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História A sobrinha de Dumbledore - O Fim


Escrita por: drsclsxs

Capítulo 39 - O Fim


Comecei a arquitetar o plano.


   - Luna e Neville, tentem chegar perto da cobra de qualquer jeito, e matem todos que tentarem impedi-los.


   Eles concordaram.


   - Hermione e Rony junto com Pansy e Draco acabem com os comensais da morte, avisem os outros professores e alunos para ajudarem vocês.


   Draco não tinha como não negar, então teve que aceitar.


   - Harry, meu pai e eu vamos ter uma conversinha com Voldemort.


   O plano estava formado, agora só tinha que acreditar para dar tudo certo.


   Nesse meio tempo quando eu estava repassando o plano, o exército de Voldemort aumentou, contendo dementadores, gigantes e outras pessoas.


   Talvez tudo já estivesse perdido... Talvez não.


   Quando ia falar uma coisa para Malfoy, ouvi o som de pisadas fortes chegando do lado de entrada. Foi quando eu olhei para o lugar e vi a professora Minerva controlando grandes estátuas que carregavam espadas e que iam lutar do nosso lado.


   Outra pessoa que apareceu foi Zabini, ele veio apoiado no professor Flitwick, quando Pansy viu ele, correu para abraçá-lo.


   - Que bom que está bem. - ela disse.


   - É. - Blaise falou.


   - Eu falei para a senhorita que cuidaria dele. - Flitwick disse sorrindo.


   Pansy sorriu.


   - Qual o plano? -  o professor perguntou olhando para o exército inimigo.


   Explicamos meu plano para ele e o mesmo concordou com tudo.


   Já estavam todos informados e prontos para a batalha. Seja o que Merlin quiser.


   Diversos dementadores vieram sem dó e nem piedade para o nosso lado, para nos atacar, e eles poderiam até conseguir isso se não fosse pelas grandes estátuas que se formaram diante de nós como uma espécie de escudo humano.


   Harry mostrava estar disposto a enfrentar qualquer coisa que viesse, eu também, seja o que for.


   Meu pai, que estava ao meu lado, olhou para mim e colocou as duas mãos em meus ombros, me fazendo prestar atenção ao que ele tinha para dizer.


   - Aconteça o que acontecer, lute, lute como se hoje fosse seu último dia de vida, porque pode ser. - ele apertou os olhos.


   Obrigada, pai, me sinto bem mais calma agora.


   Ele era horrível com discursos tranquilizantes.


   Não respondi nada, o tempo estava esgotando e a situação, difícil.


   No céu, estava se formando uma barreira gigante e luminosa que me deu a visão que tanto buscava. A visão para ver além, ver quando o inimigo se aproximar.


   E isso se deu porque os professores se juntaram para dar um proteção a mais para a escola, eles estavam espalhados em lugares diferentes e juntos sussurravam feitiços de proteção, o que fazia com que eu tivesse essa visão do que acontecia em cima de mim.


   Na ponte que separava Hogwarts dos outros locais, consegui ver finalmente dementadores correndo pelo ar esfumaçado. Atrás deles estavam os gigantes, eles podem até ser grandes e medonhos, mas sua inutilidade de correr facilita muito  para o nosso lado.


   Mas não posso deixar de lado quando o chão começou a tremer pelas pisadas fortes que eles davam no chão de pedra.


   Não podia ficar ali, junto com todos, junto com meu pai e Harry. Se Voldemort nos queria, tínhamos que nos esconder e lutar sozinhos.


   - Precisamos nos separar. - gritei tentando erguer minha voz do barulho.


   Eles apenas concordaram.


   Entrei dentro da escola de novo, passando pelos alunos desesperados e tentando não ficar igual á eles.


   Falava para mim mesma que tudo ia passar rápido e que eu mal conseguiria lembrar depois, seria uma mera lembrança que seria deixada de lado.


   Você está bem, vai ficar tudo bem.


   Olhei para o que estava vestindo, antes disso tudo começar, tinha colocado uma roupa das que eu tinha trazido de casa, essa se consistia em uma blusa com detalhes azuis com jeans na cor preta. Roupas que estavam bem sujas essa altura.


   Averiguando o lugar dos dois lados, tentei limpar minha blusa sacudindo ela enquanto colocava minha varinha no bolso da calça.


   Não tinha tempo, eu sabia disso. Quando ergui o olhar para o lado esquerdo, fios de cabelo desamarrado caíram sobre meu rosto, coloquei-os rapidamente atrás das costas e quase bobeei quando vi um homem se aproximar de mim, sem pensar duas vezes, puxei a varinha e a coloquei na mão, o lugar onde ela nunca deveria ter saído.


   - Avada Kedavra! - apontei a varinha para o homem e só o que escutei foi o barulho do seu corpo caindo inconscientemente no chão.


   Sorri comigo mesma pelo feito.


   Uma das coisas que aprendi com meu pai foi não ter pena, se é seu inimigo e quer te matar, se defenda, mate primeiro.


   Confesso que fazer a pior das maldições imperdoáveis me deu uma sensação incrível, senti toda a adrenalina tomar conta de mim, passando pelas veias e subindo até pulsar no meu cérebro.


   Tinha que prender meu cabelo se não ele pode fazer com que eu morra, me atrapalhando. Como não tinha nenhum elástico perto, decido que vou cortar.


   Vejo uma faca de cozinha no chão, perto de uma das entradas para o salão principal. 


   - Accio Faca! - sussurro.


   O objeto cortante metálico roda até parar na minha mão, cortando um pouco a epiderme, modo o dedo para não gritar com a ardência.


   Cada movimento que eu dava poderia me entregar, havia vários comensais fora do lugar onde estava, sem contar os dementadores que eram atraídos pela felicidade, embora eu não tenha motivo para esse sentimento agora.


    Sempre quis que o meu cabelo fosse pequeno, na altura do ombro, acho que ficaria muito bom. Minha família sempre dizia que preferia ele longo, me comparavam com a Rapunzel das histórias de princesas dos trouxas, por nosso cabelo ser louro e grande.


   Bom, ela também teve seu cabelo cortado no fim. A diferença é que o meu nunca vai deixar de ser loiro, ao menos que eu pinte, o que -pensando no dia em que pintei as mechas junto com Pansy- nunca mais quero fazer.


   Coloco a varinha no bolso novamente, pego todo o meu cabelo com a mão esquerda, segurando e torcendo para que fique legal, e com a mão direita segurei a faca na altura exata que eu queria.


   Com um único movimento, cortei todos os fios o mais rápido que pude, alguns ficaram maiores que outros, mas eu não liguei, estava ocupada demais reparando no peso que meu cabelo grande fazia na minha cabeça. Agora com o cabelo curtinho, me senti bem mais leve.


   Jogo a faca e os fios que caíram sobre mim no chão, fugindo de onde estava.


   A escola estava irreconhecível, os corredores estavam com o teto faltando e com as paredes quebradas, de vez em quando eu conseguia ouvir a barulho de teto desabando quando eram lançados feitiços neles.


   Brigas e tumultos eram ouvidos em todos os andares acima. Em cada pisada que eu realizava, tinha medo do chão desabar e eu acabar caindo nas masmorras onde já estava tudo evacuado.


   Não facia ideia de onde meus companheiros estavam, mas eu torcia para que estivessem tudo menos mortos. E isso também me incluía, fiquei tanto tempo pensando nas mortes deles que deixei de lado totalmente que eu também posso morrer, que eu também posso deixar eles e deixá-los chorando por mim.


   Se morresse hoje, seria lembrada por ter lutado bravamente e é isso que importa.


   - Aqui está ela! 


   Ouço uma voz atrás de mim e deixo meus pensamentos de lado. Era Neville.


   - Pelo amor de Merlin, achei que estivesse morta. - agora quem falava era Hermione.


   - Como está lá fora?


   - Complicado. - ela diz observando meu corte de cabelo novo, mas não disse nada sobre. - Ele disse que quer lutar com você.


   Não ia batalhar com Voldemort de jeito nenhum, não tinha nenhuma chance contra ele.


   - E por quê? - tento esconder meu espanto.


   - Não sei, ele disse que não vai descansar até você ir até lá.


   Filho da puta.


   - Certo, me leve até ele.


   Ela me guiou até o lado de fora, a lua já estava alta no céu, junto com as estrelas. Comensais passavam por nós, mas não nos atacavam. No meio do caminho, Neville saiu de perto de nós para procurar a cobra que não estava mais ao lado de Voldemort.


   Falando no diabo, ele tinha visto minha presença assim que eu comecei a caminhar com minha varinha sempre em mãos para o caso de alguma coisa dar errado.


   Ele sorriu, um sorriso satisfeito que me fez arrepiar.


   - Ninguém toca nela. - ordenou.


   - O que você quer? - gritei.


   Todas as pessoas presentes nos olharam confusos, alguns nem deviam saber o grau de parentesco que tínhamos entre nós, outros apenas queriam ver como seria nossa batalha.


   Estávamos em uma distância boa, se ele decidisse me atacar não ia conseguir.


   - Minha querida sobrinha, quero que se junte á mim.


   - E por que eu faria isso? - respondi na hora.


   - Você não vê? - ela apontou para os alunos morrendo, pessoas que se juntaram a mim e que agora estavam mortas por minha causa. - Seu lado está perdendo.


   Engoli em seco.


   - Saia de perto deles e deixe que morram, venha para o meu lado, o lado mais forte. - ele faz uma pausa. - Seria de boa ajuda ter você aqui, não sei se comentei, mas você é poderosa.


   - Comentou sim. - debochei. - Não sei se ouvi direito, mas você está praticamente necessitando da minha ajuda. Já entendi tudo.


   Ele se calou, uma onde de irritação e medo passando por seus olhos de cobra.


   - Querem meu poder porque vocês estão enfraquecendo, prestes a cair, e querem que eu sirva de base para que esse seu plano nojento dê certo. - apoiei todo o peso do corpo no pé esquerdo. - E a resposta é não. - sorri.


   Agora que vi ele se rebaixar para me ter no grupo, me senti mais poderosa, talvez eu até seja mesmo.


   - Você não sabe de nada. - vociferou ele.


   - E digo mais. - apontei o dedo indicador para seu exército. - Todos esses idiotas de merda só te seguem por medo ou porque foram enfeitiçados, não por lealdade.


   - Cale a boca.


   - Se renda tio. - usei o termo com a intenção de irritá-lo ainda mais. - Sabe que perdeu.


   - Nunca. - ele se aproxima.


   Não vou recuar, não agora, eu tenho que lutar.


   E se precisar lutar com ele, é isso que vou fazer, com ou sem ajuda. Porque é por culpa dele que Aberforth, Ariana e Dumbledore estão mortos, então sua morte vai ser pelas minhas mãos.


   Ele decidiu matar minha família, e por quê? Só para descobrir a localização onde meu pai estava e me chamar para lutar ao seu lado. 


   Harry correu e ficou na minha frente, me protegendo.


   - É a mim que você quer, então me leve. 


   Voldemort parou.


   - O que você está fazendo? - perguntei indignada.


   - Se sou uma horcrux mesmo, - ele sussurrou olhando para mim. - Tenho que morrer para ele poder morrer.


   - Não!


   Ele ia se sacrificar para manter todos rm segurança. Harry Potter ia morrer para salvar o mundo bruxo.


   - Mate ele. - me ordenou quando viu as lágrimas encherem meus olhos. - Destrua todas as horcruxes e depois mate ele, se você matar, eu também estarei matando.


   Não demorou muito para Rony e Hermione entenderem tudo e chegarem para abraçar o amigo.


   - Ora, ora, ora, finalmente se rendeu Potter, esperei tanto por esse momento. 


   Depois que ele se despediu de todos, Voldemort o carregou para a floresta proibida, queria que a morte dele fosse lá por algum motivo. Ele pediu para que Lucius tomasse conta das coisas enquanto ele matava Harry.


   Não conseguia imaginar o que Potter deveria estar pensando, o que se passava em seus pensamentos. Ele ia morrer, pelas mãos do caro que tentou matar ele desde o início e que agora vai conseguir.


   Por outro lado, o que Harry fez foi bom, ele nos deu mais tempo para caçar a tal cobra, o que desejamos ser a última parte da alma que falta ser destruída.


   E parece que Neville também estava pensando na mesma coisa que eu, pois quando Voldemort saiu de cena, ele veio correndo até mim.


   - Temos que...


   - Eu sei, a cobra. - falei me apressando.


   - Mas os comensais, eles não vão deixar a gente entrar no castelo.


   - Eu sei, temos que fazer algo para distraí-los. 


   A professora Minerva veio até mim.


   - A gente pode atrasá-los para vocês, se quiserem. - ela se ofereceu. - Os outros professores e alunos.


   - Certo, tomem o máximo de cuidado, a última coisa que queremos é mais mortes.


   Ela concordou me abraçando.


   Me lembrei de um dos primeiros dias na escola, um que ela me abraçou desse mesmo jeito, só que antes era para me dar boas vindas, e agora era para me confortar, dizer que ia dar tudo certo.


   E assim foi, todos os professores e alunos permaneceram no lugar enquanto a minha turma desaparecia lentamente da visão dos comensais, é óbvio que eles sentiriam nossa falta, mas até lá já estaremos bem longe.


   - OK, agora só temos que pensar onde uma cobra se esconderia, ou onde Voldemort achou que era melhor mantê-la para ficar segura.


   - Câmara secreta? - sugeriu Draco, ele também tinha vindo com a gente.


   - Não, a gente veio de lá, teria visto ela vagando por aí.


   - No último andar? Ou algum dos andares mais acima. - dessa vez foi Neville quem sugeriu a ideia.


   - Pode ser, mas o castelo é grande, se formos procurar em todos os cantos, vamos demorar horas. - falei.


    Pansy também estava junto com a gente nessa caçada, Hermione, Luna e Ron ficaram para tentar distrair junto com os outros. Então estavam somente Neville, Pansy, Draco e eu nessa.


   Neville começou a falar.


   - A gente tem que se dividir. - ele olha para mim perguntando se ele pode assumir a liderança, falo que sim. - Vocês duas procuram no sexto e sétimo andar, eu e Draco olhamos no quinto e quarto, depois nos encontramos para ver os outros.


   É incrível ver que Neville finalmente superou e que agora não tem mais medo de Draco, mas também, Malfoy está demonstrando ser mais legal com todo mundo, como uma espécie de redenção.


   Todos concordaram com o novo plano de Longbottom. Pansy me puxou para corrermos pelas escadas até o sétimo andar, as escadas mágicas se movimentavam com dificuldade e algumas estavam até quebradas.


   - Cuidado! - falei quando Pansy quase caía da escada, por impulso segurei a mesma, puxando ela de volta.


   - Obrigada. - ela riu de si mesma pela burrice.


   A gente podia estar prestes a morrer, mas seu sorriso ainda parecia de quando estávamos planejando a festa do pijama e ela pintava meu cabelo.


   Quando chegamos nos corredores ela me olhou de uma forma diferente que fez arrepiar todos os cabelos da minha espinha.


   - Você ficou bonita com esse corte de cabelo. - ela disse começando a encarar o chão. - Mais do que já é.


   Nunca sei como agradecer elogios inusitados, merda!


   - Obrigada. - falei sem jeito enquanto passávamos pela torre de astronomia, aquele lugar me dava arrepios por causa dos últimos acontecimentos.


   Lembrei de como Draco estava disposto a me deixar e se suicidar bem na minha frente. Babaca.


   - O que usou para cortar? - ela perguntou passando os dedos pelos fios do meu cabelo.


   - Vi uma faca no chão e peguei, se continuasse com meu cabelo grande, poderia me atrapalhar na luta.


   - Inteligente.


   Pansy estava com um brilho novo no olhar, seus olhos cintilavam quando ela os virava para mim. Era magnífico.


   Senti uma coisa diferente, senti que devia fazer uma coisa da qual me arrependeria muito depois.


   Mas a gente ia morrer mesmo, que se foda.


   Estávamos encerrando a procura pelo sétimo andar quando eu me viro para a garota do meu lado e a empurro contra a parede segurando seus braços por cima da cabeça.


   Ela me olhou assustada, e isso só piorou quando eu levei minha boca até a dela. Depois de alguns segundos, Pansy separou nossas bocas e ficou respirando forte.


   - Desculpa, eu não sei o que me deu. - falei levando as mãos até a cabeça.


   - Cala a boca. - ela levou o indicador até meus lábios enquanto segurava meu maxilar, e mais uma vez nossas bocas estavam coladas.


   Seus lábios eram macios e frios, diferente de qualquer outra coisa que eu tenha experimentado, me veio a lembrança de quando nos beijamos pela primeira vez na festa do pijama, o mesmo sentimento, as mesmas sensações.


   Nunca senti atração por nenhuma garota antes, mas Pansy me mostrou que eu estava errada. Sentia algo por ela sim, mas eu ainda estava tentando entender esse novo mundo. Nunca pensei que gostava de garotas e de garotos ao mesmo tempo, vivi com esse pensamento até hoje... até agora onde estava engolindo a porra da boca de uma garota.


   Ergui ela colocando suas pernas em torno da minha cintura, a mesma soltou um som baixo quando sentiu o calor do meu corpo contra o seu.


   Ela alternava as mãos do meu rosto para o meu cabelo, e depois para minhas costas, me arrepiando por inteira.


   Eu ainda a imprensava na parede pela minha cintura, me fazendo maior que ela.


   Tudo aconteceu tão rápido; a sincronia de nossas bocas juntas, os movimentos da sua mão explorando meu peito, o toque doce do seu corpo passando pelo meu, minha respiração entrecortada.


   Em um piscar de olhos, eu já tinha colocado Parkinson de volta ao chão e me jogado na parede ao seu lado.


   - Que porra foi essa? - ela perguntou começando a rir.


   - Não faço a mínima ideia. - me juntei na risada.


   Pansy olhou para mim enquanto parava de rir, senti que ela conseguia observar minha alma ou saber o que eu estava pensando só pelo olhar intenso.


   Fiquei sem graça exatamente como previ que ia acontecer, minhas bochechas ardiam e meu corpo ansiava por mais. Se ela fosse capaz de ler minha mente, veria tanta coisa proibida.


   - Eu gostei. 


   Me segurei para não voltar a fazer.


   - Também.


   Seria cômico se não fosse trágico. Duas garotas se pegando no corredor enquanto uma guerra que pode decidir o rumo de suas vidas acontece lá fora.


   - Vem, temos uma missão a fazer. - eu puxo ela.


   Tento afastar todos os pensamentos e me concentrar no agora, no que eu tenho que fazer. Voldemort ainda está vivo e está com Harry na floresta proibida, não deve demorar muito para Harry morrer. 


   Fico triste com essa última parte.


   - O que a gente fez? Está errado, muito errado. - ela falou como se adivinhasse meus pensamentos.


   - Sim! - concordei andando mais depressa.


   - No meio de uma guerra caralho.


   - E possivelmente com o Harry morto. 


   Ela abaixa a cabeça, tinha se esquecido dessa parte.


   Descemos até o sexto andar e procuramos em cada sala -até nas destruídas- para encontrar a maldita cobra.


   Vasculhamos as ruínas do que antes era a escola e nada. O tempo já esta curto, podia sentir, podia ver que logo logo o sol ia nascer.


   Enxugo todo o suor em minha testa enquanto penso o pior. E se não der certo? E se todo mundo morrer? Se bem que ele não me mataria, mas mataria todos os meus amigos e meu pai.


   Não valia a pena arriscar tudo, 


   Até que eu a avisto, andando livremente enquanto entra em um buraco construído por uma das explosões.


   - Ali. - sussurro para Pansy.


   Tento me aproximar sem que Nagini veja, mas é impossível. Essa cobra é diferente de todas que já conheci, não conseguia me comunicar com ela.


   Eu tentei, tentei falar para ela que não tinha porque ter medo, que a gente era do bem, ou que não precisava nos atacar. Mas como eu sou burra, é claro que ela só responde ao dono.


   Em vez da cobra continuar o que estava fazendo, ela se aproximou de nós, seu tamanho era enorme, o que só somou para eu começar a ter um ataque de pânico.


   Pansy me olhou como se eu tivesse que fazer alguma coisa, mal sabe ela que eu já fiz e que não adiantou nada.


   - Não consigo falar com ela. - falei me justificando.


   - E agora?


   - Corre.


   Quanto mais eu olhava para trás, mais eu via ela chegando perto, tão perto a ponto de dar o bote.


   As pisadas se tornaram fortes e o vento escasso, estava tão difícil de respirar que tive que dar uma pausa e me recompor.


   Entrei em uma das salas acompanhada por Pansy, acho que enganamos a cobra quando mostrei virar para o lado esquerdo e acabei virando no direito. Agora eu estava apoiada na parede da sala enquanto massageava o peito para encontrar ar.


   - O que você está fazendo?


   - Tomando um pouco de ar. - falei como se fosse óbvio. - Você deveria experimentar às vezes.


   - Chega de gracinhas, é pela nossa vida que estamos correndo.


   - Eu sei, mas não vai adiantar de nada se eu estiver cansada. Não vou conseguir correr.


   Ela fez um barulho de impaciência, não a culpo, se fosse ao contrário eu também teria essa mesma reação.


   - Ouviu isso? - perguntei.


   - O quê?


    Fiz sinal para ficarmos em silêncio, observei a sala com mais atenção, depois que percebi que eu a conhecia, era onde ensinavam Arimancia, uma matéria ridiculamente patética. 


   Pansy ainda me olhava sem entender nada. Foi só quando ela ouviu o barulho que me entendeu.


   O barulho vinha do lado de fora e parecia mais com pedras quebrando pelas pisadas de alguém.


   A sala estava pouco iluminada, então não deu para ver quando um animal se materializou do meu lado.


   - Pansy. - minha voz falhou. - Me diz que não é a cobra que está atrás de mim.


   Ela olhou para trás assustada, só pelo seu rosto dava para saber a resposta.


   Me arrisquei a olhar para trás, foi quando eu vi, parada na minha frente estava Nagini. Comecei a gritar sabendo que não adiantaria de nada.


   A cobra parecia pronta para dar o bote quando uma espada entrou no meio e a cortou bem na jugular. Observei seu corpo cair para o lado enquanto minha cabeça explodia.


   Um líquido de sangue misturado com uma gosma verde banhou meu rosto inteiro e tentei enxugar com o cotovelo.


   Tudo aconteceu tão rápido, por um momento achei que era o fim, que tudo ia acabar quando a cobra começasse a me picar enquanto me assistia morrer lentamente. E no outro eu estava salva, com os cabelos encharcados de sangue de cobra e aliviada por ter sobrevivido.


   Senti minha pressão baixar e comecei a suar frio, achei muito que ia desmaiar, mas me mantive firme. Não é a primeira vez que isso acontece, senti essa mesma coisa na aula de DCAT quando mataram uma cobra na minha frente, acho que tenho alguma coisa ligada á elas. 


   Naquele dia eu desmaiei, hoje não. Foi mais fraco.


   - Tudo bem? - pergunta uma voz vindo até a gente.


    Respirei fundo e me levantei.


   As pisadas que ouvimos mais cedo eram as de Neville e Draco, eles dois tinham nos ouvido gritar da primeira vez e nos acharam antes de tudo dar errado.


   - Tudo. - respondi passando a mão pelo cabelo.


   Virei meu olhar para as duas figuras masculinas na minha frente, a primeira era a de Draco segurando sua varinha enquanto limpava um pouco de sangue de sua sobrancelha. E a outra figura era a de Neville empunhando uma grande espada de metal, essa que ele limpava com a própria mão depois de ter decapitado o réptil.


   - Neville. - minha voz saiu rouca e baixa. - Onde conseguiu isto?


   - Não vai acreditar, eu vi ela brilhar dentro do chapéu seletor, ela não estava lá antes, apareceu para mim.


   Fiquei confusa, mas achei melhor deixar para lá. O importante é que ele foi capaz de matar a cobra e agora está tudo bem.


   - Toma. - Draco me deu um pano para secar meu cabelo.


   - Obrigada.


   - Vem, vamos descer. - a voz de Pansy ecoou pela primeira vez naquela conversa, isso porque ela estava tão pasma com tudo o que aconteceu.


   Depois de todos terem saído da sala, Malfoy se aproximou e ficou do meu lado.


   - Ei, você está bem?


   Olhei bem para ele.


   É estranho eu não ter pensado nenhuma vez nele desde que nos separamos? É estranho eu não me sentir culpada por ter beijado Pansy enquanto a gente estava "reatando"?

Não pensei nele nem por um minuto sequer.


   - Agora estou. - falei desviando o olhar para o corredor em que passava.


   Ele sorriu.


   - Que bom.


   Não tinha o porquê eu contar o que aconteceu no corredor do sétimo andar, a gente não tinha mais nada juntos. Fiquei calada.


   - Foi por pouco. - Neville suspirou. - Mas agora temos que matar de vez Voldemort.


   Ele nunca tinha falado o nome dele em voz alta, acho que se tornar o herói fez do Longbottom uma nova pessoa.


   Naquela altura Harry já estava morto, tinha certeza disso. Me massacrei muito por não ter ajudado a salvar sua vida, por não ter batalhado junto com ele, quem sabe assim ele poderia ter sobrevivido.


   Desci todas as escadas pensando nisso. Chegando no hall de entrada, todos os alunos nos olharam, e outras pessoas também.


   Avistei Hagrid pela primeira vez desde que a batalha começou, meio que estava sentindo falta dele, ele estava acorrentado nos pés e trazia um corpo nas mãos que parecia muito com Harry.


   Mais à frente, Gina Weasley gritou um "não" ao avistar o namorado morto, aquilo fez doer minha alma.


   Consigo imaginar a dor que ela sente, a dor que é perder alguém importante.


   - Vejo que você não conseguiu vigiar esses pirralhas, Lucius. - Voldemort disse. - Você não serve nem para isso.


   Voldemort estava mais feio e acabado e demonstrava estar fraco demais para sequer ficar em pé. A morte de Nagini fez alguma coisa afinal.


   - É que eles desapareceram Mi Lorde, me desculpa.


   Voldemort olhou para Bellatrix que ainda estava ali, não tinha abandonado ele como as outras pessoas fizeram.


   - Mate ele. - ordenou para ela.


   A mulher sem pensar duas vezes fez o que seu chefe mandou. Ela matou Lucius Malfoy bem na minha frente e na de Draco, mas a única coisa que eu senti foi alívio, odiava aquele homem.


   Draco encarou a tia enquanto ela ria sem parar, não consigo dizer o que ele está sentindo, mas sei que tristeza não é.


   - Ele fracassou, por causa dele essas crianças fugiram e mataram Nagini.


   Tentei conter o sorriso que se formava no meu rosto.


   Do outro lado do pátio, meu pai avançou em direção ao irmão.


   - Esperei tanto por esse momento, o momento em que ia me vingar de você de uma vez por todas.


   - Irmão. - suplicou Voldemort num sussurro. - Me ajude.


   - Hm, acho que não.


   Depois que ele disse isso, os diversos comensais e pessoas que seguem Voldemort começaram nos atacar. Uma nuvem de poeira surgiu em torno dos dois lados da batalha.


   Então uma coisa diferente aconteceu, Harry pulou dos braços de Hagrid, deixando ele e todos nós assustados. Como assim ele sobreviveu? De novo?


   - Puta que pariu. - Pansy fala baixo enquanto desvia dos feitiços. - Como isso é possível?


   - Não sei, mas o bom é que ele está vivo. 


   Entramos definitivamente em guerra, comensais atacavam de diversos lados e o pessoal do nosso lado devolvia tudo na mesma moeda. Eu tentava apenas desviar, não revidava pois estava longe demais, não sei se eu acertaria.


   Até que Bellatrix me viu entre a multidão.


   - Arabella, não é? Se lembra de mim? Do dia da festa.


   - Impossível não se lembrar da fugitiva de Askaban. - cuspi as palavras.


   - Como sabe disso? - ela parecia surpresa. - Ah deixa pra lá, não importa.


   Ela andava mais para perto de mim, atravessando todas as outras pessoas que brigavam, nenhuma -por incrível que pareça- a acertou.


   - Como será perder um olho? - ela falou olhando para cima.


   - Quê? 


   - Ah. - ela riu. - Pensei alto demais.


   Detestava a risada dela, mas como ela não estava me atacando, achei melhor deixar assim.


   - Só quero conversar, relaxa. - ela ergueu as mãos para o alto em um símbolo de paz.


   - Não tenho nada para conversar com você.


   - Que pena. - ela pegou a varinha.


   Por impulso, peguei a minha também.


   - Não se aproxime. - falei segurando a varinha como se fosse uma faca.


   Ela não parecia intimidada.

   

   - Se não o quê? Vai me matar?


   - Não queira descobrir.


   Murmurei uns dois feitiços para matar ela só que a mulher desviou dos dois. Maldita.


   Os feitiços acabaram acertando em dois homens. Pelo menos eram comensais.


   - Vai ser assim? Certo então.


   Bellatrix lançou um feitiço novo, um que eu não conhecia, um de luz verde-amarelada. Um que fez com que ela me controlasse.


   Imperius.


   Senti suas palavras na minha mente, me controlando e me movendo para fazer qualquer coisa que ela quisesse.


   - Enfie sua varinha no olho esquerdo. - ela sorriu, ansiosa para ver isso.


   Ela estava brincando comigo.


   Inconscientemente, saquei minha varinha e a enfiei no olho o mais forte que eu consegui, suficiente para perder a visão, suficiente para a dor ser insuportável.


   Mas não sentia dor nenhuma, tudo parecia um mar de rosas, um sonho onde eu estava feliz e que meus maiores sonhos se tornavam realidade.


   Era uma sensação maravilhosa. senti que flutuava nas nuvens, que todos os meus pensamentos pessimistas desapareceram suavemente, deixando apenas uma felicidade vaga e inexplicável.


   Estava sorrindo, mesmo com o olho ensanguentado. Sangue jorrava e caía pelas minhas bochechas e eu não sabia o porquê.


   Acho que alguém me encontrou e me começou a me olhar assustado. Não entendi nada.


   - Arabella, seu olho! Por merlin.


   - O que disse? - perguntei lentamente.


   Agora eu estava pulando em uma piscina, sentindo a água fria percorrer meu corpo. Era bom.


   Bellatrix não estava mais ali.


   Depois que toda a sensação boa passou, senti vontade de gritar.


   Coloquei as duas mãos no olho, uma sensação de dor excruciante me atingiu, me coloquei no chão enquanto gemia de dor.


   Minha mão estava lotada de sangue, e mais sangue pingava no chão, fazendo uma poça enorme.


   - Vagabunda. - disse uma voz conhecida.


   Era meu pai que estava na minha frente enquanto eu era controlada.


   Eu precisava de um médico, precisava de alguém para fazer um curativo. Mas não tinha ninguém, estávamos no meio de uma guerra e eu perdi a porcaria do meu olho esquerdo.


   Corri o mais rápido que pude indo para dentro do castelo, observando mais pessoas morrerem na minha frente.


   A dor era parecida com uma dor de cabeça, só que na frente e atrás do olho. Mais sangue caía, encharcando minha bochecha esquerda e indo em direção ao pescoço.


   Minha íris inteira foi afetada, estava amassada, achatada, destruída. 


   Ai meu Deus, aquilo não estava acontecendo, por favor me diz que não está acontecendo.


   Comecei a me desesperar quando vi que não tinha como limpar todo aquele sangue e que não tinha ninguém para tratar a questão.


   - Porra, o que aconteceu com você?


   Pelo meu olho direito, vi apenas a cor de cabelo platinada e deduzi logo ser Draco.


   - Draco, por favor me mata.


   - Não! - ele se assustou com o que eu pedi.


   - Eu não aguento mais sentir essa dor insuportável. Me mata logo.


   - Sabe que não vou fazer isso.


   - Então eu vou me meter naquela merda de guerra e vamos apostar em quanto tempo eu sobrevivo. - ameacei.


   - Vou procurar pela Madame Pomfrey. - ele saiu.


   - Volte aqui. - tentei pegar em seu braço e o forçar a ficar, mas ele foi mais rápido.


   Meu olho afetado começou a latejar e a inflamar pelo contato com a varinha. O objeto estava sujo, então deve ter contaminado.


   Não sei se aguentaria mais, a tontura e dor de cabeça estavam tomando conta de mim, eu ia desmaiar se alguém não fizesse algo logo.


   Depois de alguns minutos passarem, Draco chegou com Pomfrey, Hermione e Pansy também estavam juntas deles dois.


   - Faz alguma coisa logo! - exclamou Granger segurando minha mão. 


   Já tinha perdido tanto sangue que estava começando a agir como se estivesse anestesiada.


   - É verdade que Harry está vivo? - perguntei mudando de assunto.


   - Parece que sim. - respondeu.


   - Que louco, não é?


   Pomfrey pediu para que dois alunos me carregassem em direção de sua sala no andar térreo, que torci para que não estivesse destruída.


   Chegando lá, avistamos a ala hospitalar intacta, como se estivesse com algum tipo de proteção anti-bombas ou algo do tipo.


   Pomfrey demorou alguns segundos para arrumar tudo; poções, gazes, água e até alguns comprimidos trouxas.


   - Tudo pronto, coloquem ela aqui. - ela disse apontando para uma maca que coincidentemente foi a que eu fiquei quando desmaiei pouco antes de acontecer todo aquele rolo de voltar no tempo.


   - Vão, rápido! - ouvi a voz de Parkinson soar firme e forte pela grande sala. 


   Será que ela me ama? Mas nada vai adiantar se eu morrer agora e não saber a resposta.


   - Você me ama? - perguntei grogue enquanto era depositada na cama. Ninguém sabia para quem era a pergunta.


   - Quê? - perguntou a doutora.


   Não insisti na pergunta. Para mim, se eu falasse demais, ia ficar cansada.


   Depois de todo esse tempo, minha mão esquerda ainda tentava segurar o sangue que já saía seco e escuro no meu olho. Minha mão estava dormente, todo meu corpo estava.


   - Certo, vamos ver esse olho aí. - ela tentou tirar meu olho, mas eu não deixei. - Está tudo bem, pode tirar a mão.


   - Promete que vai cuidar direitinho?


   Ela riu do meu tom de voz igual de uma criança. 


   - Prometo.


   Então eu cedi, tirando a mão e a enxugando nos panos que Pomfrey me deu. O pano que era branco, se tornou vermelho num segundo.


   Tentei deixar para lá os sons de sustos que vieram da boca das pessoas  na sala e da própria Pomfrey.


   Ela mexeu em alguns objetos cortantes, acho que estava os esterelizando para usar em mim. Me apavorei internamente.


   Você perdeu um olho Arabella, qualquer coisa que acontecer será minimamente indolor do que essa situação, disse para mim mesma.


   Você é corajosa, você vai deixar essa mulher fazer o que tem que fazer para limpar esse sangue e parar com esse dor de uma vez por todas.


   Ela começou a limpar o sangue com um pano que cheirava a álcool puro, o que fez minha pele arder com o contato. 


   Enquanto ela tirava todo o sangue de perto para começar o trabalho, eu não tinha muita escolha se não olhar para o teto com a visão do olho direito.


   - Quem fez isso com você? - um dos garotos questionou me olhando.


   - Bellatrix. 


   Minha voz saiu perigosa, falar o nome daquela vadia me fazia arder de ódio em todos os lugares possíveis.


   Odiava ela, por ter a audácia de me controlar e fazer com que eu mesma me ferisse enquanto achasse que estava no paraíso.


   - Vou acabar com ela. 


   Uma pessoa entrou correndo na sala e por um momento achei que era um comensal da morte, mas era apenas Rony.


   - Não precisa, ela já está morta.


   Um sentimento de alegria e euforia me invadiu. Bellatrix estava morta.


   - Quem a matou? - perguntei.


   Precisava saber para agradecer a pessoa depois.


   - Minha mãe, ela a matou quando a mesma ameaçou matar a Gina, vocês deviam ver a frase que ela falou, foi icônica.


   Nunca fui próxima da mãe de Rony, deve ser porque nunca fui próxima de Rony e dos outros Weasley a ponto de passar na casa deles.


   Pomfrey terminou de limpar tudo e depois me deu uma poção para dor, depois me emprestou um espelho quebrado para eu olhar o resultado.


   Estava tudo tão feio.


   O que era meu globo ocular virou um buraco fundo e escuro onde não se via mais minha pupila azul, a parte branca do olho estava totalmente vermelha, como se ainda estivesse saindo sangue, mas na parte de dentro.


   No que tinha se tornado meu olho?


   Não consegui acreditar no que estava vendo, eu parecia um monstro, uma coisa estranha e inanimada. Com raiva, joguei o espelho longe, fazendo com que ele se quebrasse ainda mais.


   Por um momento, esqueci que não estava sozinha na sala. Todos os que estavam presentes olhavam para o meu olho como se sentissem pena de mim, como se eu tivesse ficado mais indefesa porque perdi a metade da visão.


   - Por favor, parem de ter pena de mim. Isso é deplorável.


   Todos viraram o olhar no mesmo instante em que disse isso.


   Do outro lado da sala, Pomfrey vinha trazendo uma caixinha pequena.


   - Você vai ter que usar um tampão de olho, acho que não vai querer sair por aí desse jeito.


   Não, eu não queria. Mas mesmo assim doeu quando ela falou isso.


   Peguei a caixinha das mãos dela e abri, dentro tinha uma venda bordada na cor preta.


   Fiquei me perguntando o porquê dela ter esse tipo de coisa ali.


   - É lindo! - Draco disse. - Vai ficar lindo em você.


   Ele tinha se aproximado mais de mim para ver, e agora estava passando a mão pelo meu cabelo, aquilo me tranquilizou.


   Não falei mais nada enquanto colocava a venda em cima do olho e escondia o que agora era a pior parte de mim.


   - Parece que temos uma pirata entre nós.


POV: Timothy Riddle


   Estava preocupado demais com Arabella, mas nada ia se resolver se meu irmão não morresse logo. Eu tinha que ver ele morto, eu precisava disso para assim ir ver como estava minha filha.


   Ele estava encostado em uma parede, fraco demais. Era só chegar e lançar um único feitiço, mas eu não sei se daria certo.


   Não sei se eu era capaz de destruir ele, mas sabia de alguém que era capaz.


   - Potter!


   Harry andava vivamente do meu lado, como se nunca tivesse morrido.


   - Senhor?


   - Depois você pode me contar essa história de ressurreição que aconteceu na sua vida, mas agora poderia me ajudar a matar esse desgraçado? Acho que eu não conseguiria sozinho.


   - Vamos.


   Quando chegamos perto, comensais vieram para cima de nós, mas conseguimos desviar e acertá-los. 


   Agora o caminho todo estava livre, os homens que antes eram aliados de Voldemort ou morreram ou abandonaram a luta. Ele estava sozinho.


   - Veio me derrotar suponho. - ele falou.


   - Claro que não, vim apenas conversar. - disse.


   - Eu teria sido um bruxo das trevas impecável se não fosse por esse moleque e toda a sua turminha. - ele apontou para Harry.


   - Você causou a morte de tantas pessoas, pessoas queridas para mim e para os meus amigos, tudo por sua culpa! 


   Voldemort riu.


   - Agora está encurralado, se renda.


   - Não, se quiser me matar vai em frente, mas eu não vou me render, é um gesto de pessoa fraca.


   - Você poderia ter sido melhor se não tivesse se juntado a esse mundo das trevas, se não tivesse esse gosto peculiar pela morte. - falei me lembrando do garotinho com quem brincava aos quatro anos de idade. - No que você se tornou?


   Ele me olhava como se também lembrasse.


   Sua pele de cobra estava começando a derreter, era horrível pensar no quanto ele insistiu em beber sangue de unicórnio por anos para se tornar imortal. Tudo para conseguir essa imortalidade que agora não vai salvá-lo de nada.


   - Não te reconheço mais, o Tom riddle morreu quando você decidiu criar sua primeira Horcrux, aquele diário que tentou impedir de que eu descobrisse.


   - Mas irmão-


   Me enfureci.


   - Você não é mais meu irmão! Me responda, que irmão mataria a esposa do outro? Que irmão mataria os membros da minha família e deixaria a própria sobrinha apenas sob a guarda do pai? Ela só tem dezessete anos e todos que ela amava morreram do dia pra noite, ela vai viver com a culpa de que poderia ter feito algo para ajudar.


   "Mas é claro que você não consegue entender isso, você nunca amou, você matou seu próprio pai e tio. Claro que não entenderia."


   Ele não arriscou falar mais nada, concluí que era bem melhor assim.


   Fiz menção para Harry matá-lo, mas antes eu queria falar uma última frase, a frase que sempre pensei em dizer quando esse momento chegasse.


   - Agora você vai ter que aprender a viver no seu próprio inferno, no inferno de todas as pessoas que matou e de todas as coisas horríveis que fez.


   Um jato de luz verde saiu da varinha de Harry, nos deixando quase cegos por causa da proximidade. Olhei para o corpo finalmente morto por completo e senti uma felicidade imensa.


   Seu corpo todo começou a se destruir em fumaça, pedaços pequenos de pele negra voaram pelo céu em cima de nossas cabeças.


   Lorde Voldemort está morto.


   Que alegria poder dizer essa frase.


   O sol começou a nascer, dando um fim a segunda guerra bruxa. O céu estava ficando de uma cor alaranjada bonita, até o Universo sabe que está tudo bem agora.


   - Muito bem garoto. - bati no ombro de Harry e o puxei para um abraço.


   - Não foi tão difícil.


   - Isso porque seus amigos mataram a cobra, agradeça eles depois.


   - Vou agradecer. - disse ele sorrindo.


   Harry estava como um verdadeiro membro de uma batalha; o rosto sujo e cheio de cortes que ele agia como se não estivessem ali, suas unhas estavam cheias de terra e suas mãos estavam vermelhas e sangrando.


   - Vamos para a ala hospitalar.


POV: Arabella Dumbledore


   Meu pai e Harry chegaram depois de alguns minutos.


   - Está feito. - meu pai tomou a palavra. - Voldemort está morto.


   Vibramos e comemoramos após a notícia, estava tudo acabado, estava tudo bem de novo...


   Mas como toda guerra tem seu preço, eu tive o meu, novo corte de cabelo e com um olho só para enxergar.


   Meu pai pareceu notar minha presença só agora. Ele veio para perto da cama caxingando, sua expressão era de confusão.


   Não estava com pena. Tudo menos pena. Ótimo.


   - Minha filha. - passou a mão pelo meu rosto parando no curativo que Madame Pomfrey fez. - Como você está?


   - Agora, bem. 


   Depois de minutos ou até horas, se juntaram á nós Neville, Luna, Blaise, e mais alguns membros das outras casas.


   Alguns estavam tratando de cortes e de infecções que pegaram ao longo dessa terrível guerra, e outros só estavam acompanhando ou conversando sobre assuntos aleatórios.


   Meu olho parou de doer depois que desinchou, Pomfrey me deu uma poção para passar diariamente em cima para o ferimento sarar. 


   - Porra, eu preciso de uma festa. - Zabini falou e todos concordaram.


   - Talvez outro dia, agora temos que cuidar de todos aqui até que todos estejam saudáveis e bem. - falou Pomfrey com um sorriso na cara.


   Pansy segurou minha mão e por um momento tudo pareceu parar.


   Respirei fundo feliz por não estar pensando em nada pessimista, tudo estava bem, não tinha motivo de eu pensar coisas más.


   - Você vai ter que se acostumar com seu novo apelido. - falou Nott.


   - E qual é?


   - Pirata, é claro.


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