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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Décimo Ato


Escrita por: redrosess

Capítulo 10 - Décimo Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Décimo Ato

Sakura tinha passado o dia inteiro supervisionando dois Chuunin médicos a mover aparatos e suprimentos médicos para a nova habilitação de Sasori. Gaara tinha deixado bem claro que não queria o ninja renegado a andar por Suna desnecessariamente, em um esforço para manter os moradores locais menos agitados, então Sakura seria forçada a realizar seus exames no conforto do pequeno apartamento. Ela protestou, mas Gaara não mostrou flexibilidade sobre este assunto. Assim, uma Sakura muito irritada encontrou-se dando ordens para os pobres Chuunin apenas fazendo o trabalho deles.

Eles tinham acabado de terminar não mais que dez minutos antes, e Sakura decidiu que ajudaria tomar um copo de água. Tinha sido um longo dia. Claro que, como ela tinha muita sorte, o esquadrão ANBU destacado para escoltar Sasori escolheu aquele justo tempo para chegar. Sakura gemeu por dentro, pois esperava estar fora de lá antes da mudança acontecer, mas parecia que o destino não estava do seu lado.

— Haruno-sensei, não achei que você estaria aqui — um dos guardas dirigiu-se a ela.

— Ah, sim, bem, nós acabamos de trazer equipamento médico que vou precisar para os exames de Sasori.

O shinobi em questão caminhou lentamente para a sala, flanqueado em todos os quatro lados por sua comitiva ANBU. Ele não parecia muito animado de estar ali, e Sakura percebeu que ele  estava suando um pouco. Era um comportamento muito ímpar, para dizer o mínimo

— Você vai examiná-lo agora?

—  Sim — disse um pouco hesitante. —, eu gostaria de dar uma olhada nele, já que ainda não tive chance esta manhã.

Kankuro tinha visitado Sasori na parte da manhã e, presumivelmente, informou-o do novo arranjo. Uma vez encerrado os interrogatórios de Sasori, Sakura decidiu se concentrar em deixar tudo em ordem para a  transição dele. Ao vê-lo chegar à sua nova habilitação, a konoichi observou que ele parecia estar um pouco fora da realidade.

— Muito bem. Nós estaremos postados em todos os cantos da área em que esta casa está. Vamos saber imediatamente se alguém sair ou entrar no edifício. Se houver algum problema, vamos estar por perto.

O ANBU inclinou-se respeitosamente e deixou a sala, sendo seguido pelos demais guardas, deixando Sakura sozinha com Sasori. Ela supôs que deveria começar a se acostumar a ficar sozinha com o shinobi corrompido. Não era como se estivesse totalmente à mercê dele ou coisa parecida; ela era uma kunoichi muito competente e, no pior dos casos, os ANBU estariam postados do lado de fora. Além disso, Sakura tinha derrotado Sasori uma vez antes, certo? Ainda sentia-se nervosa, apesar de suas tentativas de racionalizar a respeito da situação. Ela decidiu se concentrar na tarefa em suas mãos.

— Você parece um pouco doente —  ela comentou, pondo sua mão na testa de seu paciente.

Ela teve que inclinar a vista par cima,  para fitar Sasori nos olhos. Só então tomando conhecimento da diferença em suas alturas. Normalmente, nas vezes em que Sakura foi examiná-lo na prisão, ele estava caído contra uma parede, então altura não era um problema.

— Não é nada.

— De todo o modo, vou verificar.

Sasori não resistiu, e ela deixou seu chakra fluir no organismo dele, verificando se havia anormalidades.

— Você tem febre. Vou ter que lhe dar algo para isso.

Ela virou-se dele e vasculhou uma sacola contendo vários comprimidos e poções, procurando alguma coisa para ajudar a reduzir a febre.

— Você teve alguma coisa a ver com isso?

Sakura virou-se com a pergunta repentina. Levou um momento para perceber que ele devia estar falando sobre sua nova situação. Ela encolheu os ombros.

— Foi ideia de Kankuro. Mas eu não posso dizer que estou chateada em mover você para um arranjo de vida mais hospitaleiro.

Ela localizou a garrafa que queria e foi até a cozinha pegar um copo de água. Armada com o medicamento, ela voltou para Sasori, que agora estava sentado em uma cadeira perto da única mesa no quarto.

— Tome dois destes. Vou ter que monitorar a febre periodicamente, assim você vai ter que sofrer em minha presença um pouco mais.

Ele tomou as pílulas e engoliu-as com um copo de água, com um olhar calmo e vazio, apesar de sua má saúde.

— Esta nova estratégia não vai funcionar.

— Do que você está falando?

Ele lhe deu um olhar que dizia "não se faça de idiota".

— Ei, como eu disse, tudo que me importa é a sua saúde.

Sasori não respondeu, e Sakura deixou cair o olhar para as pulseiras de prata nos pulsos dele. Gaara tinha mencionado que o objeto servia para selar o chakra de Sasori. Não admirava que o ex-Akatsuki estivesse em um tempo difícil para recuperar seu chakra, que era essencial para o processo de cura natural. Portanto, sem acesso normal à sua energia vital, Sasori estava mais propenso a doenças. Sakura franziu a testa, checando a dedo uma das pulseiras.

— Isto machuca?

— A dor é relativa.

— Então machuca.

— Eu não disse isso.

— Você implícita isso.

Ele não respondeu. Sakura estava começando a perceber um padrão.

— Sasori, não estou aqui para manipulá-lo. Eu sou horrível em mentir, então eu duvido que iria longe se tentasse. — Ela fez uma pausa, deslocando seu peso, antes de acrescentar: — Nós vamos passar muito tempo juntos a partir de agora. Eu estou apenas tentando conversar e nada mais.

— Eu sei disso.

— Bem, você tem uma maneira estranha de mostrar isso.

Sasori moveu-se para tatear o bracelete que Sakura estava examinando. Ela não deixou de notar o quase contato entre as mãos dos dois.

— A dor não é um sinal de fraqueza. Nós todos sentimos dor. É algo humano.

— Você parece gostar de lembrar-me que sou humano.

— E o que há de errado com ser humano?

Os olhos cor de mel Sasori fixaram-se nos verdes de sua interlocutora, mas não havia nada lá para ela ler. Era como se ele estivesse totalmente vazio.

— Tudo.

Algo pareceu estalar na mente de Sakura naquele momento. A garota não tinha ideia do que Sasori tinha passado para desprezar a humanidade, a tal ponto de fazê-lo ser capaz de voluntariamente descartar o seu próprio corpo por um artificial. Ela não teria sequer a pretensão de tentar compreendê-lo. Mas, naquele instante, ver o olhar vazio e sem vida nos olhos do ex-Akatsuki fez a konoichi tomar uma decisão. Ela iria chegar ao fundo da questão, de uma forma ou de outra, até porque isso poderia significar aproximar-se de descobrir a verdade sobre a Akatsuki, o que significaria também que ela poderia ser útil para ajudar Sasuke.

— Bem, eu sou uma firme crente de que pensamentos negativos levam à saúde negativa.

— Essa é a coisa menos inteligente que eu ouvi você dizer.

Sakura sentiu um veia surgir em sua cabeça.

— Isso não é uma maneira muito agradável para falar com a única pessoa que se preocupa com a sua recuperação.

— Você não se importa. Está seguindo ordens.

— Talvez eu me importe. Você já pensou nisso?

— Não, porque você não se importa.

Sakura cruzou os braços defensivamente.

— Eu me importo com você. Quero genuinamente que sua recuperação seja segura e rápida, está bem? Eu desejo isso para todos os meus pacientes.

— Então talvez você devesse reconsiderar esta ocasião.

— Você é um grande pé no saco.

Deu-lhe um olhar estranho.

— Oh, vamos lá. Não me diga que ninguém nunca lhe disse isso.

— Você parece ter um desejo de provar a sua imaturidade, menina.

Sakura ficou exaltada.

— Eu não sou uma menina. Talvez você não tenha notado, desde que  esteve em coma durante os últimos três anos, mas tenho quase 19 anos de idade. Ao contrário de você, eu não tenho o luxo de envelhecimento retardado.

— Eu quis dizer a sua atitude, não a sua idade física.

— Eu sei o que você quis dizer. E eu mantenho a minha posição em frente ao meu comentário sobre você ser um pé no saco.

Sakura terminou de examinar Sasori, um pouco preocupada por ele parecer exausto, embora tivesse sido dito a ela que o ex-Akatsuki não estava sendo mais interrogado ou torturado. Ela cruzou os braços.

— Seu corpo está sobrecarregado. Se o seu coração experienciar muito esforço, pode parar. De agora em diante, especialmente quando você começar a treinar com a brigada de marionetes,  deve ter calma, não esforçar-se muito. Seu chakra está restrito, então seu corpo se cansa mais facilmente. Eu posso curar seus ferimentos, mas eu não sou uma milagreira.

— Você praticamente me trouxe de volta dos mortos.

A maneira como ele falou fazia parecer que não achava realmente uma coisa boa ter sido acordado. Sakura olhou para baixo, auto-consciente.

— Isso é diferente.

— Na verdade, não é.

— Que seja. Em qualquer caso, se colocar muita pressão sobre seu corpo, você estará em apuros. E não vá tentar quaisquer ideias sobre desgastar-se, a ponto de se matar. Eu não vou deixar você sair do gancho tão facilmente.

— Tenho certeza que você não vai.

O que diabos aquela frase queria dizer? Sakura balançou a cabeça, não querendo pensar mais sobre isso.

— De qualquer forma, eu vou estar de volta para verificar você em poucas horas. Minha casa, na verdade, fica do outro lado da rua do hospital, por isso, se você se sentir como se estivesse morrendo ou algo assim, eu vou estar por perto — Sakura pensou tardiamente que se Sasori realmente sentisse como se estivesses morrendo, ele provavelmente não iria fazer questão de ajudar a si mesmo. Ela teria que manter uma vigilância mais regular sobre ele. Que chatice.

— Tente relaxar. Tome um banho, coma alguma coisa. Certifiquei-me de fazê-los abastecer a cozinha com alimentos saudáveis, então você não tem desculpa para não comer como uma pessoa normal. Durma um pouco, também. É para isso que serve a cama.

Sasori não disse nada, apenas a observava atentamente. Algo chegou à cabeça Sakura só então, e ela sentiu-se tola por não ter pensado nisso antes.

— Eu sei que faz um tempo desde que você foi humano, então algumas coisas que vêm naturalmente para as pessoas podem não ser uma segunda natureza para você. — Ela fez uma pausa, escolhendo as palavras com cuidado. — Se precisar de ajuda com qualquer coisa, você pode pedir a Kankuro ou a mim.

— Eu não sou um inválido impotente.

— Ao mesmo tempo, a minha prioridade é ter a certeza que você faça uma recuperação completa. Então, só ... peça, caso você precise de alguma coisa. Eu estou aqui para ajudar — disse ela, sentindo-se inexplicavelmente desconfortável.

Não era estranho, ela argumentou. Sakura fazia com que todos os seus pacientes ficassem cientes de que ela estava lá para ajudar, se e quando necessário. Alguns deles realmente precisavam de incentivo e garantia; alguns processos de recuperação podem ser uma viagem muito longa e árdua. E ela tinha um mau pressentimento que Sasori era o tipo de pessoa que nunca pedia ajuda. Ela não iria permitir que ele renunciasse toda e qualquer assistência.

Ele a olhou em silêncio, quase desconfiado, mas não disse nada. Isto provavelmente era o melhor que Sakura poderia obter naquele momento, de modo que ela pediu licença e rapidamente deixou aquele apartamento/prisão. Algo lhe disse dizia que estava em um mundo de sofrimento desnecessário a partir de então, e ela amaldiçoou o destino por jogá-la naquela circunstância tão distorcida.

   



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