História A Promessa - Capítulo 07

Justin on:

Eu estou começando a achar que ela entrou em estado de choque ao saber quem eu sou de verdade. Emilly me olhava dos pés a cabeça com a mão na boca, a mesma parecia trêmula, estava prestes a cair dura em minha frente e isso já estava me deixando nervoso.

-Emy? Voce tá legal?- Perguntei pra ela que fechou os olhos. Naquele momento vi as lágrimas caírem deslizando sobre seu rosto até sua boca. Não sabia o porquê ela estava chorando mais eu espero ser de alegria ao me reencontrar.- Ei, porque está chorando? Sou eu, Justin, o mesmo garoto que sentava com você embaixo da árvore de ipês amarelos lembra?- Ela virou-se de costas e negou com a cabeça. Me aproximei dela e toquei seu ombro.- Emy? Fala alguma coisa, não está feliz em me ver depois de tanto anos?

Após uns segundos em silêncio ela riu.  

Ela riu mais não foi uma risada boa, o tom foi de ironia. A mesma voltou a me olhar. 

-Feliz? Olha pra minha cara e ve se eu estou feliz.- Ela chorava, mais seus olhos demostravam mais raiva do que outra coisa.- Porque nunca voltou? Não vem me dizer que eram as condições porque você está muito bem de vida.- Suspirei mas não respondi nada.- Porque me deixou sozinha em St.Georges? Porque depois de tantos anos você nunca me procurou Justin?

-Emy, aconteceu muitas coisas e...

-E oque? Esqueceu que aquela garotinha de 5 anos não tinha mais ninguém por ela? Esqueceu que éramos amigos de infância? Esqueceu da porra da promessa que me fez?

-Promessa?- Perguntei mesmo sabendo do que ela estava falando. Eu prometi proteger ela, eu lembro bem dessa noite.

-Voce esqueceu...não foi?

-Não, claro que não.

-Esqueceu sim, se não tivesse esquecido você teria ido me buscar Justin, você teria voltado e cumprido sua promessa até hoje e eu não estaria tendo que viver na rua após passar anos fugindo de uma casa de custódia onde era surrada por pessoas de má fé.- Ela começou a chorar e eu não sabia nem oque dizer.- Eu te esperei tanto, tanto, tanto e você nunca apareceu pra me ajudar, eu fiquei sozinha desde aquela noite Justin, sozinha desde os meus 5 anos de idade precisando pedir comida na rua, trabalhar no sinal, dormir na chuva esperando o dia em que você surgirsse do nada e me levasse com você.- Ela passou a mão pelo rosto tentando limpar inútilmente suas lágrimas.- Mas não, olha só onde esteve esse tempo todo. Estava ocupado demais sendo o rei. Cheio da grana, comida, carros, motos, mulheres nao é? Enquanto eu tomava no meu cu sendo acusada de roubo apenas porque queria um lugar pra comer e dormir.

-Emilly, você precisa me entender-

-Não, eu não quero te entender, meu deus, eu não acredito que realmente é você.- Me olhou com os olhos brilhando e fungou.- Você é o dono de um país inteiro Justin, pode ter tudo oque quer a hora que quer e eu? Oque eu tive de meu até agora a não ser essa mísera foto? 

-Voce pode ter, agora você pode droga.

-Não eu não posso não!! Se você tivesse um pouco de consideração por mim teria voltado pra me ajudar. A não ser que achou que eu havia morrido no atentado, foi por isso que nunca voltou?- Vi um pouco de esperança em seus olhos e no tom da sua voz. Só que esse é o problema, eu sabia que ela estava viva e mesmo assim, nunca fui atrás dela mesmo sabendo que ela havia sobrevivido ao atentado em Quebec.- Hein Justin? Foi por isso? Se foi por isso tudo bem, eu vou entender.- Não sei se devo ou não dizer que eu sabia, pra falar a verdade não sou obrigado a falar merda nenhuma nesse caralho também.- Sabia que eu estava viva?

-Sabia.- Falei óbvio e ela me encarou mais indignada ainda.

-Sabia?- Assenti.- Pois bem, agora vamos fazer o seguinte, vai-se-foder e finge que eu morri pra você tá?- A mesma me deu as costas e saiu andando furiosa, mas logo parou e voltei até mim.- Ah, já ia me esquecendo.- Dito isso acertou uma bela bofetada em minha cara e em seguida jogou a foto dela em meu peito, seu gesto com sua mão foi tão forte que dei um passo para trás sentindo uma leve perda de ar.- Isso é pra você nunca mais ousar em me xingar novamente chefinho de merda, e fica com essa foto... eu não quero mais.- Dava pra notar a mágoa em sua voz, a tristeza que seus olhos castanhos ganharam e principalmente a esperança que eu vi minutos atrás havia evaporado. Ela saiu mais devagar agora enquanto eu a observava ir, parecia sem rumo. 

-Emy, ah me desculpa Jay'B, minha amiga está um pouco nervosa, perdoa essa atitude dela tá? Tchau. EMY ME ESPERA!!- Saiu gritando a loira após falar comigo acompanhando a morena. 

Merda Emilly.

-Posso saber oque houve aqui?- Era James, suspirei quando as duas entraram no carro e sumiram no fim da rua.

-Nada que seja do seu interesse James, sai da frente.- Passei por ele vendo todos me olhando.- Que foi? O show acabou bando de porra, vão procurar oque fazer ou eu mesmo dou um jeito de fazer isso por vocês.- Na hora todos pareceram não me ver ali e voltaram a curtir a festa. Pus a mão no rosto sentindo a ardência no local do tapa e segui até meu carro.

-Ja vai embora?- Perguntou James que me acompanhava.

-Ja.

-Mas e a festa cara? Estava tão animado pra curtir as gatas hoje.- Abri a porta do meu Supra e olhei na direção em que Emilly havia ido embora. 

Suspirei pesadamente e baixei a vista.

-Perdi a vontade.- Entrei no meu carro e sai em disparada pra casa. Mas nada me tirava da cabeça aquela morena atrevida, teimosa e irritante que acabei de reencontrar.

(...)

Emilly on:

Entrei em casa já não conseguindo segurar as lágrimas e fui diretamente pro sofá onde me sentei caindo em prantos no segundo seguinte. 

-Ai meu deus Emy, oque foi aquilo amiga?- Clarissa veio até mim sentando ao meu lado enquanto eu me desidratava de tanto chorar.- Ninguém nunca enfrentou Jay'B daquela forma, até um tapa você deu na cara dele.- Neguei com a cabeça e continuei chorando.- Oque ele disse te deixou triste não foi?

-Não, já estou acostumada com esses tipos de xingamentos e tratamentos ao meu respeito.- Arfei passando a mão pelo rosto.- Ai Clear, porque ninguém liga pra mim? Porque ninguém se importa comigo?

-Ah não fala assim, porque está dizendo isso se eu estou aqui?- Ela acariciou meu ombro e eu baixei a cabeça.- Não diz isso, nos conhecemos a menos de 72 horas mas eu já gosto e muito de você.

-Eu sei, e agradeço por isso.- Me levantei e abracei a mim mesma.- Eu não deveria ter ido a essa festa.

-Porque não? Você enfrentou o cara mais temido do país amiga, na frente de todos ainda mais.

-Mais temido.- Ri sem ânimo.- Ainda não consigo acreditar que é ele.

-Nao da pra acreditar oque? Que ele é praticamente o rei de dos Estados Unidos?

-Nao, o meu amigo de infância, aquele que eu falei, o garotinho da foto de mãos dadas comigo... é ele.- Falei sentindo que voltaria a chorar logo logo.- O Justin.

-Mentira!- Me virei pra ela que me encarava chocada.- Fala sério Emy, o Jay'B é o Justin, seu amigo de infância? Lá do Canadá? Tipo, vocês cresceram juntos?

-Nao deu tempo, ele foi embora com o pai dele no dia da morte os meus pais, eu tinha 5 anos e ele 7.- Bufei e senti o nó se formando em minha garganta.- Ele me reconheceu e eu só tive certeza que era ele quando me mostrou a cópia de uma foto nossa que eu o presenteei na noite do atentado em St.Geogers.- Clarissa me olhava de boca aberta.- Ele sabia que eu estava viva todos esses anos e nunca pensou em me procurar, nunca.

Ela se levantou ainda confusa e ficou uns segundos pensando.

-Calma aí, você está me dizendo que o Justin Bieber, o patrão do crime aqui em Washington DC, o cara mais temido e respeitado do país é seu amigo?

-Não, ele era meu amigo, não é mais.- Funguei e voltei a me sentar, ela repetiu meu ato.- Só que... ao ver que era ele, ali na minha frente depois de tantos anos, fiquei com tanta vontade de abraça-lo, de gritar de felicidade por ter finalmente o reencontrado, por saber que não estaria mais sozinha nesse mundo.- E lá vamos nós chorar de novo.- Droga, eu sinto tanto a falta dele Clarissa, eu estive sozinha imaginando o dia que ele voltaria pra me buscar, eu realmente achei que ele pensava que eu estivesse morta por isso não tinha voltado a Quebec, mas ele sabia que eu havia sobrevivido ao atentado e mesmo assim...mesmo assim ele nem se importou comigo, nem pensou em me procurar pra saber como eu estava ou simplesmente pra me ver.

-Oh amiga, não fica assim vai.

-Como não Clear? Acabei de tretar com o chefe do tráfico internacional sem saber que era o meu melhor amigo e que ainda por cima cagou pra minha existência.

-Ele disse o porquê não foi te procurar?- Neguei e funguei novamente.

-Não, mas também não precisa dizer não é? Ele sempre teve uma ótima vida aqui, cheio da grana, não passava fome, frio, sede, nao precisou passar por humilhações pra poder sobreviver num trabalho recebendo 120 dólares por semana, não precisaria de uma porra de uma órfã no seu pé agora que tinha tudo oque queria em suas mãos.- Arfei e respirei um pouco.- Fiquei com tanta mais tanta vontade de abraça-lo Clear, quando ele disse meu apelido, o mesmo apelido que constumava me chamar quando crianças, o sorriso continua o mesmo, os cabelos loiros, os olhos...Argh!! Que filho da puta!! Idiota!!- Comecei a chorar de novo.- Eu já estava magoada com ele por ter me esquecido Clarissa, agora a dor só aumentou ao reencontra-lo, céus era pra ser diferente Clear, não era isso que eu esperava, eu juro que não era.- Ela me abraçou tentando me confortar enquanto eu me desmanchava em lágrimas mais uma vez.

......

Dia seguinte ...

-Bom dia flor do dia.- Disse Clarissa assim que cruzei a porta da cozinha me sentando junto a ela na mesa pro café da manhã.

-Bom dia Barbie.

-Barbie?- Assenti pegando uma torrada e passando um pouco de manteiga nela.- Gostei, Barbie é perfeita igual a mim.

-Nem se acha né?- Rimos e eu dei a primeira mordida na minha torrada observando ela toda arrumada.- Vai sair hoje?

-Uhum, vou a universidade, preciso pegar meu notebook que ficou lá antes da minha viagem pro Canadá.

-Hum.- Continuei comendo como se não houvesse amanhã.

 Nossa isso está tão gostoso, hmmm.

-Quer vir comigo?- Neguei com um biquinho.- Ah vamos, você precisa se distrair, chorou a noite toda que eu ouvi.

-Esquece isso por favor.- Acabei minha torrada e observei a mesa pra ver oque eu pegaria pra comer agora, só que a torrada tá muito boa gente, acho que vou nela de novo, depois eu como o bolo.

-Nao dá amiga, porque não fala com ele?

-Ele quem?- Passei mais um pouco de manteiga em outra torrada e pus um pouco de leite no café.

-O Justin, seu amigo.

-Ele não é meu amigo.- Bebi um pouco do café e me encostei na cadeira tentando não lembrar daquele loiro fudidamente gostoso e filho da puta.

-É claro que é, deixa de ser orgulhosa mulher.

-Isso jamais, meu orgulho veio me salvando de muitas enrascadas da vida Clear, não posso deixa-lo já que foi meu único refúgio até agora.

-Então engula ele e vá atrás do seu homem caralho.

-Meu oque?- Falei quase rindo e perdendo o pedacinho de torrada que estava na boca, tive que por a mão na frente pra evitar que ele saísse voando de la.- Tá de sarro com a minha cara só pode.

-Não estou não, eu vi como vocês se olharam tá? E eu não constumo me enganar com essas coisas.

-Pois começe a acostumar tá bom? Porque pela primeira vez na sua vida você se enganou.- Falei e acabei rindo ao ver a mesma me dar língua. Ela se levantou e veio até mim me dando um beijo no topo da cabeça.

-Eu já vou indo, no fim da tarde eu tô de volta, vou aproveitar pra curtir com meu boy já que você não vai comigo.

-Vai lá sua tarada, nos vemos mais tarde.- Ela riu junto a mim e saiu em direção a porta da frente, no seu estilo patricinha de ser.

Eu adoro essa loirinha.

(...)

Justin on:

"Porque me deixou sozinha em St.Georges? Porque depois de tantos anos você nunca me procurou Justin?" 

"Eu te esperei tanto, tanto, tanto e você nunca apareceu pra me ajudar, eu fiquei sozinha desde aquela noite Justin, sozinha desde os meus 5 anos de idade precisando pedir comida na rua, trabalhar no sinal, dormir na chuva esperando o dia em que você surgirsse do nada e me levasse com você...!"

"Fica com essa foto...eu não quero mais."

Suas palavras se repetiam em minha cabeça desde a noite passada me deixando inquieto dentro de casa. Quase não consigo dormir com isso martelando em minha consciência. Eu a reencontrei depois de 14 anos porra, 14 anos ela quer oque também? Queria que eu saísse feito um maluco pra Quebec atrás de uma garota que eu nem sabia se estava mesmo viva ou não. Bufei já irritado por não conseguir esquecer seu rosto ou sua voz, parece que minha mente capacitou ela ao limite total dos meus pensamentos, Emilly em apenas 1 noite invadiu meu subconsciente como ninguém fazendo eu me sentir o maior filho da puta do caralho do universo.

Peguei minhas luvas e fui até minha área de treino. Precisava estravazar essa coisa dentro de mim ou acabaria fazendo uma loucura. Pus meu boné pra trás e comecei a esmurrar o saco de pancadas em sequência, jep, jep direita, 1,2,3 esquerda e direita ficando nisso por alguns minutos.

"Meu deus, eu não acredito que realmente é você."

"Esqueceu que aquela garotinha de 5 anos não tinha mais ninguém por ela? Esqueceu que éramos amigos de infância? Esqueceu da porra da promessa que me fez?"

"Porque nunca voltou?"

"Se você tivesse um pouco de consideração por mim teria voltado pra me ajudar."

"Voltado pra me ajudar...!"

"Voltado pra me ajudar...!"

"Porque nunca voltou?"

"Porque me deixou sozinha em St.Geogers?'"

"Porque nunca voltou?" 

-ARHG!!!- Grunhi parando subitamente de esmurrar o saco sem parar com essas palavras gritando em minha cabeça. Soquei tanto que minhas mãos estão fervendo e o suor meu corpo seria facilmente confundido com um banho de roupa e tudo. Estava ofegante segurando o saco de pancadas, encostei a testa no mesmo e tentei regular a respiração.- Merda, merda, merda!

-Tudo bem irmão?- Me afastei do saco mais continuei a encarar o chão.- Te vi quase perfurando o saco de pancadas, você nunca foi disso.

Fui até a garrafinha de água que eu sempre deixava ali e a abri tomando alguns goles. Após isso a fechei e encarei o moreno que havia se encostado no pilar do salão.

-Pra tudo tem uma primeira vez James.- Respondi e retirei as luvas e a camisa ficando de bermuda preta e boné da mesma cor. Me sentei no chão encostado a parede e James fez o mesmo ao meu lado.

-Hum, será que tem haver com uma certa garota da cor do pecado da noite passada?- Lufei e puxei uma das pernas pra cima enquanto a outra permanecia esticada no chão, mas também não respondi nada.- Cara, eu te conheço desde muleque, sei quando algo te incomoda.

-Não tem porra nenhuma me incomodando Smith.

-Tem sim e se dizer que não é um covarde.

-Como é?

-Quer que eu repita?- Falou ele num tom risonho e eu neguei achando inacreditável a ousadia dos meus empregados ao meu respeito.- Eu sei que o aparecimento dessa sua amiga Emilly mexeu com você de algum jeito, porque não vai falar com ela e tira esse peso de sua consciência?

-Que peso? Eu não fiz nada, não tenho porque ter peso nenhum, aliás é só uma garota entre milhões, eu a vi, ela foi embora e pronto, volta tudo a ser como sempre foi.- Peguei novamente a água e a abri tomando mais alguns goles deixando a mesma aberta agora.- Ela é apenas uma garota qualquer como todas as outras.

Mas aí vem minha mente e me leva a certos olhos castanhos, boca pequena e carnuda, cabelo Black cheio de cachos...pele morena... Emilly não saia da minha cabeça e droga, isso não demoraria pra me enlouquecer por completo.

-É eu tô vendo.- Falou ele num tom divertido e pôs um papel ao meu lado no chão se levantando.

-Oque é isso?

-É o endereço da Clarissa, fiquei sabendo que a Emilly mora lá com ela.- Falou ele seguindo pra saída do salão.- Achei que te interessaria.- Olhei pra ele que sorriu e saiu me deixando sozinho novamente. Olhei pro papel e o peguei levando em frente aos meus olhos.

-Dupont Circle, número 202.- Falei em voz alta e fiquei com o olhar perdido por alguns segundos pensativo.