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História A Rockabilly Guy - Love Freedom


Escrita por: chanbaekland e yixingling

Notas do Autor


Primeiramente eu gostaria de dizer que estou muito feliz de estar participando desse projeto maravilhoso que é o Chanbaekland, está sendo uma experiência incrível estar em meio a pessoas incríveis.
Confesso que mesmo Chanbaek sendo o meu OTP favorito eu nunca escrevi muito sobre, e eu estou ansiosa para escrever várias histórias com diversos temas que eu nunca trabalhei.
Espero que vocês gostem e que tenham uma ótima leitura.

Capítulo 1 - Love Freedom


               Tudo começou quando Baekhyun completou seus 18 anos.

            Na época, havia acabado de entrar na melhor faculdade de Direito da pequena Yeonhan Village, e só conseguia ficar estressado com a pressão ridícula que sua família estava fazendo consigo. Já havia escolhido ser advogado para agradá-los e ainda sim tinha que ouvi-los reclamar e reclamar sobre não ter passado em alguma faculdade boa em Seul. Eram meio loucos sobre fama e dinheiro, então não era novidade alguma que ficaram indignados por saber que Baekhyun estudaria na “simples” Doohok Academy. Não era como se o caçula não amasse sua família, porém era cansativo demais escutar reclamações por uma escolha que cabia apenas a ele fazer.

            Os Byun, sendo uma família tradicionalista bastante conhecida pela cidade pelos diversos advogados e médicos importantes que de lá saiam, possuíam um enorme patrimônio, sentindo-se superiores a qualquer cidadão de Yeonhan, sustentando sempre um grandioso nariz em pé, que Baekhyun aprendeu detestar cada dia mais. Os únicos que se salvavam era sua querida mãe, Im Soora, e seu irmão mais velho.

Havia sido em uma das diversas reuniões familiares a qual fora obrigado a comparecer, que fugiu pela primeira vez.

            O motivo era o fato de que os cidadãos  estavam surpresos e comentando o fato de que o caçula da família iria formar-se em Yeonhan e não em Seul ou no exterior como o restante da família. Estava cansado de ouvir sermões pela sua decisão e esperou com que todos se distraíssem, saindo pela porta dos fundos da enorme mansão, conseguindo fugir sem ser percebido pelos parentes ou funcionários. Indo sem notar para a pracinha da antiga escola, surpreendeu-se ao notar uma enorme aglomeração no centro da mesma. Curioso como sempre foi, partiu em direção ao conglomerado de pessoas, podendo visualizar e ouvir com clareza o que diabos estava acontecendo ali. Eram alguns jovens com roupas “esquisitas” de couro e cabelos diferentes que estavam dançando enquanto outras pessoas cantavam mais ao fundo, também vestidos de forma estranha. Até se sentiu meio deslocado, já que usava um terno azul marinho feito com tecido de algodão, mas parecia que ninguém se importava com esse detalhe.

            E foi ali, no meio de tanta gente, que Baekhyun o viu pela primeira vez. Viu o sorriso bonito e charmoso que despontava nos lábios cheinhos tão bonitos quanto, onde saia melodiosamente a letra da música agitada e dançante. Os cabelos rosas penteados em um belíssimo topete que combinava com as roupas de couro preto que todos os presentes usavam e que em si parecia tão perfeito e ideal. As tatuagens a mostra pela falta de alguma camiseta por baixo da jaqueta de couro grossa, possibilitando a visão do abdômen musculoso repleto de desenhos. E principalmente o olhar interessado ao ver um Byun em meio aos jovens rebeldes da cidade.

Foi ali, naquela pracinha bonita e brilhante, que Byun Baekhyun viu Park Chanyeol pela primeira vez.

            Depois daquele dia em que Baekhyun avistou o Park, voltou a visitar a pracinha em busca de encontrá-lo novamente, infelizmente não obtendo sucesso, nunca mais vendo qualquer sombra daquelas pessoas com roupas e cabelos esquisitos. Já estava desistindo de rever aquele homem, era meia noite quando terminou sua leitura indo em direção à janela de seu quarto para fechar as cortinas, quando notou alguns jovens com roupas parecidas com a que viu naquele dia, todos eles indo em direção à pracinha bonita. Rapidamente percebeu a chance que tinha, não tardando a trocar de roupa, desta vez, optando por uma calça jeans preta e uma camisa de botões da mesma cor, nem se preocupou em arrumar os cabelos escuros. Saiu silenciosamente de casa aproveitando que todos já dormiam e correu em direção ao lugar que se tornara o seu favorito. A madrugada estava quente, o céu completamente estrelado e bonito, deixando tudo mais emocionante.

            Ao chegar, notou que ainda havia poucas pessoas ali, acabando por aproximar-se mais tentando procurar quem realmente lhe interessava, formando um bico insatisfeito ao não conseguir achá-lo. Estava tão distraído procurando que mal notou quando alguém parou ao seu lado. —

            — Me procurando, gracinha? — Ouviu uma voz rouquenha sussurrar perto de seu ouvido não contendo o arrepio e o ofego ao se assustar, virando rapidamente para a pessoa em questão — O que um Byun faz num ambiente tão caótico e fora de seus belos padrões de milionários?

            Era ele. Lá estava o motivo de perder o sono. O motivo de seus batimentos estarem tão acelerados. Estava tão lindo que Baekhyun suspirou apenas de olhá-lo, a jaqueta não estava presente em seu corpo, muito menos alguma camiseta, deixando toda a pele exposta devido ao calor da cidade.

            Pensou em respondê-lo, mas sua voz mal funcionava. Estava bastante nervoso por ver aqueles músculos enormes repletos de tatuagens bem em sua frente. O maldito era um tremendo de um gostoso.

 — Não vai me responder, bonitinho? O gato comeu a sua língua? — Ouviu-o rir debochado, tocando seu rosto com delicadeza, acordando Baekhyun do transe em que havia se metido.

            — E-eu... N-não… — As palavras ficaram presas em seus lábios quando olhou nos olhos do mais alto, que o encarava divertido. O rosto ganhou uma coloração avermelhada quando notou a mão ainda em seu rosto acariciando-o, deu um tapinha na mão grande a fim de retirá-la de seu rosto, ouvido mais uma vez o risinho debochado.

            — Oras, não fique envergonhado, não irei lhe morder. A propósito, meu nome é Chanyeol, Park Chanyeol. — Afastou-se do pequeno para reverenciá-lo como se fosse um príncipe em sua frente. —Prazer em conhecê-lo, jovem Byun.

            Então em sua frente estava o homem-problema de Yeonhan Village. "Surpreendente", o pequeno pensava.

            — Você me conhece?

            — Como não conhecer o filho caçula de Byun Hyunmo e Im Soora? A família perfeita.

            O rosto de Baekhyun adotou uma expressão de entendimento, afinal, realmente sua família era conhecida naquela cidade, e não seria diferente consigo. Porém discordava no adjetivo dado a ela. Eram tudo, menos uma família perfeita.

            Mas você ainda não me respondeu pequeno Byun, o que veio fazer aqui?

            — Eu... Hum... Vim tomar um ar, eu gosto dessa pracinha, então venho sempre que me sinto preso. — Mesmo não falando o real motivo, aquela resposta não era de todo uma mentira. Antes de se interessar no Park, já visitava aquela pracinha mesmo que com pouca frequência e sempre de dia.

            — Tem certeza que foi só por isso? Afinal, lembro-me bem de tê-lo visto alguns dias atrás nesse mesmo lugar me observando com bastante vontade. — O Park voltou a aproximar-se do corpo trêmulo do Byun, podendo sussurrar bem próximo ao seu ouvido, os lábios até mesmo esbarrando na pele sensível. — Será que não voltou aqui para me ver novamente?

            Um beijo fora plantado abaixo do lóbulo do mais baixo, que suspirou levando as mãos em direção ao peito forte do outro que riu soprado ao sentir o toque tímido. Baekhyun ao notar o que estava fazendo, deu um passo para trás, afastando-se do outro que apenas sorriu ladino ao notar o conflito interno que deixou o caçula dos Byun. O tatuado era abusado demais para o gosto do baixinho.

 — Eu já disse o motivo pelo qual eu vim aqui, e creio que não lhe deva satisfação de nada que envolva a minha vida.  — Quase agradeceu a Deus por não ter gaguejado, dando as costas para o outro, não sem antes dar uma boa secada no corpo bonito, mordendo os lábios finos ao se virar. — Passar bem, Park Chanyeol.

            — Já vai embora, gracinha? Por que não fica mais? Aprecie a nossa baderna, eu sei que gostou do que presenciou da outra vez. — O ouviu dizer quando estava mais afastado, mas continuou a andar. — Vamos, garoto, honre o seu nome, creio que os Byun sejam conhecidos por nunca negarem um bom desafio e, bem, eu estou te desafiando a manchar essa sua reputaçãozinha ao se misturar com os abutres de Yeonhan.

            Baekhyun cessou os passos ao ouvir tamanha audácia e deboche em que o mais alto soltou aquilo, virando-se num rompante, andando às pressas em direção ao outro. Chanyeol era um tremendo pé no saco, o Byun pode constatar.

            — Ora seu… acho bom você fazer algo decente com esses seus coleguinhas esquisitos, vamos ver se você é bom o suficiente pra me agradar. — Um de seus dedos fora apontado em direção ao rosto do outro, e Baekhyun não poderia mentir tanto quando ponderou que Chanyeol e seus amigos não poderiam fazer algo bom, já que da primeira vez havia curtido bastante as batidas e cantoria que aqueles homens e mulheres faziam.

Acabou arregalando os olhos quando teve o indicador beijado pelo o mais alto, que descaradamente disse:

            — Eu posso te agradar muito além do que com o meu som, Byun. Sou bom em tudo o que faço. — O Park passou a andar em direção a rodinha de jovens ali presente, que agora já era bem maior do que quando chegou. Parando na metade para virar apenas a cabeça em direção ao outro com os lábios curvados. — Mas isso você pode comprovar depois. Agora, junte-se a nós, gracinha.

            Ah, Baekhyun sabia que era o seu fim.

                            [...]

            — Uma ótima madrugada pra vocês galera, espero que tenham gostado do nosso som. — Um dos integrantes da banda de Chanyeol ditou no microfone. Ele era baixinho e possuía uma voz bastante sexy.

            — Obrigado por sempre nos acompanhar. — Desta vez, fora um moreno mais alto quem falou.

            — Sim, devo concordar com Kyung e com o Kai, vocês são fodas, galera. — Chanyeol agradeceu ao pequeno público com um belo sorriso tatuado na boca. — E nós somos os... The Slender Boys.

            Baekhyun surpreendeu-se ao ouvir o coro das pessoas quando o nome da banda foi proferido. The Slender Boys? Então esse era o nome. Combinava com os quatro encrencas.

            — Boa brisa pra vocês nessa madrugada, vamos continuar a curtição, yeah. — Agora era o garoto de cabelo multicolorido quem ditava.

            Os jovens continuaram a farrear e Baekhyun cada vez mais se sentia deslocado. Não sabia as letras das músicas que tocava na enorme caixa de som, muito menos as dancinhas que faziam. Mas era interessante poder observar aquilo. Sentia-se feliz por estar rodeado de pessoas que eram animadas.

            Estava caminhando para um banquinho próximo quando alguém trombou em seus ombros com força. Era um homem meio baixinho.

            — Os tiras estão vindo, corram!  — O homem de cabelos vermelhos saiu berrando para que todos ouvissem e logo uma baderna se instalou na praça normalmente calma. 

            Baekhyun estava paralisado em pânico por ter a possibilidade de ser apreendido e ter que explicar ao seu pai o motivo de estar às 3 horas da madrugada fora de casa, no meio de diversos "delinquentes". Estava tão desesperado que nem ligou quando seu pulso fora agarrado e puxado. Passou a correr junto com a pessoa, assustado demais para sequer notar quem era.

            Pôde respirar aliviado quando parou em um beco escuro, bufando pela pequena corrida que tivera que fazer.  

— Essa foi por pouco. — Não segurou um grito ao assustar-se com a conhecida voz grossa soando do nada em meio ao silêncio, tendo sua boca pressionada pela mão grande de Chanyeol, que o puxou mais para o escuro, encostando-o na parede quando notou que Baekhyun tinha chamado a atenção dos policiais. — Sh... — Os corpos colados um no outro, as respirações afobadas pela corrida e também pelo fato de estarem grudados. Apenas quando Chanyeol notou que os policiais haviam se afastado daquela área que tirou a mão dos lábios alheios, mas não afastando o corpo. — Droga, Byun, ficou louco? Nós poderíamos ter sido descobertos por sua causa.

            — Me desculpa, eu não queria chamar a atenção deles. - abaixou a cabeça, envergonhado, ouvindo um "tudo bem, garoto" como resposta — Hm, Chanyeol, será que poderia se afastar um pouco?

            O homem o olhou confuso por alguns segundos, rindo em seguida, não se importando com as bochechas coradas do outro, afinal, ele ficava uma graça com o rosto todo avermelhado.

            — Por que gracinha? Tem tanto medo assim de cair na tentação e acabar me agarrando? — Como se fosse pra provocar mais ainda, o maior aproximou-se mais ainda, fazendo o pequeno fechar os olhos com força ao sentir o hálito quente em seu rosto. — Tem tanto receio assim de admitir que quer me beijar?

            — Ei, eu não quero te beijar… Só quero que… — Baekhyun abriu os olhos, indignado, mas, de repente, calou-se.

Os lábios foram tomados com uma urgência tão gritante que acabou cedendo ao pedido de passagem do Park, que não tardou a começar explorar toda a boca do menor. Os estalos estavam altos e bastante sensuais trazendo sensações incríveis para ambos.

            As línguas se encaixavam tão bem, assim como os quadris que passaram a se esfregar lentamente, arrancando suspiros dos dois. Separaram-se com uma mordida de lábio por parte do Byun, que teve o pescoço atacado pelo outro, sendo puxado pela cintura para poderem se esfregar com mais força e vontade. O Byun nem tentava segurar os ofegos que fugiam de sua boca. Chanyeol estava cuidando tão bem de si que seu cérebro havia desistido em manter-se alerta. Só queria se aliviar.

            A nuvem nublada de prazer se dissipou quando Chanyeol enfiou a mão na calça de Baekhyun para poder apertar sua bunda com gosto, o que assustou o mais baixo, o fazendo empurrar o maior.

            — Chanyeol, eu tenho que ir. — Caminhou rapidamente para a saída do beco, sendo puxado novamente pelo outro, que passou em sua frente, vendo se ainda tinha algum policial por perto.

            — A barra tá limpa, você pode ir agora.  — O mais alto deu espaço para o outro passar.

            — Tchau, Park. Obrigado por hoje. — Baekhyun surpreendeu o outro ao levantar os pés, selando os lábios rapidamente, saindo correndo logo em seguida, precisava dormir e esquecer no que acabara de fazer.

            Mas seria impossível esquecer-se dos lábios gostosos do outro. Chanyeol realmente sabia o que fazer com a boca e a língua.

            Baekhyun já havia se viciado com apenas um beijo, só não sabia que o maior se sentia da mesma forma sobre si.

          

                               Quatro anos depois

 

            — Vai sair a essa hora, filho? — Baekhyun estava terminando de arrumar sua mochila quando ouviu a mãe entrar no quarto. — Ainda é muito cedo, Baek.

            — Sim, o semestre já começou lotado de provas. — foi ate a mais velha, selando os lábios em sua testa — Irei para a Biblioteca revisar as matérias e tentar tirar uma nota boa.

            — Quer que Jinsoo te leve? Eu o dispensei hoje, mas posso chamá-lo novamente — perguntou meio temerosa, não gostava quando o caçula saía sozinho, já que muita gente não gostava dos Byun, por vários motivos.

            — Pode deixar, mãe, irei com o meu carro e, de qualquer forma, ainda está muito cedo, talvez eu fique até de noite estudando. — Foi até sua mochila, pegando-a e colocando em seus ombros. — Seria judiação chamar o senhor Kim para que me acompanhe e fique esperando.

            — Meu filho, eu acho que você estuda bastante, deveria descansar um pouco dessa rotina sufocante. — A progenitora ficou ao seu lado, descendo as escadas junto ao filho mais novo — Leve ao menos algum dinheiro para caso alguma emergência surja.

            — Mãe, eu preciso estudar, estar no último ano não é moleza, tenho que terminar o meu TCC, a senhora sabe disso. — Adentrou a cozinha pegando qualquer coisa comestível que viu pela frente, lembrando de encher sua garrafinha térmica com o delicioso café que a governanta fazia. 

            — Tudo bem, filho. Agora vá, antes que eu te prenda e te force a comer algo melhor. — A mulher abraçou o rapaz, sorrindo ao receber mais um beijo, desta vez, na bochecha.  

            — Okay dona Soora, tenha um bom dia.

            Catou as chaves na bancada da cozinha e correu para a garagem com um pedaço de pão na boca, entrando em seu carro, um belíssimo Pontiac Firebird preto. Na rádio, o álbum dos Stray Cats tocava, fazendo o corpo do homem de 22 anos balançar animado. Sem dúvidas Built for Speed era seu álbum favorito do grupo. Estacionou depois de um tempinho em frente a enorme biblioteca, onde não tardou a descer do carro, adentrando o local tranquilamente.

             — Bom dia, senhorita Clarkson.- cumprimentou a adorável e simpática recepcionista estrangeira que também o desejou um belíssimo dia carregado de um sotaque fofo. Estava um pouco longe da recepção quando ouviu seu nome ser chamado, o fazendo voltar novamente para frente do balcão.

            — Baekhyun, meu querido, esqueci-me de te entregar essa carta. Aquele homem bastante esquisito pediu que te entregasse. — o Byun suou frio quando a mulher entregou um papel dobradinho. — Fazia tempo que seu namorado não aparecia. Até pensei que tivessem terminado.

 — N-não, ele não...

 — Eu consigo ver em seu rosto que ficou contente em saber que ele te trouxe outra carta, querido. Mas não se preocupe, de modo algum eu julgaria o amor. — A mulher sorriu simpática, fazendo um sinal de positivo com o polegar, um dos olhos fechando-se num piscar — Agora vá estudar. Xô, xô, xô.

            O homem apenas concordou, envergonhado demais pra não pensar em outra coisa a não ser sair correndo em direção aos corredores enormes, abarrotados de livros. Depois de pegar todo o material necessário, retirou da bolsa sua apostila e seu estojo. Porém, antes de iniciar os estudos, resolver ler a carta que recebera, sorrindo ao ver a letra toda esgarranchada, abrindo o papel totalmente ansioso, já que por longos dias não havia recebido mais nada.

 

           "Olá, bebê, sentiu minha falta?

            Desculpe-me por sumir desse jeito, mas tive que trabalhar em dobro pra pagar os remédios de minha mãe e a mensalidade do curso de Yoora. Você sabe que elas dependem de mim.

            Eu finalmente consegui achar um tratamento para mamãe, e por incrível que pareça o governo irá nos ajudar com as despesas médicas, finalmente terei mais tempo para poder te ver e matar a saudade. Espero que não esteja chateado comigo, gracinha.

Vamos nos encontrar hoje no mesmo horário e lugar de sempre, anjo.

Ps : Não vejo a hora de poder te beijar de novo.

                                    - C.Y."

 

 Ah, Baekhyun ainda não acreditava que aquele homem estava realmente o namorando. Park Chanyeol conseguia ser bastante romântico quando queria. Quem quer que visse o homem, jamais imaginaria o quão piegas ele poderia ser quando estava apaixonado. E felizmente o Byun foi o grande sortudo pelo qual o grandão se enfeitiçou. O maior era de fato um homem incrível e bastante atencioso, porém, o estilo diferenciado acabava atraindo olhares e comportamentos bastante preconceituosos, mas quem disse que o Park se importava? Baekhyun admirava isso ao mesmo tempo em que se preocupava, já que infelizmente ainda existia muita maldade nas pessoas. Chanyeol era tudo que sua família o pedia para evitar.

            Quando se conheceram, no verão de 1984, o Byun havia odiado o jeito atrevido e metido do outro, mesmo estando atraído já que o desgraçado era bonito pra caramba, mas foi só os lábios colidirem pela primeira vez alguns dias depois, que esse pensamento foi para os ares. Com o passar do tempo e no decorrer dos diversos encontros que tiveram, principalmente em fliperamas que o maior descobriu ser um dos vícios do baixinho, o pedido de namoro finalmente fora feito, do jeito mais romântico e meloso que o Park poderia oferecer.  

            E agora, mesmo depois de quase cinco anos juntos, Baekhyun ainda não conseguia acreditar que o relacionamento ainda durava. Chanyeol era lindo demais, romântico demais, talentoso demais, gostoso demais, enquanto ele próprio era apenas um garoto meio rechonchudo que cursava direito em uma faculdade boa, Mais novo que o Park e não tão bonito quanto as belas moças que direto e reto davam em cima do grandão. A insegurança era sempre motivo de brigas entre os dois, mas minutos depois logo se resolviam.

            O mais novo sentia tanta falta do namorado que chegava a doer. Fazia semanas que não o via, e estava quase subindo pelas paredes de saudades. Entretanto, entendia que o outro precisava ajudar em casa, já que o pai do mesmo havia falecido quando o Park ainda era adolescente e, recentemente, Chohee, a mãe de Chanyeol, responsável por boa parte das despesas da família, havia descoberto um tumor no lado esquerdo do cérebro que quase a levou embora, mas graças aos céus fora curada. Infelizmente não conseguiu sair 100% ilesa, o tumor deixou consequências. A matriarca havia perdido uma boa parte da capacidade de fala e seus movimentos ficaram mais limitados e lentos. Chanyeol desde então passou a trabalhar o dobro, algumas vezes o triplo, tanto para pagar tratamentos de sua mãe quanto para cuidar da casa e de sua irmã mais nova. Trabalhava como frentista de dia e tocava em bares nas madrugadas. Isso quando não conseguia algum bico durante a noite, antes de iniciar seu trabalho nos bares.

             Baekhyun já tentou milhões de vezes oferecer ajuda para a família do namorado, mas o Park nunca aceitava, sempre dizendo que não era obrigação do garoto ajudar. Estava tão feliz de saber que a sogra finalmente teria uma chance de poder voltar a falar normalmente e andar livremente por onde quiser sem ter alguém ou algo a amparando.

            A mulher era a pessoa mais encantadora que o Byun teve a chance de conhecer, sempre compreensiva e acolhedora.

            Ah, aquela família era realmente importante na vida de Baekhyun, amava-os tanto quanto amava a sua própria. Queria tanto revê-los, e saber que finalmente poderia voltar a visitá-los o deixava eufórico.

 Resolveu começar a estudar logo para poder voltar cedo para casa e descansar um pouco para ver Chanyeol. Estava tão ansioso que poderia explodir.  

            O baixinho saiu da biblioteca por volta das cinco da tarde. Estava exausto e só queria dormir até dar o horário de se encontrar com Chanyeol. Na volta, passou em uma barraquinha, comprando um café enorme e alguns tteoks, já que ao longo do dia só havia comido um sanduíche que comprara na lanchonete que tinha por perto. Aproveitou e pediu alguns para viagem, lembrando que sua mãe amava o docinho. Comeu tranquilamente enquanto olhava a movimentação agitada da avenida, onde pessoas passavam apressadas e cansadas após um longo dia de serviço. Quando terminou de comer, pegou sua encomenda agradecendo a moça do caixa enquanto pagava sua conta. Após isso, não demorou muito até que estivesse entrando em sua casa, encontrando a mãe sentada na sala lendo algum livro, enquanto uma música clássica tocava baixinha ao fundo.

 Era tão bom ver sua mãe tranquila daquele jeito. Depois da morte de seu pai, há dois anos atrás, a mulher pôde finalmente sentir-se livre, já que não teria um marido controlador para ditar o que deveria fazer ou como deveria se portar. Finalmente poderia, junto de seus filhos, ser feliz. Claro que o restante da família Byun tentou se meter na vida dos três tirando proveito da situação para conseguirem a empresa de Byun Hyunmo para si, mas Baekbeom mandou todos irem à merda, acabando por assumir a empresa de advocacia do pai até que Baekhyun se formasse e pudesse se tornar o verdadeiro presidente. No fim, acabou que se afastaram de todos, formando os três sua própria família.

            — Mãe, cheguei. — O moreno falou enquanto se sentava ao lado da mulher, recebendo um abraço gostoso como saudação. — Trouxe tteok para a senhora.

            — Obrigada filho. Venha, vamos para a cozinha para eu fazer um café. — Dona Soora levantou-se, caminhando calmamente até a cozinha sendo seguida pelo filho.

            — Beom está em casa? — Observou a mãe negar com a cabeça, acabando por suspirar frustrado — Sabe, eu fico preocupado, ele não deveria estar comandando uma empresa de advocacia quando seu sonho é salvar vidas. Sinto que isso é em termos culpa minha.

            A mãe largou os utensílios que segurava, segurando o rosto do rapaz com ambas as mãos quando se virou para ele.

            — Ei, meu anjo, nada disso é culpa sua. Baekbeom escolheu isso porque sabia que se você tivesse feito muitos dos sócios não aceitariam, já que você ainda não tinha 21 anos. Não pense que em coisas assim meu filho.

            — Mas, mãe, o Beom estudou medicina, ele já deve estar ficando louco por não fazer o que gosta. — Era possível ver lágrimas brotando dos olhos do moreno.

            — Na verdade, seu pai levava seu irmão desde novinho para a empresa, achando que ele escolheria seguir seus passos. Até os 17 anos, Beom aprendeu muitas coisas. — Com os polegares, a mãe limpou qualquer resquício de lágrimas que tivesse ali.

            — Papai levava o hyung para a empresa? Esse homem consegue se superar.

— Sim, mas não vamos falar de passado — A mãe soltou o rostinho fofinho do filho, voltando a fazer seu precioso café — Vamos conversar sobre o sorrisinho que estava no seu rosto quando você chegou em casa. Conta pra mamãe o que aconteceu.

            O rosto do caçula rapidamente ficou avermelhado, o fazendo esconder as bochechas entre as palmas das mãos.

            — Ah, mãe, o Yeollie me mandou outra carta pedindo para que nos encontremos hoje. — O sorriso enorme que estampava a face do mais novo quando ele retirou as mãos do rosto contagiou a mãe, que soltou um barulhinho empolgado, feliz por ver seu filho feliz.

            — Eu quero conhecer ele logo filho, você me disse que estão juntos a quase cinco anos, não acha que já está na hora de apresentá-lo pra sua família?

— -Chanyeol acha que vocês não vão gostar dele, ele acha que ainda é meio cedo pra uma apresentação formal. — O rapaz riu baixinho, lembrando quando disse ao namorado que sua mãe e seu irmão queriam conhecê-lo. Ele havia ficado tão desconcentrado que ficou bons minutos apenas encarando o rosto de Baekhyun sem saber o que falar. — E também ele estava cuidando da mãe, inclusive, por falar nisso, eles conseguiram achar um tratamento para a Mama Park, finalmente ela vai poder voltar a falar.

— -Cedo demais? Avise a esse homem que se eu pudesse eu teria o conhecido logo no primeiro dia de namoro — Ambos riram com a fala da matriarca, afinal, apenas alguns meses depois a morte do pai, Baekhyun criou coragem para contar sobre o seu relacionamento. — E eu estou muito contente pela senhora Park. Também quero conhecê-la, assim como Yoora.  

            — Conversarei com Chanyeol para ver se ele concorda em virem a um jantar aqui em casa.

            Observou a mãe bater palminhas enquanto soltava alguns "Sim, sim".

            Quando o café ficou pronto, alguns minutos depois, sentaram-se, desta vez, conversando sobre coisas aleatórias.

            Já era quase sete da noite quando Baekhyun subiu para descansar um pouco, onde dormiu como um bebê até às onze da noite. Quando se levantou, tratou de tomar um banho relaxante tirando qualquer resquício de cansaço de seu corpo. Acabou rindo quando botou suas roupas, lembrando quando apareceu vestido daquele jeito pela primeira vez na frente da mãe e do irmão. Ambos levaram um susto tremendo quando notaram que até maquiagem o filho usava. Mas com o tempo se acostumaram e até achavam legal ver Baekhyun usando aquilo. Era libertador.

            Quando terminou de se arrumar, não tardou a sai de casa, despedindo-se da mãe e do irmão que chegara há um tempo atrás. Eram 23:30 horas quando saiu, estava tão ansioso, que não ligava de estar dirigindo um pouco rápido.  

            O coração acelerou quando estacionou o carro em frente à discoteca, podendo ver Chanyeol escorado em uma das paredes, mesmo que estivesse um pouco escuro pela má iluminação. E, puxa, como ele estava bonito. O cabelo, agora preto, o deixava com um ar mais maduro, somando às roupas toda preta de couro e o cigarro nos lábios.

            Baekhyun saiu do carro meio afobado, o que chamou a atenção do Park, que descolou as costas da parede, apagando o cigarro com a sola do sapato, caminhando em direção ao baixinho, que sorria todo bonitinho.

— Oi, Yeollie, eu... — O, agora, moreno, mal o deixou completar a frase, quando agarrou o rosto bonito em suas mãos, tomando os lábios bonitos em um beijo recheado de saudade e afeto.

 O Byun suspirou quando sentiu o corpo ser pressionado contra o carro, enquanto o ósculo se aprofundava cada vez mais. As mãos dos dois não paravam quietas, a de Chanyeol acariciava todo o cantinho do corpo do menor que suas mãos conseguiam alcançar, já Baekhyun ora agarrava os fios macios entre os dedos, ora acariciava as costas largas do outro. O mais novo soube que era hora de parar quando o tatuado pressionou mais os quadris, fazendo os membros se chocarem e suspiros abandonarem os lábios de ambos.

 —Ei, Chan, vamos entrar — proferiu quando os lábios de descolaram em um estralo. — Depois matamos a saudade, amor. Vamos dançar um pouco.

            — Eu amo quando você chama assim. — O sorriso que Chanyeol deu ao ouvir o apelido carinhoso contagiou o outro, que sorriu tão largo quanto, se aproximando para deixar vários selinhos na boca e na bochecha do mais alto. — Vem, vamos entrar antes que eu te enfie nesse carro e mato minhas saudades de uma vez por todas.

            Baekhyun assentiu rindo, aceitando a mão do maior quando este a ofereceu. Adentraram a discoteca sem muita dificuldade, já eram conhecidos por todos dali, afinal de contas.

 Foram em direção ao bar e pegaram duas cervejas, logo indo para a pista cheia de pessoas. O chão colorido e a música os faziam dançar como loucos. Os copos mexiam-se animados ao som do Rei do Rock, seja cada um com seu par, ou em rodinhas de amigos, estavam se divertindo. Não era diferente com Chanyeol e Baekhyun, que deslizavam para lá e para cá, agitados e felizes.  

            Depois de diversas músicas que dançaram já estavam suados e exaustos, quando o instrumental de You Drive Me Crazy passou a tocar, e a voz de Shakin' Stevens soar pelas caixas de som.

 

            — É a nossa música, amor. — Baekhyun disse dando pulinhos animados enquanto seus braços estavam em volta do pescoço do maior.  

 — Sim, a nossa música. — Chanyeol deu um beijo rápido no namorado, passando a cantar a música no ouvido do menor, que se arrepiou.

                                          You drive me crazy

                                      (Você me deixa louco)

                   Heaven must have sent you down

                (O céu deve ter mandado você aqui

                                                         pra baixo)

                       Down for you to give me a thrill

     (Aqui para você me dar toda esta emoção)

                                   Ev'ry time you touch me

                           (Cada vez que você me toca)

                                     Ev'ry time you hold me

                      (Cada vez que você me abraça)

My heart starts speeding like a train on a track

        (Meu coração dispara como um trem nos

                                                               trilhos)

 

            A voz grave combinava com a batida agitada, os corpos grudados não deixaram de balançar, agora em movimentos mais leves. Baekhyun amava tanto essa música, já que havia sido ela que Chanyeol cantava na primeira vez que o viu, You Drive Me Crazy havia se tornado a trilha sonora dos dois pombinhos, isso era inegável.

 

                                               I love you, Baby,

                                      (Eu te amo, meu bem)

                                          And it's plain to see

                                      (E isso é tão evidente)

                                              I love you, honey

                                         (Eu te amo, querida)

                                            It was meant to be

                                       (Tinha que ser assim)

                                          You drive me crazy

                                      (Você me deixa louco)

                                  You drive me crazy, ooh.

                             (Você me deixa louco, ooh.)

— Eu te amo, Park Chanyeol. — Baekhyun proferiu quando a música acabou, sorrindo feliz para o namorado, que lhe roubou um selinho antes de abraçá-lo.

            — Eu te amo muito mais, Byun Baekhyun, amo tanto que não me vejo sem você em nenhum momento da minha vida. — Chanyeol, aproveitando que agora tocava uma música mais calma, resolveu dizer o que seu coração estava implorando pra falar. — Eu moveria montanhas só pra ver você feliz, meu amor. Eu iria do céu ao inferno se isso significasse ficar ao seu lado pra sempre. Eu te amo tanto que chega a doer. Obrigado por existir na minha vida, gracinha.

            — Chanyeol…— o menor tinha lágrimas nos olhos, o coração aquecido por ouvir aquelas palavras do outro — Eu te amo, grandão. Obrigado por ser esse pé no saco, por ser esse esquisitão, e principalmente, obrigado por ser meu eterno namorado. 

            O discurso do baixinho causou um risinho no Park, que o puxou pelo pulso o levando para fora da discoteca, parando apenas ao chegar em frente ao carro do mais novo, o qual fora virado de frente ao automóvel, sentindo suas costas ser colada no tronco forte do outro.

            — Agora, vamos embora logo pra eu realmente poder matar a saudade de você. Yoora está no hospital com a minha mãe, estamos livre — proferiu o Park, enquanto passava o nariz pelo pescoço imaculado de Baekhyun, que assentiu freneticamente e quando sussurrava um "Por favor" manhoso.

            E logo o casal já estava indo em direção à casa vazia do Park, onde se amaram durante o restante da madrugada e também por toda a manhã.

            É, 1984 pode ter começado meio ruim para Byun Baekhyun, mas foi nesse mesmo ano, que Baekhyun descobriu o que era ser livre e poder amar. Amar e ser livre junto a Park Chanyeol.


Notas Finais


Gostaria de agradecer ao @alwaysbemybaby pela betagem incrível e a @kenobyun por essa capa maravilhosa, que superou todas as minhas expectativas. Obrigada anjos talentosos.❤
E agora quero também agradecer a todo mundo que leu A Rockabilly Guy, confesso que estou meio insegura com o resultado, mas espero que vocês tenham gostado. Obrigada do fundo do meu coração por lerem e espero que vocês possam acompanhar tanto a mim, quanto a todos os escritores desse projeto incrível.


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