História A Profecia - TobiDei - Novo aluno

Deidara POV

A luz do sol nascente entrava de maneira intensa pela minha janela enquanto ouvia meu despertador tocando. Tateio no meu criado-mudo até encontra-lo e desligar, porque aquele barulho absurdamente alto estava me deixando irritado logo cedo. Olho o horário e vejo que já são 6h da manhã e com um suspiro pesado, me levanto da cama e separo meu uniforme do colégio de Konoha, deixando-o em cima da cama, pego uma toalha limpa e caminho em direção do banheiro da minha suíte. Após tirar minha roupa, vou para debaixo da água quente, aos poucos vou relaxando e começo a pensar no ano letivo que terei pela frente.

Hoje começa meu primeiro dia no último ano do ensino médio e sinceramente, não poderia estar mais feliz. Eu gosto de estudar, mas o colegial é estressante demais e na minha visão, um pouco desnecessário. Eu quero ir logo para a faculdade, pretendo estudar artes. Amo pintar quadros e fazer esculturas de argila, acho que esse é meu hobbie e também vocação desde criança.

Ao terminar meu banho, me seco cuidadosamente e começo meu ritual de beleza. Sim, eu faço isso. Não é porque sou um rapaz que significa que tenho que ser desleixado, certo? O ritual consiste em: após o banho, passar hidratante corporal, uma skincare facial básica para o dia, passar creme de pentear nos cabelos e secá-los. Bem simples. Após finalizar meu cabelo, prendi ele num meio-rabo de cavalo e deixo minha franja para frente.

??: Deidara, você não acordou ainda? Você vai se atrasar, meu filho – ouvi minha mãe gritar do térreo.

Deidara: Acordei sim, já vou descer – gritei em resposta.

Dei uma última conferida no espelho para ver se meu cabelo estava realmente arrumado do jeito que eu gostava, peguei minha mochila ao lado da minha cama e saí do quarto, indo para a cozinha. Minha mãe, Ayumi, estava lá terminando de preparar nosso café da manhã e ela estava radiante como sempre. Ela é uma mulher incrível, um coração bom e amável  – mesmo que já tenha sofrido muito na vida – e extremamente gentil, embora seja rígida na minha criação.

Eu não tenho pai... Bom, na verdade biologicamente eu tenho um pai né, mas ele não liga pra mim. Ele é totalmente o oposto da minha mãe e acho que se nos vimos 5 vezes desde que nasci foi muito. Eu não me importo com isso, afinal minha mãe sempre esteve ao meu lado para me apoiar nos momentos difíceis e comemorar os bons momentos.

Ayumi: Bom dia, querido. Finalmente o último ano chegou. Está animado?

Deidara: Bom dia mãe – puxei uma cadeira e me sentei – Hmm, “animado” não é bem a palavra correta, mas tudo bem. Só quero que esse ano passe logo, não vejo a hora de ir para a faculdade – disse, dando um leve sorriso.

Ayumi: Sei que dará seu melhor. Vai se encontrar com os Uchiha para irem juntos?

Deidara: Sim – disse, acenando com a cabeça e pegando uma torrada no prato que estava na minha frente enquanto minha mãe me servia um pouco de suco de laranja – Itachi e Sasuke vão me encontrar na praça no caminho da escola.

Continuamos a conversar enquanto tomávamos café. Após terminar de comer, corri até o banheiro para escovar meus dentes e assim que acabei fui até a cozinha para me despedir da minha mãe e pegar minha mochila.

A escola não era muito longe da minha casa, dava no máximo uns 20 minutos de caminhada. Eu gostava de ir andando, principalmente porque meus amigos iam comigo. Itachi e Sasuke são irmãos, desde sempre estudamos na mesma escola. Sasuke estava no segundo ano do ensino médio e Itachi – meu melhor amigo – estava na mesma sala que eu. Eu tinha uma forte suspeita que o Sasuke era gay porque ele passava tempo demais encarando um amigo dele, o Naruto, mas ele nunca confirmou nada – mas também nunca negou. Itachi era mais reservado, um pouco tímido, mas você pode falar com ele sobre qualquer assunto.

Sasuke: Mas cadê aquele maldito? Puta merda, AH ALI TÁ ELE! EI DEIDARA SEU VIADO, ANDA LOGO – ouvi Sasuke gritando e me arrancou de meus devaneios.

Itachi: Garoto pelo amor de Deus, para de escândalo – Itachi balançou a cabeça, negativamente.

Deidara: Pra que essa gritaria logo de manhã? – disse, emburrado – Tá tão animado assim pra ver seu macho, é?

Sasuke: Que? Do que você tá falando? Eu sou macho, hétero, me respeita porra! – Sasuke reclamou, mas ficou com as bochechas coradas.

Começamos a andar em direção a escola e Sasuke não parava de me xingar, enquanto Itachi e eu apenas ouvíamos, já de saco cheio de toda aquela falação.

Itachi: Ah Deidara – disse repentinamente, interrompendo os xingamentos de Sasuke – quase me esqueci de te falar. Meu primo se mudou para a cidade e se matriculou na nossa escola.

Deidara: Legal, é aquele tal de Shisui?

Itachi: N-Não, claro que não! – ele corou um pouco – O nome dele é Obito. Ele mora com nosso tio, o Madara. Se mudaram pra cá semana passada. Como ele também está no último ano, espero que ele fique na nossa sala. Ele é super alto astral e divertido.

Sasuke: Correção: um bobão.

Itachi apenas olhou em desaprovação para o irmão. Parecia que ele realmente gostava desse primo.

Quando chegamos na escola, estava tudo um caos. Alunos novos andando pelo pátio sem saber onde ficava sua sala, pessoas animadas com o novo ano letivo, amigos se reencontrando após as férias e toda aquela agitação comum. Itachi e eu decidimos ir direto para nossa sala para tentar pegar nossos lugares de costume e Sasuke já tinha ido em direção ao seu grupo de amigos, onde estava Hinata, Sakura, Ino, Kiba e obviamente, Naruto.

Itachi: Não sei o que faço com esses dois – disse, balançando a cabeça negativamente.

Deidara: O que quer dizer? Tipo, ‘cê não curte o fato do seu irmão supostamente ser gay?

Itachi: O quê? Não, não é isso. Quanto a isso tô pouco me fudendo, mas o problema é que ultimamente parece que o Sasuke tá obcecado pelo loirinho ali e sei lá, não sei se o sentimento é recíproco. Eu... Só não quero que meu irmão sofra, sabe? Ele é a pessoa mais importante do mundo para mim – disse, olhando para o chão.

Dei uma pequena risadinha da preocupação dele.

Deidara: Cara, relaxa. O Sasuke não é mais uma criança, ele já tem idade suficiente para lidar com isso. E sinceramente? Todos nós passamos por isso uma hora – suspirei.

Itachi: No seu caso, você está se referindo a...

Deidara: Nós prometemos nunca falar sobre isso, lembra? – o interrompi depressa – Isso é passado e você sabe que para mim, o amor não existe e relacionamentos nunca darão certo.

Itachi apenas me olhou com uma feição preocupada, mas não falou nada até chegarmos na sala de aula. Caminhamos em direção ao fundo da sala de aula e logo sentamos no lugar onde “pegamos para nós” nos últimos anos. Fiquei o tempo todo mexendo no celular até ouvir a porta da sala se abrir com um estrondo, revelando alguns rostos conhecidos; Hidan entrou aos berros com Kakuzu atrás – uau, que novidade esses dois brigando – logo atrás estava Konan junto com seu namorado Pain, Kisame e Zetsu entraram acenando para nós.

Hidan: Bom dia e vão se fuder – disse se sentando na cadeira vazia que estava ao meu lado.

Kakuzu: Para alguém que se diz religioso, você xinga muito, não é?

Hidan: Olha não é nem 8h da manhã e você já me encheu a paciência. Vou rezar essa noite pra Jabiroca te amaldiçoar – falou seriamente, de olhos fechados e segurando o colar que sempre usava.

Kakuzu se limitou a apenas revirar os olhos enquanto os demais se sentaram nas mesas próximas. Konan e Pain apelidaram carinhosamente nosso grupo de “Akatsuki”, embora ninguém entenda realmente o porquê eles colocaram esse nome.

Konan: E então bando de boiola, o que acha de sairmos hoje à noite para jantar e comemorar que esse é nosso último ano aqui?

Kisame: Hoje é o primeiro dia de aula e a mulher já quer comemoração nee.

Konan: É claro! Quase não nos vimos nas férias: Pain e eu viajamos por duas semanas, o bagre tava Deus sabe onde, Kakuzu só falava que não queria sair porque não queria gastar, Zetsu cada dia estava num lugar diferente e nem lembrava direito o próprio nome de tanta droga que usou, Itachi sendo o prodígio que é ficou em casa ajudando os pais, Hidan bancou o ajudante de pastor as férias inteira e Deidara que é um saco mal respondia nossas mensagens! – falou de uma vez, demonstrando total insatisfação com nós.

Kakuzu: E eu tô errado em não querer gastar?

Konan: ÓBVIO. Mão de vaca.

Pain: Ai que dor de cabeça... Logo cedo vocês já estão discutindo. Mas a Konan está certa, galera. Podíamos ao menos comemorar que agora estamos todos juntos novamente.

Deidara: Eu tenho escolha?

Konan: Não.

Deidara: Tá bom – disse, emburrado.

Estávamos tão concentrados em nossa conversa que sequer notamos que os outros alunos já estavam na sala de aula e cada um em seus lugares. Em seguida, o professor Yamato entrou na sala e foi até seu lugar. Após colocar suas coisas na mesa, se virou para a turma.

Yamato: Muito bom dia a todos! Fico muito feliz por ver cada um aqui nesse novo ano que estamos prestes a começar e principalmente porque esse é o último ano de vocês nesse colégio. Bom, antes de qualquer coisa, quero informar que um novo aluno chegou a nossa escola e fará parte da nossa turma. Por favor, entre!

Nesse momento a porta se abriu e todos começaram a cochichar sobre o rapaz que havia entrado na sala. Ele era alto, pele clara, um sorriso enorme em seus lábios. Seus olhos eram diferentes: o direito era castanho avermelhado (igual os olhos do Itachi e Sasuke) e o esquerdo tinha uma tonalidade preta com um toque arroxeado. Era uma combinação bem incomum. Além dos olhos diferentes, o lado direito de seu rosto tinha algumas cicatrizes. Vi algumas meninas corarem ao olhar para o novo aluno e revirei os olhos.

Yamato: Esse é nosso novo aluno. Por favor, apresente-se para a sala.

Obito: Muito prazer, meu nome é Obito Uchiha e sou primo do Itachi. Me mudei para Konoha semana passada. Apesar da cicatriz bizarra no rosto, sou muito bonito, eu sei. Mas não fiquem deslumbrados somente com a minha aparência, sou também muito legal, engraçado... E modesto, é claro.

Algumas pessoas da sala riram da animação o novo aluno. Agora eu entendo um pouco do porquê Sasuke ter dito que que o primo era um bobão.

Vi que o professor Yamato mandou o Obito se sentar na primeira mesa, logo em frente à mesa do professor.

Yamato Bom, vejo que vocês já escolheram seus lugares. Muito bem, vocês foram rápidos, maaas... Teremos algumas mudanças esse ano. Ao invés de se sentarem sozinhos, vocês vão se sentar em duplas e advinha: sou eu quem vai escolher a dupla de vocês – disse, esboçando um enorme sorriso, mas a turma inteira gemeu insatisfeita.

Hidan: Misericórdia professor, mas aí já é uma injustiça. Desse jeito vou rezar para você cair da escada e quebrar a perna.

Yamato: Hidan, se não ficar quieto, sinto que em breve você vai rezar mesmo... Porém fará isso pessoalmente para o seu deus.

Nosso grupinho não aguentou e deu risada da situação e da cara de incrédulo que o Hidan ficou.

O professor ia chamando um por um e indicava quem seria sua dupla, e conforme isso acontecia, os alunos iam juntando suas mesas. Da Akatsuki, ficou da seguinte maneira: Kisame e Itachi, Konan e Pain, Kakuzu e Hidan, Zetsu ficou com uma menina loira que não me lembro nunca do nome (mesmo estando na mesma turma que ela desde o primeiro ano).

Yamato: Agora o Deidara – e olhou em minha direção – bom, que tal ficar com o Obito? Seu grupo de amigos é bem grande e será uma ótima oportunidade para que o ele possa se enturmar.

Apenas assenti enquanto observava o novato vindo todo sorridente na minha direção e aproximando uma mesa.

Obito: Olá, seu nome é Deidara né? Muito prazer, espero que possamos nos dar bem – como era possível sorrir tanto assim? E o pior: tanto seu sorriso quanto seus olhos tão diferentes eram ainda mais bonitos vendo assim, tão de perto.

Obito POV

Assim que me sentei ao lado do rapaz cujo nome é Deidara, confesso que me perdi completamente naquele rosto angelical. Sua pele era lisinha, parecia tão sedosa que por um momento senti vontade de tocá-lo. Suas bochechas estavam levemente coradas. Seu cabelo louro brilhava como o sol e seus grandes olhos azuis eram tão profundos que pareciam o oceano. Em cada detalhe, aquele rosto era lindo.

Deidara: Ah oi. Você é primo do Itachi, né? Ele comentou hoje cedo que você tinha se mudado para nosso colégio.

Obito: Espero que meu querido primo não tenha falado nada ruim sobre mim haha.

Deidara: Bom, na verdade, só comentou que você se mudou para cá e que mora com seu tio.

Yamato: Bom pessoal, todos já estão em seus devidos lugares. Acredito que muitos de vocês saibam, mas Sasori precisou se mudar no final do ano passado. Caso algum de vocês ainda tenha contato ele, diga que sentiremos muito sua falta.

Quando ouvi o professor falar sobre o aluno que se mudou, de relance percebi que Deidara se encolheu um pouco em sua cadeira. Ou talvez eu só esteja imaginando coisas.

Yamato: Colocar vocês em duplas não foi uma coisa à toa. Ao longo do ano, vocês farão trabalhos juntos e também se ajudarão nas provas. Acredito que dessa maneira vocês podem interagir melhor e desde já aprender a ter um bom trabalho de equipe, afinal quando começarem a trabalhar, vão precisar disso diariamente e acho que a escola é um ótimo lugar para colocar isso em prática. Bom, agora chega de conversa e vamos a aula!

O primeiro horário de aula passou muito rápido, todos os professores eram bem legais e como era o primeiro dia, não passaram tanta lição assim. Quando o sinal do intervalo tocou, Itachi veio falar comigo e me chamou para me juntar ao seu grupo de amigos e eu prontamente aceitei. Fomos todos juntos ao refeitório e eles aparentemente eram um grupo bem engraçado.

Konan: Bom, começa falando novato – disse a garota de cabelo azulado – É normal todo Uchiha ser bonito, porque porra! A família inteira tem uma genética perfeita, né.

Pain: Konan?! Esqueceu que tem namorado?

Konan: Não ué, é apenas a realidade, afinal até você já falou que nunca viu um Uchiha feio.

Dei uma risadinha.

Obito: Olha, não sei se todos são bonitos, mas garanto que eu sou o melhor.

Hidan: Misericórdia, alguém mais convencido que o Itachi, ‘tamo fudido mesmo.

Konan: Mas diz aí, Obito, tem namorada? O que gosta de fazer? Diz tudo o que puder sobre você, o mais novo membro da Akatsuki!

Obito: Eu gosto de muita coisa, na verdade. Gosto de arte, jogar vídeo game, beber até esquecer meu nome. Eu não tenho namorada. E... Akatsuki? Ahn... O que exatamente seria isso? – dei uma risadinha sem graça.

Kakuzu: É o nome tosco que ela e o cabeça de cenoura ali deram pra gente.

Itachi: Gente, aquele ali andando todo torto na nossa direção é o Zetsu?

E do nada um garoto meio baixinho e magro de cabelos verdes se jogou em um dos bancos da mesa onde estávamos, abaixou a cabeça na mesa e ergueu os braços, como se estivesse se rendendo.

Zetsu: Gente eu fui no banheiro fumar um negócio rapidinho, mas acho que a erva não estava normal não. Vou dormir, alguém me carrega para a sala?

Kisame: Mas gente, esse infeliz vai acabar morrendo de tanta maconha que fuma. Preocupa não, pé de babosa, eu te arrasto para a aula nem que seja pelos cabelos.

O garoto só fez um sinal de positivo com o dedo e provavelmente acabou dormindo.

Deidara: Obito você disse que gosta de arte... O que exatamente você gosta? – e ele me encarou com aqueles olhos tão claros quanto o céu em um dia ensolarado de verão.

Obito: Acho que tudo o que envolve arte eu acho interessante. Não sou um expert no assunto, mas gosto de admirar a arte, principalmente pinturas.

Konan: Olha só, vocês já tem algo em comum! Deidara é um artista, você com certeza adoraria ver as coisas que eles faz.

Obito: Claro, seria bem legal.

Hidan: Tá, já falamos de muita coisa aqui mas o novato ainda não respondeu à pergunta crucial: você conhece os mandamentos e a palavra do senhor Jabiroca? – perguntou, com uma expressão séria no rosto.

Kakuzu: Todo dia isso...

Eu não me contive e comecei a dar risada e todos ficaram olhando para a minha cara.

Obito: Caralho, o nome do seu deus parece com piroca, puta que pariu!

Hidan: COMO É?

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O restante do dia passou bem rápido. Na saída da escola, Itachi me disse que ele e seus amigos iam se encontrar as 19h e iam até o centro da cidade para comemorar o início do ano letivo e me chamou para ir junto, eu prontamente aceitei. Seria divertido estar com eles novamente, mesmo que no intervalo o Hidan tenha tentado me dar uns tapas.

Assim que cheguei em casa, fui direto para minha suíte. Queria tirar aquele uniforme e tomar um banho logo. Após tirar minha roupa, entrei debaixo do chuveiro e deixei a água morna cair lentamente pelo meu corpo, relaxando meus músculos. Conforme lavava meu cabelo, inspirava lentamente o cheiro fresco do shampoo. Peguei o sabonete e comecei a passa-lo suavemente por todo meu corpo. O banho para mim era quase uma terapia, era o momento em que me sentia completamente em paz. Quando terminei meu banho, fui até meu quarto com a toalha enrolada na cintura e me joguei na cama. Sentia as gotas d’água escorrendo do meu cabelo, molhando suavemente meu pescoço e umedecendo o lençol da cama.

Fechei os olhos por um breve instante para tentar descansar um pouco, mas em minha mente, vi um belo par de orbes azuis e fiquei com essa imagem na mente até adormecer.