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História A Princesa e o Demônio - O rapaz misterioso


Escrita por: blackghost_S9

Notas do Autor


Ola gente!! Bem aqui esta mais um capítulo da fic para vocês queridos leitores, esse é de emocionar qualquer um, bom pelo menos eu fiquei abalado emocionalmente enquanto escrevia!!
Espero que vocês gostem e desejo a todos uma boa leitura!!!! ^-^ ^u^

Capítulo 2 - O rapaz misterioso


Aquela noite estava bem iluminada pelo majestoso brilho da lua cheia que estava grandiosa no céu estrelado, porém naquela floresta cheia de lama, terra úmida e raízes grandes que ficavam expostas era quase impossível enxergar as coisas devido a névoa daquele lugar. Noelle estava um pouco assustada e morrendo de frio, ela ouvia barulhos e uivos ao seu redor como se dezenas de criaturas andassem ao lado dela, mas ela estava ali sozinha, em meio àquela escuridão e frio tenebroso somado aquela neblina densa que a aterrorizada e arrepiava.

 

– Enfim, aqui estou eu... finalmente livre... – falava ela com a voz fraca, ela estava se sentindo meio cansada e fraca, suas roupas estavam meio sujas estava descalça devido seus pés terem afundado em uma poça de lama o que acabou por estragar os sapatos dela e a mesma preferiu deixá-los pra traz, infelizmente seus pés além de doloridos estavam muito machucados pelo tanto que ela andou – não importa mais... se aqui é perigoso ou não... eu não quero voltar pra lá... prefiro encarar meu fim do que voltar para aquele maldito lugar... ai! – Noelle nem prestou atenção por onde andava e acabou tropeçando em uma grande raiz e caiu de um pequeno barranco, ela rolou até cair de cara no chão deixando seu rosto coberto com terra.

A jovem princesa gritou de dor ao tentar se levantar, foi só então que ela percebeu que além de ter machucado seu rosto ela estava com uma parte de sua roupa rasgada o que revelava um corte em sua perna direita, agora não bastasse ter uma das pernas dolorida a outra agora estava ferida e sangrando também, ela tenta ficar em pé, mas cai novamente por sentir muita dor e fraqueza.

– Ai!... droga... isso dói demais – dizia Noelle usando um galho grande de árvore para tentar se apoiar e ficar de pé, ela então segue até uma pedra que estava ali perto, andando com certa dificuldade ela se senta ali – ah... isso não é nada bom... – falou ela olhando para seu ferimento que deixou toda sua perna ensanguentada – não sei se vai funcionar... mas vou ter que tentar.

Ela então juntou suas mãos que brilharam com uma aura azul e então ela colocou as mãos dela sobre o corte em sua perna e assim um manto de água cobriu o ferimento dela, Noelle sentiu uma enorme dor e por isso não conteve um alto grito que ecoou pela floresta, ela continua fazendo aquilo na tentativa de lavar o ferimento dela e tentar fazer sua magia de água estancar o sangramento, mas ela não conseguia aguentar tanta dor e grita novamente. Ela decide parar com aquilo, pois sentiu que se tentasse forçar sua magia para fechar aquela ferida poderia acabar machucando ela mesma ainda mais, a jovem então rasga o manto de sua blusa real e cobre o ferimento, em segundos ela vê o tecido antes branco ficar totalmente vermelho por conta do sangue.

– Idiota... você é idiota Noelle... – a princesa agora estava chorando enquanto segurava o tecido contra seu ferimento deixando algumas lágrimas caírem sobre suas mãos – nem consegue se virar sozinha... você é mesmo inútil... – a jovem agora não aguentou e se derramou em lágrimas, ela chorou muito entristecida soluçando e tendo seu rosto coberto por lágrimas – eu só queria ter tido uma vida... agora eu consegui escapar daquele lugar e daquela “vida infeliz”, mas parece mais que eu vim pra cá pra me entregar a morte... droga! Eu nem consigo fugir e sobreviver sozinha... que merda eu estava pensando?!

A mente de Noelle estava se inundando com pensamentos confusos, ela agora não sabia mais o que estava fazendo, ela tanto queria se libertar de sua casa e agora ela não sabia ao certo o que fazer, entrou na floresta tentando buscar um lugar para se esconder ou encontrar algo para seguir até achar um lugar o mais longe daquele ao qual antes era seu lar, porém agora ela achava que sua raiva e indignação a fizeram tomar as piores decisões para fugir de sua tristeza e sofrimento.

 

Naquela hora a garota ouviu um trovejar que a assustou, ela olhou para o céu e viu que nuvens de chuva estavam se formando, ela então se levanta da pedra onde estava sentada e tenta se manter em pé para voltar a caminhar e procurar um local seguro para se abrigar da chuva, mas antes que ela pudesse dar um único passo a princesa se arrepia de medo ao ouvir uivos e rosnados altos vindo da floresta. Ela então olhou ao seu redor e foi vendo vários vultos estranhos surgindo da floresta, ela via olhos amarelos brilhantes a encarando e logo ela pode ver uma matilha de lobos, só que esses lobos eram muito grandes, seu tamanho era maior que um urso, seus pelos eram negros como a noite e exalavam uma aura escura como sombras e suas cabeças eram cobertas com crostas que pareciam ossos.

Os lobos encaravam a jovem prateada que olhava para eles tomada pelo medo, ela nem conseguia se manter em pé por conta de seus ferimentos e seu corpo tremia, pois só de olhar para aquelas feras monstruosas ela se sentia intimidada e incapaz de fazer nada. A matilha estava cercando-a e a cada passo dos monstros Noelle tentava se mover sem muito êxito para traz para se distanciar daquelas criaturas.

– Fiquem longe... fiquem longe de mim! – gritou Noelle vendo alguns dos lobos avançarem ferozmente pra cima dela, a garota então apontou sua mão na direção deles efetuando um disparo com sua magia, mas por não saber usar bem seus poderes a água apenas causa um estouro e molha o chão o que fez os lobos apenas pararem – não cheguem mais perto!

A jovem tentou novamente usar seus poderes sem muito sucesso, ela apenas conseguiu criar alguns chicotes com a água que molhava o chão só que Noelle não conseguia controlar eles direito, mesmo assim ela conseguia evitar que os lobos avançassem na direção dela. Os lobos ficaram parados olhando para a garota que tentava se concentrar para poder usar sua magia de melhor forma, porém ela nem notou um lobo a encarando de cima do barranco por onde ela tinha caído, o lobo rosna e pula encima dela, Noelle viu o monstro vindo na direção dela e tanta criar uma barreira com água para se proteger, a fera então rugiu como um estrondo que atingiu a princesa e a jogou bem longe a fazendo bater suas costas em um tronco de árvore e depois ela cai no chão, naquele momento a garota nem conseguia se mexer direito, ela apenas ficou ali caída no chão olhando para os lobos que agora se aproximavam dela.

Noelle encarava aquelas criaturas com um olhar horrorizado, ela via eles rosnar e iam cada vez mais se aproximando dela, ela sabia que não conseguia se levantar, nem correr e muito menos usar sua magia para enfrentar aqueles monstros, Noelle tinha lágrimas em seus olhos e a cada passo daquelas criaturas ela tinha cada vez mais certeza da morte inevitável. Um dos lobos então avançou encima dela e a garota gritou com muito medo, foi então que ela ouviu um assobio ecoar na floresta e tudo que se pode ver em seguida foi um vulto escuro como uma sombra vir super rápido e atingir o lobo o cortando ao meio, Noelle apenas conseguiu ver a criatura partida em dois no chão coberto pelo sangue do monstro.

Logo os lobos ficaram parados rosnando com um pouco de medo daquele ser o qual Noelle não conseguia enxergar direito, pois ela estava tão assustada e sentindo uma grande fraqueza em seu corpo, ela só conseguiu ver os lobos avançando contra o misterioso ser que empunhava uma espada enferrujada envolvida com uma aura negra e que tinha uma lâmina grande. As criaturas o atacavam, mas com rápidos movimentos ele estraçalhava os monstros com simples golpes sem que os lobos o acertassem, Noelle apenas viu sua visão ficar meio turva vendo aquele ser lutando e depois ela perde sua consciência vendo tudo se escurecer.

 

 

Dentro de uma caverna escura iluminada apenas com a luz das chamas de uma fogueira era onde agora se encontrava a jovem princesa Noelle, ela estava desacordada coberta por uma manta de trapos marrom, a garota começava a se debater de um lado para o outro começando a recobrar sua consciência e lentamente foi abrindo seus olhos que doíam um pouco, ela tentou se levantar ainda sentindo suas pernas doerem. Ela notou que estava agora em um lugar totalmente diferente de onde estava, ela olhou ao seu redor vendo que estava em uma caverna e pode ver a entrada da mesma num nível mais abaixo e pode ver que do lado de fora chovia muito forte até podendo ouvir os estrondos dos trovões, ela tirou a manta que a cobria e viu que suas roupas estavam muito sujas de lama e rasgadas assim como seu corpo estava sujo de barro e sangue, porém notou que sua perna que antes estava com um profundo corte estava agora coberta por um tipo de curativo com folhas e uma lama esverdeada e algumas faixas de pano escuro.

Noelle ficou surpresa de ver que alguém a salvou e ajudou ela a arrumar não só abrigo como também cuidou dos ferimentos dela, a jovem tentou se levantar, porém a dor em suas pernas era tão grande que ela nem conseguia fazer força pra se mover, ela desistiu quando notou que ficar de pé seria inútil e sofrido demais, no entanto ela passou a ouvir passos que aparentavam ficar cada vez mais altos. A jovem então reparou em uma figura misteriosa vindo na direção dela, a mesma pegou a manta que a cobria e se envolveu nela ficando com um olhar meio assustado, foi então que seu misterioso salvador surgiu, ele aparentava ser um rapaz de baixa estatura usando roupas um pouco sujas e meio acabadas e usando um capuz que cobria sua cabeça, porém ela podia ver que o rapaz tinha um porte musculoso mesmo para o tamanho dele. Aquele rapaz foi se aproximando dela com calma para tentar não assustar a jovem que já estava com um certo receio, o jovem foi até o lado dela e se sentou em um banco de madeira que estava próximo de onde Noelle estava deitada, ele então se sentou ao lado dela e retirou seu capuz assim finalmente revelando seu rosto.

 

– Que bom que você acordou, eu fiquei preocupado quando te encontrei – dizia o rapaz que tinha belos olhos verdes e cabelos espetados num tom de cinza, ele mantinha um semblante calmo, mas após ver que Noelle parecia ter ficado mais calma ele deu um leve sorriso de canto.

– Que... quem é você? – perguntou Noelle com seu rosto levemente corado, ela não esperava que seu misterioso salvador fosse um rapaz tão jovem e tão bonito segundo os pensamentos da jovem que ainda parecia encantada com o brilho dos olhos dele.

– Eu me chamo Asta! E bem... essa é a minha casa! – respondeu o mesmo com um certo animo em suas palavras e mostrando para a jovem um canto onde tinha um tipo de colchão velho coberto por um lençol todo rasgado onde ele dormia – e você moça? Se não se importa poderia me dizer quem você é se não for grosseria poderia me dizer porque estava andando sozinha na floresta durante a madrugada?

– Noelle... Noelle Silva! Eu... bem... – a jovem estava com um certo receio de responder à pergunta do garoto, ele notou que ela parecia estar estranha por conta de alguma coisa, porém após parar um pouco pra pensar ele reparou que o nome dela era meio familiar.

– Espera um pouco, você disse Silva? Você não seria tipo... uma princesa daquela família importante do reino seria? – questiona Asta vendo a jovem apenas balançar a cabeça positivamente concordando com ele – espera, alguém por acaso te sequestrou ou te jogou no meio da flo...

– Eu fugi! Eu escapei do castelo durante a noite! – gritou a princesa o que assustou o rapaz e quase fez ele cair pra traz logo vendo os olhos dela ficarem marejados – eu não quero voltar pra lá, aquele não é meu lugar... eu não quero mais viver debaixo do mesmo teto que aqueles... aqueles...

– Ei calma, calma aí, está tudo bem – Asta então se aproxima da jovem e fica cara a cara com ela o que a deixou meio corada e surpresa – olha se você teve algum problema ou está precisando de ajuda com algo eu fico feliz se puder te ajudar, só não precisa ficar nervosa está bem!

– Tá... tudo bem então... – a jovem prateada ficou surpresa com a atitude do rapaz, nem o conhecia direito e ele havia a salvado, ajudado e agora estava sendo amigável com ela, aquilo fazia Noelle sentir algo quente dentro do peito dela, ela sentia algo confortante que a fazia se sentir bem por dentro – muito obrigada por me ajudar Asta.

– Não tem de que, eu só sugiro que você não tente se levantar, sua perna está bem ruim – comentou o rapaz que tentou mostrar o ferimento da jovem, mas nessa hora ela viu algo que a surpreendeu, a mão direita dele estava coberta por uma marca negra que a assustou, ela pensou que aquilo fosse um ferimento – ah... calma, tá tudo bem.

– Sua mão... você se queimou? O que é esse ferimento estranho? – indagou Noelle olhando para o rapaz que escondeu seu braço e ficou meio temeroso evitando olhar para ela que depois se sentiu meio mal como se tivesse feito algo indevido – desculpa... eu fiz algo errado?

– Não é isso é que... bem... isso... não é uma ferida – Asta disse mostrando seu braço e logo a garota viu a marca na mão dele ir desaparecendo e isso surpreendeu a garota – eu tenho uma coisa estranha dentro de mim... as pessoas não gostam muito disso.

– Como assim coisa estranha? Isso é algum tipo de magia diferente? – Noelle agora parecia mais preocupada do que curiosa em relação aquelas marcas negras que Asta tinha – alguém fez algo com você?

– Eu... bem eu não sei ao certo – Asta parecia meio triste enquanto tentava falar sobre aquele assunto para sua nova amiga, ele viu que ela tinha um olhar temeroso e assustado e aquilo o deixou com um certo medo do que ela poderia pensar dele – olha... eu vou te contar sobre, mas... por favor, me promete que não vai pensar mal de mim?

– Você me salvou lá na floresta e me trouxe pra cá e ainda me fez esse curativo, porque eu iria pensar mal de um rapaz que salvou minha vida quando eu estava em perigo – foi tudo que Noelle conseguiu dizer ostentando um lindo sorriso olhando para Asta que ficou um pouco corado com o que ela tinha dito e também sorriu de volta para ela, o garoto sentiu um certo animo e seu coração esquentou e bateu forte naquele momento em que Noelle disse aquelas palavras.

Asta então respirou fundo e se aproximando da princesa ele se sentou ao lado no chão de frente para ela que o encarava com um pouco de curiosidade enquanto ele criava coragem para contar para a garota a história sobre aquelas marcas, uma história que de certo modo atormentava Asta.

Quando eu era criança eu não conseguia usar magia como a maioria das outras crianças, eu era meio que alvo de zombaria pelas pessoas por não ter poderes mágicos como as crianças normais e por ter mais força do que os outros, mas eu não deixava isso me entristecer e nem ficava desanimado com isso, eu tentava seguir minha vida ajudando as pessoas no orfanato que eu vivia junto de muitas crianças numa vila ao extremo sul do reino. Eu sempre tentei ajudar o máximo de pessoas possíveis, pois eu queria ter amigos, eu queria que gostassem de mim e eu queria que alguma família me quisesse pra eles também, muitas pessoas também gostavam de mim e eu nunca fui de criar problema para as outras pessoas, mas um dia alguma coisa aconteceu comigo, uma coisa muito estranha que eu ainda não consegui entender o que seria isso, foi algo muito assustador.

Um dia quando eu tinha 9 anos eu estava andando pela vila comprando coisas para as outras crianças do orfanato e então eu comecei a ouvir uma voz me chamando, era uma voz muito estranha, sinistra e rouca, me assustou muito e então eu sai correndo porque achei que era alguém me perseguindo, foi quanto eu vi uma pedra se soltar de um muro e cair encima de uma mulher, eu tentei correr pra ajudar aquela mulher e quando eu usei minha mão pra tentar defender aquela mulher a pedra que caiu encima dela se despedaçou. Eu fiquei confuso com o porquê daquilo ter acontecido e então eu notei que todos estavam me encarando e a mulher que eu ajudei estava me olhando apavorada, eu então olhei para a minha mão e vi meu braço coberto por essa marca negra, eu olhei para uma janela e pelo vidro eu pude ver que metade do meu rosto tinha uma marca negra o cobrindo e meu olho que é verde estava vermelho e meu cabelo estava metade escuro, eu não entendia o que estava acontecendo e aquilo me deixou assustado também.

As pessoas começaram a me ofender, me chamaram de monstro, demônio, criatura sombria e começaram a jogar pedras em mim, eu tentava me defender, mas elas conseguiram me machucar com pedradas até que uma sombra estranha surgiu ao meu redor rugindo e eles saíram correndo assustados, depois daquilo eu caí no chão de volta ao normal e não tinha entendido o que tinha acontecido comigo, eu olhava para as minhas mão assustado demais e voltei correndo para o orfanato. Durante a tarde daquele dia eu via meus amigos me olharem assustados e falarem coisas ruins de mim, eles não queriam brincar comigo, estavam morrendo de medo, muitos me atacaram e me xingaram, outros se afastaram de mim, ninguém queria ficar perto de mim como se eu fosse fazer algum mal a eles, mas eu não iria, eu nunca faria algo assim com eles, só que não importava o que eu falava eles não queriam me ouvir.

Eu passei dois dias sozinho no orfanato, ninguém queria falar comigo, nem brincar comigo e nem comer perto de mim, eles até me fizeram comer e dormir num quarto sozinho numa área isolada do orfanato por temerem que eu machucasse alguma das outras crianças, aquilo doía dentro de mim, só de pensar que as pessoas achavam que eu era perigoso me fazia se sentir triste e me deixava magoado, naqueles dias eu ficava naquele quarto deitado no chão e evitando não chorar. Mas na noite do terceiro dia eu comecei a sentir um cheiro de cinzas no meu quarto, eu acordei no meio da noite e tentei abrir a porta, mas ela estava trancada, eu fazia força para tentar abrir a porta, mas era inútil, eu fui até a janela e a vi trancada por correntes que eram magicas, tudo que eu pude ver foram as crianças que viviam no orfanato fugindo enquanto o prédio pegava fogo, eu estava assustado eu gritava tentando chamar a atenção deles, mas do lado de fora eu via pessoas com tochas olhando para a janela em que eu estava, eles tinham feito aquilo. As pessoas que eu conhecia me prenderam naquele quarto e atearam fogo no orfanato pra tentar me matar, eles queriam me destruir porque achavam que eu iria fazer mal a eles, naquela hora eu só consegui deixar meu choro me dominar e gritar de desespero, eu estava morrendo de medo eu não queria morrer, não naquele lugar e não daquele jeito, eu tentei bater com minhas mão na parede tentando usar aquele poder de novo, eu sabia que eu tinha medo daquele poder, mas eu queria usar ele, apenas uma vez mais para me libertar.

Depois de dar vários socos e de minhas mãos estarem ensanguentadas e eu sentir um dos meus pulsos quebrados eu vi as chamas começarem a entrar no meu quarto a fumaça já estava me sufocando, eu estava me sentindo fraco, porém não queria morrer ali então eu deu outro soco na parede e daquela vez eu quebrei ela como se não fosse nada, eu então vi meu braço coberto pela marca negra e assim eu passei por aquele buraco na parede e pulei daquela altura caindo no chão, mas eu não me machuquei. Depois daquele dia eu fugi da minha vila, eu estava com muito medo, eu não tinha ódio, nem rancor e nem queria prejudicar ninguém, eu sabia que se as pessoas me vissem elas iriam querer me matar de novo e eu não queria machucar elas, mas isso aconteceria se eu acabasse lutando pra me defender então eu decidi desaparecer da vida de todos e deixá-los em paz na terra onde todos nasceram.

Então eu sumi, eu vaguei por muitos dias e noites, dormi em cantos escuros e imundos, andei até meus pés feridos não aguentarem mais e sangrarem, cheguei a outras vilas e cidades, mas com o tempo esse poder se manifestava de forma descontrolada e quando as pessoas descobriam sobre isso todo o pesadelo que eu vivi acontecia de novo, então eu não tinha nenhum lugar para ficar e nem para ir. Eu passei a vagar por terras e lugares onde ninguém em sã consciência iria, florestas, montanhas, pântanos, encostas, cavernas, todo lugar precário para se viver parecia um lugar bom para mim, para eu me exilar e viver em paz, mas foi um desafio quase que insuperável, era uma verdadeira provação sem limites. Eu vivi em lugares precários e nocivos, estive embaixo de chuvas sem abrigo, vivi nevascas onde quase morri congelado, passei muita fome e sempre era atacado por criaturas assassinas e animas selvagens por onde quer que eu fosse, parecia que nunca iria encontrar paz ou ter uma vida normal.

Então por longos dez anos eu vivi sozinho vagando pelo reino de Clover e até pelas zonas devastadas das fronteiras apenas para não ficar em um só lugar, evitando ter contato com as pessoas, temendo por elas e principalmente por mim, eu aprendi a viver em vários lugares me escondendo e evitando chamar muita atenção das pessoas locais, periodicamente eu vivo viajando para lugares para me esconder e tentar achar um modo de viver longe das pessoas, sem saber o que ter amigos ou família, sem saber até mesmo o que é ser feliz ou ser amado, afinal tudo que eu conheci nessa vida foi ser odiado e temido por todos e ver como as pessoas podem ser quando deixam o medo as dominar.

– Bom... praticamente essa é minha história até agora, apenas uma figura que não existe e vive nas sombras – falou Asta depois de ter contado sua longa e triste história limpando suas lágrimas que se formaram em seus olhos.

– Asta... – Noelle olhava para o rapaz com os olhos marejados, ela se sentiu muito triste e desolada com o que havia lhe contado, a princesa percebeu que mesmo ela tendo vivido uma história horrível por conta de seus irmãos cruéis agora ela via que o garoto sofreu muito mais que ela sendo privado completamente de sua vida – isso deve ter sido horrível! Eu sinto muito.

– Eu espero que depois disso você não pense... bem... não tenha medo de mim, por favor – pediu ele com um olhar meio triste encarando Noelle que ficou meio sem jeito ao ouvir aquele pedido dele, ela pensou que ele não deveria achar aquilo dela.

– Não precisa pedir isso pra mim, eu nunca iria ficar com medo de você – falou ela em alto e bom som pegando não mão dele e olhando fixamente em seus olhos – acredite eu te entendo, sei o que é se sentir abandonado por todos, não ter valor, se sentir sozinho e sentir que todos estão contra você, pode acreditar que eu não vou fazer algo tão ruim assim com você.

– Noelle... muito obrigado... eu fico feliz ouvindo isso de você – Asta agradece a ela com um largo sorriso que fez ela sorrir e corar também, ela olha para o lado ajeitando seu cabelo meio sem jeito – acho que... com todo respeito, acredito que talvez possamos ser amigos – quando ele disse aquilo Noelle olhou para ele com um brilho diferente em seus olhos, aquilo que ele disse fez ela se sentir não apenas tranquila, mas também feliz.

– Amigos? Você... quer ter a minha amizade? – questionou ela vendo o rapaz balançar a cabeça positivamente, nunca alguém quis ser amigo dela, pela primeira vez em sua vida Noelle se sentiu querida por alguém e naquele momento ela sentiu um estranho sentimento que ela não soube explicar, seu coração batia muito acelerado e depois de ter passado um tempo ouvindo sua história e na presença dele tudo que ela pensava era em querer estar perto dele pra sempre – eu... eu adoraria!

Asta e Noelle agora estavam sorrindo um para o outro tendo seus olhares fixos um no outro em meio aquele silencio da caverna logo sendo quebrado pelo estrondo do trovão indicando que ainda chovia muito.

– Bem, eu aconselho que você tente descansar, vai demorar pra essa chuva passar e quando amanhecer vou tentar arrumar algo para fazer remédios com as ervas da floresta – disse Asta se levantando e olhando para Noelle – melhor você não se mexer muito porque seus ferimentos estão muito graves.

– Tem certeza que será seguro sair? E se aqueles bichos horríveis estiverem lá fora de novo, pode ser perigoso – comentou a jovem vendo Asta dar uma leve risadinha que fez ela ficar meio confusa, mas então Asta apontou para um canto onde estava sua espada gigante enferrujada.

– Pode ficar tranquila que eu sou forte pra cuidar daqueles monstros – afirmou o pequeno jovem com um largo sorriso batendo em seu peito – além do mais aqueles bichos são noturnos e eles vivem no topo da montanha onde tem rochedos e cavernas escuras para eles se esconderem da luz do sol então quando o dia raiar eles não estarão mais aqui na floresta.

– Bom, sendo assim eu fico mais tranquila em saber disso – diz ela com um sorriso calmo e passando suas mãos em seus braços mostrando estar com um pouco de frio – nossa... está ficando meio gelado aqui mesmo com esse fogo.

– Toma, não é muita coisa, mas eu acho que vai servir pra te esquentar – disse ele pegando um cobertor dentro de uma caixa e entregando para Noelle que viu que aquele cobertor era mais grosso e quente que a manta que a cobria.

– Obrigada Asta, agradeço muito por isso – Noelle pega aquele cobertor logo se envolvendo nele e se esquentando, ela se encolhe para se aquecer mais rápido logo deitando novamente sentindo um pouco de cansaço.

– Aqui, eu tenho isso que foi o que usei na sua perna, ele deve ter feito o sangramento parar, se quiser usar mais pode ser que a dor passe e você se sinta melhor pela manhã – Asta agora entregava para ela um pote onde tinha uma pasta verde para Noelle, o rapaz deixa o recipiente ao lado dela – pode descansar a vontade, eu prometo que vou estar aqui do seu lado pro que você precisar.

– Asta... obrigada... eu agradeço muito – Noelle olhava para o rapaz com um largo sorriso de gratidão vendo-o retribuir o sorriso e assim ela fecha os olhos ainda mantendo o sorriso em seus lábios e dizendo algumas palavras bem baixinho com uma voz calma e feliz – esteja ao meu lado Asta!


Notas Finais


E é isso ai pessoal!! o que acharam?? ficou bom? me digam ai nos comentários, deixem suas opiniões, sugestões e criticas!!
Agradeço a vocês por lerem e até a próxima queridos leitores!!! ^-^


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