História A Thousand Hands - I Don't Like This Place

4 meses depois

Camila POV 

Uma das principais produtoras musicais da empresa onde eu trabalho falava sobre futuros projetos sentada na cadeira do meu escritório, no primeiro andar da casa das meninas, enquanto eu prestava atenção em cada palavra que saia da boca dela encostada na mesa. Ela me mostrou algo no computador e: 

 — O que você acha disso, Camila? A gente pode melhorar? 

 — Bom, Jesy, eu acho que está perfeito assim. Você sabe, eu amo eles. 

 — Exatamente por isso te acho suspeita. — ela riu, tornando a virar o notebook pra si.

 — Ah, não, Jesy, eles realmente tem muito talento. 

 — Isso é verdade. Mas será que tem o suficiente pra trazer dinheiro à nossa gravadora? 

Inspirei fundo, dando mais uma olhada naqueles quatro garotos cantando perfeitamente bem a música que eles próprios fizeram, "Little Things". 

[...] 

Acabei por convencer Jesy de que investir nos quatro garotos, que se auto intitularam One Direction, era um ótimo negócio pra gravadora. 

Ela tinha ido embora e agora eu dirigia meu novo carro, que Lauren me deu, de volta pra casa da mesma. "Breaking Free" de High School Musical tocava nos altos falantes enquanto eu gritava a letra com toda a minha força. Ah, como eu tinha saudade daquela boa época da Disney. 

Estacionei o carro na garagem privada da Lauren, encontrando ela encostada em um de seus carros. Estava linda, mas séria. Vestia uma camisa de botão preta, um blaze um pouco mais claro por cima, uma calça jeans preta e um salto fechado prata.

 — Você está de salto. 

 — Por que você não a trouxe aqui? 

 — Ahn... 

 — Aqui é a sua casa agora, Camila. 

 — Eu sei, Lauren, mas não me sinto à vontade. 

 — Por que não?! 

 — Sei lá, Lauren, eu não sei! Eu só... 

 — Não quer que ela me conheça? 

 — Não. Eu só não quero que seu poder influencie o meu trabalho. 

Ela respirou fundo e começou a me acompanhar a caminho do elevador. Pegou o celular, ligando pra alguém. Peguei meu aparelho também, começando a verificar as mensagens. Não é que eu não quisesse que Jesy não conhecesse Lauren. Depois do que passamos em Los Angeles, Jauregui fez de tudo pra não sair na imprensa, e conseguiu. Nosso relacionamento não era público e eu gostava assim. No meu trabalho ninguém sabia que eu namorava a famosa empresária Lauren Jauregui, o que me fazia ser tratada de forma real e normal. E eu tenho certeza que isso mudaria caso Jesy, ou qualquer um, soubesse que namoro a toda poderosa de New York. 

 — Tenho que ir pro hospital. — Lauren disse me olhando — Clara está internada. 

 — O que? O que houve com ela? 

 — Parece que coma alcoólico. 

 — Meu Deus, Lauren! Você não vai sozinha. 

 — Vou sim, você não precisa passar por isso. — ela se encostou na parede. 

 — Eu quero passar por qualquer coisa, desde que seja ao seu lado. — eu disse olhando bem nos olhos dela. 

 — Você não existe, Camila Cabello. — ela disse, repetindo a mesma frase de quando nos beijamos pela primeira vez.

 — Eu te amo, Lauren Jauregui. — disse sorrindo pra ela — Vamos, eu vou contigo. 

[...] 

O meu lanche tinha acabado de ficar pronto e eu dei uma boa mordida nele, sentada sozinha naquele Mc Donald's vazio. Lauren estava no hospital com sua mãe, e eu? Com fome. Um Mc em frente ao hospital. Bom, claro que vim. 

Quando terminei de comer, recebi uma ligação da Lauren dizendo que sua mãe estava bem e eu decidi voltar pro hospital. Encontrei minha namorada do lado de fora da sala, mexendo no celular. Me aproximei dela, encostando meu ombro no seu, a fazendo levantar o olhar e sorrir pra mim. 

 — Eu não gosto desse lugar. 

 — Eu também não. 

 — Me lembra aquela época. 

 — Eu sei. Mas precisamos esquecer, Lauren. — passei pra seu outro lado. 

 — Eu segui em frente, Camz, mas ainda assim, é estranho. — ela pegou minha mão — Eu sei que Ty morreu e Shawn tá preso, provavelmente tomando muito no cu, literalmente. 

 — Ele era meu amigo. 

 — Camila! El...

 — Eu sei o que ele fez, Lauren. — atrapalhei ela. 

 — As vezes parece que você tem pena dele. — ela disse revirando os olhos e me puxando pra ela. 

 — As vezes eu tenho. Ele estava fora de si. 

 — Vamos parar de falar disso, por favor. 

Me calei e olhamos Clara pela janela de vidro de seu quarto. Ela parecia um pouco agitada, mas mesmo assim, bem. Michael estava sentado na poltrona ao seu lado, fazendo carinho na mão da esposa. No canto do quarto, Taylor e Chris conversavam entre si. Me afastei da Lauren e me sentei em uma das cadeiras ali presentes. Queria pra casa, mas não poderia pedir isso pra ela. 

[...] 

O chalé da família Jauregui, que se localizava em Greenpoint, próximo ao McCarren Park, era magnífico. Tinha três quartos, uma sala pequena mas confortável e muito bem decorada, com paredes brancas e algumas cadeiras de ferro com almofadas amarelas; uma cozinha, pequena assim como a sala, porém perfeita; alguns armários com prateleiras em baixo da escada, que inclusive era de madeira e tinha um design incrível. Um dos quartos tinha uma cama de solteiro de ferro, uma escrivaninha branca em frente à janela e ao lado da porta e um violão no centro do cômodo. O banheiro, pequeno como o resto do local, tinha um box impecável, uma pia minúscula e um vaso sanitário. Nas paredes do segundo andar tinham quadros brancos com molduras pretas. O quarto de casal tinha uma cama muito confortável e grande, com um closet a sua direita e uma suite, com um box de banheira em mármore cinza. O outro quarto de casal era quase como o primeiro , diferenciando só no closet, que não tinha. O exterior era simples, apenas com uma mesa de madeira quadrada e cadeiras transparentes, e é claro, uma enorme tenda cobrindo a mesa. Atravessando esse mini quintal, havia uma porta que levava à lavanderia. Esse quintal também dava acesso à um dos quartos de casal, o que tinha o closet. O exterior do chalé era de um azul bebê, com um cercado de madeira escura. No lado de fora do primeiro andar do chalé havia muitos vasos com flores e plantas, dando um certo charme. E é claro, tinha uma churrasqueira próximo do banheiro exterior. Quase me esqueci, e a garagem. 

Toda a família Jauregui estava ali, e eu, porque Clara havia pedido, já que levou alta. 

 — Eu não estava bem desde do acontecido com Lauren. — ela dizia. 

 — Isso não era motivo pra beber tanto, Clara. — Lauren disse. 

 — Eu sei que não, mas eu estava sentindo todos tão distante de mim, por isso pedi pra que viéssemos pra cá. Esse lugar é perfeito pra uma reaproximação. 

Estávamos todos na cozinha, um empurrando o outro pra passar. A gente tentava cozinhar pra Clara, que estava sentada em uma de suas cadeias transparentes na porta do cômodo. Lauren até que se esforçava, mas ela realmente não conseguia nem cortar um pimentão, me fazendo gargalhar diversas vezes. Diferentemente de seu pai, que parecia totalmente seguro do que fazia. 

Terminamos a lasanha e o cheiro estava divino. No final das contas, somente eu, Michael e Taylor cozinhamos, os outros dois Jauregui apenas atrapalharam. 

Sentamos na mesa no lado exterior do chalé, já que era o lugar onde poderíamos todos jantar juntos, e atacamos a comida. 

 — Nossa, está impecável. — Clara elogiou. 

 — Tenho que concordar. 

 — Dê todo crédito à Camila. 

 — Não mesmo, Sr. Jauregui. — disse. 

 — Já conversamos e pedi pra me chamar de Mike. 

 — Desculpe, senhor.... Mike! — me corrigi. 

 — E vocês já decidiram onde vão dormir, crianças? — Clara perguntou indiferente, olhando as estrelas. 

 — Mãe, não somos crianças. 

 — Taylor é. — ela riu. 

 — Eu não sou criança! 

 — Claro que você é, só tem 18 anos. 

 — Não se mete, Lauren! — Taylor disse. 

 — Ui, calma, bebê. — Lauren debochou. 

 — Camila, faz a sua namorada parar, por favor. — Taylor me disse, revirando os olhos e eu ri — Eu vou dormir no quarto de solteiro, na paz do senhor. Vocês como sempre vão dormir no quarto da lavanderia, né? — Taylor falou pra seus pais. 

 — Não é quarto da lavanderia, mas sim. — Clara suspirou — Lauren e Camila podem dormir no outro quarto de casal. Chris, enche aquele colchão de ar e dorme na sala. 

 — Fazer o que, né? — ele disse, dando de ombros.

 — Certo. Camz, vamos pro quarto?