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História A Perfeita Imperfeição de Existir - Vigésimo Quarto Ato


Escrita por: redrosess

Capítulo 24 - Vigésimo Quarto Ato


Fanfic / Fanfiction A Perfeita Imperfeição de Existir - Vigésimo Quarto Ato

Por ordem de Gaara, Kankuro tinha ido ajudar Temari a escavar informações sobre o passado de Sasori e a procurar dois especialistas em técnicas de selamento. Sakura não estava ansiosa para o momento em que Gaara a deixaria sozinha com Sasori, para certificar-se de que o corpo dele se ajustaria a ter seu chakra de volta. Ela engoliu a secura em sua garganta.

— Temari me informou de seu desejo de voltar a Konoha para se apresentar à Hokage.

Sakura piscou ante a repentina mudança de assunto. Quando tinha dito algo assim a Temari? Ela tentou se lembrar, mas sua mente estava embaçada. A única vez que ela tinha conversado com Temari sobre voltar a Konoha havia sido um mês antes, e Temari tinha sugerir isso, não Sakura. De repente, a rosada compreendeu e se sentiu infinitamente grata a sua amiga.

— Sim, se não for um problema.

— Tenho certeza de que posso encontrar um substituto para você, ao menos por alguns dias.

Sakura não pôde deixar de sorrir. Mas por que Gaara estava fazendo isso? Na última vez que ela tinha implorado ao Kazekage para deixá-la voltar a Konoha, ele tinha recusado firmemente. Por que a mudança súbita? Ela o alcançou e combinou seu passo com o dele. Gaara estava olhando para frente e sua mandíbula estava definida desconfortavelmente. As feições de Sakura se suavizaram ante a visão.

— Gaara?

Ela estendeu a mão e segurou num dos braços dele. A ação íntima foi suficiente para fazê-lo estalar a cabeça e olhar para ela. Ela lhe lançou um sorriso radiante.

— Obrigada.

Ele apenas piscou para ela antes de forçar o olhar para frente novamente. Sakura quase se sentiu mal por rir do rubor que viu nas pálidas bochechas do jovem.

— Terá que esperar um pouco, é claro. Agora que Sasori terá chakra, acho que seria melhor se você permanecesse aqui até que as coisas se acalmassem.

— Claro, posso esperar — falou, mas por dentro ela sabia que estaria contando os dias. 

Como ela desejava ver Sai, Naruto e Kakashi! E esperava poder ajudá-los com a busca por Sasuke. Estava tão preocupada com seus pensamentos que não percebeu que tinham chegado à porta de Sasori.

— Sasori, abra a porta — Gaara disse após bater na porta.

A resposta foi rápida, e Sakura não se sentiu aliviada por Sasori estar se sentindo um pouco melhor. O nervosismo tomou conta dela nesse momento. Não havia mais volta.

Sasori abriu a porta (completamente vestido, graças a Deus). Parecia levemente surpreso ao ver o chamado Kazekage. Sakura levou um momento para perceber que ele não estava olhando para ela ou para Gaara, mas para seus braços unidos. Logo, entretanto, ele encontrou os olhos do mais jovem.

— Kazekage.

Sakura decidiu soltar o braço de Gaara, sentindo-se repentinamente claustrofóbica. Ela se mexeu desconfortavelmente.

— Sasori. — Gaara não esperou por um convite e entrou na pequena habitação.

Sasori o seguiu logo depois, sem dar a Sakura ao menos um olhar de canto. Ela ficou sozinha na porta por um momento antes de também marchar para dentro.

Dentro, Gaara pôs-se diante da mesa de trabalho de Sasori e examinou a marionete em que ele estava trabalhando. Por sua vez, Sasori voltou a sentar-se à beira da cama. O olho treinado de Sakura percebeu que ele fazia movimentos lentos e deliberados, quase como um homem com dor. Ele ainda deveria estar muito fraco por causa de sua insuficiência cardíaca. Ela estava se segurando para não ir até ele e examiná-lo imediatamente.

— Isso terá de ser feito — disse Gaara em tom aborrecido. Um guarda da ANBU entrou pouco depois do Kazekage ter indicado as peças de boneco e as ferramentas que cobriam a mesa de trabalho de Sasori. — Livrem-se de tudo isso.

O guarda da ANBU acenou com a cabeça e logo ele e seus companheiros retiraram todo o equipamento. Em apenas alguns minutos, a mesa de trabalho estava completamente estéril. Sasori permaneceu em silêncio o tempo todo e não deu nenhuma indicação externa de seus sentimentos. Sakura se perguntou quanto tempo ele tinha investido no boneco inacabado.

Finalmente, Gaara virou-se para encará-lo.

— Você está se recuperando?

— Estou vivo e bem.

Sakura estremeceu com o tom zombeteiro e sentiu o impulso de dar mais um tapa no rosto dele.

— Bom — disse Gaara, atravessando a sala até ficar de pé diante de Sasori.

— Já é hora da execução?

Sasori olhou para Gaara, mas seu rosto e seu tom eram completamente neutros, quase despreocupados. Ele poderia estar perguntando sobre o clima.

— Não. — Gaara estreitou os olhos para o prisioneiro. — Eu vim para liberar seu chakra.

Nesse momento, Sasori soltou uma risada divertida.

— Então você acha que eu vou trocar informações pelo meu chakra, é isso?

— Se você quiser divulgar qualquer coisa, eu sou todo ouvidos — Gaara disse friamente. — Mas não, isto é simplesmente uma medida para garantir que você viva um pouco mais.

Ele estendeu a mão e segurou uma palma aberta na frente de Sasori.

— Dê-me seu pulso.

Sasori estreitou os olhos para o Kazekage, suspeitando do pedido, mas fez como instruído. Gaara fechou a mão ao redor de um dos braceletes e executou uma enxurrada de símbolos com a mão livre. A pulseira ficou vermelha por alguns segundos e depois desbotou. Sakura notou que Sasori apertava a mandíbula, como se estivesse sofrendo.

— Agora o outro.

Gaara repetiu o processo na outra pulseira. Quando o brilho vermelho cessou, Sasori soltou um suspiro audível e deixou seus ombros caírem. Seu alívio foi de curta duração, no entanto. Em um flash, Gaara o tinha pelo pescoço com sua areia. Sasori estava suspenso no ar, com os pés pendurados a poucos centímetros do chão firme.

— Considere isso um consolo, mas se você tentar alguma coisa suja, irá arrepender-se amargamente — ameaçou. — Qualquer tentativa de escapar será recompensada com uma morte lenta e dolorosa.

Sasori olhou para o Kazekage. Para o espanto de Sakura, ele manteve o rosto neutro mesmo provavelmente estando com problemas para respirar.

— Gaara, pare com isso! — ela pediu, sua voz era uma mistura de ansiedade e raiva. Moveu-se para o lado do Kazekage e colocou uma mão firme em seu ombro. — Você vai machucá-lo.

O Kazekage, porém, não lhe deu importância.

— Eu sou mais forte do que você — insistiu para Sasori —  Com informação ou não, eu pessoalmente cuidarei para que você responda por seus crimes contra esta aldeia. Entendeu-me?

A areia arfava violentamente, e Sasori tossiu. Sua fachada neutra estava desaparecendo.

— Diz ser mais forte do que eu, mas, ainda assim, você se sente ameaçado o suficiente para selar meu chakra — provocou.

A areia se apertou, e Sasori engasgou.

— Gaara, por favor! — Sakura implorou.

Gaara olhou para Sakura pelo canto dos olhos. A areia espremeu-se ao redor do pescoço de Sasori uma última vez antes de finalmente soltá-lo sobre a cama.

— Ei, é realmente assim que um Kazekage deveria estar agindo? — O jeito como Sasori disse essa frase fazia parecer que era exatamente como ele esperava que Gaara agisse: como um megalomaníaco paranóico ameaçado por um homem sem condições de lutar. Sasori esfregou uma mão ao redor de seu pescoço onde a areia o havia estrangulado.

— Certifique-se de que ele se recupere — Gaara disse a Sakura. — Esperarei o seu relatório.

A jovem assentiu com a cabeça, e Gaara saiu pela porta da frente. Logo após a saída do Kazekage, Sakura virou-se imediatamente para Sasori, que começara a tossir intermitentemente. Ela não pensou duas vezes antes de alcançar a mão com a qual ele segurava o pescoço e puxá-la para longe. Ele a olhou com cautela.

— Deixe-me ver isso — ela ordenou.

O ruivo permitiu que ela o examinasse. Com calmante chakra verde, Sakura sondou o pescoço dele. Não havia marca, mas haveria mais tarde. Ela exortou seu chakra para acalmar os músculos angustiados ao redor da traquéia para que não causassem qualquer desconforto depois. Após verificar a traqueia e curar os danos, ela se retirou e moveu as mãos para o peito de Sasori para verificar seu coração.

— Eu não posso acreditar que ele fez isso — ela resmungou enquanto examinava o coração de Sasori com seu chakra de cura. 

Uma varredura do corpo dele lhe deu uma boa noção sobre o panorama de suas vias de chakra. Não estavam fluindo tão vigorosamente como Sakura esperava, mas então ela se lembrou que Gaara tinha liberado apenas cinquenta por cento. Ainda assim, o chakra que tinha sido liberado já inundava o sistema de Sasori. Logo essa energia se fundiria com suas células e cumpriria seu papel como um catalisador para a recuperação natural.

— Como você está se sentindo? — ela perguntou enquanto continuava a examinar sua rede interna de chakra.

Como Sasori não respondeu, ela se afastou e procurou por seus olhos. Ele estava olhando por trás do ombro dela. Curiosa, Sakura virou a cabeça para o lado e viu a mão dele, abrindo e fechando, abrindo e fechando. Ela franziu o cenho. O que era tão interessante sobre isso?

De repente, uma energia azul crepitou para cada um dos dedos do ruivo. Por reflexo, Sakura se afastou um pouco e viu as minúsculas faíscas surgirem dos dedos dele em forma de fios finos e brilhantes. Fascinada, ela observava como os fios se estendiam mais e mais, torcendo-se como pequenos rios. Eles pousaram em uma maçã que estava descansando no criado-mudo e cutucaram-na experimentalmente. Sakura observou atentamente enquanto as cordas brilhantes de chakra erguiam a maçã para o ar e a faziam flutuar em direção a ela e Sasori. Ele estendeu a mão e segurou gentilmente a maçã assim que seus fios de chakra se desintegraram.

— Sasori...

Ele a ignorou e deu uma mordida na maçã. Um pequeno pingo de suco pousou na bochecha de Sakura, que piscou de surpresa. Ela enxugou o vestígio enquanto Sasori continuava a comer a maçã.

— Você espirrou suco em mim.

Ele finalmente deixou seu olhar se encontrar com o dela. Sempre intrigou Sakura como o comportamento dele poderia ser tão frio e retirado quando seus olhos eram a cor de mel quente em uma tarde de verão. Pelo menos aqueles olhos não estavam frios nesse momento.

— Aqui — ele disse, estendendo a maçã para ela.

Sakura franziu o cenho. Por que ela iria querer uma maçã já mordida?

— Sasori, eu não ...

— Termine isto.

Sakura estava completamente confusa. A maçã vermelha brilhante estava a centímetros de seu rosto e o suculento branco da poupa onde Sasori já tinha mordido brilhava. Decidindo que seria melhor não discutir com ele, ela aceitou a fruta oferecida e, tentativamente, deu uma mordida, no lado oposto à mordida de Sasori.

— Por que ele liberou meu chakra?

Sakura o observou com olhos guardados enquanto comia a maçã.

— Razões médicas.

O ruivo estreitou os olhos para ela.

— Você tem muita influência sobre ele.

— Aparentemente não o suficiente para impedi-lo de atacar um paciente em recuperação.

Sem dizer nada, Sasori inclinou a cabeça para o lado. Sakura comeu outro pedaço da maçã, sentindo-se um pouco estranha por estar comendo enquanto ele a observava. A tensão estranha era quase palpável. Ela não sabia o que falar, e ele estava estranhamente quieto. Teria esperado que ele gritasse com ela? Que a tirasse de seu apartamento na primeira chance que tivesse? Amargamente, ela desejou que ele se desculpasse por seu comportamento alguns dias atrás, mas isso provavelmente nunca aconteceria.

— Eu quis dizer aquilo — ela falou, os olhos colados à maçã na mão.

A temperatura na sala caiu alguns graus, e Sasori enrijeceu-se na cama. Ainda assim, ele não disse nada.

— Eu sei que você provavelmente não acredita em mim, mas tudo bem.

O silêncio se estendeu, e Sakura descobriu que não tinha mais apetite. Era como falar com uma parede de tijolos... Parecia bem claro que Sasori não ia pedir desculpas ou gritar com ela... Quase desejava que ele criticasse sua fraqueza emocional porque assim pelo menos ele estaria dizendo algo. Sentia-se invisível pelo silêncio dele.

— Sakura. — Os olhos dela se arregalaram como os de um cervo aprisionado. Sasori tinha acabado de... — Eu não gosto do seu nome. Não lhe convém.

Ela ficou boquiabierta por um momento, tentando entender o que tinha acontecido. Disse o nome dela como se fosse a coisa mais simples do mundo. Era a segunda vez que ele dizia isso no intervalo de poucas horas. Não fora um deslize, porém, pensou Sakura, e isso lhe deu confiança para falar.

— Combina com o meu cabelo. A maioria das pessoas diria que me serve perfeitamente.

Sasori franziu o cenho para ela, que se perguntou se ele se ressentia da ideia de ser aglomerado junto com "a maioria das pessoas". Isso não a surpreenderia.

— Não lhe convém — ele insistiu. — Você é mais uma erva daninha do que uma flor frágil. Não há como se livrar de você.

Sakura pensou que deveria se sentir ofendida por essas palavras, mas ela suspeitava que ele não as considerava um insulto.

— As ervas daninhas são difíceis de matar. Parece que você está preso a mim.

Ela deu-lhe um pequeno sorriso, mas ele não respondeu, apenas olhou para a maçã, a sobrancelha franzida.

— Eu não estou esperando que você diga ou faça qualquer coisa, sabe, eu só precisava ser honesta comigo mesma.

— Então você está de acordo com suas palavras.

— Sim — ela disse confiante. — Sim, eu estou.

Sasori não parecia absolutamente convencido, mas não discutiu com ela sobre isso. Em vez disso, ele alcançou a maçã que ela tinha quase esquecido e deu uma mordida no mesmo lugar onde ela o havia feito. Dessa vez, nenhum suco salpicou Sakura.

— Com o veneno certo, até a erva mais teimosa murchará e morrerá — disse ele suavemente.

Era estranho. Normalmente Sasori era tão brusco que a fazia querer dar um tapa nele. Mas nesse instante, ele parecia estar falando em enigmas e dançando em torno do que ele realmente queria dizer. Ele estava tão desconfortável? Sakura fez a única coisa que poderia pensar para facilitar o desconforto dele: ela estendeu a mão e colocou-a sobre a dele, a segurando a maçã. Sasori imediatamente sacudiu os olhos para fixar nos dela.

— Você esqueceu? — ela perguntou, um sorriso malicioso brincando em seus lábios. — Tenho o antídoto contra o seu veneno.

Assim que iniciou o simples contato, Sakura se afastou e se levantou da cama. Talvez Sasori estivesse tentando avisá-la, ou talvez fosse uma ameaça contra sua vida. Mas o que quer que quisesse dizer com a frase enigmática de antes, provavelmente não ia lhe falar. Era quase impossível obter informações dele, então por que isso deveria ser diferente?

Finalmente, a garota estava feliz por ele ter dito seu nome novamente. Isso era suficiente por enquanto. Ela caminhou até a cozinha para lavar o suco de maçã pegajoso de suas mãos e decidiu mudar o assunto.

— Eu imagino que ter seu chakra de volta afetará seu treinamento com a brigada — ela falou do outro lado da sala. 

Ela desligou a torneira e secou suas mãos. Um olhar à sua esquerda revelou uma montanha de pratos limpos num escorredor, os quais Sasori, obviamente, negligenciara guardar.

Homens...

Por que não poderiam dedicar cinco minutos para guardar os pratos? Era realmente uma tarefa tributária? Talvez não devesse ser tão dura com Sasori, dado que pelo menos esses pratos haviam sido lavados. Ela estendeu a mão para pegar um par de pratos e verificou os armários para encontrar um lugar de armazenamento apropriado. Quando o encontrou, ela estendeu a mão e empurrou os pratos para dentro. Então voltou sua atenção para o escorredor de prato para terminar a tarefa... mas uma série deles estavam flutuando no ar.

— Sério? Agora que tem seu chakra de volta, você não vai ser tão preguiçoso a ponto de não fazer um pouco de trabalho manual, vai?

Sasori estava à direita dela e usando as linhas de chakra para devolver os pratos limpos para seus lugares apropriados nos armários.

— É mais eficiente desta maneira.

— Eu acho que você deve conservar o seu chakra, pelo menos até que seu corpo se reabilite. Você não usou chakra como um ser humano por muito tempo. Há limites para o que você pode fazer.

Ele estreitou-lhe os olhos e parou seu trabalho. Uma caneca de porcelana pairou no ar entre eles.

— Você é uma chata excruciante.

Sakura cruzou os braços e revirou os olhos.

— Estou aliviada ao saber que sua língua afiada não foi afetada por sua insuficiência cardíaca.

Os lábios dela se contorceram em diversão, e o ruivo retomou a tarefa de guardar os pratos com seu chakra, como se ele não tivesse ouvido uma palavra que ela acabara de dizer.

— Você poderia pelo menos fingir que valoriza o meu conselho médico.

— Eu valorizo ​​seu trabalho. — Ele terminou sua tarefa e concentrou toda a sua atenção nela. — E eu nunca fingi nada.

— Bem, você tem uma maneira estranha de mostrar isso.

— Essa é a sua opinião.

— É a verdade.

— E você sempre diz a verdade.

Sakura estreitou os olhos para o tom zombeteiro dele.

— Se isso é sobre o outro dia, então é como eu acabei de lhe dizer. Foi verdade ali e é verdade agora.

Sasori baixou o rosto até que estivessem no mesmo nível e apenas a alguns centímetros de distância. Sem pensar, Sakura levantou a mão e empurrou levemente contra o peito dele para que não chegasse mais perto. Percebendo isso, Sasori segurou com força o pulso da garota e olhou-lhe com desafio. Alguns segundos se passaram, e Sakura jurou que seu pulso soava como um tambor de guerra batendo em seus ouvidos.

— Você quase não mudou nada.

Ela franziu o cenho, confusa. Era outra dessas linhas que poderia ter sido um elogio ou uma ligeira ofensa. Sasori olhou para ela com um sentimento de admiração, muito parecido com o que ela tinha visto nele durante aquele treino de um contra um, algum tempo antes. Era como se ele estivesse vendo-a pela primeira vez.

— Sakura...

O coração dela parecia que poderia explodir em seu peito. Quando o simples som de seu nome inspirou um tal ponto de nervos? E então o ruivo a soltou e deu um passo para trás. Seu pulso nu tremia na ausência de calor.

— Eu terei que reestruturar o regime de treinamento da brigada de marionetes. Talvez alguma demonstração esteja em ordem.

Sakura piscou. Ele estava mudando de assunto, e a maneira como olhou para ela fez parecer que estava esperando por uma resposta. E Sasori não gostava de ficar esperando.

— É... certo, agora que tem algum chakra, você pode participar do treinamento, mas escute bem. — Ela colocou as mãos nos quadris. — Se você exagerar, haverá consequências. Há um fenômeno chamado exaustão de chakra. Talvez você já tenha ouvido falar disso. Eu não sei como era a sua vida como um boneco, só sei que seu corpo humano aguenta bem menos esforço.

— Você fala como se eu fosse uma criança ignorante.

— E você está criando desculpas para evitar o problema.

Sakura suspirou cansadamente e passou a mão pelos seus cabelos rosados. Depois dos acontecimentos dos últimos dois dias, sentia-se emocionalmente esgotada.

— Eu sei que você acha que eu sou uma grande chata, mas só estou pedindo para você ter cuidado, certo? Isso é pedir  muito? Não vá invocar suas cem marionetes ainda...

— Eu não posso executar minha Técnica Secreta Vermelha neste corpo — Sasori disse, como se devesse ser algo óbvio.

— Sério?

Ele lançou-lhe um olhar fulminante, mas reteve sua censura habitual quando ela ergueu as mãos em simulada defesa.

— Em qualquer caso, era uma técnica defeituosa. Vejo agora que grandes números geralmente não são tão eficazes contra a alta qualidade de um ou dois bonecos nas mãos de oponentes altamente qualificados. Dessa forma, caem como moscas.

Sakura pensou de volta ao momento final em sua batalha contra Sasori. Havia mais bonecos do que ela já havia visto alguma vez, mas todos acabaram caindo sem muito esforço.

— Kankuro mencionou que a habilidade de um marionetista estaria diretamente correlacionada com o número de bonecos que ele pode controlar simultâneamente, mas também disse que ter muitos exemplares sob manuseio pode resultar em falta de foco.

— Possivelmente.

Sakura inclinou a cabeça inquisitivamente, mas Sasori estava olhando para a mesa de trabalho, vaga nesse momento. Ele mostrava aquele olhar distante, e ela se perguntou em que estava pensando.

— Então, você tem alguma ideia sobre o que fará com a brigada de agora em diante?

Os olhos de mel encontraram os de jade sob os raios mornos do sol lânguido da tarde. Sakura viu um sorriso desviante torcer os cantos da boca de Sasori.

— Um pouco...



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