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História A Seleção - SasuHina - Isso realmente acontece?


Escrita por: Diamondgirl_bm

Capítulo 21 - Isso realmente acontece?





— Ela deve ter feito algo péssimo — insistiu Amy.
— Não foi isso que deu a entender — rebateu Kriss.
Tuesday puxou o braço de Kriss e disparou:
— O que ela disse mesmo?
Janelle fora mandada para casa.
Era crucial para nós entender a eliminação, porque tinha sido a primeira eliminação isolada
que não fora motivada por um descumprimento de regras. Não houve uma debandada em
massa baseada na primeira impressão nem um pedido para ir embora por medo. Ela tinha feito
algo errado, e queríamos saber o quê.
Kriss, cujo quarto ficava em frente ao de Janelle, tinha visto a garota entrar e fora a última
pessoa com quem ela conversara antes de ir embora. Ela deu um suspiro e repetiu a história
pela terceira vez:
— Ela e Sasuke foram caçar, mas vocês sabiam disso — começou, gesticulando como se
quisesse clarear o pensamento.
O encontro de Janelle era mesmo de conhecimento comum. Depois da sessão de fotos do
dia anterior, ela espalhou a notícia para quem quisesse ouvir.
— Foi seu segundo encontro com Sasuke. Ela foi a única a ter dois — comentou Bariel.
— Não, não foi — murmurei.
Algumas cabeças se voltaram para mim e confirmaram minha declaração. Era verdade,
apesar de tudo. Janelle fora a única garota a ter dois encontros com Sasuke além de mim. Não
que eu contasse.
Kriss continuou:
— Ela voltou chorando. Perguntei o que tinha e ela respondeu que ia embora, que Sasuke
tinha mandado que voltasse para casa. Dei um abraço nela. Estava tão transtornada... Depois,
perguntei o que tinha acontecido, e ela disse que não podia contar. Não entendo isso. Será que
não temos autorização para falar por que fomos eliminadas?
— Isso não estava nas regras, estava? — perguntou Tuesday.
— Ninguém falou nada a respeito — apontou Amy, e muitas outras confirmaram.
— Mas o que ela disse então? — Shion insistiu.
Kriss deu outro suspiro:
— Para eu tomar cuidado com o que falo. Depois, entrou no quarto e bateu a porta.
O salão ficou alguns minutos em um silêncio reflexivo.
— Ela deve ter insultado o príncipe — Elayna sugeriu.
— Bem, se esse for o motivo da saída dela, é uma injustiça. Maxon afirmou que alguém
neste salão o insultou na primeira vez em que se viram — reclamou Shion.
As garotas começaram a olhar em volta na tentativa de identificar a culpada, talvez com o
desejo de fazer com que ela — com que eu — fosse embora também. Lancei um olhar nervoso
para Ino, e ela entrou em ação.
— Será que ela falou do país? De política ou algo assim?
Bariel estalou a língua.
— Por favor! Imagine a chatice que estava sendo o encontro para eles começarem a falar de
política... Por acaso alguém aqui chegou a conversar sobre a administração do país com
Sasuke?
Ninguém respondeu.
— Claro que não — continuou Bariel. — Sasuke está em busca de uma esposa, não de uma
assistente.
— Você não acha que está subestimando o príncipe? — argumentou Kriss. — Ele deve
querer alguém com ideias e opiniões.
Shion se jogou para trás e riu:
— Sasuke pode muito bem administrar o país. Foi treinado para isso. Além disso, tem
equipes para ajudá-lo a tomar decisões. Por que ia querer alguém para lhe dizer o que fazer?
Se eu fosse você, começaria a aprender como manter a boca fechada. Pelo menos até que ele
se case com você.
Bariel se pôs ao lado de Shion e completou:
— O que não vai acontecer.
— Exatamente — assentiu Shion com um sorriso. — Por que ele ia se importar com uma
Três metida a inteligente se pode ter uma Dois?
— Ei! — gritou Tuesday. — Sasuke não se importa com números.
— Claro que se importa — replicou Shion, como se estivesse falando com uma criança.
— Por que você acha que todas abaixo da quarta casta já foram embora?
— Presente — eu disse, erguendo o braço. — Se acha que entende o príncipe, está errada.
— Ah, a menina que não sabe calar a boca — reclamou Shion, fingindo-se impressionada.
Cerrei o punho, pensando se valeria a pena bater nela. Seria parte de seu plano? Mas antes
que eu pudesse me mover, Tsunade irrompeu porta adentro.
— Correio, senhoritas! — ela avisou, e a tensão no salão se desfez.
Todas paramos, ansiosas para pôr as mãos nas novidades que Tsunade trazia.
— Vejamos — disse Tsunade, revirando as pilhas de cartas sem ter a menor ideia da briga
que estava se armando segundos antes da sua entrada. — Senhorita Tiny? — ela chamou,
procurando a destinatária com os olhos.
Tiny levantou a mão e foi para a frente do salão. Tsunade continuou.
— Senhorita Elizabeth? Senhorita Hinata?
Praticamente corri até ela e tomei a carta de sua mão. Eu estava faminta por palavras da
minha família. Com a carta em meu poder, fui para o canto saborear aquele momento.
"Querida Hinata,
Não vejo a hora de sexta-feira chegar. Não acredito que vai
falar novamente com Kakashi Hatake! Você é muito sortuda."
Com certeza eu não me sentia sortuda. Kakashi ia tratar de fritar todas nós no dia seguinte.
Não fazia ideia do que ele ia perguntar, mas tinha certeza de que eu ia fazer papel de idiota.
"Vai ser bom ouvir sua voz de novo. Sinto saudades de ouvir
sua cantoria pela casa. Papai não faz isso, e a casa está muito
quieta desde que você partiu. Será que podia dar um tchauzinho
para mim durante o programa?
Como vai a competição? Você tem muitas amigas aí? Chegou
a conversar com alguma das garotas mandadas embora? Papai
está dizendo que se você sair agora não será problema. Metade
das meninas que voltaram para casa já está noiva de filhos de
prefeitos e celebridades. Ela diz que alguém vai querer você se
Sasuke não quiser. Mas eu não
me importo com o que dizem. Sasuke é fantástico! Vocês já se
beijaram?"
Beijar? Acabamos de nos conhecer. Aliás, nem haveria motivos para Sasuke me beijar.
"Aposto que ele tem o melhor beijo do universo. Acho que é
uma obrigação dos príncipes!
Tenho tanta coisa para contar, mas a papai quer que eu vá
pintar. Escreva logo. Uma carta longa!
Com muitos e muitos detalhes!
Te amo! Todos amamos.
Hana."
Então as eliminadas já estavam sendo atacadas pelos ricos. Eu não sabia que ser a sobra de
um príncipe fazia de alguém um bom investimento. Circulei pelo quarto, ruminando as
palavras de Hana.
Queria saber o que estava acontecendo. Imaginava o que teria ocorrido de verdade com
Janelle. Além de estar curiosa para saber se Sasuke tinha mais um encontro naquela noite.
Queria muito vê-lo.
Minha mente começou a girar em busca de uma maneira de falar com ele. Foi quando
deparei com o papel em minhas mãos.
A segunda página da carta de Hana estava quase toda em branco. Rasguei um pedaço dela
enquanto perambulava pela sala. Algumas garotas ainda estavam enterradas nas cartas da
família, ao passo que outras compartilhavam as notícias recebidas. Depois de dar uma volta,
parei ao lado do livro de visitas do Salão das Mulheres e peguei uma caneta.
Escrevi rapidamente no pedaço de papel.
"Vossa Majestade,
Mão na orelha. Quando puder."
Saí do salão como se fosse apenas ao banheiro e olhei os dois lados do corredor. Vazio.
Fiquei ali, à espera, até que uma funcionaria surgiu com uma bandeja nas mãos.
— Com licença — chamei discretamente, mas minha voz ecoava pelo corredor.
A moça fez uma reverência.
— Sim, senhorita?
— Por acaso essa bandeja é para o príncipe?
Ela sorriu:
— Sim, senhorita.
— Poderia entregar isto a ele? — pedi, passando-lhe meu bilhete dobrado.
— Claro, senhorita!
Ela tomou o bilhete nas mãos sôfregas e continuou seu caminho com energia redobrada. Não
tinha dúvidas de que o leria assim que eu não pudesse vê-la, mas minha frase misteriosa me
deixava tranquila.
Os corredores eram fascinantes. Cada um deles era mais decorado que minha casa inteira.
O papel de parede, os espelhos dourados, os vasos gigantes com flores frescas e lindas. Os
carpetes eram luxuosos e imaculados, as janelas brilhavam e as pinturas nas paredes eram
adoráveis.
Algumas pinturas eram de artistas que eu conhecia — Van Gogh, Picasso —, mas havia
outras que não. Havia também fotos de prédios que eu já vira antes. Uma delas retratava a
lendária Casa Branca. Pelas fotos que vi e pelo que li no meu velho livro de história, o
palácio a superava em tamanho e luxo. Mesmo assim, gostaria que ela ainda existisse para
poder vê-la.
Avancei um pouco mais no corredor e dei com um retrato da família real. Parecia antigo.
Sasuke era menor que a mãe. Agora, ela parecia uma anã ao lado dele.
Desde que havia chegado ao palácio, só os vi juntos nos jantares e na transmissão do
Jornal Oficial de Konoha. Será que eram assim tão reservados? Por acaso não gostavam de ter
todas essas jovens estranhas em casa? Ficavam ali apenas pelo dever? Eu não sabia como
lidar com essa família invisível.
— Hinata?
Virei-me ao som de meu nome. Sasuke descia com pressa as escadas em minha direção.
Era como se eu o visse pela primeira vez.
Ele estava sem o paletó e com as mangas da camisa arregaçadas. A gravata azul estava
folgada em volta do pescoço, e o cabelo — quase sempre puxado para trás — agitava-se um
pouco quando ele se movia. Um contraste gritante com a pessoa de uniforme que eu havia
visto no dia anterior; Sasuke parecia mais jovial, mais real.
Gelei. Ele se aproximou e agarrou meus pulsos.
— Você está bem? O que houve de errado? — quis saber.
Errado?
— Nada, estou bem — respondi.
O príncipe soltou um suspiro de alívio que eu não tinha notado que estava segurando.
— Ainda bem. Quando recebi seu bilhete, pensei que estivesse doente ou que algo tinha
acontecido com sua família.
— Não, não. Sasuke, sinto muito. Sabia que era uma ideia idiota. É que não tinha certeza de
que você estaria no jantar e quis te ver antes.
— Bem, e para quê? — perguntou Sasuke, ainda me examinando com a testa franzida, como
que para se certificar de que eu estava mesmo bem.
— Só para ver você.
Ele ficou parado e me olhou nos olhos, admirado.
— Você só queria me ver?
O príncipe pareceu ter ficado alegremente surpreendido com minha resposta.
— Não fique tão chocado. Amigos geralmente passam tempo juntos — respondi, e o tom da
minha voz tentava expressar a obviedade daquilo.
— Ah, você está chateada comigo porque estou cheio de compromissos esta semana, não
está? Não era minha intenção deixar nossa amizade de lado, Hinata.
Ele tinha voltado a ser o Sasuke formal de sempre.
— Não, não estou brava. Só estava me explicando. Mas você parece ocupado. Volte ao
trabalho. A gente se vê quando você estiver livre.
Notei que ele ainda segurava meus pulsos.
— Na verdade, você se incomodaria se eu ficasse alguns minutos? Eles estão fazendo uma
reunião de orçamento lá em cima, e odeio esse tipo de coisa.
Sem esperar minha resposta, Sasuke me arrastou para um sofá estreito e flanelado no meio
do corredor, embaixo de uma janela. Deixei escapar uma risadinha quando sentamos.
— O que é tão engraçado? — ele perguntou.
— Você — eu disse, com um sorriso no rosto. — É engraçado saber que fica incomodado
com o trabalho. O que há de tão ruim nessas reuniões?
— Ah, Hinata! — ele lamentou, voltando o rosto para mim. — Eles só andam em
círculos. Meu pai até consegue acalmar os conselheiros, mas é difícil demais fazer os comitês
seguirem qualquer instrução. Minha mãe sempre fica no pé do meu pai para que ele dê mais
dinheiro para educação. Ela acha que quanto mais educação todos tiverem, menores as
chances de surgirem criminosos, e eu concordo com ela. Mas meu pai nunca é forte o bastante
para fazer o conselho retirar verbas de áreas que poderiam passar muito bem com menos
recursos. Fico furioso! E como não estou no comando, então minha opinião é facilmente
desprezada.
Sasuke pôs os cotovelos nos joelhos e apoiou a cabeça nas mãos. Ele parecia cansado.
Eu estava vendo um pouco do mundo dele, que ficava além de toda a imaginação. Como
alguém podia rejeitar a opinião de seu futuro soberano?
— Sinto muito. Mas veja o lado positivo: você terá mais voz no futuro — consolei o
príncipe, passando a mão em suas costas para encorajá-lo.
— Eu sei. Digo isso a mim mesmo. Mas é tão frustrante, porque poderíamos mudar as
coisas agora se eles ao menos ouvissem. — Era difícil escutar uma voz que ia em direção ao
carpete.
— Bem, não fique tão desmotivado. Sua mãe está no caminho certo, mas educação não vai
resolver nada por si só.
Sasuke levantou a cabeça.
— O que você quer dizer?
Seu tom era quase de acusação. O que era justo. Ali estava a ideia que ele vinha
defendendo, e eu a destruí. Tentei contemporizar:
— Bem, comparada à educação com os tutores fantásticos que pessoas como você têm, a
educação dos Seis e Sete é uma lástima. Acho que melhores professores e instalações fariam
um bem imenso. Mas e o que dizer dos Oito? Não é essa a casta de que faz parte a maioria dos
criminosos? Eles não recebem nenhuma educação. Se tivessem um pouco, um pouquinho que
fosse, talvez ficassem mais motivados.
Fiz uma pausa e retomei o raciocínio. Não sabia se minhas próximas palavras poderiam ser
compreendidas por um garoto que sempre teve tudo à mão.
— Além disso... Você já sentiu fome, Sasuke? Não apenas aquela fome antes do jantar, mas
fome de verdade? Se aqui não tivesse absolutamente nenhuma comida, nada para seu pai e
para sua mãe, e você soubesse que podia pegar um pouco das pessoas que comem mais em um
dia do que você vai comer a vida inteira... O que faria se sua família estivesse contando com
você? O que faria por alguém que ama?
Ele permaneceu em silêncio por uns instantes. Antes, quando conversamos sobre minhas
criadas durante o ataque, percebemos o abismo que nos separava. O tema agora era muito
mais controverso, e dava para notar que ele queria evitar a discussão.
— Hinata, não estou negando que a vida de algumas pessoas seja dura, mas roubar é...
— Feche os olhos, Sasuke.
— O quê?
— Feche os olhos.
Ele fez uma cara feia, mas obedeceu. Antes de começar, esperei até seus olhos estarem
completamente fechados e seu rosto parecer mais leve.
— Em algum lugar deste palácio está a mulher que será sua esposa.
Notei que sua boca tremeu, esboçando um sorriso de esperança.
— Talvez você ainda não saiba quem ela é, mas pense nas garotas no salão. Imagine aquela
que mais ama. Imagine sua “querida”.
A mão dele estava ao lado da minha, e seus dedos resvalaram nos meus por um momento.
Puxei a mão.
— Desculpe — ele murmurou, abrindo os olhos na minha direção.
— Fechados!
Ele deu uma risadinha e voltou à posição de antes.
— Imagine que essa garota depende de você. Ela precisa que a ame, e vocês vivem como se
a Seleção nunca tivesse acontecido. Como se você tivesse caído de paraquedas no meio do
país para bater de porta em porta em busca de alguém, e mesmo assim a encontrasse. Ela seria
sua escolhida.
O sorriso esperançoso voltou a surgir. E depois se alargou.
— Ela precisa que você cuide dela, que a proteja. E se chegasse o dia em que não houvesse
absolutamente nada para comer, a noite em que você não pudesse nem dormir porque o ronco
do estômago dela não permitisse...
— Pare!
Sasuke levantou-se de uma só vez. Deu alguns passos pelo corredor e estacou, com o rosto
virado na direção oposta de onde eu estava. Fiquei chateada comigo mesma. Não sabia que
ele ficaria tão perturbado.
— Desculpe — eu disse em voz baixa.
Ele acenou com a cabeça, mas continuou olhando para a parede. Depois, voltou-se na minha
direção. Seus olhos, tristes e cheios de dúvidas, buscavam os meus.
— É mesmo assim? — ele perguntou.
— O quê?
— Lá fora... Isso acontece? As pessoas sentem fome muitas vezes?
— Sasuke, eu...
— Conte a verdade.
Os traços de seu rosto estavam firmes.
— Sim, acontece. Sei de famílias em que pessoas abrem mão de seu prato de comida para
dar aos filhos ou irmãos menores. Sei de um menino que foi chicoteado na praça da cidade por
roubar comida. Às vezes, as pessoas cometem loucuras quando estão desesperadas.
— Um menino? De quantos anos?
— Nove — disse sentindo calafrios. Ainda podia me lembrar das cicatrizes nas costas
pequenas de Jeremy. Sasuke esticou as costas, como se sentisse ele próprio as chibatadas.
— E você — ele limpou a garganta — já passou por isso? Fome?
Baixei a cabeça, o que já era uma pista. Não queria falar com o príncipe sobre isso.
— Como? — Sasuke continuou a perguntar.
— Isso só vai deixá-lo mais irritado.
— Provavelmente — ele disse com um ar sério. — Mas agora estou percebendo o quanto
desconheço meu próprio país. Por favor, continue.
Suspirei.
— Sofremos muito. Na maior parte das vezes, chegamos ao ponto de ter que escolher se
compramos comida e ficamos sem eletricidade. O pior momento foi perto do Natal. Fazia
muito frio, então usávamos montes de roupas, mas mesmo assim conseguíamos ver nossa
própria respiração dentro de casa. Hana não entendia por que não podíamos trocar presentes
naquele ano. Em geral, nunca há sobras em casa. Alguém sempre quer mais.
O rosto de Sasuke ficou pálido, e então me dei conta de que não queria vê-lo irritado. Eu
precisava mudar o rumo da conversa, deixá-la mais positiva.
— Sei que os cheques que recebemos nas últimas semanas ajudaram muito. Minha família
sabe lidar muito bem com dinheiro. Devem ter guardado tudo para que dure bastante. Você
tem feito muito por nós, Sasuke.
Tentei sorrir para ele, mas sua expressão permaneceu a mesma.
— Minha nossa. Quando disse que só estava aqui pela comida, você não estava brincando,
estava? — ele perguntou, balançando a cabeça.
— É sério, Sasuke, está tudo bem. Eu...
Não consegui terminar a frase. Ele se inclinou para mim e beijou minha testa.
— Vejo você no jantar.
E saiu, ajeitando a gravata.
 

Sasuke me disse que me veria no jantar, mas não estava lá. A rainha entrou sozinha e encontrou todas

nós de pé ao lado das cadeiras. Fizemos a reverência enquanto ela se sentava e depois nós

mesmas nos sentamos.

Corri os olhos pela sala de jantar em busca de um assento vazio, pois imaginava que Sasuke

estava em algum encontro. Todos, no entanto, estavam ocupados.

Eu gastara a tarde inteira repassando minhas palavras. Não era à toa que eu não tinha

amigos. Estava óbvio que era péssima em cultivá-los.

Foi então que o príncipe e o rei adentraram a sala. Sasuke tinha posto o paletó, mas o

cabelo continuava uma bagunça charmosa. Ele e o pai caminhavam lado a lado. Nós nos

apressamos em levantar. A conversa de ambos parecia animada. Sasuke gesticulava para dar

destaque a suas palavras, e o rei concordava mecanicamente com a cabeça, parecendo um

pouco farto do assunto. Ao chegar à mesa, o rei Fugaku, com uma expressão severa, deu um

tapinha firme nas costas do filho.

O rosto do rei se encheu subitamente de entusiasmo quando ele ficou de frente para nós.

— Por favor, senhoritas, sentem-se.

Ele beijou a testa da rainha e tomou seu lugar ao lado dela. Sasuke, porém, permaneceu de

pé.

— Senhoritas, tenho um anúncio a fazer — proclamou.

Todos os olhos da sala se voltaram para ele. O que teria a nos dizer?

— Sei que todas receberam a promessa de que seriam compensadas por sua participação na

Seleção.

A voz dele estava repleta de uma autoridade imponente que eu só tinha ouvido de verdade

uma vez: na noite em que me deixou ficar no jardim. Sasuke ficava muito mais atraente quando

se valia da sua condição para atingir um objetivo.

— Contudo — continuou o príncipe —, houve uma nova repartição de verbas. As Dois ou

Três de nascimento não receberão mais sua bolsa. Mas as garotas Quatro e Cinco continuarão

a recebê-las, embora num valor um pouco menor a partir de agora.

Alguns queixos caíram de espanto. O dinheiro era parte do acordo. Shion, por exemplo,

parecia prestes a soltar fogo pelas ventas. Talvez porque quando se tem muito dinheiro seja

natural querer mais. E o simples pensamento de ver alguém como eu ganhando algo que ela

não teria já corroía sua alma.

— Peço sinceras desculpas por qualquer inconveniente. Amanhã explicarei tudo durante o

Jornal Oficial. Acrescento que essa situação é inegociável. Aquelas que tiverem problemas

com o novo acordo e não quiserem mais participar da Seleção podem sair após o jantar.

Sasuke se sentou e retomou a conversa com o rei, que parecia mais interessado no jantar do

que nas palavras do filho. Fiquei um pouco perturbada com o fato de minha família receber

menos dinheiro, mas ao menos ainda receberíamos alguma coisa. Tentei me concentrar na

comida, mas passei a maior parte do tempo imaginando o que tudo aquilo significava. E não

estava só. Vozes cochichavam por toda a sala.

— O que será que ele quer com isso? — Tiny perguntou em voz baixa.

— Talvez seja um teste — conjecturou Kriss. — Aposto que tem gente aqui só por causa do

dinheiro.

Enquanto escutava a conversa das duas, vi Fiona dar um cutucão em Olivia e apontar a

cabeça na minha direção. Virei o rosto para que ela não soubesse que eu tinha visto.

As garotas continuaram a levantar hipóteses, e eu a observar Sasuke. Queria chamar sua

atenção para que visse que eu estava mexendo na orelha, mas ele não olhou para onde eu

estava.


Notas Finais


amo vcs


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