História A Profecia - Capítulo 8

- Espere jovem... se não nos ajudar, o mundo estará correndo um grande perigo! – bradou o cavaleiro de Virgem.

Yami ficou estático!

- O-o quê? – perguntou com dificuldade.

Em outra mesa, o grupo estava atento a qualquer coisa suspeita. Mas uma certa sensação ruim preencheu-os quando Yami ficou aparentemente em choque por algo que o homem loiro havia dito. Resolveram se aproximar.

- Acredite por favor, uma guerra está preste a acontecer e precisamos de sua Relíquia Milenar. – Camus se pronunciou, por fim falariam a verdade.

- Uma guerra... Quem vocês são realmente? – sentiu que ali poderia entender o significado dos seus sonhos.

- Podemos ir para um local mais privado? Nós contaremos tudo a você. – Shaka tentava imaginar a reação do garoto.

- Tá tudo bem Yami? – perguntou Yugi preocupado com seu “Outro Eu”.

- Não Aibou... Kaiba, pode nos levar até o Museu? – sua voz saiu fria e seus olhos estavam opacos.

Mesmo desconfiado, Kaiba assentiu e pediu para Isono trazer a limusine.

- O que aconteceu Yami? – Joey também estava preocupado, sentia que coisa boa não vinha.

- Aqui não é um bom lugar para se falar Joey... – se afastou um pouco de seus amigos, queria pensar no momento.

Um silêncio incômodo se formou entre o grupo... várias ideias absurdas passaram na cabeça de cada deles, mas o incômodo foi quebrado com a chegada da limusine e Kaiba pediu para que todos entrassem, mas os dois imponentes cavaleiros recusaram dizendo que iriam pegar um táxi e perguntaram aonde deveriam ir, Yami respondeu até o Museu de Dominó.

Em menos de vinte minutos, o grupo de amigos já estavam em frente ao Museu, esperando os dois homens chegarem. Não tiveram que esperar muito, em cinco minutos o táxi onde estava o francês e o indiano havia estacionado ali perto.

Seguiram em silêncio para dentro do prédio, as perguntas seria feitas depois. Yami apenas queria explicações naquele momento.

- Por que estamos aqui? – Camus perguntou finalmente.

- Aqui poderemos conversar sem sermos interrompidos. – respondeu o faraó, enquanto pedia para um empregado chamar Ishizu.

- Oh! Vocês aqui? – a mulher estava confusa, seu Colar do Milênio não havia mostrado que teria visitas.

- Me perdoe Ishizu por vir tão tarde, mas preciso de sua ajuda. Poderia nos levar para uma sala com mais privacidade? – esperava obter respostas ainda essa noite.

- É claro, sigam-me por favor! – Ishizu estava ficando levemente alterada, sentia energias diferentes emanando entre eles.

Entraram em uma sala ampla com vários sofá disponíveis, havia bastante espaço para todos. A egípcia pediu que todos se acomodassem confortavelmente. Deu a ordem a um empregado de que ninguém viesse incomoda-los. Olhou para seu faraó pedindo uma explicação, e o mesmo respondeu que logo a teria.

- Muito bem, agora podem começar a falar. E não se preocupem, todos aqui são de confiança. – explicou, já que percebeu que os dois haviam ficado um tanto consternados.

- Como já tinha lhe dito antes, uma nova guerra está por vir e a chave para a nossa vitória é a sua Relíquia Milenar. – Camus começou a explicar.

- E o que vocês são realmente? – Yami não gostou de saber que uma nova batalha estava chegando em tão pouco tempo.

- Somos cavaleiros de ouro, sou Shaka de Virgem e ele é Camus de Aquário, servimos a Atena, a deusa da sabedoria. Protegemos a Terra de todo mal que a ameace, lutamos em nome da Justiça. Vivemos em um Santuário que se localiza na Grécia. Recentemente nossos arqueólogos acharam uma tábua egípcia que contém uma profecia dizendo que 10.000 almas serão sacrificadas, e que dois poderes diferentes se juntarão para combater o inimigo que está vindo, mas apenas o “escolhido” terá a força para vencer, pois a escuridão é o verdadeiro poder dele. E nesta tábua há um desenho de sua Relíquia. – o loiro resumiu o máximo possível.

As reações não demoraram a chegar, Kaiba soltou um suspiro de irritação e desgosto, Téa, Tristan e Duke estavam chocados, Yugi estava surpreso.

- Ishizu, pode usar seus poderes por favor? – Yami estava tenso, muito tenso.

A mulher assentiu. Invocou os poderes de seu Colar, para a surpresa de Shaka e Camus.

- Ela tem poderes? – Camus realmente estava surpreendido.

- Sim, Ishizu é capaz de ver o futuro com seu Colar do Milênio. – respondeu Yami olhando atentamente a mulher.

Finalmente a mulher havia aberto os olhos.

- Um novo inimigo realmente está aqui, é Seth, o deus das Areis, do Caos e da Destruição. Mas não está sozinho, há outros deuses com ele e não consigo identifica-los e estão formando um exército de monstros. E mesmo que juntem todas as suas forças, não poderão evitar que as 10.000 almas sejam sacrificadas e quando essas vidas forem tiradas, o poder de Seth aumentará imensamente, será aí que ele tentará dominar a Terra. – finalizou a mulher, parecia que o futuro não seria animador.

- Significa que não podemos impedir esta tragédia? – a angústia cresceu no interior de Shaka.

Ishizu olhou fixamente o loiro antes de responder.

- Exato, dificilmente poderão mudar o futuro. E mais uma coisa: você será o centro disso... Meu Faraó. – falou a mulher com pesar.

Foi a vez dos dois cavaleiros ficarem intrigados.

- Faraó...? – perguntou Camus.

Parecia que era a vez de Yami dar explicações. Mas foi Ishizu que se pronunciou novamente.

- Yami Atemu Mutou em realidade é um antigo Faraó de 5.000 anos de idade, nós também protegemos a humanidade do Mal. Usamos as Relíquias do Milênio para proteger a Terra ainda que seus poderes sejam das trevas. Já lutamos contra deuses e pessoas que tentaram dominar o mundo. Mas parece que não estamos destinados a ter paz...

Os dourados não puderam evitar ficar mais surpresos ainda! Estavam diante de um Rei de 5.000 anos de idade. Talvez ele fosse...

- Como assim Ishizu, eu sou o centro de tudo isso? – Receio e irritação pode ser percebida na voz do egípcio.

E para o espanto de todos, lágrimas começaram a rolar pelo rosto da mulher. Seria difícil dizer a visão que teve.

- Meu faraó... Seth está atrás de você! É você quem o ajudará a conseguir o sacrifício das 10.000 almas, não por vontade própria, mas porque estará dominado pelas trevas que habita em seu coração, porém não é só isso, o deus da destruição achará a última pedra dos Orichalcos e fará com que o deus que está selado dentro de você se manifeste novamente usando o seu corpo... Mas no fim de tudo isso, você é o escolhido que a profecia fala, como sabemos, a escuridão é o seu verdadeiro poder... – e chorou mais um pouco, o destino seria cruel com seu Rei.

Yami simplesmente não conseguia dizer nada, estava confuso, com medo, irritado, se sentia impotente diante da situação atual. Ele seria a fonte do caos? Realmente despertaria seu lado sombrio novamente? Não... Se recusava aceitar tudo isso, não podia machucar pessoas inocentes de novo, o mundo precisava ser protegido e não poderia se voltar contra as pessoas que amava...

- O-o q-quê? Como assim o faraó vai ajudar o Seth? E que deus está selado dentro dele? Isso é simplesmente impossível... a não ser que... – Joey estava inconformado com a situação em que se encontravam.

- Sim Joey... Depois de derrotarmos Dartz, nós fomos em direção ao portal, mas Mou hitore no Boku disse que sentiu uma presença e novamente Dartz estava ali, Timaeus tentou atacar, mas não tivemos a mínima chance e ele disse que um dos dois deveria ser destruído... ficamos sem opções... então Mou Hitore no Boku resolveu selar o Deus dos Orichalcos dentro dele.... – Yugi também começou a chorar, havia escondido algo sério dos seus melhores amigos.

Os dois cavaleiros de Atena observavam a cena angustiados, descobriram que não iriam conseguir impedir que as almas fossem sacrificada, mas haviam conseguido encontrar o “escolhido” da profecia e isso era uma grande vantagem para eles, poderiam ajudá-lo a mudar o destino que os aguardava pela frente. Pois ele também estava destinado a combater o mal.

- Não se precipitem, pode ser que o Faraó seja dominado pelas trevas, mas ele também está destinado a lutar contra o mal, podemos mudar o destino! – Exclamou o protetor do sexto Templo.

- Temos uma proposta para fazer: venha para o Santuário conosco, lá saberemos o que fazer, precisamos reunir poder o máximo possível para vencer e com sua ajuda teremos mais chance. – declarou Camus.

- O que? Ir para a Grécia? – o Faraó perguntou impactado.

- Sim, Atena saberá o que fazer nesta situação, e lá estará mais protegido! Também temos deuses do nosso lado. – argumentou Shaka tentando motivá-lo a ir viajar

- O que acha Ishizu? – Yami ainda estava em dúvida.

- Acho que é o certo a se fazer, mas a escolha é sua meu Faraó! – respondeu a egípcia.

- Tudo bem, eu vou com vocês, preciso resolver isso o mais rápido possível! – um pouco do seu orgulho foi percebido em sua voz.

Seus amigos se alegraram, ali estava o rapaz altivo, corajoso e orgulhoso que conheciam. Entretanto, não deixariam ele sozinho nessa nova aventura.

- É isso Mou Hitore no Boku e nós iremos com você! – a animação tomou conta de Yugi.

- Aibou eu acho melhor vocês ficarem aqui, pode ser muito perigoso! – e lá estava aquele instinto protetor aflorando dentro dele.

- Acha mesmo que deixaremos você sozinho? Seria meio injusto você ficar com toda a diversão! – Joey falou fazendo pose de “Nice guy”.

- É isso aí cara! Somo todos amigos, não vamos te abandonar! – exclamou Tristan se juntando a Joey.

- Não irei, vou ficar aqui para fornecer notícia a vocês enquanto estão na Grécia. – disse Duke.

- Oi gente, como nós iremos viajar? – Téa perguntou atraindo a atenção de todos.

Os amigos olharam na direção do CEO que estava com a expressão mais fria que o habitual. Kaiba não tinha falado nada até aquele momento, talvez estivesse analisando a história contada ali. Percebeu que tinha virado o centro das atenções do grupo do “rostinho feliz”.

- Quê? – perguntou desconcertado.

- Você pode nos levar até a Grécia! – foi Joey que respondeu.

- E por que acha que eu faria isso? – perguntou com frieza.

O loiro ficou sem respostas.

- Por favor Kaiba, precisamos da sua ajuda! – pediu Yami.

O empresário olhou fixamente o tricolor. O faraó estava correndo um grande perigo, talvez se estiver por perto, poderia ajudá-lo. Só de pensar que poderia perder Yami, uma angústia preenchia seu coração.

- Tsc! Tudo bem, estejam as sete horas na minha empresa, irei leva-los até a Grécia. Vocês dois podem vir também “cavaleiros” – disse quase com desdém, parecia que aquela história de magia nunca ia deixa-lo em paz.

- Obrigado Kaiba e a você também Ishizu, mas agora devemos ir pra casa. Agradeço também a vocês cavaleiros, por vir até aqui e nos avisar sobre a Guerra.

- Tudo bem jovem e nós pedimos.... – mas foram interrompidos por gritos desesperados dentro do Museu.

- O que é isso? – perguntou Kaiba surpreso.

A porta foi aberta bruscamente por um empregado.

- Ishizu-san... Ishizu-san! A-alguém está atacando a cidade com m-magia e m-monstros... está uma loucura lá fora! – disse ofegante.

O grupo correu para fora do prédio, realmente estava um caos... pessoas feridas corriam para se esconder, o ar estava pesado, risadas malignas ecoavam pelas ruas e ao que parecia, Monstros de Duelos haviam ganhado vida.

- Ora, ora, ora... olha que temos aqui! Cavaleiros e duelistas juntos... o mestre ficará muito satisfeito em saber que destruí dois deles! – uma mulher havia surgido repentinamente na frente deles.

- Quem é você? – Shaka perguntou autoritário e elevou seu poderoso cosmo.

- Você é muito bonito e parece ser poderoso, mas não é rival para mim... Sou Ate, a deusa da insensatez e da loucura. – respondeu olhando “inocentemente” para eles.

- Quem é seu mestre? – Camus também acendeu seu cosmo gelado.

- Isso não importa.... É uma pena matar dois homens tão perfeitos, mas deve ser feito... Adeus cavaleiros de Atena... Gritos de Loucura! – ordenou o ataque

- Rendição Divina!

- Pó de Diamante!

Os dois dourados atacaram ao mesmo tempo, mas a deusa se desviou com facilidade. Porém, o ataque dela os acertou em cheio e até mesmo os duelistas que estava de fora da luta.

- Ahhh! O que é isso... de onde vem esses gritos? – Yugi perguntou choroso, aquilo estava doendo demais.

- P-parece q-que foi aquela m-mulher... Arg! Isso dói muito! – Joey disse se retorcendo de dor.

- F-faz i-isso p-parar... minha cabeça! – Téa foi a primeira a ficar inconsciente.

Yami observou a mulher se aproximando deles com um sorriso cruel. Mesmo seu corpo tendo espasmos dolorosos e gritos terríveis inundando sua cabeça, quis buscar uma solução. Olhou para os lados, viu os cavaleiros quase inconsciente, pois foram acertados em cheio, seus amigos sendo torturados... talvez fosse o momento de usar seus poderes, não suportava ver ninguém sofrendo... não havia outro jeito, teria que usa-los. Levantou com dificuldade, cada movimento que fazia, a dor aumentava, cuspiu um pouco de sangue, mas com um esforço conseguiu se concentrar o suficiente para invocar seus poderes milenares.

Ate observava tudo com diversão, estava pronta para dar o golpe final quando percebeu o jovem tricolor levantar do chão, um olho dourado aparecer em sua testa... era o olho de Rá! Seu mestre havia explicado isso! E uma barreira negro-violácea se formar ao redor das pessoas que estavam caídas no chão. Ficou curiosa, também era muito bonito, mas seu poder lhe intrigava.

- Quem é você criança? – perguntou se aproximando mais.

- S-sou Y-Yami A-Atemu. – respondeu com dificuldade.

A mulher quase abriu a boca em surpresa, seu mestre procurava ele! Havia dado ordens claras de não machuca-lo e se possível, leva-lo até ele. Era um golpe de sorte!

- Quem diria que iria encontrar você aqui Faraó, o mestre ficará feliz em descobrir sua localização. Tenho ordens de leva-lo, por bem ou por mal! – um toque de sadismo pode ser percebida em sua voz.

- Pois diga a Seth, que no dia em que eu estiver frente a ele, será para destruí-lo! – sussurrou friamente.

A mulher estreitou os olhos irritada e atacou novamente, mas seu ataque foi repelido pela barreira. Ia atacar de novo, mas a chegada de dois homens a interrompeu.

- Já chega Ate, devemos ir! – ordenou um homem de profundos olhos azuis e cabelos da mesma cor.

- Vamos! Você sabe que detesto chegar atrasado em qualquer lugar. – disse o outro, tinha grande semelhança com outro homem, mas a diferença era que este tinha olhos cor mel.

- Droga! Sempre estragando minha diversão! Não se cansam disso não? – bufou a mulher.

- Não vou falar duas vezes! – o homem de olhos azuis estava começando a perder a paciência.

- Tudo bem! Já estou indo, mas não esperem por mim! – dispensou a companhia dos homens.

Eles assentiram e sumiram no ar.

Assim que viu que os dois haviam ido embora, virou para o Faraó para dar um aviso.

- Lembre-se Faraó, não importa para onde vá, ele sempre irá encontra-lo e quando o fizer, jamais poderá escapar novamente... Você pertence a ele!– dito isso, a mulher sumiu em um nevoeiro negro.

Yami desfez a barreira, estava sem forças... seus olhos começaram a se fecharem lentamente, perdeu o equilíbrio e caiu... esperava sentir o choque contra o concreto do chão, mas apenas percebeu que estava em uns braços forte e confortáveis, abriu os olhos mais uma vez e encontrou um par de orbes azul-rei.

- Seto... – sussurrou baixinho.

E finalmente a inconsciência o envolveu.