas de Natal, quando descobriu que o duque havia se casado novamente.... Não tínhamos contato, e em um dos meu aniversário, quando a nova família Greengrass veio me visitar, me recusei a aceitar as congratulações, e por causa disso ele brigou comigo me mandando para um exilio, em um templo...

-Você ficou quanto tempo lá?

-Dos meus 13 aos 15 anos eu acho, nunca contei o tempo por que lá eu era realmente feliz princesa, eles realmente me amavam, eles me davam comida, e apesar do serviço pesado de cuidas de enfermos, eu realmente gostava- Confessa Astória fechando os olhos dolorida- Fui forçada a voltar, eu realmente desejava ficar....

-Você deseja voltar? - Questiona Hermione, cortando a garota- Deseja visita-los?

-Não posso voltar- Astória nega com a cabeça- Provavelmente todos já estão mortos....Enfim, não importa, eles me pediram para ser feliz...

-Aquele dia que lhe vi naquela festa de chá- Relembra Hermione- Foi o dia que você voltou?

-Sim, foi a primeira e única vez que andei pelos jardins daquela casa- Astória dar de ombros- Vivi, até vocês me tirarem de lá, dentro de meu quarto, presa, com uma rotina exausta com pouca comida, muitas aulas, a qual os professores eram autorizados a baterem em mim

-Eu...- Hermione cobre a boca chocada- O quão grotesto é aquele homem?!

-Ele não me ama, e acho que ele me via mais como um meio de chegar ao poder- Confessa a morena baixo- Eu sempre desejei o ver sem nada.... Rastejando por perdão

-Podemos fazer isso- a voz de Harry assusta Astória, que pula na cama agarrando o braço de Hermione- E sinceramente Hermione, é patética você impedir minha entrada

-Patético é você invadir o quarto de uma mulher- Retruca Hermione, suspirando pesado- O quanto que você ouviu?

-Tudo- Reclama Harry indo até a cama, abaixando ao lado da cama- Astória, podemos fazer isso acontecer

-Há! Seria um prazer ver Daphine implorar- Rir maldosa Hermione vendo o primo sorrir pequeno- Lilian ficaria em extasse de ver aquela velha caroca da Duquesa chorar

-Lilian?- Astória pergunta confusa

-Minha mãe- Harry sorrir estendendo a mão para Astória- Eles querem muito conhecer você, os dois. Eu gostaria muito que você os conhecesse na verdade

-Eu não sei se consigo agora- Confessa Astória mordendo o lábio inferior- Não tenho roupa...

-Pode usar um vestido meu- Sorrir Hermione- Somos uma família apartir de agora Astória.

O sorriso travesso de Hermione fez Astória encolher os ombros desconfiada

-Draco!- Grita Hermione- Tira Harry daqui!

-Que deselegante- Theodore brinca colocando a cabeça para dentro do quarto- Deseja algo minha senhora?

-Primeiro que Harry saia, e que vocês mandem Gina trazer os melhores vestidos que eu tenho- O sorriso animado de Hermione fez os garotos rirem- Iremos preparar Astória para conhecer os temidos Potter’s

Astória não entendia muito bem. Era tão confuso! Eles não eram nada do que o duque havia lhe falado. A leveza e união deles era invejável e  o clima leve e acolhedor que eles transmitiam eram relaxante. Fora impossível conter o sorriso, e segurar umas lágrimas teimosas que escorregavam em sua bochecha

Rápida, a garota limpa as lágrimas teimosas permitindo-se sorrir. Seria feliz. Sim, ela seria feliz. Ela se faria feliz.