Eu sempre fico impressionada com as suas histórias Nath. Eu acho meio cômico ver o quão abrangente é a sua pessoa, o quão completo você consegue ser como escritor. Tem de tudo no seu perfil, histórias longas, amor, tragédia, poesia. Você é um escritor muito eclético, mas todas as suas obras são ouro puro, inclusive suas "proesias" (seria esse o nome? uma prosa-poesia?)
Sua escrita é muito charmosa, Nath, é muito linda, muito sua, muito tocante. Não é a primeira vez que eu te vejo usando rimas em prosa, mas me sinto da mesma forma como da primeira vez, como se fosse uma bela surpresa. Eu estou particularmente impactada pelo trecho da balança. É tão genial o modo que você usa as palavras, como você constrói e lapida seu texto. Eu não conheço muito do Hiromi fora do que descobri por meio de você e do jurídico doutor higuruma. Mas aparentemente ele carrega uma grande complexidade entre o contraste dos ideais, das ações e do que ele mesmo vê no mundo, mesmo com uma participação tão pequenininha na obra. É muito fácil julgar quando se usa uma venda. O certo e o errado estão tão distintos. Mas quando você enxerga tudo, parece que menos você enxerga. Você sabe que o errado ainda é errado e o certo ainda é certo, mas há ainda há um "mas". Tem muita coisa errada no mundo, um cenário todo tem que ser considerado. E quando a gente vê tudo, ainda é tão fácil julgar o que é certo e o que é errado? E mesmo que seja, será que dá pra culpar o errado? Será que essa justiça funciona pra todos?
Meu irmão está cursando direito atualmente. Ele gosta da área, mas não quer atuar como advogado. É engraçado que estou comentando isso deitada na cama dele e segurando um dos livros de 1000 páginas do direito brasileiro que ele tem, aqueles vade mecum com uma penca de artigo. Se ele vai ter que aprender o que cada um desses números significam eu não sei. Imagina ter que lembrar que o código 902 do processo civil é parágrafo único que se refere a leilão de bem hipotecado. Agora a estante de livros dele tem alguns livrões e livretos de direito e o tamanho deles me convence que eu nunca, eu nunca vou fazer direito. "Livro compacto 🥰" mas tem 2246 páginas irmão você está louco. Enfim, essa história me lembrou do meu irmão querido, meu irmão mais velho, meu herói (e herói com acento. onde já se viu heroi). Se tem uma pessoa que eu começo a chorar só de me lembrar é ele, meu maior exemplo, minha pessoa mais importante. Meu irmão que disse que ia fazer direito pra ajudar as pessoas, mas hoje não sabe mais que caminho tomar, tudo parece difícil, tudo parece escuro. Eu só queria que as coisas fossem melhores pra ele de algum modo. Quando a gente cresce a gente percebe o quão difícil é não desistir dos nossos sonhos, de nós mesmos e da nossa essência. Está tudo tão longe, tão longe. Eu só queria que meu irmão tivesse mais tempo, mais dinheiro, que ele não precisasse ter medo do futuro, que ele pudesse descansar, que ele pudesse entender que eu não preciso de muito, minha família não precisa de muito, nós só precisamos estar juntos. Meu irmão, em breve formado, eu espero, se a universidade não grevar e o amanhã for mais gentil. Meu irmão que um dia sonhou em mudar o mundo, nem que um pouco, ele e seus livros de filosofia, ele e seus jogos de videogame. Eu não sei se ele ainda sonha. Eu não sei se a vida já se tornou um mar de desilusão. Eu espero que não, mas se ele não sonhar, eu sonharei por mim e por ele. No fim a gente está tomando os caminhos que dizíamos nunca mais tomar. Mas e aí, quem vai julgar a gente? Não tá todo mundo tomando o caminho que pode? Se o mundo é tão justo assim, porque os caminhos que tomamos são tão diferentes? Porque os caminhos que meu irmão tomou, que eu vou ter que tomar nos levam pra tão longe dos nossos objetivos, enquanto os de outros os levam pra tão mais perto? Eu não entendo mais. Se há alguma justiça, alguma igualdade, alguma equidade no mundo terreno, eu queria vê-la e conhecê-la. Somos todos iguais sob os olhos cegos de ninguém