História A Reconquista Daquilo Que Já Foi Nosso - Etes

Depois de algumas semanas de ter fugido, Baekhyun já se encontrava recuperado e bem disposto. Havia se aproximado mais de Kim e o ajudava como podia. Naquele dia tinha descoberto um riacho perto do quilombo e estava lá admirando a paisagem e dando um mergulho.

— Ah, você está aí. — Minseok chegou e sentou em uma pedra para colocar os pés na água. — É raro encontrar um riacho bonito assim nos dias de hoje. 

— Nunca tinha visto um antes. — Disse saindo da água e sentou na outra pedra que havia ao lado dele. — Eu espero que não dê nenhum problema de eu ter dado um mergulho aqui. 

— Fica tranquilo, todo mundo vem aqui pra’ se distrair quando estão de cabeça cheia. Não precisa se preocupar com essas coisas tolas.

— Me responde uma coisa. Você me disse uma vez que quando fugiu pra’ cá tinha um quilombo mas foi destruído pelo ataque dos lieans. Não é muito arriscado reconstruir ele no mesmo ponto? — Baekhyun perguntou curioso.

— E é mesmo, por isso que é em lugar diferente. No início até era no mesmo lugar do outro, mas eu desloquei para o lado esquerdo até em um ponto que era seguro. — Respondeu.

— Esse matagal é muito grande?

— Não tanto. — Respondeu mais uma vez ele. — Os lieans mantêm esses lugares com árvores vivas para adoração dos deuses deles. Por isso que têm um altar com várias estátuas aqui perto, lá é um poço artesiano onde pegamos a água pra’ beber. — Comentou. — Eu estou pensando em uma forma de desviar um pouco da água pelo encanamento sem ninguém perceber, mas acho que isso é praticamente impossível.

— Não é mais fácil colocar os canos no riacho?

— Se eu soubesse direito até seria uma ideia plausível, mas não me sinto seguro com os meus estudos sobre encanamento.

— Você ‘tá colocando muitas responsabilidades sob suas costas. Precisa parar de querer fazer as coisas muito depressa, elas vêm com o seu tempo. — O aconselhou.

— Talvez você tenha razão, mas eu só queria dar uma vida um pouco melhor a eles porque todo mundo já sofreu demais.

— Já ‘tá dando a vida que quer dar só oferecendo um lugar aqui pra’ quem ‘tá fugindo. — Baekhyun disse colocando a mão no seu ombro. — Pense em algo para distrair todos, como uma festa!

— Festa? Pode até ser, mas festa do que? E como faríamos pra’ ninguém ouvir?

— Bom, eu só consigo pensar no Ano Novo, mas é daqui quatro meses. E sobre o barulho, aqui perto só tem umas duas casas e lá moram umas velhas que ninguém se importa, como você mesmo diz.

— É engraçado ver um cara tão certinho e que tratava até os lieans com um certo respeito falando desse jeito.

— São lieans. Eu não sou mais escravo e não devo mais o mínimo respeito a eles.

— ‘Tá certo. — Disse rindo sem os dentes. — E sobre a festa de Ano Novo, eu vou planejar direto.

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Quando o Ano Novo chegou, todos do quilombo estavam animados e ansiosos. Tinham fabricados novas roupas e novas joias para aquele momento. Seria a primeira vez deles numa festa, de celebrar algo com amigos. 

— Até que foi uma boa sugestão fazer essa festa. — Chanyeol comentou com Baekhyun durante o festejo.

— Foi bom mesmo, todos estão muito felizes. Nada mais do que merecido a todos. — Deu a sua opinião.

— Baekhyun, você percebeu que os solteiros estão arranjando novos amores, se aproximando das paixões platônicas? — Perguntou e recebeu uma confirmação com a cabeça. — Por que não faz que nem eles? Por que não vai atrás de quem ama?

— Eu não ‘to afim de ninguém, Chanyeol. Por que não vai você atrás do seu amor? — Replicou.

— Já namorei uma vez, Baekhyun, e eu fui muito feliz. Certeza que você será também. —  Afirmou com base na sua própria experiência.

— Já namorou mesmo ou ‘tá inventando isso ‘pra eu criar alguma expectativa?

— É verdade sim. Eu namorei um rapaz chamado Jongin, há anos atrás. Na primeira vez que fugi ele veio junto comigo, mas ele foi capturado em um ataque. Faz muito tempo que eu não o vejo.

— Espero que vocês possam se reencontrar um dia.

— Eu também espero. Mas estamos falando sobre você! — Chanyeol voltou para o assunto

— Mas que saco! — Baekhyun reclamou.

— Estou tentando convencer você a falar o que está dentro do seu coração, mas tem alguém que merece ouvir mais do que eu.

— Do que você está falando? — Perguntou e o outro mostrou com a cabeça para Minseok, que estava no fundo.

— Vai lá. — Deu o conselho que foi logo seguido.

Minseok havia decidido que no Ano Novo se declararia para Baekhyun. Sentia coisas incertas por ele desde que o conheceu e só teve certeza do que era há algumas semanas.

— Eu posso falar com você? — Pediu para ele.

— Claro, pode falar! — Confirmou nervoso.

— Eu queria que fosse lá no riacho… 

— Tudo bem, vamos. Eu também quero te falar algo. — Disse e foi na frente dele.

Lá, os dois ficaram sentados em uma pedra e em silêncio por um tempo, mas não era constrangedor, ambos sentiam-se confortáveis um com o outro e até parecia que já sabiam do que queriam falar.

— Você queria falar comigo. — Baekhyun começou a conversa. — Pode falar primeiro, que eu falo o que quero depois.

— É… Você tem sido um bom amigo e… desde que te conheci… — Iria continuar mas travou.

— Naquele dia, você tinha me chamado pra’ fugir junto, eu recusei por medo mas eu quase aceitei por não aguentar o que eu sofria e também por uma outra coisa que eu não sabia o que era, hoje eu sei o que é. — Byun falou sem escrúpulos.

— Eu… é… — Travou mais uma vez. — Ah, eu me sinto um idiota por não conseguir dizer o que eu quero. — Confessou frustrado.

— É fofo. — Sorriu para ele e foi surpreendido com um beijo.

Minseok deu o beijo com carinho e com serenidade e Baekhyun sentiu um misto de sensações boas que achou que nunca sentiria alguma vez na vida: amor, paz, amparo, segurança e entre outras coisas.

— Eu te amo. — Kim disse depois do beijo terminar.

— Eu também te amo.