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História A profecia de Sibila Trelawaney -DRARRY. - Não se pode culpar alguém por tirar proveito do escuro.


Escrita por: firefox1

Notas do Autor


Bom dia!
Boa leitura.

Capítulo 6 - Não se pode culpar alguém por tirar proveito do escuro.


Fanfic / Fanfiction A profecia de Sibila Trelawaney -DRARRY. - Não se pode culpar alguém por tirar proveito do escuro.

       — O que você acha? — Scorp mostrou o seu arranjo de natal. Pelo brilho orgulhoso em seus olhos, parecia ter criado uma segunda Mona Lisa, em vez de um enfeite para a árvore de Natal. A árvore de Scorpius é toda decorada com enfeites que ele mesmo criou.

    Tentando ajeitar-se com a agulha e a linha, ele ma­nipulava o trabalho e mordia a ponta da língua, um há­bito que desenvolvera desde o primeiro ano de vida e que sempre exibia quando concentrava-se em alguma ta­refa mais complexa como a que estava fazendo no momento. Que consistia em colocar pipoca na linha para fazer um cordão, objetivando enfeitar a árvore.

          — É lindo.

          — Mamãe também vai gostar, não acha?

          — Ela vai adorar. — Draco rangeu os dentes ao men­cionar a ex-esposa.

    Astória havia decidido encontrar um tem­po para passar com o filho, e desde que a mãe telefonara para confirmar o convite, Scorp flutuava sobre nuvens de algodão doce. Não sabia o que faria se ela não aparecesse. Sabia que Tori seria bem capaz de um gesto como esse, mas estava rezando para que não cometesse tamanha crueldade.

         — Potter tem sido maravilhoso — o menino comentou. — Ele me ensina muitas coisas. Gosto dele.

    Aí estava a dica, e não era nada sutil. O problema era que Draco vinha descobrindo que seus sentimentos pelo vizinho eram bem parecidos com os do filho. Embora evitasse contato com Potter, não havia como escapar. Seu filho fazia questão de mencioná-lo sempre que conversa­vam, recitando suas virtudes como se quisesse conven­cê-lo a votar num candidato a presidente.

   Os dois tornaram-se grandes amigos. Agora Scorpius já não passava os dias resmungando pelo apartamento, re­clamando sobre a falta que sentia dos amigos e culpando-o por sua infelicidade. Ultimamente, quando não es­tava com Harry, estava ajudando Minerva com os gatos, tomando chá com a doida da vidente, que lia as folhas no fundo da xícara, ou exercitando-se com Hagrid.

      — Vou sentir falta da festa de Natal — ele anunciou de repente. — Haverá uma comemoração na sala comu­nitária, no porão, e todos os moradores foram convidados. Harry estará fora, mas Sibila e os outros comparecerão. Será um evento e tanto! Mas estar com mamãe é mais importante do que ir a uma festa tola — ele suspirou. — Ela está sempre muito ocupada nesta época do ano.

        — Tenho certeza de que sim. — Malfoy havia esquecido a festa de Natal. Recebera o convite dois dias antes, e o teria jogado fora se seu filho não houvesse entrado em êx­tase ao vê-lo. Havia sido como se estivesse sendo convi­dado para o baile de Natal, onde conheceria o Príncipe Encantado. Quanto a ele, tinha coisas mais importantes para fazer em vez de confraternizar com um grupo de malucos esquisitos.

     Draco apanhou as chaves do carro e a mochila que levava para a academia de ginástica.

         — Voltarei dentro de uma hora — prometeu.

       — Não se preocupe. Estarei muito ocupado com isto aqui — ele sorriu, mostrando o trabalho com as pipocas. — Oh, já ia me esquecendo! — ele exclamou, jogando agulha e linha para o lado a fim de correr até o quarto, de onde voltou com um envelope branco. — É para você. Abra-o agora, está bem?

         — Não devíamos esperar até o Natal?

         — Não.

    Draco abriu o envelope e encontrou um cartão recor­tado no formato de um sino prateado, brilhante e deco­rado com motivos alegres.

        — Vamos, leia à mensagem — ele pediu. O cartão era um convite para almoçar na delicatessen da esquina. — Faço questão de pagar — o menino anunciou. — É uma maneira de demonstrar minha gratidão por ser um pai tão maravilhoso. Sei que tivemos nossas diferenças du­rante o ano, mas quero que saiba que o amo muito.

          — Também amo você — ele riu. — E ficarei mais feliz se puder pagar o almoço.

      — De jeito nenhum! Estou economizando minha mesada, e ganhei algum dinheiro ajudando Sibila e Hagrid nas tarefas do condomínio. Posso pagar a conta, desde que não escolha o prato mais caro do cardápio.

         — Oh, pode ficar sossegado! E também tomarei um café da manhã reforçado — ele decidiu, beijando-o antes de sair.

   Sorrindo, chamou o elevador e esperou em silêncio, pensando em todas as mudanças que percebia no com­portamento do filho. Pensando bem, a mudança para o prédio de apartamentos não havia sido um erro, afinal. E Potter era o grande responsável pela paz que voltara a reinar em sua casa.

   O elevador chegou e ele pressionou o botão para o piso térreo. O equipamento parou no segundo andar, e quando as portas se abriram Harry entrou, carregando um cesto de roupas para a lavanderia. Ao vê-lo, sua hesitação foi evidente.

        — Não vou mordê-lo — Malfoy garantiu.

        — É o que todos dizem — ele brincou, pressionando o botão para o porão.

    As portas se fecharam e o elevador desceu alguns me­tros lentamente, até que um solavanco os sacudiu e o equipamento parou entre dois andares. Potter gemeu e foi encostar-se na parede. O pequeno compartimento foi invadido pela escuridão.

         — Draco?

        — Estou aqui. Parece que ficamos sem energia elétrica.

        — Oh, não...

        — O que foi? Tem medo do escuro?

       — É claro que não — ele irritou-se.__ Quero dizer, a ansiedade é uma reação normal nessas circunstâncias. Estou com mais medo de que o elevador despenque do que da falta de luz propriamente dita.

        — É claro — ele concordou, lutando contra a vontade de rir.

        — Quanto tempo acha que ficaremos aqui?

        — Não sei. Dê-me sua mão.

        — Por quê?

        — Só estou tentando confortá-lo e acalmá-lo.

        — Oh, sim. Aqui.__ Harry estica a mão__ Céus, não consigo ver um palmo a frente do nariz.

        — Ei, não há nada a temer.

        — Eu sei disso — foi à resposta defensiva.

  Draco não saberia dizer quem havia tomado à inicia­tiva, mas no instante seguinte ele o tinha nos braços e o segurava contra o peito num abraço protetor. Para ser bem honesto, não conseguira pensar em outra coisa que não fosse abraçá-lo desde o dia em que haviam levado as crianças ao cinema. Não permitira-se lidar com o sen­timento, mas agora descobria que tê-lo tão perto parecia lógico, como se a vida inteira houvesse esperado por isso. E o sentimento o apavorava.

   Nenhum dos dois dizia nada. Não saberia dizer a razão do silêncio, e alguns instantes depois descobriu. De sua parte, não queria correr o risco de permitir que a reali­dade arruinasse a doce fantasia. Sob a proteção da es­curidão absoluta, sentia-se seguro para abrir mão das defesas.

         — Não vai demorar.

         — Espero que não — ele sussurrou. __ Nunca pensei que sentiria claustrofobia.

    Sem pensar no que fazia, Draco deixou os dedos passearem pelos cabelos do outro. Procurou pensar em outras coisas que não fosse o fato de tê-lo em seus braços. Talvez em problemas sérios cujas soluções precisava encontrar, mas não conseguia deixar de sentir a excitação provocada pelo delicioso contato físico.

        — Talvez seja melhor conversarmos — Potter sugeriu. — Para passar o tempo.

        — Sobre o que quer falar?

   Podia sentir o hálito morno no pescoço. Sensual e provocante. Nesse momento soube que ia beijá-lo. Sentia-se impelido pela curiosidade e pelo desejo, igualmente intensos. Muito tempo havia se passado desde a última vez em que tivera alguém tão cativante em seus braços. Durante anos, tomara o cuidado de manter represado todo e qualquer sinal de desejo por quem quer que fosse. Preferia uma vida celibatária ao risco de outro casamento fracassado.

    Tudo teria terminado ali mesmo, na escuridão do ele­vador, se Harry houvesse oferecido alguma resistência. Mas ele nem tentou resistir. Seus lábios eram quentes e úmidos, e ele deixou escapar um delicioso gemido ao inclinar a cabeça para melhor poder saboreá-lo.

       — Pensei que quisesse conversar — disse.

       — Mais tarde — Draco prometeu antes de beijá-lo novamente.

    Era difícil esconder o desejo. Os lábios de Harry eram doces como o mel, como o mais saboroso dos néctares, e não conseguia lembrar-se de nenhum outro beijo tão saboroso e quente. Os primeiros beijos foram comportados, sedutores e in­trigantes. Nada disso estaria acontecendo se não estivessem presos num elevador escuro, Malfoy garantiu para si mesmo. Sentia que tinha o dever de explicar o episódio, mas não conseguia parar de beijá-lo para pronunciar as palavras.

   Não esperava que fosse tão bom. Tinha medo de acabar viciado, de não poder mais viver sem sentir o corpo colado ao seu e o sabor daqueles lábios. A cabeça e o coração transbordavam de ideias e sentimentos provocados pelo impacto que experimentava.

        — Draco...

   Ele respondeu roçando os lábios nos de Harry, criando uma fricção excitante e deliciosa. Sentia-se enlouquecer de de­sejo, especialmente quando pensava no inesperado da situação. Era como um adolescente beijando o namorado num canto escuro, deliciando-se com os riscos que só ali­mentavam a excitação. De repente Harry entreabriu os lábios e ele mergulhou na caverna úmida e quente de sua boca, jogando a precaução pela janela para atirar-se de cabeça na jornada erótica e sensual. Gemidos roucos escapavam de sua garganta, e sabia que não era o único prestes a perder o juízo e a razão. Harry também gemia e contorcia-se em seus braços.

    Encostando-o à parede, beijou-o com desespero. A força de ambas as ereção se tocavam, e Harry movia o corpo de um lado para o outro como se quisesse alimentar o fogo que o queimava. Draco sentia que não poderia suportar por muito mais tempo. As mãos encontraram os quadris e ele o puxou de encontro ao centro de seu corpo. Segurando-o com firmeza, levantou-o até encaixá-lo sobre as coxas. Para virá-lo e apoiar seu dorso na parede.

     Inclinando-se, ergueu a blusa de Potter até expor a metade superior de seu corpo e sugou um dos mamilos com desespero, ouvindo os gemidos que o incendiavam de pai­xão. Não sabia como o interlúdio teria acabado, até onde o jogo de sedução e prazer os teria levado, se a energia elétrica não houvesse voltado nesse instante.

     Os dois pareciam estátuas sob a luz branca da lâmpada fluorescente. Era como estar num palco, atrás de uma cortina que se abrira para a platéia lotada a qualquer instante. De repente os dois entraram em ação e, rápidos, ajeitaram as roupas. Malfoy apoiou-se na parede e respirou fundo, tentando entender o que acabara de acontecer. Não era mais nenhuma criança, mas comportara-se como um adolescente encharcado de hormônios.

     Pela primeira vez desde o divórcio, sentia que as pa­redes construídas em torno do próprio coração começavam a desmoronar. As barreiras haviam sido fortificadas pela amargura, pelo ressentimento e o medo. Não era isso que queria. Logo depois do divórcio, prometera a si mesmo nunca mais envolver-se emocionalmente com alguém. Harry era um homem livre, honesto, sem complicações em sua vida. Ele não merecia um homem cheio de cicatrizes emocionais e com um filho adolescente.

     A luz se apagou novamente e os dois permaneceram onde estavam. Melhor assim. Precisavam de alguns instantes para recompor-se.

        — Você está bem? — ele perguntou depois de resta­belecer o ritmo da respiração.

        — Sim, estou. — Mas a voz contradizia as palavras.

    Malfoy pensou em pedir desculpas, mas não conseguia formular a frase. Temia trair os verdadeiros sentimentos e revelar o efeito que ele exercia sobre seu sistema nervoso.

      — Não se pode culpar alguém por tirar proveito do escuro — brincou, tentando amenizar a tensão e di­minuir a importância do episódio. — E você é um homem bem quente — acrescentou, disposto a transformar tudo numa brincadeira sem importância, antes que Harry come­tesse o engano de dar alguma importância ao que haviam acabado de viver.

    A eletricidade retornou nesse exato momento. Potter estava parado com as costas voltadas para a parede, os dedos crispados contra as pernas e os olhos brilhantes, fixos nele. A cesta de roupas fora deixada num canto.

        — Então foi isso? — ele murmurou ressentido.

        — Sim, foi isso — Malfoy encolheu os ombros. — Es­perava alguma coisa mais consistente?

  Antes que Harry pudesse responder, o elevador parou no piso térreo e as portas se abriram. Malfoy aproveitou a chance para escapar.

         — É evidente que não — Potter murmurou sem encará-lo. _ Afinal, não se pode culpar alguém por tirar aproveito do escuro.

    Malfoy parou do lado de fora e esperou que as portas se fechassem, sentindo um misto de culpa e tristeza. Não tivera a intenção de magoá-lo. Encontrara um homem gentil que tivera o dom de tocar a alma de seu filho com um pouco de alegria, tratando-o com generosidade e atenção. E o que fizera para retribuir? Feria seus sentimentos.

          — Droga! — murmurou, praguejando contra a própria idiotice.

         — Vá atrás dele — alguém aconselhou às suas costas. Irritado, virou-se e deparou-se com Minerva e Trelawaney.

       — Ele é um bom homem — Minerva ofereceu, segurando um gato gordo cuja cabeça felpuda não parava de afagar. — Nunca mais encontrará alguém como ele.

       — Minerva tem razão. Além do mais, é tarde demais para tentar desfazer a trama urdida pelo destino. Podia ser pior... — Sibila sorriu.

         — Querem me fazer um favor? Fiquem fora disso, está bem?

    As duas se mostraram surpresas com a reação explo­siva provocada pelos conselhos bem intencionados.

         — Ora, eu nunca... Francamente! — ofendeu-se a pro­fessora aposentada, retirando-se sem olhar para trás.

        — Não se incomode com isso, querida — Sibila consolou-a com seu tom eternamente doce. — Alguns homens precisam de mais ajuda do que podem imaginar.

    As palavras da sensitiva o atingiram como uma facada no peito. Sim, precisava de ajuda. Estava encrencado, e não tinha a menor ideia de como escapar da confusão emocional que ameaçava dominá-lo.

Assustado com o que sentia e temendo o que ainda estava por vir, Draco saiu do edifício apressado e jurou que, desse dia em diante, usaria apenas a escada.

 

 



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