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História A Residente - Capítulo 23


Escrita por: fanyunnie7

Notas do Autor


Voltei babes, e nem tenho mais cara de pedir desculpas, por tantas demoras, certo?! Então não irei pedir mais, mas como avisado no capítulo anterior, eu estava estudando pra um concurso, que teria final de dezembro.
Sobre o capítulo, esse foi o mais extenso que escrevi até aqui. Me desculpem se caso a leitura fique cansativa e pesada, eu realmente não não teria como cortar o capítulo, ou iria me atrapalhar muito no pov da Fany.
O capítulo está repleto de emoções, altos e baixos, então por favor, sintam cada sentimento e cada momento. E o capítulo tem uma música, seria bom se vocês ouvissem na hora da cena, só pra sentir a vibe mesmo, mas tudo bem quem não quiser.
Não revisei o capítulo porque estou com muita preguiça de ler. Eu já não aguento mais ler absolutamente nada uhusah então, se tiver algum erro, peço que me comuniquem. <3
Boa leitura.

Capítulo 23 - Capítulo 23


P.O.V Yuri                                                   

O restante do meu plantão, passei inerte nos devaneios que me atormentavam, rondando sobre uma decisão que havia tomada há poucos dias atrás. E, ao findar do expediente, fui decidida até a sala da Taeyeon, para confidenciar-lhe algo, que jamais achava que fosse segredar com ela, ou com qualquer que fosse. Visivelmente, era tudo o que Tiffany temia, e, em uma terrível contradição, era tudo o que ela precisava – Taeyeon era a minha única alternativa. Primeira vez que me sentia na obrigação de ir atrás da mulher, que eu menos desejava ver no final do meu dia, simplesmente por saber, que havia ficado sem saída. Era a minha última tentativa. E, com os pensamentos em um turbilhão, cheguei na recepção do seu andar, e contatei com a recepcionista que estava de plantão, checando alguns prontuários.

- Olá, boa noite. Gostaria de falar com a Doutora Kim por gentileza.

- Ah ! – A mulher exclamou em um tom melancólico, levantando o olhar para me encarar. - A doutora Kim acabou de sair da sua sala, mas se você se apressar, capaz de pegá-la ainda na garagem.

- Ahnn, obrigada.  

Fiz uma breve corrida até o elevador, esquivando de alguns corpos que estavam transpondo a passagem. Assim que fui me aproximando, ambas as portas metálicas se chocavam lentamente à minha frente, mostrando a silhueta inconfundível da Taeyeon, que estava logo visível, mexendo em seu celular. Alcancei o pequeno quadro iluminado e apertei repetidas vezes o botão da garagem, que era destinada somente aos chefes residentes. Fiquei encarando o letreiro acima, que mudava de andar demoradamente, somente para me deixar ainda mais impaciente.

Quando o elevador do lado apitou, abrindo as portas, me apressei a passar na frente dos poucos que por ali estavam, e apertei o botão indicado. Não demorou muito para as portas se abrirem no meu destino, e por sorte, encontrei a Taeyeon em pé ao lado do seu carro, vasculhando alguma coisa dentro da sua bolsa.

- Taeyeon?! – A chamei, parando um pouco atrás dela, enquanto ela se mantinha concentrada na bolsa. – Posso te chamar assim, certo? – Dei um passo para trás, assim que ela se virou para me encarar.

- Já chamou. – Respondeu sucintamente, e com a sobrancelha perfeitamente arqueada, se virou para abrir a porta da sua Ferrari. – Pois não senhorita Kwon?! Estou de saída agora, seja breve.

Respirei profundamente, tentando ignorar a parte de mim que detestava essa mulher, e passei a mentalizar a Tiffany, tentando me focar exclusivamente nela, e que isso era inteiramente para o bem dela. Encarar toda aquela postura arrogante que ela emanava, pela segunda vez no meu dia, chegava a beirar o insuportável. – Bom, não é um assunto para ser tratado no meio da garagem de um hospital. – Me aproximei mais dela, em um pedido mudo de súplica, segurei firme na altura do cotovelo, para que ela me olhasse. – Taeyeon, eu preciso muito conversar com você. É sobre a Tiffany.

Ela ficou calada por um breve momento, analisando a minha expressão facial, enquanto eu sustentava um olhar aterrador, para que ela tentasse mensurar a seriedade da situação em questão. - Tudo bem. – Ela soltou seu braço gentilmente da minha mão e checou o seu relógio de pulso, passando os dedos entre os fios ralos e loiros dos seus cabelos. – Eu tenho um compromisso agora e eu não posso me atrasar. Talvez mais tarde, eu possa passar em seu apartamento, que horas está bom para você?

Curvei meus lábios em um lamento, mordicando brevemente o inferior e o soltando, como sempre fazia quando ficava sem ter muito o que dizer. – É que eu tenho um compromisso hoje, e então pensei de a gente almoçar amanhã? O assunto é realmente sério e urgente, mas pode esperar até amanhã.

- Agora você me deixou preocupada, Tiffany ainda não me mandou mensagem ou algum sinal de que havia chegado.

- Eu sei, e nem a mim, mas ela deve ter chegado bem. – Meneei a cabeça lentamente em sinal de negação, e entreguei meu celular para que ela anotasse o seu número. - Mas não é sobre isso que eu preciso conversar.

Ela ponderou por um instante, observando a minha mão estendida que segurava o aparelho em sua direção, e o tomou para si. -  Tudo bem, amanhã então estarei em seu apartamento, às 12 em ponto. – Digitou rapidamente e me devolveu o celular.

- Ótimo. – Peguei o aparelho, e me afastei assim que ela entrou e fechou a porta. – Até amanhã. – Acenei brevemente quando ela manobrou o carro e foi saindo da sua vaga, apenas buzinando em resposta.

***

Eu estava sentava na minha cama, checando meu celular praticamente de segundo em segundo, esperando por algum sinal da Tiffany, de que havia chegado bem no Brooklyn. Ainda me sentia um pouco agitada e ansiosa pelo dia, que me foi um tanto estranho e desconexo em muitas partes. Primeiro pela atitude que a Taeyeon teve, se intrometendo em meu serviço, extremamente rude, me limitando de qualquer contato posterior com a Tiffany, sem deixar com que eu me despedisse dela, antes de viajar. E segundo que me vi obrigada a buscar ajuda, e me amparar na mesma, quando nem a minha própria mãe surtiu efeito na decisão de Tiffany.

Já estava começando a aceitar o fato de que elas estavam juntas. Se eu sabia realmente o significado daquela relação? Confesso que não, mas eu imaginava o que se passava no interior da Tiffany, principalmente naquele coraçãozinho que sempre pulsou para o amor. Ganhá-la era mais fácil do que roubar doce de uma criança. Mas o pior de tudo, foi o fato de não ter me despedido dela, o que me consumiu em um misto de raiva e frustração, na maior parte do meu tempo. Estava ladeada de preocupações, e as incertezas de que ela já havia visitado a sua mãe, e consequentemente o seu irmão, me deixaram fora de órbita, até findar do plantão.

Sinto meu celular vibrar e, imediatamente, a tela do Iphone se acende, revelando uma mensagem vinda do número da Jessica. Rapidamente, deslizei a tela para o lado, desbloqueando o aparelho.

“Sem chance alguma, não irei cozinhar hoje, vou pedir algo. Alguma preferência em especial meu bem?”

Sorri com as suas palavras, imaginando o seu semblante cansado, esse mesmo que veio até a mim com um copo de café, no decorrer da tarde. Ela havia me convidado para jantar, e dessa vez, ela fez questão de que fosse algo mais confortável – algo que realmente se assemelhasse mais à um encontro oficial, e íntimo, em toda a sua plenitude. Por insistência dela, quase havia voltado com ela para a sua casa, mas a vontade de um banho, e de colocar uma roupa limpa, que me livrasse do cheiro impregnado do ambiente hospitalar, me pareceu mais convidativa e mais apropriada, para a expectativa que ela parecia ter criado acerca do jantar – não que eu não tivesse criado expectativa em igual, mas o dia todo havia sido de todo estranho para mim, o que me deixou pensativa e receosa a maior parte do meu tempo.

O pessoal havia decidido se reunir no pub, e eu havia recusado por dois motivos; primeiro porque a Jessica havia me convidado antes, e segundo por causa da Sarah. Há dias não nos falávamos direito, exceto sobre algum paciente em questão. E a ideia de tê-la me encarando, com suas olhadas que pareciam querer me reduzir à pó, ou até mesmo se insinuando para cima de mim, me fez recusar o convite de imediato. Já lidei com vários tipos de mulheres, e ela me fazia o tipo obsessiva, das que acham que você merece dar todo tipo de atenção e explicação, e consequentemente, eu já pulava fora.

“Por mim pode ser pizza e cerveja. Já estou saindo, não esquece de me enviar a localização da sua casa. Xoxo ;D ”

Enviei a resposta, e prontamente, levantei para terminar de me arrumar. Estava básica, com um jeans preto rasgado nos joelhos, uma shirt branca escrita “Eat a lot. Sleep a lot”, e uma sapatilha marrom. Meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo no alto da cabeça, e a minha franja toda para um lado, presa atrás da orelha. Espirrei meu perfume nos lugares estratégicos do meu corpo – pulso e pescoço -, e fui saindo do quarto, jogando a jaqueta em meu ombro. Antes de sair do apartamento, fui até o balcão da cozinha, onde havia separado uma caixa com 6 cervejas, afim de não chegar de mãos de vazias na casa dela.

Não demorei a sair do estacionamento do prédio, cortando todas as avenidas, ao som alto de 30 seconds to mars. O GPS ficou o tempo todo ligado, me direcionando ao endereço digitado. Era sábado de noite, e o trânsito em LA estava caótico em algumas partes, e em outras nem tanto. O que eu mais apreciava na cidade, era essa liberdade, essa agitação de uma cidade que não dormia, que pulsava envolta aos nossos corpos, e nos remetia à um estado de transe incomum – nada parecia fazer parar a cidade, nem quando as celebridades transitavam livremente pelas calçadas acinzentadas, cheias de paralelepípedos, tentando fingir levar uma vida normal, em suas várias tentativas falhas de despistarem os paparazzis. É inacreditável, você simplesmente entra na Starbucks, e nem se dá conta de que a Amanda Seyfried está na fila, esperando o seu pedido.

E ainda tinha esse clima ameno, que perdurava quase o ano todo, e que por sorte, ainda não peguei as oscilações de chuvas, que ocorriam do mês de dezembro a fevereiro. E foram esses pequenos detalhes, que também me fizeram escolher fazer o meu programa de residência por aqui. Era tudo muito diferente do Brooklyn, que chovia na maior parte do ano, e isso me deixava contente em demasia, ainda mais por saber que o natal também seria frio, como eu sempre gostava. Já podia me sentir aquecida com a época do ano que eu tanto apreciava, e ansiando para tomar uma caneca generosa de eggnog, com biscoitos natalinos de mel. Era a nossa tradição anual.

Fui diminuindo a velocidade do carro, assim que vi a placa de Beverly Hills. Ainda não havia vindo explorar o lado de cá da cidade, mas era tudo como via nos exemplares filmes de Hollywood. Uma grande rua, cercada por vários coqueiros imensos e enfileirados. Contemplei as estupendas mansões, que se dispunham em cada lado da rua, e a calmaria que delimitava um dos bairros mais nobres da cidade. Quando avistei a de número 304, fui parando o carro logo em frente, e estacionando atrás de uma Mercedes preta, que deveria ser da Jessica.

Peguei a caixa de cerveja que estava no banco carona e saí do carro. Olhei para o GPS do celular que confirmava o lugar certo, e segui por uma pequena trilha de concreto, que rodeava uma enorme fonte de água, enfeitando bem o meio jardim. Subi três pequenos degraus, parando em frente a uma grande porta de madeira branca e maçaneta de metal. Quando toquei a campainha, percebi que a minha respiração estava descompassada, mas sequer havia tomado consciência da ansiedade profunda em que estava, até Jessica abrir a porta, com o visual totalmente incomum do seu habitual.

Ela estava descalça, trajando um vestido branco de alcinha fina, que paravam no meio das suas coxas, e os cabelos propositalmente molhados e penteados todo para um lado. Seu rosto estava limpo, sem maquiagem alguma escondendo a sua pele lisa e uniforme, apenas a transparência de uma mulher requintada, que se cuidava em demasia – e se possível, era muito mais linda em seu natural.

- Trouxe vitamina C – Ergui a caixa de cerveja em sua direção, e sorri abertamente.

- Cerveja. – Ela riu calorosa, dando espaço para que eu entrasse, e fechou as portas.

Adentrei à sua casa com alguns passos tímidos e enfiei minha mão desocupada, no bolso traseiro da calça. Não pude deixar de reparar na mobília ampla que era a sua sala – talvez fosse o tamanho do meu apartamento inteiro. Era toda branca - sofás, mesa de centro, paredes e pufes -, tudo de um requinte inteiramente metódico. As almofadas que compunham os sofás, eram variadas em branco, cinza e preto. Havia um tapete felpudo bem no centro, embaixo da mesa branca, na cor creme. A televisão tomava quase uma parede inteira, e a sala era acoplada com a sala de jantar, onde apenas deu para eu vislumbrar uma parte de uma mesa cinza, rodeada por várias cadeiras brancas. E ao lado da parede que continha a televisão, havia uma imensa porta de vidro, que me permitia uma bela visão de uma parte da sua piscina, que estava com uma iluminação baixa, exaltando o verde do seu gramado.

Quando me virei, Jessica se aproximava de mim, com um sorriso altivo nos lábios. Num movimento desajeitado, ergui a minha mão para cumprimenta-la, tomada por uma timidez que, até então desconhecida para mim – talvez pelo ambiente requintado que era a sua mansão, exalando uma certa imponência, e tudo aquilo o que eu não possuía -, mas ela ignorou o meu gesto simplório e entrelaçou seus braços em volta do meu pescoço, me olhando profundamente.

- Acho que já passamos dessa fase, e se não me falha a memória, você já me agarrou duas vezes. – O seu sorriso genuíno, me fiz corar em resposta.

- Tem razão, me desculpe. – Abaixei meu corpo levemente até colocar a caixa de cerveja no chão, e passei meus braços em volta da sua cintura, fazendo-a colar seu corpo mais ao meu.

Nossos lábios se tocaram com uma certa urgência. Seus dedos encontraram o meu pescoço e ela começou um leve roçar com as suas unhas, arrepiando todas as células do meu corpo - foi o momento mais que perfeito para distrair a minha mente, de mais um plantão conturbado. Envolvi sua língua para dentro da minha boca, e a chupei com gana, findando o beijo com um selar apertado em seus finos lábios.

- Isso foi muito bom. – Ela sussurrou perto dos meus lábios, segurando meu rosto entre as suas mãos. – Desejei tanto ficar assim com você, a sós, sem interrupções. – Ela deslizou seu indicador, acariciando meu lábio inferior, enquanto mordiscava o seu.

- Eu também. – Instintivamente, beijei levemente o seu dedo, folgando os meus braços que estavam em volta do seu corpo.

Em um movimento do braço, ela pegou a caixa de cerveja do chão. – Venha, eu estava terminando de preparar algo para beliscarmos, antes da pizza chegar. Sinta-se à vontade meu bem.

Coloquei minha jaqueta no encosto do sofá e retirei a minha sapatilha, deixando-a ao canto da porta, seguindo logo atrás dela. Adentramos a sua cozinha, que era do mesmo requinte. Uma enorme ilha americana, branca com mármore cinza, ficava ao centro do ambiente, dando um ar extremamente clean e arejado. No teto, logo acima da ilha, havia uma cristaleira branca com detalhes de vidro, onde ficavam copos e taças pendurados. As paredes da cozinha, eram adornadas com um enorme balcão branco, onde ficava o fogão, a pia, e uma geladeira “side inverse” cinza.

- Sua casa é maravilhosa, decorador famoso? – Puxei uma das cadeiras brancas, que estava ao redor da ilha, e me acomodei, reparando nos preparativos inacabados em cima do local. Imaginei que todo pormenor aqui, havia o dedo de alguém famoso e requintado, a julgar pela imponência que a mansão exalava nos mínimos detalhes, ainda mais por estarmos na cidade em que as celebridades mais famosas moravam.

Havia um pão ciabatta cortado em fatias pequenas, um pedaço de queijo que estava ralado pela metade, uma pequena cumbuca contendo tomates cereja e folhas de manjericão picada, e uma taça com vinho pela metade, em cima da ilha. Jessica seguiu diretamente para a pia e retirou as garrafas de cerveja da caixa, guardando-as na geladeira, que ficava ao lado.

- Na verdade eu já comprei a casa pronta, há exatamente uma semana, e não perguntei detalhes à corretora, mas achei que seria prática para mim. Não tenho paciência para trabalhos domésticos.

- Eu gostei muito dela, e acho que tem muito a ver com você. É requintada. – Fui sincera.

- Obrigada meu bem. Aceita uma taça de vinho? – Ela se aproximou do outro lado da ilha e pegou a sua taça, sorvendo um gole do líquido arroxeado. – Estou preparando bruschettas, antes da pizza. Você gosta?

- Eu aceito sim, obrigada. – Sorri me sentindo mais à vontade em sua casa. Levantei da cadeira, seguindo para lavar as mãos na pia. – Eu amo bruschettas, mas faz um bom tempo que não as como. Vou te ajudar a terminar de prepara-las.

Juntas, continuamos a pequena tarefa de preparar, este antepasto italiano. Em meio às etapas que se sucediam, conversamos sobre coisas aleatórias, principalmente sobre trabalho e família. Conheci um pouco mais da personalidade dela, podendo ficar ainda mais admirada com tamanha simplicidade que ela era, por detrás daquele nariz empinado, que ela exaltava no hospital – e que passava a figura de uma pessoa extremamente arrogante. Mas era totalmente o oposto daquilo, ou até então, penso eu, até onde ela me permitiu conhece-la.

Talvez fosse uma pessoa carente, mas que no fundo não gostaria de quebrar as suas barreiras e expor as suas fraquezas. E eu sentia um estranho desejo em poder acessá-la melhor, me conectar profundamente com ela e poder conhecer mais da chefa do departamento de Cardiologia do UCLA – e isso era algo que se sobrepunha à um mero desejo carnal. Eu passei a desejar conhece-la melhor, com todas as características boas e ruins que um ser humano poderia carregar em sua bagagem pela vida.

Enquanto as bruschettas estavam no forno, Jessica fez o pedido da pizza e depois me levou para fazer um pequeno tour pela sua nova casa, trazendo as nossas taças de vinho intocadas. Conheci todos os cômodos do andar de cima – três suítes, uma sala inabitada onde havia apenas um piano preto de calda, e uma varanda que tinha uma vista majestosa, de uma boa parte do coqueiral que enaltecia uma Beverly Hills tão famosa e calorosa. Paramos por um instante, e aproveitei para absorver o ar profundamente, contemplando o acalentar da noite iluminada.

Jessica espelhou o meu gesto e parou ao meu lado, debruçando seus cotovelos sobre o parapeito de vidro.

- Você não se sente sozinha aqui? – Remexi a mão, movendo o vinho deliberadamente na taça.

- Um pouco, mas como passo a maior parte do tempo no hospital, então não é algo que me incomoda constantemente.

- Mas não sente falta de uma pessoa com você? Foi casada por tantos anos não foi? – Levantei o rosto para encará-la, e a vi arquear as sobrancelhas, com uma expressão confusa.

- Se eu sinto falta de ser casada? Talvez, mas não pelo status em si, apenas de ter uma pessoa com quem conversar no final de um plantão. Acho que você me entende.

- Eu entendo perfeitamente. – Sorvi um gole da bebida, deixando que as minhas papilas se acostumassem ao toque do vinho seco. – E Taeyeon conversava com você no final do plantão?

- Aonde você está tentando chegar com isso? – Cerrou os olhos, me olhando com uma certa desconfiança.

- A lugar nenhum. – Dei de ombros. – Só querendo te conhecer melhor.

- Então pergunta sobre os meus gostos, anseios, desejos ... você pode começar por aí. – Se limitou a retirar uma mecha do cabelo do seu rosto, que o leve soprar do vento bagunçou, fixando o olhar em qualquer ponto da sua taça. - Taeyeon foi uma parte muito boa da minha vida e da minha história, compartilhamos ótimos momentos juntas, mas agora estamos indo bem com o divórcio. Resolvemos tudo amigavelmente.

- Deve ter tirado um peso das costas. E por que se divorciaram?

- Não é difícil de explicar. – Seu olhar agora se perdia na grande imensidão do céu. – Na verdade somos muito iguais. Brigávamos por dominância e muitas vezes não chegávamos a lugar nenhum.

- Então não deveria ter dado certo? – Ela virou o rosto, me olhando profundamente. – Digo, se vocês são iguais, tudo não deveria ser resolvido?

- Duas pessoas demasiadamente mandonas? – Ela sorriu divertida, meneando a cabeça lentamente e sorveu um gole do vinho. - Mas não foi só por isso, Taeyeon queria coisas que eu realmente não queria. Passei uma boa parte do relacionamento fazendo coisas para agradá-la, e esquecia de fazer as minhas vontades. Chegou uma hora que ficou insuportável e insustentável. Tentamos por um tempo, mas eu falhei.

- É, ela é mandona mesmo. – Bufei ao lembrar dessa madrugada. – E confesso que não gosto muito dela. – Sorvi um gole do vinho e senti o celular vibrando no bolso da minha calça. Quando retirei, vi o nome “BabyTi” no visor e pude sentir uma onda de alívio me acertar. – Preciso atender essa ligação. – Olhei para Jessica ofegante, mordiscando o lábio inferior, e, recebi em troca, um sorriso singelo.

- Tudo bem, irei ajeitar as coisas lá em baixo. – Ela passou por mim, tocando firmemente em meu ombro, e a acompanhei com o olhar, até se perder pela porta do cômodo.

- Tiffany?! – Virei novamente para encarar a vista a minha frente. – Já estava ficando preocupada.

- Oi Yu. – Escutei sua voz abafada do outro lado da linha, podendo me sentir mais calma. – Desculpe não ter ligado antes, acabei dormindo quando cheguei no hotel e não dei conta de avisar.

- Tudo bem, babyTi. Você chegou bem? Como ela está?

- Está tudo bem, mas eu ainda não a vi. – Ela ficou alguns segundos calada. – Está chovendo muito aqui e está frio, não trouxe casaco algum. – Bufou do outro lado da linha, me fazendo sorrir, encarando um ponto fixo no coqueiro e imaginando a sua careta.

- O Brooklyn de sempre. – Revirei os olhos. - Você pretende ir vê-la amanhã?

- Eu acho que depois do almoço, não quero me alongar lá, você sabe, só para ir vê-la mesmo, nem que seja pela última vez.

- Eu sei, e como você se sente? Ansiosa?

- Ainda não, acho que só quando eu chegar lá.

- Me liga assim que sair de lá? Não demora de me dar notícias não.

- Não se preocupe, foi vacilo meu. – Ela fez uma pausa momentânea. – Olha, sei que não estamos bem por conta disso tudo, mas ainda assim, me sinto muito agradecida pela sua preocupação e por todo o cuidado de sempre.

- Se sinta mesmo e pode me trazer um presente. – Bufei, já saindo da varanda e voltando pelas escadas. – Eu estou na rua, mas me liga amanhã sem falta.

- Tudo bem, eu irei ligar assim que sair de lá. Eu te amo babyYu.

- Eu também te amo BabyTi e ... – Parei no primeiro degrau da escada, ponderando sobre contar que amanhã estaria com a Taeyeon, mas não deveria deixa-la ansiosa.

- ... Hmmm.

- Nada, só tenha uma boa noite.

Quando voltei para a cozinha, Jessica estava na pia virada de costas, lavando as mãos. A caixa de papelão com o slogan bem feito de uma pizzaria, já estava ao centro da ilha, ao lado de um prato branco de porcelana, com as bruschettas arrumadas. Repousei a minha taça de vinho ao lado da caixa da pizza, e caminhei a passos curtos na direção da Jessica. Ela pegou um pano para enxugar as mãos e assim que se virou, abriu um sorriso, enquanto eu me aproximava e a tomava em meus braços.

- Está com fome? A pizza acabou de chegar. – Seus braços foram enlaçados em volta do meu pescoço novamente. – Yuri ... – Escutei o sussurrar do meu nome em um fio de voz, denunciando toda a sua fraqueza.

- Ainda não. – Respondi com os lábios bem próximos ao seu ouvido, tocando seu corpo com urgência, espalmando minhas mãos pelas laterais da sua cintura, até chegar em suas coxas, subindo um pouco seu vestido, numa cadência lenta.

Avancei para os seus lábios, e subitamente, ela permitiu a passagem da minha língua dentro da sua boca. Aprofundei a minha língua, explorando cada cantinho que ela me permitiu. Nossas línguas se entrelaçaram em sincronia, e eu senti meu corpo arrepiar, quando ela afundou os dedos em minha nuca, fazendo cada pelinho do meu corpo se eriçar, em resposta à sua investida. Chupei vagarosamente o seu lábio inferior, fazendo um estalo assim que o soltei. Jessica correspondeu àquilo, soltando um gemido abafado, e me fazendo deseja-la ainda mais.

- Vamos ... sair ... daqui. – Seu sussurro entrecortado, me fez paralisar completamente, e a encará-la, enquanto um arrepio inebriante tomava as minhas entranhas, com a sua voz embargada de sensualidade. – Me leva para a sala.

Entre beijos e chupadas, fomos caminhando para fora da cozinha, enroscadas pelos nossos braços, onde as mãos brigavam por dominância. Apertava com força seu corpo contra o meu, e em resposta, Jessica arranhava forte as minhas costas, brigando com a minha blusa, para retirá-la por cima da minha cabeça. Deixei que a peça caísse em um canto qualquer, ficando esquecida na sala, juntamente com a minha timidez inicial, e a deitei vagarosamente no imenso sofá. Fiquei a fita-la intensamente, admirando seu peito que subia e descia numa cadência ritmada, com a aceleração da sua respiração descompassada.

Me apoiei com os joelhos, me encaixando entre as suas pernas, e sentei nos calcanhares. Comecei a deslizar as minhas mãos suavemente pelas suas coxas, subindo o seu vestido, revelando cada extensão alva da sua pele. A cada parte descoberta por mim, sentia um desejo profano, de tocar sua pele macia, e acariciar lhe os seios. Minhas mãos ansiosas, levantaram o seu vestido até a altura do abdômen, enquanto ela se desprendia das alças do vestido. Acariciei a sua pele com as minhas unhas, deleitando-me com a visão da sua calcinha preta e minúscula, que destoava no contraste, com a sua pele alva.

Nossos olhos se conectaram novamente, e um sorriso safado se esboçou em seus lábios, como quem esconde um segredo sórdido, por detrás de uma feição angelical. Espelhei o seu mesmo sorriso, e abaixei o meu olhar para os seios que, agora estavam à mostra, preenchendo ainda mais a minha visão; médios, redondos, de bicos rosados e intumescidos, em um tom clarinho.

Toquei seus seios com cuidado e delicadeza, explorando um lugar desconhecido por mim, fazendo pequenos traços curvilíneos, com as pontas dos meus dedos. Sem aviso prévio, apertei ambos os seios, um em cada mão, com um pouco mais de força, engolindo-os entre os meus dedos e preenchendo todo o meu desejo. Em resposta à minha investida, Jessica se contorceu levemente, soltando uma lufada de ar entre os lábios. Seu olhar intenso, em tons de amêndoas vivas, me fitava e me queimava em um desejo que há muito, gritava em meu âmago.

Me abaixei de encontro ao seu corpo, deixando que o peso do meu caísse sobre o dela, e tomei os seus lábios com mais fervor. Minhas mãos apertavam as laterais do seu corpo com mais afinco, enquanto ela contornou a minha cintura com as suas pernas, fazendo nossos corpos se chocarem sem cerimônias. Nossos corpos deram início à um roçar lento, em uma dança sincronizada com o tesão que nos acometia.

Sua língua quente adentrou a minha boca, como se quisesse me devorar com a sua inquietude abrasada, e suas mãos passeavam pelas minhas costas, despertando cada célula do meu corpo, que a desejava em demasia. Desci meus lábios, investindo contra a região do seu pescoço, entre chupadas e beijos, até chegar em seus seios. Encontrei o direito, e de modo lento, deslizei a ponta da minha língua, circundando seu mamilo sensível, escutando um gemido manhoso de imediato. Desviei o meu olhar rapidamente para vê-la, e sua cabeça estava tombada para trás, com os olhos fechados e os lábios semiabertos, deixando escapar pequenos ruídos de prazer.

Abocanhei seu seio com mais vigor, mamando com todo o desejo que possuía, enquanto a minha mão brincava com o outro seio, prendendo o mamilo intumescido entre os dedos. Meu corpo já começava a responder, a todos os gemidos entrecortados que saíam sibilantes entre os seus dentes, me fazendo estremecer por completo. Lentamente, desci a minha mão que estava em seu seio, tateando a sua pele e afagando-a com meus dedos, até alcançar a sua buceta coberta pela calcinha. Deslizei meu dedo do meio pela extensão da mesma, e assim que alcancei seu clitóris, escondido pelo tecido que grudava sutilmente em sua lubrificação, o pressionei com firmeza.

Jessica soltou um gemido mais audível, erguendo um pouco seu quadril do estofado, como se tivesse a procura de mais contato – Ohhh ! Não me provoca Yuri, vai logo com isso.

Sorri com a sua atitude, mordiscando levemente o seu biquinho e o soltando, levantando o rosto para encará-la. – O que você quer Jessica? – Sussurrei de sensual, de modo que meu dedo fazia um leve movimento circular, provocando o seu pequeno nervo do prazer.

- Eu quero que você me coma. – Sua voz arrastada, soou mais do que deliciosa. – E logo. - Foi o gatilho que eu precisava, para arrancar de vez aquele tecido do seu corpo.

Segurei nas alças da sua calcinha, e fui descendo por toda a extensão das suas pernas, até conseguir me livra dela. Jessica me privilegiou com a visão mais fodida da minha vida; sua buceta extremamente aberta e rosada para mim. Afundei meus dedos pelos grandes lábios, deixando-os se perderem pela sua lubrificação; ela estava extremamente molhada. Soltei uma lufada de ar entre os lábios, e passei a circundar o seu clitóris pulsante, vagarosamente. Jessica rebolava em uma cadência ritmada, buscando por mais contato que, não demorou a chegar.

Sem aviso, deslizei dois dedos até a sua entradinha, provocando-a de forma lenta e dolorosa, até que os afundei, penetrando-a com desejo. Seu corpo retesou bruscamente, como se precisasse daquele contato, como precisava respirar. Aprofundei as estocadas, fazendo-as ir mais fundo em seu interior, ritmando-as na cadência das suas reboladas. Seus seios balançavam instantaneamente no mesmo ritmo em que eu controlava as estocadas, enquanto ela rangia os dentes e deixava gemidos roucos escaparem por entre os lábios.

- Mais rápido Yuri. Mais rápido. – Sua voz embargada de sensualidade, era quase sôfrega.

Sem cessar a estocadas, cheguei um pouco para trás e curvei meu corpo para baixo, até alcançar a sua buceta, e pressionar seu nervo pulsante, com a ponta da minha língua. A mão de Jessica encontrou o meu rabo de cavalo, e assim ela o desfez, puxando com uma certeza firmeza meus fios lisos, enquanto seu quadril remexia forte, de contra a minha língua e os meus dedos ágeis. Seus gemidos incessantes, se misturavam à sua respiração descompassada, e em um gritinho fino, arqueou completamente as suas costas, como se uma descarga elétrica percorresse o sofá.

Logo senti seu líquido quente e viscoso permeando os meus dedos, indicando o seu ápice. Fui cessando as estocadas até retirar os meus dedos por completo, e subi vagarosamente com os meus lábios, me deleitando em seu corpo delgado e úmido, tomado por algumas gotículas de suor. Beijei seus lábios de forma terna, fazendo-a sentir o seu próprio gosto leitoso, sobrepondo-me novamente em seu corpo. Selei seus lábios com um leve estalo e abri os olhos lentamente, enxergando os seus completamente fechados e as maças do seu rosto que, antes rosadas, agora estavam tomadas por um completo rubor. Sorri, retirando uma pequena mexa do cabelo, que cobria parcialmente a sua testa.

- Nunca desejei tanto um cigarro, como estou desejando agora. – Abriu os olhos, e com um enorme sorriso, afundou seus dedos entre os meus cabelos.

- Não sabia que você fumava doutora. – Ergui uma sobrancelha de modo divertido.

- Nossa, não fumo há anos. – Repousou o braço em sua testa de modo despojado, e fechou os olhos. – Fumava na época da faculdade.

Fiquei a fita-la, contemplando a sua expressão serena e a sua respiração já normalizada. Nossos corpos parcialmente nus, ainda se acalmavam e se encontravam, misturando o cheiro de sexo ao dos nossos perfumes. Selei seus lábios de modo casto e levantei de cima do seu corpo, catando a sua calcinha que estava em cima do tapete felpudo e entregando para ela.

- Eu estou faminta, vou pegar as coisas na cozinha. – Caminhei diretamente para a cozinha, sem me importar com o fato de estar vestida apenas com a minha calça e sutiã.

Quando voltei para a sala, equilibrando em cima da caixa da pizza, o prato com as bruschettas, e as duas taças de vinho, Jessica já estava vestida, em pé ao lado de uma enorme estante, que beirava a escada que dava acesso para o andar de cima. Sentei no tapete felpudo e coloquei as coisas em cima da mesa de centro. Logo uma batida harmoniosa tomou conta do ambiente silencioso, fazendo-me sorrir ao constatar a banda em si.

- Não acredito que você também gosta de Imagine Dragons. – Balancei a cabeça repetidamente de maneira negativa. – Putz, juro que não imaginaria.

Imagine Dragons – It’s Time  ♫♪

So this is what you meant?

(Então foi isso que você quis dizer?
             When you said that you were spent?

 (Quando você disse que estava cansado?
           And now it’s time to build from the

(E agora é hora de construir a partir
             Bottom of the pit

(Do fundo do poço

Ela foi se aproximando com um sorriso curvilíneo em seus lábios, segurando o Ipad que estava acoplado em um dock station prateado, e se sentou ao meu lado, colocando os objetos ao centro da mesinha. – Esperava o que? A nona sinfonia de Beethoven?

Peguei uma bruschetta do prato, e mordisquei um pedaço. – No mínimo, você é meio vintage né?! Algo relacionado aos Beatles, Mozart, Tina Turner, talvez? – A olhei de soslaio, enquanto deglutia o pedaço do alimento, e a vi me encarando profundamente.

I don’t ever want to let you down

(Não quero nunca te deixar pra baixo
           I don’t ever want to leave this town

(Não quero nunca deixar essa cidade

      ‘Cause after all

(Porque, depois de tudo
           This city never sleeps at nigh

(Essa cidade nunca dorme à noite

- Eu estou com 34 meu bem, não com 64. E sim, eu curto os Beatles. – Ela falou como se sentisse orgulhosa do que sentia, enquanto sorvia um gole do vinho. – Meu pai escutava bastante quando eu ainda era criança, e, consequentemente, passei a gostar.

- E aquele piano lá em cima, você realmente toca? – Indaguei curiosa, ao me recordar do único objeto sofisticado, que exaltava uma das salas. – Ele é muito bonito.

- Sim, qualquer dia desse eu toco algo para você. – Ela me sorriu com apreço, levantando o dedo para limpar o canto superior do meu lábio.

As músicas passavam gradativamente, assim como os assuntos de uma conversa, que estava sendo guiada pela minha curiosidade momentânea. Arrumamos a bagunça da sala e da cozinha, assim que nos damos conta, de que já passava da meia noite. Depois de um banho, relativamente quente, regado a mais orgasmos em baixo do chuveiro, deitamos nuas na cama, com nossos corpos entremeados, afundados pelo cansaço. Jessica foi a primeira a se recolher, ao sono dos justos. Eu apenas fiquei a fita-la, deslizando as pontas dos meus dedos pela extensão da sua pele exposta, reconhecendo os lugares que há pouco habitei, que me tornei íntima. E, que eu desejaria me tornar, cada vez mais íntima.

***

Fui despertada tranquilamente, pelo meu relógio biológico. Virei para o outro lado, tateando a cama, em busca do corpo da Jessica, mas sem sucesso. Abri os olhos subitamente para procura-la, mas dei de cara com uma pequena silhueta, que estava com o rosto coberto por uma máscara do homem-aranha, apoiado em suas mãozinhas, com os cotovelos apoiados na cama, me fitando com curiosidade. Rapidamente, puxei o lençol branco para cobrir partes do meu corpo que, até então, estavam descobertas.

- Você não ser a titia taetae. – A voz do pequeno garoto, soou decepcionada.

- Bom, e nem você é o homem-aranha. – Retruquei com a voz ainda embargada de sono, e fui me sentando na cama.

- Não, eu ser o Mike. – O garoto retirou a sua máscara, deixando os fios lisos dos seus cabelos caírem sobre a sua testa, me lançando um sorriso aberto, faltando dois dentes superiores. – Eu ver brincar com a titia Jesca e titia taetae.

- Ah é? Que legal garoto, e cadê a titia Jessica? – Puxei meu celular que estava em baixo do travesseiro para ver as horas, quando a própria Jessica vinha adentrando o quarto.

- Michael, quantas vezes já te falei para não sair sozinho pela casa? – Ela se agachou na altura dele, segurando seus bracinhos. – Você pode se machucar querido.

- Mike ver a titia taetae não tá pra bincar. – O garoto falava com uma certa rapidez, atropelando as palavras, e tentando gesticular com as mãozinhas.

- Tia Taeyeon está na casa dela meu anjo, mas agora vai ver o papai, que ele está te esperando lá em baixo para tomar café.

O garoto enfiou a máscara no rosto novamente, e rumou desembestado, para fora do cômodo. Sorrindo, Jessica se levantou do chão e caminhou logo atrás dele, para fechar a porta. Não pude deixar de notar que ela se encontrava toda arrumada, dentro de um jeans claro, um salto e uma blusa branca de cetim.

- Me desculpe, meu irmão me ligou logo cedo e me pediu para que eu olhasse o Michael, para que ele pudesse visitar duas casas aqui perto, que estão à venda. Ele já voltou – Disse de modo calmo, enquanto se aproximava da cama e sentava ao meu lado, retirando os saltos.

- Tudo bem, você vai sair? – Não pude conter um tom de decepção em minha voz.

- Fui ao mercado perto daqui, para comprar algumas coisas para o café da manhã, não sabia que iria ter visita tão cedo. – Foi subindo em cima da cama, e sentando em meu colo, abraçando a minha cintura com as suas pernas. – Não sabia que você dormia tanto. – Ela riu e ajeitou a minha franja atrás da orelha.

Passei meus braços em volta da sua cintura, trazendo-a ainda mais de encontro ao meu corpo. Nossos olhares se conectaram por mais tempo que pude calcular. Minha respiração levemente descompassada, denunciava o desejo e a ansiedade de beijar seus lábios, de tê-la inteiramente para mim. Encostei meus lábios aos dela, roçando-os delicadamente, enquanto nossas respirações quentes, se encontravam. Passei a minha língua calmamente entre a finura dos seus lábios, os afastando, e a mesma deu passagem para que eu pudesse explorar a sua boca.

O desejo mútuo se apossou, fazendo nossas línguas se abraçarem com agilidade, travando uma batalha por dominância. Deslizei minhas mãos possessivamente pelas suas costas, enfiando-as por de baixo da sua blusa. Arranhei toda a extensão da sua pele quente, delimitando um território pouco explorado por mim, na noite anterior. Jessica soltou um grunhido entre o beijo, se afastando subitamente dos meus lábios.

- Meu irmão está aí em baixo, e tudo o que eu mais quero é ficar aqui na cama com você, aproveitar o dia sem sair daqui. – Segurou meu rosto entre as suas mãos. – Quando ele for embora, a gente volta pra essa cama e fica o dia inteiro.

- Que horas ele vai? – Abri um sorriso enorme, começando a me animar com aquela ideia, mas me lembrei que havia combinado de conversar com a Taeyeon, na hora do almoço. – Eu preciso sair um pouco antes do almoço, eu tenho um compromisso. – Esbocei um leve biquinho nos lábios, e ela os apertou com as pontas dos seus dedos.

- Eu não sei, talvez ele fique para o almoço. Ele está se divorciando também e estou dando um apoio.

Soltei um gemidinho baixo de frustração e enfiei meu rosto entre os seus seios, abraçando-a ainda mais apertado, mantendo-a próxima ao meu corpo. Jessica repousou seu queixo em minha cabeça e enfiou seus dedos entre os fios dos meus cabelos soltos. Ficamos quietas, caladas, com nossos corpos sedentos e entrelaçados, por uma vontade que gritava por mais. Desejei ficar assim o máximo de tempo que eu pudesse. Me sentia bem, longe de todas as preocupações que enuviavam a minha mente. Como se eu estivesse me perdido, e ao mesmo tempo me encontrado. Deixei me perder pelo carinho que Jessica fazia em meus cabelos, até que batidas vieram da porta, e o nome de Jessica sendo proferido, incontáveis vezes pela voz infantil do seu sobrinho.

- Vou descer para preparar o café. Toma o seu banho e pelo menos come com a gente, antes de você sair. – Senti um beijo casto em minha testa e quando a mesma se desvencilhava do meu corpo, a puxei novamente pela cintura, tomando seus lábios em um beijo urgente.

***

Antes de voltar para a casa, passei rapidamente em um mercadinho para comprar o básico, e posteriormente, segui para o apartamento. Já estava quase na hora que havia marcado com a Taeyeon, e a minha única preocupação, era saber o que preparar para o almoço. Estacionei o carro e peguei as sacolas das compras. Quando cheguei no roll do elevador, encontro com a Taeyeon de costas, olhando para o letreiro acima das portas do elevador social.

- Oi, Taeyeon?! – Parei ao seu lado.

- Ah, oi Kwon. – Ela virou minimamente em minha direção. – Você quer ajuda com isso aí?

- Me chame de Yuri mesmo, e não, eu me garanto, obrigada. – Sorri brevemente, e assim que as portas do elevador se abriram, ela abriu passagem para que eu entrasse primeiro.

Quando adentramos o apartamento, segui diretamente para a cozinha e deixei as compras sobre o balcão. Taeyeon vinha chegando logo atrás de mim.

- Desculpe, eu vou fazer algo para a gente comer e ... – Comecei me lamentando, enquanto retirava as compras das sacolas, mas fui interrompida.

- Não precisa se incomodar com isso agora, mas aceito algo para beber.

- Tudo bem, fique à vontade. Tem vinho, cerveja e... – Tirei do armário, uma garrafa que jamais havia visto ali. -  Bourbon? – Indaguei mais para mim, tentando lembrar quando foi que havíamos comprado uma garrafa de whiskey.

- Bourbon está ótimo. – Ela se sentou no banco, do outro lado do balcão.

- Ah, agora está explicado o porquê de termos uma garrafa desta. Bom, vou te acompanhar.

Peguei dois copos de vidros e servi uma dose em cada um. Deslizei sobre o balcão, um dos copos na direção dela, e ela o pegou, com um leve menear de cabeça, agradecendo.

- E então .... – Ela começou assim que levou o copo até os lábios, sorvendo um gole, me concedendo toda a sua atenção.

Por um momento, fiquei encarando-a, segurando o copo em cima do balcão. Não havia pensado em como começar a contar para ela, todo o passado da Tiffany, ou pelo menos, a parte que mais importava neste momento. Puxei o outro banco para que eu pudesse me sentar de frente para ela, e me distraí por um momento, contornando meu indicador na borda do copo, encarando o líquido marrom escuro, como se estivesse procurando pelas melhores palavras, para começar a falar.

- Eu realmente não sei como começar a te falar sobre isso. – Levantei o meu olhar para ela. – É um assunto extremamente delicado, e já que vocês estão juntas agora, eu pensei em te contar, porque sei que Tiffany não irá fazer isso. E tudo o que eu quero, é o bem dela.

Ela arqueou a sobrancelha minimamente, remexendo seu corpo no banco, demonstrando um certo desconforto. – Você pode me confidenciar qualquer coisa sobre a Tiffany, eu tenho as melhores intenções com ela, o seu bem, é uma delas.

- Ela já te ligou?

- Ligou sim, nos falamos ontem pela noite e hoje de manhã, antes de ela sair para visitar sua mãe.

- Olha Taeyeon, não nos falamos muito e muito menos nos conhecemos, eu só quero saber o quão sério é para você, estar com a Tiffany, porque não irei te envolver em uma parte da vida dela, que ninguém conhece, exceto a nossa família.

- É justo. – Ela sorveu outro gole do seu Bourbon, pigarreando. – Por enquanto, você só precisa saber que eu a quero. Ela não é um passatempo qualquer, ou a estou usando, para tentar caber em alguém. O que eu sinto por ela, digamos ... – Ela fechou os olhos brevemente e os abriu, respirando fundo. - ... Yuri, não posso te confessar os meus sentimentos por ela, sendo que eu ainda nem conversei com ela, sobre como eu me sinto.

- É o bastante para mim agora. – Acenei brevemente com a cabeça, e sorvi a dose inteira, fazendo uma careta ao sentir o líquido queimar a minha garganta, e retumbar em meu estômago parcialmente vazio. Levantei o olhar para encará-la novamente, e pude sentir uma sinceridade, emanando em seu olhar, tornando mais fácil o desenrolar da história. - Quando era criança, Tiffany foi estuprada várias vezes pelo próprio irmão. – Abaixei o olhar para o copo, sentido um nó começar a se formar em minha garganta, e remexi o líquido que se movia entre a parede grossa do vidro. – Bom, eu sei que você só estava tentando ajudar quando deixou que ela viajasse para ver a mãe, e sei também que ela nunca te contaria isso. Ela só se sentiu na obrigação de voltar pro brooklyn, porque .... – Parei de falar, quando escutei o barulho de vidro se partindo. – TAEYEON?! – Olhei para as suas mãos e levantei às pressas do banco, quando vi o líquido escorrendo por cima do balcão, e as mãos da Taeyeon paradas e imóveis, como se o copo ainda estivesse inteiro entre as suas mãos. – Você se feriu?

- Eu estou bem. – Murmurou entre os dentes, com o olhar perdido no líquido que escorria em sua direção. Subitamente, corri para a pia e peguei o pano seco que estava ali próximo. Joguei em cima dos cacos de vidros, e deixei que todo o líquido fosse embebido pelo pano, antes que derramasse no colo da Taeyeon. Ela permanecia imóvel, tensa e rígida.

- Taeyeon ... – Segurei seus pulsos quando vi que alguns pequenos cacos, haviam deixado pequenos cortes nas palmas das suas mãos. – Venha lavar suas mãos.

Segurei em seu antebraço e a guiei para a pia. Deixei que a água escorresse o sangue para dentro do ralo, juntamente com todo o arrependimento que já estava sentindo em ter contado. – Eu sinto muito por isso. – Sussurrei enquanto fechava a torneira.

- Quantas vezes isso aconteceu? – Olhei para o seu rosto pálido, passando outra toalha seca para que enxugasse suas mãos. – Você disse que foram várias vezes Yuri, quantas foram?

- Eu não sei ao certo, ela nunca nos contou. – Apertei firme a toalha contra os cortes. – Me desculpe em ter lhe contado tudo isso, mas esses últimos dias, me deixaram muito emotiva quando ela decidiu ir visitar sua mãe. Liguei para a minha mãe, para ver se ela tirava essa ideia doida e inconsequente da cabeça da Tiffany, mas nem ela conseguiu. Só me restou você.

- Droga, vamos sair para almoçar, eu quero saber de tudo. – Seus olhos arregalados e as suas mãos trêmulas, me fizeram sucumbir ao seu pedido.


Notas Finais


Ufa, até que enfim chegamos aqui UAHSSUAHSAUH gostaria de saber o que estão achando do desenrolar da fanfic, de verdade. Eu fico com receio em muitas partes.

Agora as fortes emoções estão por vir, e eu estou apreciando muito escrever essas cenas.
Obrigada por quem sempre acompanha, e pra quem não desistiu.
Volto em breve.


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