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História A Seleção (Versão Camren e Larry) - O Herdeiro - Capítulo 1


Escrita por: melyssinha

Notas do Autor


Pessoal, resolvi colocar a fanfic junto aqui
Eu não escrevo a meses, sinto muito por aqueles que queriam uma continuação
Muitos não tem lido, então eu desanimei pra escrever
Se vcs ainda quiserem que eu escreva, por favor digam
Significaria muito pra mim
Gostei realmente de fazer essa fanfic

Capítulo 92 - O Herdeiro - Capítulo 1


Fanfic / Fanfiction A Seleção (Versão Camren e Larry) - O Herdeiro - Capítulo 1

ATENÇÃO, LEIAM AS NOTAS INICIAIS 



HARRY

NUNCA CONSEGUI PRENDER A RESPIRAÇÃO por sete minutos. Nem sequer por um. Uma vez tentei correr um quilômetro e meio em sete minutos depois de descobrir que alguns atletas faziam isso em quatro, mas fracassei espetacularmente quando pontadas na lateral do abdome me deixaram exausto no meio do percurso.

Contudo, há uma coisa que consegui fazer em sete minutos que a maioria das pessoas consideraria bem impressionante: me tornar rei.

Por ínfimos sete minutos cheguei ao mundo antes do meu irmão, Michael, e o trono que deveria ser dele passou a ser meu. Nossa irmã mais velha Gemma, poderia ter facilmente virado a rainha. Mas claro que isso não aconteceu. Meu pai não concordou que uma mulher deveria assumir o trono, e minha mãe concordou. Foram várias as tentativas das minhas tias Lauren e Camila de colocar Gemma como rainha. Até que minha mãe ficou grávida de mim e de Michael, então decidiram que seria mais que justo que eu fosse o rei.

O que eles não entendiam era que aquelas tentativas de tornar minha vida justa pareciam bem injustas para mim.

Eu tentava não reclamar. Afinal, tinha consciência de que era muito sortudo. Mas havia dias, às vezes meses, em que eu sentia um enorme peso nas costas. Peso demais para qualquer pessoa suportar sozinha, na verdade.

Meus irmãos tiveram sorte. Gemma se casou com o príncipe da Holanda:Calum, Michael planeja se casar com a futura rainha da França, Ashton é muito inteligente e aposto que logo achará uma noiva, Melany ainda é nova e tem liberdade para fazer o que quiser, assim como os outros. Eu que estou preso nessa obrigação.

Depois que minha mãe morreu no parto de Melany, meu pai ficou muito doente e todo o peso do reino caiu sobre os ombros da minha tia Lauren, inclusive o peso de me treinar para ser o rei.

Lauren e Camila basicamente são como mães para todos nós, principalmente para Melany, que não chegou a conhecer nossos pais. As coisas realmente se dificultaram ao passar dos anos.

Folheei o jornal e vi que outra rebelião havia ocorrido, dessa vez em Zuni. Vinte anos atrás, o primeiro ato de meu pai como rei foi dissolver as castas, e o velho sistema se desfez aos poucos, ao longo da minha vida. Eu ainda achava totalmente bizarro que no passado as pessoas vivessem marcadas por esses rótulos restritivos e arbitrários. Minha mãe era três, meu pai, Um. Não fazia sentido, até porque não havia nenhum sinal externo dessas divisões. Como eu ia saber se estava ao lado de um Seis ou de um Três? Aliás, por que isso importava?

Logo que o fim das castas foi decretado, houve comemorações por todo o país. Minha tia Lauren esperava que as mudanças já estivessem bem consolidadas depois de uma geração. Ou seja: a essa altura, as coisas deveriam se acertar de vez.

Não era o que estava acontecendo, e essa nova rebelião era a mais recente de uma série de revoltas.

— Café, Alteza? — perguntou Niall ao deixar a bebida sobre a minha mesa.

— Obrigado. Pode levar os pratos.

Corri os olhos pelo artigo. Dessa vez, incendiaram um restaurante porque o proprietário não queria promover um garçom a chef de cozinha. O garçom alegava que a promoção havia sido prometida mas nunca efetivada, e tinha certeza de que era por causa do passado de sua família.

Vendo os restos carbonizados do prédio, eu sinceramente não sabia de que lado ficar. O proprietário tinha o direito de promover ou demitir quem quisesse, e o garçom tinha o direito de não ser marcado com um rótulo que, teoricamente, já não existia.

Deixei o jornal de lado e peguei minha bebida. Lauren ia ficar irritada. Eu tinha certeza de que ela já devia ter pensado e repensado mil estratégias para tentar amenizar a situação. Mas, mesmo que conseguíssemos resolver alguns problemas, éramos incapazes de evitar cada um dos casos de discriminação pós-castas. Eram numerosos, muito frequentes e difíceis de monitorar.

Pus o café na mesa e fui em direção ao closet. Já estava na hora de começar o dia.

— Niall? — chamei. — Você sabe onde está minha camisa preta? Aquela com listras?

Ele apertou os olhos, concentrado, e veio ajudar.

Niall era relativamente novo no palácio. Começara a trabalhar comigo seis meses antes, quando o criado anterior ficou duas semanas de cama. Niall era tão atento às minhas necessidades e tão bom de companhia que o mantive.

Niall arregalou os olhos diante daquele espaço imenso.

— Talvez devêssemos reorganizar isso aqui.

— Pode reorganizar, se tiver tempo. Mas não é um projeto que me interessa.

— Não quando posso procurar as roupas para o senhor, não é? — ele provocou rindo.

— Exatamente!

Ele levou na brincadeira e, rindo, começou a vasculhar entre paletós e calças.

— Ah! Está aqui atrás! — exclamou Niall, puxando a camisa e estirando-a sobre seu braço.

— Perfeito! E você sabe onde está minha gravata verde? A borboleta.

Ele me olhou impassível.

— Com certeza vou reorganizar isso aqui.

— Você procura, eu me visto — falei, rindo.

Pus a roupa e penteei o cabelo, me preparando para mais um dia como o futuro rosto da monarquia. A combinação era casual o bastante para conferir um ar de suavidade, mas também forte o bastante para que eu fosse levado a sério. Era um bom estilo a seguir, e eu o seguia diariamente.

Olhei para o espelho e disse para meu reflexo:

— Você é Harry Styles Iglesias Jauregui. Será a próxima pessoa a governar este país. Nenhuma pessoa — prossegui — é tão poderosa quanto você.



Minha tia já estava no escritório com a testa franzida enquanto lia as notícias.

Cruzei a sala e a beijei  na bochecha.

— Bom dia.

— Bom dia. Você viu os jornais? — ela perguntou.

— Sim. Pelo menos ninguém morreu desta vez.

— Graças aos céus.

As piores revoltas eram as que resultavam em mortes ou desaparecimentos. Era terrível descobrir que rapazes foram espancados só porque se mudaram com a família para um bairro melhor, ou que mulheres foram atacadas por tentar conseguir um emprego que, no passado, era proibido para elas.

Às vezes, o motivo e as pessoas por trás desses crimes eram descobertos rapidamente, mas quase sempre havia muitas trocas de acusação e nenhuma resolução definitiva. Eu ficava exausto só de ouvir e sabia que era ainda pior para minha tia.

— Não entendo — ela disse ao tirar os óculos de leitura e esfregar os olhos. — Eles não queriam mais as castas. Nós fomos com calma, eliminamos as divisões devagar para todos conseguirem se adaptar. E agora eles queimam prédios.

— Há algum jeito de regulamentar isso? Podemos criar uma comissão para supervisionar as reclamações.

Voltei a observar a foto no jornal. No canto da imagem, o jovem filho do dono do restaurante chorava a perda de tudo. Sinceramente, eu sabia que as reclamações chegariam tão rápido que ninguém seria capaz de atendê-las, mas também sabia que minha tia não suportaria ficar de braços cruzados.

— É isso que você faria? — ela perguntou, olhando para mim.

— Não — respondi com um sorriso. — Eu perguntaria a minha tia o que ela faria.

Ela suspirou.

— Nem sempre você terá essa opção, Harry. Você precisa ser forte, decidido. Como você resolveria este incidente em particular?

Pensei um pouco antes de responder.

— Não acho que seja possível resolver essa situação. Não há meio de provar que foram as velhas castas que impediram a promoção do garçom. A única coisa que podemos fazer é abrir uma investigação para descobrir quem iniciou o incêndio. Uma família perdeu seu sustento hoje, e alguém deve ser responsabilizado. Não é com incêndios que se faz justiça.

Ela balançou a cabeça e pousou os olhos no jornal novamente.

— Acho que você está certo. Gostaria de poder ajudá-los. Mas, acima de tudo, precisamos pensar em como evitar que aconteça novamente. A situação já saiu do controle, Harry, e isso é assustador.

Lauren atirou o jornal no lixo e levantou, caminhando até a janela. Por sua postura, dava para perceber que estava tensa. Às vezes, sua função lhe trazia muita alegria, como quando visitava escolas cujas condições trabalhara sem descanso para melhorar ou quando via o florescimento de comunidades naquele tempo livre de guerras que havia inaugurado. Mas essas ocasiões se tornavam cada vez mais raras e escassas. Ela passava a maioria dos dias angustiada com a situação do país, fingindo sorrisos para os jornalistas, na esperança de que sua postura calma contagiasse a todos.

Minha tia Camila a ajudava a carregar o fardo, mas no fim das contas o destino do país recaía única e exclusivamente nas suas costas. Um dia, estaria nas minhas.

Consciente de que se tratava de uma questão totalmente fútil, eu me preocupava com a possibilidade de ficar grisalho antes da hora.

— Faça uma anotação para mim, Harry. Lembre-me de escrever ao governador de Zuni, Harpen. Ah, e escreva que a carta é para Joshua Harpen, não para o pai dele. Sempre esqueço que foi ele quem concorreu nas últimas eleições.

Anotei as instruções com minha elegante letra cursiva, pensando em como Camila ficaria satisfeita ao vê-la mais tarde. Ela costumava pegar muito no meu pé por causa da minha caligrafia.

Sorrindo comigo mesmo, me voltei para Lauren, mas logo desanimei ao vê-la coçar a cabeça, tentando desesperadamente encontrar uma solução para aqueles problemas.

— Tia?

Ela se virou para mim e, por instinto, endireitou os ombros, como se precisasse assumir uma postura forte mesmo diante de mim.

— Por que você acha que isso está acontecendo? Não foi sempre assim.

Ela arqueou as sobrancelhas e começou a responder:

— Com certeza não — disse, quase para si mesma. — No começo, todos pareciam contentes. Cada vez que removíamos uma casta, as pessoas festejavam. Apenas nos últimos anos, depois que todos os rótulos foram oficialmente apagados, as coisas saíram do controle.

Ela voltou a olhar pela janela antes de prosseguir:

— Só consigo pensar em uma coisa: quem cresceu com as castas tem consciência de que o que temos agora é melhor. Em comparação, é mais fácil casar ou trabalhar. A renda de uma família não provém de apenas uma profissão. Há mais opções quando se trata de educação. Mas aqueles que estão crescendo sem as castas e ainda enfrentam obstáculos… Acho que não sabem o que mais podem fazer.

Minha tia então olhou para mim e deu de ombros.

— Preciso de um tempo — murmurou. — Preciso dar um jeito de pausar os acontecimentos, resolver essa situação e então dar sequência ao governo.

Notei um sulco profundo em sua testa.

— Tia, não acho que isso seja possível.

Ela achou graça.

— Já fizemos isso antes. Eu lembro…

O foco de seu olhar mudou. Ela me observou por um momento. Parecia me fazer uma pergunta sem palavras.

— Tia?

— Sim?

— Você está bem?

Ela piscou algumas vezes antes de falar:

— Sim, querido, muito bem. Por que você não vai trabalhar naqueles cortes orçamentários? Podemos repassar suas ideias hoje à tarde. Preciso conversar com sua tia.

— Claro.

Talento para matemática não era algo natural para mim. Por isso, eu levava o dobro do tempo para fazer cortes no orçamento e planejamentos financeiros. Mas também recusava veementemente que um dos conselheiros de minha tia ficasse atrás de mim com uma calculadora, tentando consertar minha bagunça. Ainda que precisasse passar a noite em claro, sempre garantia que meu trabalho estivesse correto.

Claro, Michael era naturalmente bom em matemática, mas ninguém nunca o obrigava a aturar reuniões de orçamento, rezoneamento ou serviços de saúde. Ele sempre escapava ileso por causa daqueles malditos sete minutos.

Lauren me deu um tapinha no ombro antes de sair do escritório às pressas. Levei mais tempo que o normal para me concentrar nos números. Não conseguia parar de pensar em sua expressão e estava certa de que tinha alguma coisa a ver comigo.



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