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História A Queda - Ócio


Escrita por: NoobsGodoy

Capítulo 15 - Ócio


Um mês. Já faz um mês que essa merda aconteceu, um mês que estamos aqui, sozinhos, isolados, abandonados. 30 dias de puro tédio e ócio, que no princípio pareceu uma coisa maravilhosa, atrás da relativa segurança do aeroclube. Mas eu não aguento mais.

Como eu disse nada de interessante aconteceu nos últimos dias. Ao tomarmos este lugar, eu tinha a esperança de que em pouco tempo, os militares voltassem para recuperar seus equipamentos. Pois é, eu estava errado. Ou eles simplesmente abandonaram tudo, no maior foda-se da história desse país ou... Talvez não haja mais militares. Não dá pra saber o que resta ainda do velho mundo.

Velho Mundo. É muito estranho pensar em quanto nós mudamos em quatro semanas. É, não somos mais os mesmos, isso com certeza. Mas tenho que admitir, embora eu fique reclamando, este lugar é estrategicamente admirável. Não estamos perto de nenhuma área superpopulosa e estamos a 500 metros de distância da rua mais próxima. Dos lados, há apenas campos fechados por uma cerca, que deve ser o bastante para parar os malditos infectados.

Além disso, temos os veículos militares abandonados, deixados para trás por seus donos. Nada muito grande (a não ser o Urutu, que infelizmente não sabemos operar), mas qualquer carro que ande já é alguma coisa (embora o Fiesta de William ainda funcione, duvido que dure muito tempo). E temos, é claro, o rádio, o único suspiro de esperança que há nesta situação. China conseguiu consertá-lo, e nos conectou com... bem, ninguém. Mas estamos com um rádio, é uma possibilidade ouvir alguma transmissão. Espero ansiosamente por esse dia.

Neste meio tempo, demos algumas saídas do perímetro. Fomos para nossas casas, pegar qualquer coisa ainda útil (e confirmar que nenhum de nossos pais está lá, à nossa espera) e trazer para cá. Além dos veículos militares, o Gol de minha mãe e a Fiorino da loja de meu pai estão aqui, formando um pequeno comboio (sem ninguém para dirigi-los). O gol está perto da base, junto com carro de William. A Fiorino está na estrada que leva até o bairro próximo ao aeroclube. Angelo teve a ideia de usar os carros abandonados como um tipo de barreira na rua. Não é uma Muralha da China, mas atrasa os infectados até estarmos preparados.

Num canto afastado do aeroclube, testamos as armas. Descobrimos na segunda semana, um belo arsenal que foi abandonado pelos soldados. Agora temos pistolas e carabinas, e bastante munição. Criamos um “campo de treinamento”, no qual nos familiarizamos com as armas e praticamos nossa mira (tentando gastar o mínimo de munição). Eu sei que ainda não enfrentamos nenhum infectado com elas, mas aparentemente, estamos ficando bons de tiro. Curiosamente o som não atrai os infectados. Talvez estejamos longe o bastante para os disparos serem abafados ou sei lá o que.

Fora isso, tudo aqui é tédio. Temos comida por mais algumas semanas, e já estamos planejando uma expedição até algum mercado próximo. Uma coisa de cada vez.

– Qual dos carros é à gasolina? – William perguntou, caminhando a passos largos na minha direção, tirando-me de um profundo devaneio.

– Quê? – Murmurei, focando-o.

– Os carros, qual deles é à gasolina? Acabou o combustível do gerador, precisamos tirar de algum carro.

– Não pode ser dos que a gente usa pra sair. – Eu disse, subindo numa pequena torre de madeira que, creio eu, era usada para observação das aeronaves se aproximando.

William me seguiu, ficando ao meu lado para observar o horizonte da paisagem morta.

            – É, eu sei. A Fiorino do seu pai...

– É gasolina. – Eu o interrompi. Pais. Sempre um assunto delicado. – Vamos ter que fechar a rua empurrando os carros daí.

            – É melhor do que perder o rádio. Só precisamos ficar espertos.

            Fiquei em silêncio, olhando para as árvores que cercam o aeroclube. O silêncio é estranho, e difícil de acostumar, mas uma vez que você o faz, acaba sendo até... Agradável.

            – Pode usar. – Eu respondi, sem olhar para ele.

            Senti William me fitar, mas não me virei. O relacionamento entre nós quatro está meio frágil e eu me sinto horrível por isso. Simplesmente não sei o porquê de estarmos estranhos uns com os outros. Essa merda de isolamento deve ser, além da pressão psicológica. William virou-se e eu também:

            – China... – Comecei, sem saber o que dizer.

            Ele me encarou, esperando minha fala.

            – Não estamos muito bem, né?

            William continuou me fitando, parecendo confuso.

            – Como assim?

            – Nós... Eu, você, o Zola e o Mala... Sei lá, tô com a impressão que essa situação tá acabando com a nossa amizade. Eu não quero isso.

            – Tá foda. – Ele disse após alguns segundos e virou-se, descendo a escada de madeira.

            Triste, virei-me novamente para o horizonte, continuando minha vigília.

            – Não pensa nisso agora. – William disse lá de baixo. – A gente sai dessa. E vai por mim, enquanto estivermos juntos, vamos ser amigos. – Concluiu.

            – Precisava ouvir isso. – Eu respondi, dando um sorriso.

            William o retribuiu e voltou correndo na direção da base. Curioso. Agora reparei que faz uns dias que eu não sorria. Na real, faz um tempo que nenhum de nós sorri. Fisicamente estamos bem, mas psicologicamente... Estamos ruindo.

 

*               *               *

           

Já era noite quando desci da torre, com o rifle apoiado num ombro e os binóculos balançando na minha mão, conforme eu caminho até o hangar secundário do aeroclube. A luz fraca está acesa lá dentro, e pelo cheiro, alguém está fritando uma das últimas latas de bacon que temos. Sorri, ao lembrar o gosto da comida. Acelerei o passo.

– Vou comer e já subo. – Angelo disse, preparando seu prato com uma combinação bizarra de rações militares e uns pedaços de bacon enlatado. Até duas semanas atrás, eu nem sabia que isso existia no Brasil.

Confirmei com a cabeça e apoiei o rifle na parede ao lado da mesa em que coloquei os binóculos. Matheus está próximo ao rádio, segurando seu celular. Ele é o único de nós que ainda recarrega seu aparelho. Imagino que ainda tenha esperanças de se comunicar com sua namorada em São Paulo, e de verdade, espero que consiga. Mas as chances não estão do seu lado. Nunca estão.

– Nada. – Murmurei, encostando na parente, cruzando as pernas.

– Nada de nada. – Matheus confirmou, olhando outra vez para a tela do aparelho. – Achei que as companhias de telefonia conseguiriam ficar um tempo funcionando sozinhas.

– Essas merdas nem funcionavam antes de termos que nos preocupar com os malditos mordedores, imagina agora sem ninguém pra cuidar das coisas.

Matheus sorriu, olhando outra vez para o celular. Isso parece estar virando um vício e posso ver em seus olhos a dor que ele sente cada vez que olha para a tela, que nunca mostra nenhuma notificação.

– Não vou ver ela de novo, vou? – Ele perguntou, olhando-me.

Por um momento perdi o fôlego. Sinceramente não sei o que dizer, afinal, ainda tenho esperanças de reencontrar meus pais, meu irmão, os outros amigos. Mas já tem um mês, cara. Meu maior medo é que eu realmente os encontre... E depois tenha que meter uma bala na cabeça de cada um. Estremeci, só de pensar na possibilidade.

– Não quero te jogar contra a parede, eu só... Sei lá, ficar olhando pro celular não tá fazendo bem pra mim não.

– Na real, acho que cê não devia desistir. São Paulo é bem grande e muito mais importante que Bragança pra ser abandonada. Imagina o tipo de base e o tipo de zonas de segurança eles têm por lá.

– É, acho que você faz sentido. – Ele murmurou, tristemente. Nesse ponto, William chegou até nós, comendo bacon e tomando um copo de água.

– Pode pegar o resto, todo mundo já comeu. – Ele disse a mim com a boca cheia.

Assenti com a cabeça, desencostando da parede. Matheus sorriu fracamente e tornou a olhar para o celular. Peguei o pequeno prato plástico e coloquei a comida nele, ansioso por sentir novamente o gosto de bacon. Enlatado não é tão bom quanto o outro, mas bacon é bacon.

– Rifle? – Angelo perguntou ao se aproximar de mim, limpando as mãos gordurosas.

De boca cheia, apontei com a cabeça à arma encostada no canto ao lado da mesa.

– Nada de mais?

– Nada. Nem as folhas estão caindo das árvores. Tá um tédio.

– Espero não dormir.

– Pelo nosso bem, eu também espero. – Respondi rindo.

Angelo apoiou a arma nas costas e caminhou para fora do hangar, olhando para o céu ao sair. Terminei de comer e deixei o prato sobre a mesa, apagando o fogo do pequeno botijão de gás que usamos para preparar nossas refeições.

– Tá acabando o gás. – Eu disse a William, que está numa mesa ao lado limpando uma das armas.

– Tem mais um lá atrás. – Ele respondeu concentrado.

– Quando isso acabar vamos precisar fazer uma fogueira. Vai ficar mais difícil não queimar a porra toda. – Comentei, rindo fracamente.

Ele se manteve atento ao serviço, limpando meticulosamente o armamento. Percebendo que aquilo seria o fim da conversa, me afastei, indo até o Beechcraft parado nos fundos do hangar.

O avião de dois motores está empoeirado e o encontramos aberto, com as chaves na porta (junto com uma mão ainda presa a elas). Abri a porta esquerda, sentando-me no banco e levando-o para frente. Há um mar de botões sujos por todo o painel, assim como o manche e os pedais do leme pouco acima do assoalho. Não entendo muito bem, mas parece que a aeronave está em bom estado. Não que vá fazer muita diferença.

Ajustei-me no assento, posicionando os pés nos pedais e pegando o manche duplo, mexendo-o, tentando sentir a resistência oferecida por um mês de ócio nos ailerons. As asas rangem conforme eu movimento o controle, sem nenhum motivo.

– Quando é que cê vai aprender a voar pra tirar a gente dessa? – A voz de William ecoou poucos metros à esquerda, ainda apoiado na mesa.

– Ah, voar é fácil. Chega aí. – Respondi.

William soltou a arma no móvel e caminhou até o avião, parecendo curioso. Ele parou em frente à porta aberta do lado esquerdo da aeronave.

– Se liga. – Falei, pulando para o assento do lado direito.

William sentou-se no banco do piloto, arrastando-o para trás para poder sentar confortavelmente. Ele pegou o manche, movimentando-o de forma tosca.

– Tira a mão. – Eu disse, pegando o outro controle no lado direito da aeronave.

Puxei o objeto, trazendo-o até mim, as asas rangendo enquanto o faço.

– Assim você sobe. – Empurrei para frente. – Assim, cê desce. – Movimentei-o para a direita. – Assim a gente rola pra direita, num parafuso. E assim, para a esquerda. – Conclui, levando o manche para o outro lado.

– Rolar num parafuso. Isso não parece muito seguro.

– Segurança é relativa. – Respondi, pisando nos pedais. – Pra virar você puxa o manche de leve pra trás, na direção do seu peito, ao mesmo tempo em que leva ele na direção que tu quer virar. Pra direita, por exemplo. – Eu fiz o movimento, acompanhado do olhar atento de William. – Pra ajudar, pisa no pedal que você vai virar. No caso, o direito. – Apertei o pedal e o leme na traseira rangeu ao ser movido.

– É sério? Eu tava zuando, não achei que cê sabia voar. – Ele disse estupefato.

– Eu não sei voar. – Respondi sorrindo. – Eu sei manter o avião no ar. É diferente.

– Manter o avião no ar é voar caralho. – Ele respondeu rindo.

– Manter o avião no ar é a parte menos difícil. Isso sem vento, sem curvas, sem fanáticos tentando te comer se você cair no chão.

William riu brevemente, ficando em silêncio por alguns segundos.

– Mas pelo jeito dá pra fazer tudo isso. Não parece ser tão difícil.

– Teoricamente não é, mas eu não sei nem ligar essa merda. Quanto menos pousar. Por enquanto é melhor continuar no golzinho mesmo.

– Cês pretendem sair daqui voando através do hangar? – Matheus disse ao se aproximar do avião.

Ele entrou pela porta traseira, deitando no banco atrás de nós.

– Tô ensinando o China a voar. Se um dia a gente descobrir como liga essa merda, consigo tirar a gente daqui.

– Parece um puta plano. – Matheus disse, cobrindo os olhos com seu boné.

Agora que parei para pensar, ele está com esse boné desde que fomos ao Shopping. Pergunto-me como o ignorei por tanto tempo.

– Ei! – William exclamou de repente, sentando-se ereto no banco.

Ele se virou para mim, aparentemente tentando se lembrar de algo. Soltou o manche e com o indicador direito, começou a contar algo no ar, como se tocasse um calendário invisível.

– Hoje é... Estamos em julho? Um de Julho? – Ele perguntou, olhando-me.

Calculei brevemente de cabeça. Julho. O segundo mês já começou e nada da cavalaria chegar. Merda, não sei mais quanto tempo vamos aguentar disso.

– É sim. – Respondi por fim. – Por quê?

– Ah mano... – William disse, coçando a cabeça.

Matheus levantou-se, apoiando no banco com cara de sono.

– O quê? – Perguntou após um bocejo.

– 1 de Julho. Seus aniversários passaram batidos.

– Aniver... Caralho. – Murmurei.

Eu simplesmente esqueci-me da data. Tem tanta coisa acontecendo que isso pareceu se tornar algo tão fútil e simplesmente se excluiu da minha cabeça.

– Temos 20 anos. – Matheus disse distante       .

– 20... Já posso dizer que tô velho demais pra essa merda? – Perguntei e ambos riram.

– Imagina eu então. – William comentou, fechando a porta da aeronave.

– E não vai dar parabéns pra gente? – Matheus perguntou, em brincadeira.

– Eu não, isso já passou.

– Dá crédito pra ele só por lembrar. Sabe que o China não liga pra isso.

– Famoso cuzão. – Matheus respondeu meu comentário rindo. – Eu vou dormir. Pegar a patrulha da manhã é foda. Até mais. – Disse, saindo do avião e caminhando até os fundos do hangar, onde estão os sacos de dormir que pegamos de dentro do Urutu.

William voltou sua atenção ao painel, apertando uma série de botões até finalmente conseguir acender as luzes do Beechcraft. Inspirei profundamente, pensativo. 20 anos. Não era exatamente assim que eu gostaria de chegar à casa dos 20. Bêbado talvez fosse melhor.

– Parabéns, parceiro. – William murmurou, socando meu ombro de leve.

– Vejo uma evolução nas suas habilidades sociais, seu robô. – Respondi bem-humorado.

– Eu só não sou bom com essas coisas. – Ele rebateu. Depois ficou em silêncio por vários segundos – Aquilo que você me disse de tarde... Não acha que vai acontecer, acha?

Eu o fitei pensativo.

– Já que você se importa com a resposta... Talvez não.

– É claro que eu me importo com a resposta, porra. – Ele pareceu ofendido. – Não quero que a gente se separe também. Entramos juntos nessa, a gente sai junto né?

Eu sorri, cansado, acenando com a cabeça. De vez em quando é bom ter esse tipo de momento. Lembrar-nos que ainda somos humanos.

– Além do mais – William continuou – não gastei cinco anos da minha vida tentando me acostumar a vocês pra do nada a gente se separar.

– Cinco anos – Repeti, distante – Quando chega a sete dizem que a amizade é pra sempre.

William riu, desviando seu olhar para sua cintura. Ele pegou uma M9 no coldre, engatilhando-a.

– Nesse caso – Ele levantou a arma – Melhor acabar com esse risco agora. – Disse, quase mirando em mim.

– Sabe que não gosto desse tipo de brincadeira.

– Desculpa, mãe. – Ele rebateu, guardando a pistola.

O sorriso em seu rosto desapareceu gradualmente. Mãe. Uma palavra pesada que deixou o ar frio. Toda vez que mencionávamos qualquer pessoa conhecida antes do apocalipse, principalmente os parentes mais próximos, a tristeza nos invadia, sempre tomados por dúvida e angústia por não sabermos o paradeiro dessas pessoas. No fim, todos somos órfãos neste mundo.

– Cê deveria dormir. Parece meio cansado. – Eu disse, tentando desviar o assunto.

– Eu tô sempre cansado. – Ele rebateu, erguendo os olhos.

– Ah, mas isso desde antes do Apocalipse. Vai dormir, China. Você com sono fica meio sentimental, e isso me assusta um pouco.

Ele riu do comentário, e após um suspiro cansado, abriu a porta da aeronave, saltando para dentro do hangar. Bocejou e foi para os fundos da estrutura, juntar-se a Matheus.

Permaneci dentro do avião, pensando na improvável possibilidade de sairmos daqui voando. Do outro lado do hangar, o walkie-talkie sobre a mesa de armas chiou, indicando uma transmissão de Angelo.

Saí do avião, apagando as luzes e fechando a porta e corri até a mesa. Peguei o pequeno aparelho, apertando o botão lateral e falando:

– Já tá quase dormindo, é? – Perguntei rindo.

– Nem fodendo. – Angelo sussurrou. – Tem alguma coisa errada.

– Que tipo de coisa?

– Tenho certeza que vi alguém se esgueirando pelas árvores.

– Morto?

– Duvido. Não parecia cambalear.

– Pode ser um infectado.

– Não, ele parecia estar segurando alguma coisa. A não ser que essas coisas tenham aprendido a usar armas, tem alguém espionando a gente.

– Tô indo pra aí. – Respondi, decidido. – Tá com qual arma além do rifle?

– Só o rifle. Vem logo.

– Vou acordar os dois, aguenta aí. – Respondi, prendendo o aparelho à calça. Da caixa de armas, peguei o fuzil FAL, engatilhando-o, daí corri até os fundos do hangar, a urgência crescendo dentro de mim.

Bati duas vezes com a coronha da arma no metal blindado do urutu, acordando imediatamente os dois, ambos assustados.

– Zola viu alguma coisa, acha que tem alguém cercando a gente.

– Infectado? – Matheus perguntou, sonolento.

– Ele acha que não.

– Merda. – William murmurou, levantando-se de um pulo.

– Vou ajudar o Zola, vocês ficam de olho no hangar. Toma, ele tá com o rifle. – Eu avisei, estendendo o FAL à William.

– Cuidado lá fora. – Ele disse, colocando a bandoleira.

Corri de volta à caixa de armas, pegando duas M9 e saindo do hangar, correndo atento até a torre de observações do outro lado da pista. A noite de repente ficou mais escura. Olhei para trás e vi que as luzes do hangar foram desligadas. Boa ideia. Continuei caminhando, meio cego, até a torre, ambas as armas prontas para atirar.

– Sou eu. – Sussurrei, escalando a pequena estrutura.

Angelo está deitado no chão, olhando através da luneta da arma.

– Acho que dá pra derrubar. – Ele comentou, pondo o dedo no gatilho.

– Tira esse dedo aí – Adverti. – Não sabemos quem são, mas não quer dizer que são ruins.

– As chances dizem que são ruins sim.

– E você realmente tá pronto pra matar alguém?

Ele hesitou, mordendo o lábio inferior.

– Não sei. – Disse, afastando o dedo. – Se for o caso não podemos... – Um estalo na madeira o calou.

Virei-me com tudo e vi uma figura alta na plataforma da torre, apontando uma arma longa contra nós. Levantamos as mãos e a figura pediu silêncio com o dedo indicador. Nós nos erguemos, deixando as armas no chão. O homem (pelo menos imagino ser um homem) pegou um rádio da cintura, ainda apontando a arma:

– Encontrei. – Disse com uma voz áspera. Então com um violento movimento, ele me atingiu com a coronha da arma, e depois disso, tudo se dissolveu num turbilhão escuro, enquanto eu caía da plataforma.



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