História A Profecia - Capítulo 9

Abriu os olhos, sua cabeça doía, sentia todo o seu corpo pesado. Olhou para os lados, estava em seu quarto... como havia ido parar lá? Não tinha a menor ideia... Sentou na cama com dificuldade, lembrou o motivo de estar assim. O ataque da deusa na noite anterior tinha lhe dado uma ideia de como seria a batalha daqui pra frente.

Mas um novo visitante no quarto atraiu sua atenção.

- Mou hitori no Boku... você está bem? – Yugi estava com alguma olheiras ao redor dos olhos e parecia bem cansado.

- Eu que deveria perguntar isso! Você está bem aibou? – perguntou preocupado.

- Não se preocupe, estou ótimo, só não consegui dormir bem. – deu um sorriso ameno.

- Que horas são aibou? – havia lembrado da viagem, esperava que não fosse muito tarde.

- São oito e meia, nós adiamos a viagem. Iremos direto para o avião da Kaiba Corp. no aeroporto as nove e meia, temos uma hora de sobra, vou ajudar você a arrumar suas coisas. – explicou o menor.

- Obrigado aibou. Como estão os outros? – tentava com dificuldade sair da cama para ir tomar banho.

- Estão bem, estavam aqui mais cedo, mas foram logo embora para irem arrumar as coisas deles. – respondeu enquanto dobrava algumas roupas cor negra que eram as preferidas do Faraó.

- E Kaiba? – uma leve tontura o invadiu quando ficou em pé.

- Ele está bem, o ataque não o afetou muito já que ele teve forças o suficiente para te trazer até o quarto. – fez uma expressão o mais inocente que pôde.

Yugi havia notado que o empresário vinha buscando ficar mais próximo de Yami, mas o tricolor maior não via isso, talvez pudesse dar uma ajuda pra esses dois.

- Kaiba... me trouxe até aqui? – ficou perplexo

- Hai! – mas não daria essa ajuda agora.

Realmente estava surpreso com essa descoberta, jamais tinha imaginado que o CEO tomaria o trabalho de leva-lo até o quarto... seu coração acelerou e um suave rubor coloriu seu rosto, por sorte, estava de costas para Yugi. Mas por que reagia assim? Não queria saber a reposta.

- Irei tomar banho aibou, se quiser, pode deixar que eu arrumo o restante das coisas. – seu corpo estava pesado, precisava urgentemente de um banho.

- Não se preocupe, já estou terminando. Vá tomar seu banho! – empurrou o pobre Faraó para dentro do banheiro.

O egípcio suspirou, lentamente começou a retirar suas roupas, revelando um corpo esbelto, os músculos bem distribuídos e um suave toque feminino na cintura. Regulou a água do chuveiro, seu corpo estava relaxando e era hora de pôr os pensamentos em ordem. Hoje iria para a Grécia, lutar em uma guerra diferente de tudo que já viu em seus longos 5.000 mil anos de idade! Dessa vez não seria cartas, mas sim uma batalha corpo a corpo onde muitas pessoas morreriam, tudo por causa dos caprichos dos deuses. Podia ser o Filho Deles, mas não entendia o “porquê”! Como odiava as guerras!

Desligou o chuveiro e saiu do banheiro. Secou o corpo e os rebeldes cabelos tricolores e escolheu uma camisa e calça de cor negra do jeito que gostava e a típica jaqueta que colocava como capa ao redor do ombro, colocou as pulseiras de couro e a gargantilha, estava pronto. Pegou a bagagem que estava em cima da cama e saiu do quarto, estava com fome e queria tomar café antes de sair. Ouviu vozes enquanto descia as escadas para ir a cozinha, parecia que estava com visitas.

- Bom dia. – murmurou o Faraó.

Todos os seus amigos estavam reunidos ali na sala, até mesmo Kaiba estava lá, junto com os cavaleiros. Conversavam distraidamente, ou melhor dizendo, os dois santos de Atena respondiam pacientemente as perguntas curiosas do vovô Solomon, Tristan e Yugi, mas a sua chegada interrompeu o questionário.

- Oh! Mou Hitori no Boku! Deixa que eu te ajudo com isso! – pegou as malas que o rapaz trazia com certa dificuldade.

- Yami você está bem? – Téa perguntou se aproximando do faraó.

- Sim, apenas um pouco cansado. Vou comer alguma coisa, posso falar com você Kaiba? – perguntou olhando para o CEO.

O castanho assentiu e os dois foram para a cozinha, deixando o restante dos amigos curiosos para saber do que se tratava a conversa.

- O que quer falar? – se pronunciou o castanho.

O jovem tricolor deu as costas para o castanho enquanto se servia com uma xícara de café, precisava agradecer o empresário não só pelo fato de tê-lo levado até o quarto, mas também por leva-los até a Grécia.

- Hum... quero agradecer a você por nos levar até o outro país mesmo que isso não te agrade e também... por me carregar até o meu quarto! – ainda que na última parte, sua voz saiu em um tom baixo.

Seto sorriu internamente, Yami havia passado por cima do seu orgulho e estava dizendo “obrigado” e isso era um bom sinal, por assim dizer. Porém precisava saber se o Faraó, talvez, sentia alguma atração por ele ou algo parecido. E por que não provoca-lo um pouco?

Em passos arrogantes se aproximou do egípcio que ainda estava de costas para ele. Seria apenas uma brincadeira para tirar sua dúvida.

- Talvez você possa me agradecer de outra maneira... – murmurou de modo sedutor.

O faraó reprimiu uma exclamação de surpresa. Sentiu um par de mãos acariciarem delicadamente sua cintura e uns lábios quentes pousarem em seu pescoço. Um choque percorreu todo o seu corpo, sentiu o seu rosto esquentar, tentou se separar do maior, mas as mãos que estavam em sua cintura o impediu.

- K-Kaiba... o-o q-que e-esta f-fazendo? – sua voz foi apenas um sussurro.

- Eu? ... Nada de mais... – respondeu divertidamente.

Deu leves beijos por toda a pele sedosa que estava descoberta enquanto acariciava sutilmente seu corpo, notava o nervosismo e a confusão do mesmo, mas ainda assim não iria parar. Gemidos baixinhos saiam da boca do faraó e Kaiba não podia estar mais satisfeito com isso, virou o egípcio para frente de si e retirou com certa dificuldade a gargantilha para ter mais acesso a aquela deliciosa pele banhada pelo sol. Começou a dar suaves sucções naquela área, os gemidos se intensificaram, porém, alguém havia chegado no local para atrapalhar o momento íntimo.

- Oye Mou hitori... Ai! Droga! Desculpa, desculpa e-eu não sabia que vocês... tchau!

Yugi havia saído do local mais rápido que um raio, seu rosto havia virado um pimentão e desejou que a terra o engolisse naquele momento, mas deveria se acalmar para que seus amigos não desconfiassem de nada, só que era tão difícil! Porém, se alegrou de que Kaiba avançou mais um passo em relação a Yami. Sorriu para si mesmo, agora só faltava seu Outro Eu perceber as intenções nada inocentes do CEO, mas depois do que viu, somente um cego não perceberia.

Chegou na sala meio agitado o que fez seus amigos ficarem um pouco alarmados e vieram rapidamente ao seu encontro para saber o que aconteceu.

- Ei Yugi, o que aconteceu cara? – Tristan perguntou olhando na direção do corredor da cozinha.

- Eu não... – mas foi interrompido pelo loiro.

- Você tá todo agitado. Vai me dizer que o Faraó se irritou com a arrogância do Kaiba e mandou ele para o Domínio das Trevas? – Joey até que achava a ideia divertida, detestava o castanho.

- O QUÊ! Claro que não! E no momento não posso falar nada pra vocês! – fez uma pose de seriedade confirmando suas palavras.

Enquanto na cozinha, Yami estava tentando processar o que tinha acontecido, sua respiração estava irregular, ainda sentia os rastros de prazer que as carícias de Kaiba havia causado, era como se sua mente ainda estivesse desligada, mas deveria despertar, ainda tinha uma viagem para fazer e uma explicação para dar a Yugi.

- Terminaremos nossa conversa quando chegarmos à Grécia! – Kaiba deu um sorriso galante e saiu da cozinha.

O ex monarca acordou do transe. A irritação estava aflorando dentro dele, por acaso Seto ia assim sem explicar nada? Deixando ele com vontade de continuar o que estavam fazendo minutos atrás? O quê? Mas o que estava pensando? Se estapeou mentalmente, havia perdido o juízo! Só podia ser!

Foi pra sala para se juntar aos seus companheiros, havia perdido muito tempo e era hora de ir embora. Assim que chegou, observou que seu avô, Tristan e Yugi continuavam com o interrogatório, se perguntou mentalmente como os dois cavaleiros aturavam tantas perguntas.

- É hora de irmos, o voo será demorado e já perdemos muito tempo. – falou Shaka.

Começaram a pegar suas bagagens para saírem da casa-tenda, se despediram do senhor Solomon que lhes desejou boa sorte e por fim, foram para o aeroporto.

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Santuário de Atena – Grécia

O cavaleiro de Andrômeda caminhava tranquilamente pelo jardim do Santuário, relembrando cada momento que passou ao lado de Hades, o quanto havia disfrutado do passeio, se sentia protegido, sentia paz quando estava com ele. Um leve tom rosado coloreou sua face quando lembrou do quase beijo, uma parte sua, desejou que o beijo tivesse acontecido, mas por outro lado, se perguntava qual seria a reação do seu irmão se soubesse que Hades tinha lhe beijado. Sabia que seu amado Nii-san odiava com todas as suas forças o Imperador do Inferno. Sentiu uma presença atrás de si, já sabia quem era e um doce sorriso nasceu em seus lábios.

- Olá Hades! – cumprimentou alegremente.

- Olá Shun. O que faz por aqui? – começou a acompanhar o menor em sua caminhada.

- Apenas dando uma volta para distrair, gosto de sentir o sol da manhã. E você?

- Também procurava me distrair, mas parece que encontrei algo melhor!

Shun percebeu que a voz de Hades saiu um tanto... Sedutora? Se ruborizou um pouquinho ao pensar nisso, mas desviou do assunto.

- Dormiu bem?

- Posso dizer que sim. E você dormiu bem?

- Sim, ainda que eu me sinto um pouco sozinho naquele Templo, espero que Shaka não demore muito.

- Gosta muito de Shaka. – afirmou, mas não de forma negativa, sabia que Shun respeitava muito seu mestre.

- Sim, ele é um homem sábio e um ótimo mestre, lhe tenho muito respeito e sei que posso confiar plenamente nele. – contestou distraidamente.

- Entendo...

Repentinamente deteve sua caminhada, fazendo com que o Andrômeda também parasse. Hades decidiu que hora de falar sobre assuntos mais “sérios”.

- Shun, o que sente em relação a mim?

O menor ficou surpreso com pergunta, jamais imaginou que o Senhor do Submundo faria uma pergunta como essa. Não sabia exatamente o que responder, tudo era muito complicado.

- Bem... eu não sei dizer, porque está me perguntando isso?

Hades se aproximou do jovem cavaleiro, levantou seu rosto delicadamente e o acariciou, queria se declarar para ele, mas precisava saber sua resposta.

Shun por sua vez, suspirou e fechou os olhos para apreciar melhor a caricia que o maior lhe brindava, se sentia tão bem.

- O que sente quando está comigo Shun? – perguntou novamente.

- S-Sinto... paz, tranquilidade, confiança... – respondeu com sinceridade.

- Bom saber... Shun, quero lhe dizer que... eu estou encantado com sua beleza, mas que não se compara com a sua beleza interior, com seu caráter bondoso, gentil, que você é o único que conseguiu me prender de um jeito que eu nunca imaginei... queria lhe pedir uma oportunidade de curar seu coração, de provar que posso te fazer muito feliz... Shun, quer namorar comigo? – Hades finalmente disse tudo o que estava preso dentro dele durante esses dias.

O jovem cavaleiro podia dizer que seu coração falhou uma batida com aquelas palavras tão significativas, mas tinha medo... medo de amar novamente e ser traído mais uma vez, não aguentaria uma situação assim outra vez. Porém, ali estava Hades pedindo apenas uma oportunidade de fazê-lo feliz... ele não era como Hyoga, era um homem sério, maduro e um tanto frio, mas não importava. Talvez aquela fosse sua chance de ser feliz.

- Você tem... mas me prometa uma coisa?

- É claro! E o que é?

- Que você nunca vai me machucar, não quero passar pela mesma situação que eu passei com Hyoga. Me promete?

- Eu prometo, jamais te magoarei. Sempre irei te proteger meu pequeno, não importa o que aconteça. – declarou o maior.

Hades se aproximou do rosto do menor e fez um carinho suave naquela pele de porcelana, Shun adivinhando os pensamentos do maior, fechou os olhos esperando o próximo movimento que não demorou muito acontecer.

Finalmente Hades tocou aquele lábios que tanto ansiava provar, e para ele não havia sabor melhor. Moveu seus lábios ansiosamente querendo degustar mais daquela boca de rosas. Se alegrou com fato de Shun corresponder o beijo da mesma forma, mas tudo que é bom dura pouco e com eles não é diferente, já que alguém havia chegado no local.

- Por Atena! – exclamou uma voz masculina assustada.

Se separaram bruscamente do beijo para verem que era o intruso.

- Shiryu! O que está fazendo aqui? – Shun estava aterrorizado.

O Dragão limpou a garganta ruidosamente antes de responder.

- A-A S-Senhorita Saori me pediu para procurar você, ela está reunindo todos os cavaleiros para uma reunião no Templo do Patriarca. É sobre Shaka e Camus. – informou resumidamente.

- Hum... tudo bem, nós iremos pra lá. E Shiryu... sobre o que você viu... – tentou se explicar, mas foi interrompido.

- Está tudo bem, mais tarde nós conversamos. – mostrou um sorriso transmitindo confiança ao seu amigo.

- Vamos ou Atena mandará mais alguém atrás de vocês dois. – o Senhor dos Mortos falou cortando o pequeno diálogo entre os dois amigos.

Os três seguiram para o Templo do Patriarca em silêncio. Assim que entraram, perceberam que a deusa estava algo ansiosa, otimista, apreensiva... uma carga de emoções atravessavam o rosto da jovem e seus cavaleiros olhavam confusos para a divindade.

- Atena, o que aconteceu? Por que nos mandou chamar? – Mu perguntou vendo que Shun já havia chegado junto com Shiryu e.... Hades?

- Me desculpe por reunir vocês tão repentinamente, mas chamei vocês pra dizer que Shaka e Camus estão voltando hoje para o Santuário com informações muito valiosas para nós que nos dará vantagem nessa Guerra e não é só isso... – deusa fez um certo suspense.

- O que mais? – Miro perguntou algo impaciente.

Atena olhou para todos ali presente.

- Eles acharam o “escolhido”! – exclamou alegre.

Os cavaleiros ficaram surpreso e Hades levantou elegantemente uma sobrancelha.