História A República - Fight

Taehyung estava parado diante da prateleira em uma indecisão terrível sobre qual cereal comprar, gostava de um em especial porém não tinha, o que de certa forma frustrou o loiro. Respirou resignado pegando a caixa.

—Vai ter que ser você hoje — brincou colocando no carrinho junto com as demais compras.

Caminhou tranquilo escolhendo lentamente cada produto, fazia algum tempo que tinha visto o garoto ruivo se esgueirando nos corredores atrás de si. Foi quando teve uma brilhante ideia de ir falar com bonitinho, procurou pelo ruivo e por algum motivo estranho o garoto tinha sumido!

Tae olhou ao redor, e quase correu para encontrar o outro e nada, absolutamente nada.

— Sumiu? — riu de si mesmo — Kim Taehyung cadê esse garoto?

E por fim foi para casa cheio de sacolas.

***

Baekhyun outra vez tinha cadernos de colegas de classe. Havia perdido muita matéria então tinha que copiar tudo e estudar sozinho.

Tinha um garoto, Daehyun, mais novo que si porém alguém que Baekhyun sempre encontrava na universidade já que o pai do Jung era o reitor de lá. Ele pegou o seu número à alguns dias atrás, quando brigou com Junmyeon e mesmo mandando várias mensagens o Byun não o respondia.

Quando se encontraram na universidade Baekhyun teve que lhe explicar o motivo de ter o bloqueado e fugido de suas chamadas. “Eu sou diferente, não sou esse cara que você está pensando.” Ele dissera quando a desculpa do Byun foi uma primeira impressão ruim. “Me dê uma chance.” E o ruivo não pode negar, Daehyun segurava seus braços para o impedir de fugir e com o rosto baixo sibilou um 'sim'. O Jung não era o problema de Baekhyun, o problema do garoto eram as lembranças de seu passado que insistiam em voltar quando estava com o mais alto.

No final Baekhyun ainda saiu com o garoto. Ele queria dar uma chance, parar de tratar o Jung mal apenas por acreditar que ele era uma pessoa violenta.

No primeiro encontro foi tudo muito estranho, Baekhyun ficou a noite inteira em silêncio enquanto Daehyun agia como um garoto normal. Falava, ria, apontava para outros casais... Ele tentava divertir o ruivo, mas Baekhyun não acreditava que isso fosse possível. Principalmente quando foram se despedir e Daehyun tentou o beijar.

Um passo para trás do ruivo e um para frente do Jung. Inevitavelmente Baekhyun foi alcançado por uma das mãos do garoto, está segurava a sua cintura para logo a outra segurar o seu rosto erguido.

O aperto firme ditava a ordem silenciosa: não se mexa.

Obedecer machucava, mas o ruivo entendia que desobedecer era ainda pior.

Fechou os olhos. Sentiu os lábios do mais alto tocarem os seus. O aperto em seu rosto se tornou mais forte o fazendo lembrar que o garoto ainda o segurava.

Abriu os lábios somente para que o Jung não precisasse o forçar e então quando sentiu a língua deste explorar a sua boca percebeu como era parecido com Suho. Frio e sem graça.

O beijo de Daehyun era cansativo. E quando terminou e Baekhyun pode ir para casa ele não podia evitar os pensamentos de que a sua mãe estava certa. Mesmo do túmulo a senhora ainda o atormentava. Ela havia dito uma vez a sua crença sobre o motivo de ambos sofrerem nas mãos do senhor Byun: existem pessoas que são abençoadas com bons caminhos apenas porque existem outras que levam os lugares ruins para longe destas primeiras. Tem pessoas que nunca vão conhecer o sofrimento, assim como outras que não conseguem viver uma vida feliz.

…

Chanyeol tinha saído trabalhar, o quarto estava silencioso com somente o barulho das páginas virando e a respiração calma do Byun. O lugar permaneceu assim por mais um longo tempo, era como se fosse uma parte solta do mundo. Baekhyun se sentia bem ali, não era algo que pudesse explicar com palavras. Era apenas sentimento, podia se encostar em sua cama e fechar os olhos sem medo de o fazer e estar correndo algum perigo. Ele não se sentia assim em nenhum outro lugar, quando era pequeno costumava se esconder embaixo da cama para poder dormir, seu quarto não era seguro assim como foi em muitos outros lugares, mas agora sentia como era ter um lugar para voltar, um lugar para se esconder, para descansar.

O silêncio do quarto foi quebrado pelo barulho de seu celular anunciando uma chamada.

Baekhyun olhou para o aparelho que tocava insistentemente e cogitou a hipótese de o ignorar. Era Jung Daehyun. O garoto achava que existia alguma relação entre os dois, todos os dias e noites atormentava o Byun com mensagens e ligações...

Baekhyun levantou da cama e segurou o celular que tocava pela segunda vez, suspirou e levou o aparelho para o ouvido.

“—Por que demorou tanto?”

A voz do outro lado foi ouvida alta e clara. Daehyun estava bravo, seu tom de voz aumentava a cada palavra que dizia.

—Eu...

Começou sem poder ter tempo de achar qualquer desculpa, a voz do Jung soou novamente.

— Estou te esperando aqui em casa.

E com isso a ligação foi encerrada.

—Alô?

O outro lado da linha estava mudo. Baekhyun sabia que ele já tinha desligado mais ainda esperou. Não sabia exatamente o motivo disso, assim como também não entendia porque o corpo entrou no automático enquanto se arrumava e seguia para o apartamento do Jung.

Não demorou muito para se ver na porta do lugar. Daehyun morava com um amigo, mas todas as vezes que Baekhyun tinha passado ali este tal “amigo” estava fora.

Baekhyun estava preocupado, tocou a maçaneta fria da porta e a empurrou, percebendo que a porta abriu com facilidade. O apartamento estava silencioso e as janelas fechadas com uma cortina pesada.

O ruivo demorou algum tempo para reconhecer o lugar, as outras vezes que tinha estado ali estava sempre concentrado em outras coisas, sempre com a cabeça em outro lugar.

— Daehyun?

Sua voz cortou o local silencioso.

Sem resposta.

Baekhyun resolveu entrar mais no apartamento. E enquanto olhava os cantos escuros do lugar lembrou-se de uma vez em que fugiu de casa, era pequeno e se escondeu no primeiro lugar que achou. Uma antiga escola abandonada, ficou lá por quase dois dias. A mesma sensação de vazio que sentia naquela época sentia agora no apartamento de Daehyun.

Quando entrou no quarto do Jung se surpreendeu ao ver este em um canto, ele estava machucado. Rastros de uma briga eram evidentes no lugar.

—O que aconteceu?

Baekhyun perguntou ao se aproximar do garoto. O Jung tinha a face machucada e o sangue seco cobria o seu nariz e boca.

O Byun conhecia muito bem o que era estar machucado de verdade e poderia dizer que Daehyun estava ótimo, se lavasse o rosto não estaria nem mesmo com os olhos inchados.

— Em que tipo de briga você se meteu?

Perguntou sem que pudesse controlar as palavras e o outro pareceu tencionar o maxilar. A tom sério na voz voltou e o olhar ficou sombrio enquanto fitava o rosto do ruivo.

— Não é importante.