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História A primavera no mundo - 03.20


Escrita por: Gerds

Notas do Autor


Ai, que vergonha!!!
Tô postando depois de muito debate interno - e muita insistência da ~Cacta - decidi postar...
Pra você, que está pensando em ler essa história, muito obrigada ><
Espero que goste ;)

Capítulo 1 - 03.20


Fanfic / Fanfiction A primavera no mundo - 03.20

A primavera acabara de começar nessa parte do mundo. Há anos não notava qual dia específico que as flores começavam a desabrochar e colorir a cidade. Há anos não notava as cores que hoje se fizeram tão marcantes nas paisagens, principalmente no reflexo do olhar de quem eu menos esperava ver hoje.

Ele estava lá parado, de um jeito descolado que obviamente era proposital, mas que mesmo assim fez meu pulso acelerar. Eu era mais um estudante do último ano, mais um a se afogar nos estudos para tentar entrar em uma universidade boa, mais um que não tinha certeza do que estava fazendo, mais um que queria ser alguém, mas ainda não sabia quem. A única certeza era aquele cara de cabelos vermelho desbotado me esperando, como se fosse cotidiano suas visitas, como se tivéssemos nos visto ontem.

A última vez que nos encontramos foi no meu aniversário. Já passou pelo menos seis meses desde que vi seu sorriso luminoso, desde que senti seu calor num abraço entusiasmado, desde que o vi vermelho de vergonha ao agradecê-lo pela festa surpresa. Senti falta dele. Sabia disso. Só não sabia que era tanta. Só percebi quando senti todos os meus sentidos falharem ao vê-lo.

Assim que nossos olhos se encontraram, perdi a audição. O mundo era só nós dois. Não sei como consegui andar até ele sem tropeçar ou esbarrar em alguém, pois não consegui desviar o olhar até que estivéssemos a uma distância que eu pudesse tocá-lo sem esticar o braço. A tensão no ar era palpável, mas não conseguia me mover. Um abraço seria demais?

- Olá, Jeon. - Ele disse com aquele sorriso de 1000 volts. Meu coração desceu ao ouvir meu nome.

- Tae, o que você tá fazendo aqui? - Claro que a primeira coisa que eu falo é isso.

- Vim te fazer uma surpresa… E definitivamente não irei aceitar um não como resposta. Sei como você deve estar estressado, então vim te fazer relaxar. - Ele disse e piscou.

- Suponho que será um sim, então. E o que você vai fazer pra que eu relaxe? Cadeiras de massagem no shopping? - Perguntei rindo nervoso, afinal, o que relaxar significava?

- Você verá na hora certa. Agora, apenas me siga e conte como vão seus dias.

Não queria argumentar, então apenas fiz o que ele mandou. Há algum tempo não me perguntam como estou e eu sei que ele está mesmo interessado em saber quais dramas juvenis estou passando. Nunca descobri o motivo de termos ficado amigos tão rápido, ao mesmo tempo que parece que ele sempre esteve na minha vida. Ele é dois anos mais velho, o que não era um problema durante o colégio, mas então ele entrou na faculdade… Não deixamos de nos falar. Entretanto, nossa amizade não era mais a mesma. Aparentemente, a universidade é um novo mundo de experiências, é como entrar para um clube cheio de regras secretas. E eu ainda não entrei nesse clube. Ainda. Pois estou estudando pra mesma universidade dele. Então eu saberei todas as regras e os segredos da vida adulta.

- Chegamos? - Perguntei ao perceber depois de alguns minutos que estávamos parados na calçada de um parque.

- Pode-se dizer que sim, quase. - Ele olhou pra mim com alguma expectativa e seguiu em direção ao lago na extremidade do parque.

Ao chegarmos, percebi que estávamos sozinhos naquela parte, de alguma forma, parecia que tínhamos saído do meio da cidade e fomos parar numa floresta. O sol brincava de fazer cores extraordinárias na água, na grama, nas folhas e nele. Agradeci internamente estarmos sozinhos, pois eu deveria estar fazendo uma das expressões mais bobas que já se foi registrada pela humanidade.

Ele é lindo. Tento manter a calma. Como ele é lindo. Respiro com dificuldade. Ele tem mãos grandes. Respiro devagar. É estranho pensar que o maxilar dele é perfeito? Minha pulsação atrapalha minha audição. Os olhos dele. Olhando pra mim. Ai, meu deus, ele me viu o secando inteiro!

Sinto calor. Devo estar completamente vermelho. Era pra relaxar, não? Mas sinto que todos os meus nervos estão em alerta máximo, percebendo o farfalhar da folha mais distante. Principalmente, percebendo todos os movimentos daquele a minha frente. Acho que a cadeira de massagem deve ser mais eficaz.

Tae sentou-se numa toalha de picnic que tirou da mochila, tirou uma garrafa de vinho e uma barra do meu chocolate preferido. Serviu-nos em copos descartáveis, apesar do vinho ser de qualidade, e sorriu.

- A quê exatamente estamos brindando? - Perguntei hesitante.

- Ao nosso futuro. - Proferiu e gargalhou em seguida, pois sabe o quão clichê e sem sentido foi sua fala.

Bebemos dois ou três copos e nos deitamos, ombro com ombro, rindo por causa alguma, talvez por efeito do álcool, talvez por estarmos juntos e termos tantas histórias pra contar, tanto a saber da vida um do outro. Tanta saudade guardada por seis meses, algumas horas não são o suficiente para acabar com esse sentimento de falta, apesar dele estar ali do meu lado, nesse mundo que só existe nós dois. Nesse paraíso particular.

Enquanto ríamos de alguma história, nossas mãos se tocaram. Não a tirei do lugar. Ele também não tirou.

- Sabe Kook, eu tô meio surpreso. E meio bêbado, por isso tô falando isso, provavelmente. - Olhei pra ele e percebi que ele estava me observando há algum tempo.

- Surpreso pelo quê? - Tentei não me deixar levar pelo nervosismo que nossa pouca distância causava em mim.

- Você. Na verdade… Achei que ia te encontrar o mesmo garoto, mas claramente você cresceu.- Sim, ele deu ênfase ao “cresceu”. Não sei o que pensar sobre isso. Foi o que respondi. Ele sorriu como se eu ainda fosse o garoto mais novo, aquele que deveria ser cuidado, aquele que não sabia como era ser traído, não sabia como era o amor, a decepção ou o desejo, aquele que vivia no pequeno mundo da escola. Mas eu realmente não era mais essa pessoa.

- Não me olhe assim. Você mesmo acabou de dizer que eu cresci. Voltou atrás? - Falei mais rispidamente do que queria e senti seu corpo se retesar por um instante quase imperceptível ao meu lado.

- Não, eu definitivamente não mudei de ideia. E não tô te olhando como se fosse criança. Só estava com saudade. - Defendeu-se depressa, quase atropelando as palavras. Entretanto, seus olhos não pareciam ter pressa ao deslizar até minha boca sem timidez.

- Afinal, essa é a sua forma de me fazer relaxar? Me deixando bêbado? - Mudei de assunto rapidamente. Ele riu descontroladamente. Não conseguia entender, mas sua risada me contagiou e acabamos os dois rolando sem ar e com dor no abdômen e no maxilar, chorando de rir.

- Okay, agora eu estou realmente relaxado. - Falei ainda sem ar, deitado de frente para ele.

- Viu? Era exatamente o que eu queria. - Ele proferiu essas palavras me olhando com tanto desejo que eu quase conseguia sentir o toque do olhar dele passando pelos meus cabelos, minha bochecha, maxilar, pescoço, ombro, braço…

Me arrepiei todo diante do seu olhar examinatório. Não era a primeira pessoa a me encarar dessa forma, mas foi a primeira vez que o vi fazendo isso comigo. E deixei que ele levasse o tempo que quisesse. Afinal, o número de vezes que fiz isso com ele já não é possível de contar. Tenho certeza que ele deve ter passado mal no dia posterior ao seu aniversário, pois passei a noite toda fazendo notas mentais dos mais diversos e perfeitos detalhes daquele rosto e corpo.

Me pergunto se alguma vez antes ele me desejou. Desejou saber como é o gosto da minha boca, como é sentir meu calor por mais tempo que aqueles abraços amigáveis, como é meu corpo, como é abrir os olhos depois de um beijo e ver refletido nos meus olhos o desejo dele. É como eu gostaria que ele pensasse sobre mim, sobre nós.

Depois que ele foi pra faculdade, namorei com um alguém por poucos meses, mas aparentemente não se pode conhecer o amor da sua vida numa calourada, ou algo assim. A história é mal contada e foi mal vivida. Nunca cheguei a conhecê-lo de verdade, era uma relação de festas, prazeres e ciúmes. Nada sério ou saudável. Não que eu tenha ficado feliz com o término, mas foi uma experiência. Depois tentei outros caras, mas nenhum era aquele que eu sonhava.

- Não acredito que você tá aqui. Quer dizer, que você veio me ver. - Sussurrei esperado que ele ouvisse e ao mesmo tempo rezando para que não ouvisse. Aparentemente, ele está tão consciente do espaço que nos separa quanto eu, pois disse suavemente que eu sou um besta por achar que ele não iria me ver hoje. - Como assim? O que tem hoje? - Perguntei ao mesmo tempo que procurava na minha mente o que aquele dia poderia significar.

- Hoje é o nosso aniversário. - Ele me olhava com expectativa novamente, mas tenho certeza que nunca tínhamos comemorado esse dia antes.

- Aniversário? Da nossa amizade? - Será que eu esqueci mesmo?

- Sim. - Ele falou olhando nos meus olhos, como que testando o terreno antes de continuar a andar, talvez fosse um campo minado. - E de outra coisa também. - Ele se moveu pra mais perto e só então percebi que estávamos esse tempo todo com as pernas entrelaçadas.

- De quê? - Sussurrei sentindo todo meu corpo vibrar em expectativa.

- De nós.


Notas Finais


Postei e saí correndo.
Desculpem por esse final, mas acho que vocês sabem muito bem o que acontece depois, não? ><
Foi divertido escrever essa história, é quase um conto, né?
Bom, espero que tenha gostado. o/


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