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História A profecia de Sibila Trelawaney -DRARRY. - Os presentes de natal.


Escrita por: firefox1

Notas do Autor


Bom dia!
Boa leitura.

Capítulo 7 - Os presentes de natal.


Fanfic / Fanfiction A profecia de Sibila Trelawaney -DRARRY. - Os presentes de natal.

        — Alguma vez lhe falei sobre Dolohov? — Trelawaney per­guntou a Potter enquanto servia o chá. — Nós nos co­nhecemos quando eu era uma menina. Está bem, tinha vinte anos de idade, mas era completamente ingênua. No momento em que nossos olhos encontraram-se, tive certeza de que devia temer por minha virtude. Eu o que­ria, mas meus anseios de menina não se comparavam à maturidade e à experiência daquele homem. — Sibila parou e sorriu, os olhos tomados por uma súbita doçura provocada pela recordação. Quarenta anos haviam se pas­sado, mas os sentimentos ainda permaneciam intensos na lembrança. — Nós nos casamos uma semana depois do primeiro encontro. Sabíamos que havíamos nascido um para o outro, e era inútil lutar contra o destino.

        — Está falando sobre o seu marido?

      — Sobre o homem que roubou meu coração. Vivemos juntos durante trinta anos, e fomos muito felizes. Bri­gávamos como cão e gato e adorávamos essas disputas. Meu Deus, como nos amávamos! Um olhar para aquele homem era suficiente para incendiar meu corpo. Com um simples olhar, ele era capaz de me dizer tantas coisas quantas caberiam num livro de centenas de páginas.

    Harry adoçou o chá e mexeu devagar. A mão tremia ligeiramente, reação provocada pela lembrança dos beijos trocados com Malfoy no elevador. Desde então passara a usar a escada. Havia sido beijado antes, muitas vezes, mas nunca sentira nada parecido com o que o aquele homem fora capaz de despertar. O que mais o perturbava era o fato de entender com perfeição o que Sibila dizia sobre o marido.

      — Não voltei a me casar depois que ele morreu — ela concluiu, sentando-se ao lado do visi­tante. — Meu coração jamais teria aceito outro homem. Poucas mulheres têm a sorte que eu tive. Encontrei o amor ainda jovem, e pude vivê-lo intensamente por toda uma vida.

   Potter bebeu o chá e tentou manter-se atento ao que a vizinha dizia. Os pensamentos insistiam em trazer de volta os beijos de Draco, desafiando todas as ten­tativas de manter as lembranças confinadas ao recanto mais escuro da memória. Gostaria de ser capaz de retirá-las da cabeça e guardá-las em uma caixa.

       — Gostaria de dar seu presente de Natal antes da data — Sibila anunciou sorridente, colocando um pequeno pacote nas mãos dele.

        — Também tenho algo para você, mas pretendia es­perar até o Natal.

        — Pois eu prefiro que abra o seu presente agora.

    Ansiosa, a sensitiva esperou que Harry desfizesse o laço de fita de seda e retirasse cada pedaço de fita adesiva das extremidades do papel colorido e brilhante. Na caixa havia uma pequena esfera de vidro contendo ervas secas. O aroma lembrava o aroma de cravinho, anis estrelado e Canela.

         — É uma poção afrodisíaca — Ela explicou.

         — Afrodisíaca? — Potter quase deixou cair o delicado arranjo.

         — Ferva essas folhas como se preparasse um chá, e depois...

         — Sibila, não tenho a menor intenção de estimular o meu libido ou de outra pessoa.

     A mulher sorriu e manteve-se em silêncio.

        — Aprecio a lembrança e a delicadeza do gesto, real­mente. — Não queria que a amiga pensasse que havia ficado insatisfeito com o presente. — Tenho certeza de que, algum dia, no futuro, estarei fervendo essas folhas para preparar sua poção. Mas no momento eu não estou precisando deste artifício — Esvaziando a xícara, consultou o relógio e levantou-se. — Lamento, mas pre­ciso ir. Tenho um compromisso importante dentro de cinco minutos. — Scorpius o convidara para almoçar, e ti­vera o trabalho de escrever o convite num gracioso cartão em forma de um sino de prata. Não podia desa­pontá-lo. — Obrigado mais uma vez. — disse, guardando o presente na mochila e vestindo o casaco.

       — Venha me visitar quando quiser.

       — Eu virei — Harry prometeu.

    Gostava de conversar com a vizinha e amiga, embora raramente compreendesse o que determinava o assunto da conversa. Ouvir a mulher falar sobre o marido morto havia sido um pouco estranho, especialmente quando ela comentara sobre os temores pela própria virtude. Era quase como se soubesse sobre o que havia acon­tecido entre ele e Draco no elevador escuro. Não que ainda fosse virgem. No entanto detestava que as pessoas viessem a se meter em sua vida privada. Sendo o mais novo morador do predio, todo mundo tinha mania de o proteger. Vermelho, lembrou como reagira aos beijos, como o deixara livre para tocá-lo coom intimidade, como gemera e contorcera-se em seus braços. Era impossível prever o que po­deria ter acontecido, se a luz não houvesse trazido de volta a razão.

   O moreno saiu do edifício e atravessou a rua na direção da delicatessen situada na esquina. O convite do garoto havia sido uma demonstração de amizade, e era impor­tante que retribuísse comparecendo e chegando no ho­rário marcado. Sabia que a ocasião significava muito para o adolescente, ou ele não teria tido o trabalho de con­feccionar o convite num cartão especial.

    O estabelecimento estava cheio. A comida era exce­lente, e todos os moradores do bairro consumiam os pratos preparados pelo cozinheiro famoso na região. Uma mis­tura de aromas deliciosos pairava no ar, abrindo o apetite dos frequentadores que, em fila, examinavam o interior da vitrina onde havia uma infinidade de carnes fatiadas e saladas variadas.

        — Aqui! — Harry ouviu a voz de Scorpius e virou-se, tentando localizá-lo no salão movimentado. O adolescente estava em pé do outro lado da sala, acenando sorridente. Felizmente fora esperto o bastante para reservar uma mesa, ou teriam de esperar pelo menos uma hora até conseguirem um lugar.

    Harry retribuiu o aceno e atravessou o mar de mesas e cadeiras para ir encontrar o amigo. Só percebeu que ele não estava sozinho quando já estava quase chegando à mesa. Draco estava sentado à frente do filho, e seus olhos revelavam surpresa.

      — Ainda bem! Pensei que ia atrasar-se — ele co­mentou, esperando que Harry se acomodasse para oferecer o cardápio. — Escolha o que quer, e eu entrarei na fila para fazer o pedido.

    Harry considerou a ideia de cancelar o almoço e partir, mas a atitude desapontaria o menino, e não queria decep­cioná-lo. Malfoy parecia ter chegado à mesma conclusão.

        — Lembre-se de que meu orçamento é limitado — Scorp sorriu, falando alto para ser ouvido acima da confusão de vozes e ruídos que imperava na delicatessen. — Mas também não precisam pedir sanduíches de manteiga de amendoim e geléia.

         — Vou querer um sanduíche de carne louca — Draco decidiu.

         — Ótima escolha. Vou querer um igual — Harry decidiu.

         — Também gosta deste sanduíche? — Scorp surpreendeu-se.

         — É melhor entrar na fila — Draco lembrou.

         — Está bem, já vou indo. Voltarei antes que possam sentir minha falta.

   Assim que ficaram sozinhos, Harry despiu a jaqueta dentro do o restaurante estava quente. Podia encarar a situação com maturidade. Apesar de não con­tarem com esse encontro e terem feito o possível para evitá-lo, não estavam diante de nenhuma catástrofe.

   Apesar do barulho ensurdecedor, o silêncio que reinava na mesa era opressivo e tenso. Quando teve certeza de que não poderia mais suportar o silêncio Harry decidiu tomar a iniciativa.

         — O gesto de seu filho foi realmente adorável.

         — Não se deixe enganar — Malfoy respondeu com tom seco. — Ele sabia exatamente o que estava fazendo.

        — E o que ele estava fazendo? — Odiava agir na de­fensiva, mas não gostava do tom de voz, ou da implicação das palavras que ele acabara de pronunciar.

        — Ele arranjou tudo isso para promover um encontro entre nós. Para nos forçar a passar algum tempo juntos.

    Ele falava como se esse fosse um destino pior que a morte.

          — Draco, não sou nenhum bruxo! Não irei enfeitiça-lo com Amortentia

          — Sim, eu sei, e esse é o problema.

      As palavras o animaram. Abrindo o pote de vidro no centro da mesa, serviu-se de uma torrada e dividiu-a ao meio.

        — Está querendo dizer que sou tentador? — pergun­tou provocante.

        — Não precisa sentir-se lisonjeado.

        — Não me sinto lisonjeado. — E conhecia um blefe quando o ouvia. — Se alguém aqui deve sentir-se lison­jeado, esse alguém é você. Sou mais jovem do que você e livre. Logo tenho inúmeras possibilidades de encontrar um homem que se interesse por mim. De onde tirou a ideia de que posso estar interessado num sujeito rabugento e antipático?

          — Touché!

          — Dois podem jogar esse jogo, Malfoy.

          — Que jogo?

        — Quase acreditei em você, sabe? Então estava apenas tirando proveito do escuro? Francamente, Draco, podia ter sido mais original?

     Os olhos dele tornaram-se mais estreitos, atentos.

        — Mas ninguém é capaz de mentir tão bem assim. Sente-se atraído por mim, mas tem medo de abrir mão do controle que mantém sobre suas emoções. Não sei por que tem tanto medo de envolver-se, mas acho que esse pavor está relacionado ao divórcio. Que seja, Malfoy! Se está disposto a passar o resto de sua vida sozinho, longe de mim, tentar impedir a realização de seu desejo.

   Scorpius aproximou-se equilibrando a bandeja acima da cabeça, vencendo o paredão formado pelos clientes fa­mintos e impacientes. Seus olhos brilhavam quando che­gou à mesa, transbordando de excitação e alegria.

     Escolhendo um pesado prato de cerâmica, entregou-o a Harry.

         — Aqui está. Sanduíche de carne louca no pão de baguete.

         — Perfeito — Harry respondeu.

   Sentia-se grato pelo retorno oportuno do menino, pois não tinha certeza de poder continuar blefando por muito mais tempo. Draco não tivera uma oportunidade de argumentar ou desafiar sua afirmação, e era exatamente isso que esperava. Scorp distribuiu o restante dos pratos, deixou a bandeja de lado e acomodou-se na cadeira entre o pai e o amigo e quem sabe, quase futuro padrasto.

         — Adoro essa época de festas! Não é maravilhoso? — ele perguntou antes de morder o sanduíche.

         — Sem dúvida. — Malfoy mantinha os olhos nos de Harry, rangendo os dentes numa tentativa desesperada de manter o controle.

    A julgar pelo desespero com que atacava o sanduíche, era de se imaginar que não comia há uma semana. Era como se estivessem envolvidos numa disputa para saber quem poderia acabar primeiro.

    Malfoy venceu. No minuto em que engoliu o último pedaço, ele levantou-se, pediu desculpas, agradeceu pelo almoço e despediu-se.

        — Ele vai voltar ao trabalho — o rapaz explicou com tristeza ao ver o pai afastar-se. — Papai está sempre correndo para voltar ao escritório.

       — Esse convite para um almoço foi muito gentil de sua parte, mas seu pai acredita que nos convidou com a intenção de prosseguir com aquela história de promover um namoro entre nós.

     — Admito que era essa minha intenção, mas não vejo nada de mal no que fiz. Gosto de você, Harry. E tenho certeza de que meu pai jamais se casará novamente sem a minha ajuda. Meus pais divorciaram-se há dois anos e ele nunca saiu com outra pessoa.

      — Scorp, seu pai precisa de tempo.

    — Tempo? Ele já teve mais que o suficiente. Não pode continuar vagando pelo mundo como um zumbi, insis­tindo em manter os olhos fechados para a vida. É como se ele esperasse fazer parar o tempo enquanto tenta es­quecer o que minha mãe fez. Eu quero que ele se case com você!

         — Oh, Scorpius — Potter suspirou.

   Não queria desapontar o garoto, mas não podia deixá-lo seguir acreditando que podia manipular as emoções do pai ou de qualquer outra pessoa.

        — Não posso me casar com seu pai só porque você quer que seja assim.

        — Não gosta dele?

      Isso seria mais difícil do que imaginava.

         — Sim, gosto muito, mas o casamento é um compro­misso sério que envolve mais coisas do que simplesmente gostar de alguém.

         — Mas ele também gosta de você. Eu sei que sim. Papai está apenas com medo de demonstrar o que sente.

    Harry também havia chegado à mesma conclusão, mas temia estar enganado.

        — Minha mãe é uma mulher muito bonita — Scorpius revelou, baixando os olhos para as mãos que amassavam um guardanapo de papel. — Ela deve ter ficado desa­pontada quando percebeu que eu não era muito parecido com ela. Mamãe nunca disse nada, mas tenho a impressão de que ela não teria abandonado papai, se eu fosse mais bonito. Eu sou fisicamente e mentalmente a cópia do meu pai. Uma vez um amigo me disse que eu não precisava me fantasiar no Halloween, pois já parecia um fantasma pela minha cor.

        — Scorp, tenho certeza de que está enganado! — Harry sofria com a dor que via nos olhos do menino. — Também tinha esse tipo de sentimentos. Meu pai nunca quis fazer parte da minha vida. Nunca escreveu ou telefonou, nunca mandou um presente de Natal ou aniversário, e acabei convencido de que devia ter feito alguma coisa para me­recer tanto descaso.

       — Mas você era só uma criança quando seus pais divorciaram-se.

     — Não fazia diferença. Sentia que, de alguma maneira, a culpa era minha. Mas depois acabei percebendo que aquela confusão toda não tinha nada a ver comigo. Seus pais não separaram-se só porque você é parecida com o lado paterno da família. A decisão não foi influenciada por sua aparência, ou por qualquer outra coisa que tenha feito.

      Scorpius ficou em silêncio por alguns instantes, refletindo sobre o que acabara de ouvir.

         — Por isso quero que se case com meu pai — suspirou. — Você sabe dizer sempre alguma coisa que me faz sentir melhor. Nas últimas semanas, tem sido mais meu porto seguro do que a mulher que me deu à luz.

     Sem saber o que dizer, Harry limitou-se a afagar a mão dele sobre a mesa.

       — Não disse nada naquele dia, mas sabe que foi a primeira vez que fiz torta? Certa vez papai me ajudou a fazer um bolo, mas a receita vinha pronta numa caixa. Gosto da facilidade com que podemos sentar e con­versar. Você parece entender tudo que guardo no coração.Em breve nossa casa estará pronta, e papai e eu nos mudaremos do pré­dio. Se não se casar com papai antes disso, receio nunca mais poder vê-lo. Por favor, case-se com meu pai!

      — Oh, meu Merlin! — Potter sussurrou, abraçando o menino com ternura e compaixão. — As coisas não são assim tão simples, meu anjo. Não posso ser só seu amigo?

        — Talvez. Irá me visitar quando nos mudarmos do prédio?

        — Pode apostar nisso.

        — E quanto ao que Trelawaney diz?

        — Sibila é uma pessoa muito boa e gene­rosa, uma grande amiga, mas vou lhe dizer algo que deve ser um segredo entre nós.

        — O que é? — Scorpius perguntou sério.

        — Sibila não pode ver absolutamente nada naquela bola de cristal.

        — Mas...

       — Sim, eu sei. Ela diz o que pensa, e ao expressar sua opinião acaba plantando ideias na cabeça das pes­soas, criando ilusões que deixam raízes e crescem rapi­damente, gerando frutos nem sempre muito saudáveis. Se suas previsões se realizam, é apenas porque algumas pessoas são capazes de mudar o curso das próprias vidas para seguirem na direção apontada.

        — Mas ela parece tão certa do que diz!

        — A confiança faz parte do ato.

      — Em outras palavras — Scorpius concluiu depois de pensar por alguns instantes —, não devo acreditar em nada do que a vidente disser.



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